Amigas e amigos do Buteco,
Em que estádio aconteceu o primeiro encontro de vocês com o
Flamengo?
Que lembranças têm desse encontro?
Que jogadores impressionaram vocês?
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Já que continuamos vivendo um tempo esportivo quase “sem
presente”, embarco na onda das viagens ao passado para falar de três encontros
que tive com o Flamengo.
Dizia a propaganda premiada que, para as meninas, a lembrança
eterna era o primeiro sutiã. Será que ainda é?
Para o rubro-negro que aqui escreve, uma lembrança
inesquecível é sua primeira ida ao Maracanã pra ver o Flamengo jogar.
E como jogou!
Na minha estreia, o Flamengo ganhou de 9 a 2 do Cerro Porteño.
Meus primeiros contatos com o Flamengo foram feitos através
das ondas do rádio, captadas num aparelho de válvulas e caixa de madeira que
esquentava pra caramba, mas que transmitia, na vibrante narração de Oduvaldo
Cozzi e de outros profissionais cujos nomes já não lembro, as emoções das
partidas disputadas nos estádios do Rio.
Grudado no rádio, meu pai ia torcendo e transmitindo, ao meu
irmão e a mim, a paixão rubro-negra.
Obrigado, pai!
Depois, tornamo-nos televizinhos, modalidade muito praticada,
naqueles velhos tempos, por quem não tinha televisão.
Nessa condição, tive oportunidade de ver inúmeros jogos
transmitidos pela então poderosa TV Tupi, inclusive os narrados por Ary
Barroso, pianista, compositor de Aquarela do Brasil, apresentador de programas
de calouros e, acima de tudo, rubro-negro apaixonado.
Nas imitações que fazia de Ary, José Vasconcelos, prestigiado
comediante da época, caracterizava a paixão do narrador exclamando “Não, quero
nem ver!” quando, no jogo hipotético de sua apresentação cômica, a defesa do
Flamengo passava sufoco.
Demorei a ver o Flamengo ao vivo, até que, na noite de 21 de
julho de 1960, fiz minha estreia na arquibancada do Maraca.
A partida foi apitada pelo célebre árbitro Alberto da Gama
Malcher, contemporâneo do folclórico Mario Vianna.
Além do fato de ter sido o primeiro jogo (e um dos poucos) em
que meu pai foi comigo ao estádio, lembro-me da sensação de festa que vivi e de
poucas coisas mais.
Da minha alegria em ver jogar o craque Dida, meu primeiro
grande ídolo rubro-negro.
Do torcedor, perto de nós, que gargalhava a cada gol perdido
pelo Flamengo. E foram muitos.
E do lance incrível em que Dida driblou o goleiro paraguaio
e, com o gol vazio, mas um tanto sem ângulo e já se desequilibrando, mandou a
bola no pé da trave do gol à esquerda das cabines de rádio. E tome gargalhada
do nosso vizinho.
O Almanaque do Flamengo informa que a escalação do time foi
Fernando, Joubert, Monin, Jadir e Jordan. Carlinhos e Moacir. Luís Carlos,
Henrique, Dida e Germano.
Foram dois gols de Henrique, dois de Germano, dois de Luís Carlos,
um de Dida, um de Jadir e um de Carlinhos.
Pouco tempo depois, já “emancipado” para ir aos jogos com meu
irmão mais velho e com alguns amigos, tornei-me frequentador assíduo do
Maracanã.
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Dou um giro na roda do tempo e chego a 20 de junho de 1991.
Fui com o Martins, porteiro de um prédio vizinho e
rubro-negro apaixonado, a um jogo na Gávea.
Acho que foi a única vez em que fui ver o Flamengo jogar lá.
Escalado com Gilmar, Ailton, Junior Baiano, Rogério, Piá,
Charles, Júnior, Djalminha (Luís Antonio), Marcelinho, Zinho (Paulo César
Cruvinel) e Nélio, o Flamengo ganhou de 2 a 0 do Olaria.
Apesar de o time ser bom no papel, a lembrança que tenho do
jogo é do Flamengo fazendo uma partida ruim e sonolenta, sem inspiração, com
apenas dois destaques positivos:
- A facilidade com que Junior Baiano dominava seu espaço.
Parecia jogar contra crianças. Tinha grande vocação para ser um zagueiro-craque
que acabou por não se concretizar, mas seu potencial era muito evidente.
- A incrível categoria do Djalminha. Impressionaram-me o
perfeito domínio, a visão de jogo e a colocação da bola onde queria, fosse num
passe curto ou longo.
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Minha única ida ao Estádio Caio Martins aconteceu em 27 de
outubro de 1985.
Noite de muito calor no Rio, meu primo e eu custamos a chegar
e, para tentarmos assistir aquele
jogo do Flamengo, também contra o Olaria, só conseguimos lugares numa
arquibancada baixinha e atrás de um dos gols.
O Almanaque do Flamengo informa que o Flamengo jogou com
Cantarelli, Jorginho, Leandro, Ronaldo e Adalberto (Guto). Élder, Adílio e
Gilmar. Bebeto, Vinícius (Júlio César) e Paulo Henrique.
Mais um time bom no papel e uma atuação pouco inspirada.
Lembranças da partida?
Poucas. Afinal, mal conseguimos ver o jogo, posicionados
praticamente no nível do campo e atrás do gol.
Além da lembrança do desconforto e de sentir sede sem ter o
que beber, guardo apenas a imagem do gol de Gilmar Popoca, escorando uma bola
de chapa e assim fazendo, a pouquíssimos metros de onde estávamos, o único gol da
partida.
Jogava fácil o Gilmar, promessa que não realizou todo o seu ótimo
potencial.
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E aí?
Que lembranças cada um de vocês tem do primeiro encontro com
o Flamengo num estádio?
Que jogadores impressionaram vocês?
SRN.