quinta-feira, 3 de outubro de 2024

A Estreia de Fili: Um Flamengo Renascido

Foto: Wagner Meier/Getty Images
 

Salve, Buteco! Começo o texto de hoje com as declarações do experiente meia (33) corintiano André Carrillo, também da Seleção Peruana, ao Globo Esporte:

– Eles controlaram o jogo com casa cheia, eles conseguiram se impor e foram superiores. Temos que ter consciência que, por sorte, só tomamos um gol. Temos condições de reverter. Não é positivo, viemos com a mentalidade de ganhar, mas acho que é possível reverter.

Foi um Flamengo renascido, restaurado em sua essência: ofensivo, intenso, vibrante, fluido, esbanjando qualidade e técnica.

Individualmente, vários jogadores subiram muito o nível de jogo, a começar por Bruno Henrique, que fez a melhor partida pós-contusão, talvez apenas comparável aos 2x1 sobre o Botafogo no Engenhão em 2023. BH27 parecia o de antigamente. Botava a bola na frente deixando o marcador comendo poeira, com uma energia que parecia não ter fim.

De la Cruz parecia outro jogador. Aliás, como pode alguém se transformar tanto em apenas 6 dias? Deixo para os Amigos responderem a essa pergunta. O certo é que o Pigmeu Charrua apresentou aquela movimentação formiguinha característica, porém dando aquele toque vertical de primeira que parece ser sua assinatura.

Arrascaeta, na minha opinião, já havia tentado chamar o jogo para si em ambos os confrontos contra o Peñarol, muito embora sem sucesso. No Campeón del Siglo só apareceu, mesmo sem brilho, no 1T. Ontem já conseguiu produzir alguma coisa no 2T.

Tanto o uruguaio, como Gérson, o nosso capitão Coringa, pecaram nas finalizações, porém não se omitiram em momento algum. Gérson foi o mesmo jogador da "Era Tite", prova inequívoca de seu amadurecimento pessoal e profissional. A braçadeira nunca esteve em tão boas mãos desde a fase boa de Diego Ribas.

Ainda falta muito a Gabigol em níveis físico e técnico, mas ontem o jogador apresentou algo muito importante para um atleta em recuperação: confiança. O Camisa 99 acreditou e finalizou muito bem dois lances. O primeiro, de letra, foi magistralmente defendido pelo nosso Cria Hugo Souza, que hoje defende as cores adversárias; já o segundo... Bem, esse é outro ponto que deixarei para os Amigos comentarem.

O Engenheiro da transformação é o nosso treinador, Filipe Luís Kasmirski, o nosso Fili. É claro que o pano de fundo desse jogo foi bastante peculiar, a começar pela recente demissão do Tite, passando pelo efeito "vassoura nova", que costuma marcar o início de trabalho dos treinadores no futebol brasileiro, e ainda pelo fator eleitoral, pois não pensem que o grupo não sentiu a pressão do VP de Futebol Amador. Não sejam inocentes.

O novo treinador também se enrolou com as substituições. Bruno Henrique não precisava e nem deveria ter saído. Sua saída, assim como a de DLC (nesse caso, nunca sabemos o quanto resiste), fizeram despencar o rendimento do time. Com a saída de Alex Sandro, o lado esquerdo, com Ayrton Lucas (bem menos QI) e Michael (sem ritmo de jogo) sofreu com as investidas corintianas e no terço final da partida o adversário incomodou bastante.

Contudo, não só me parece óbvio que o saldo é amplamente favorável ao Fili, que fazia sua estreia como treinador no profissional, como há vários pontos que têm tudo para se mostrar sustentáveis até o final da temporada. 

A título de exemplo, o grupo acredita no treinador e por via dele se reconecta autenticamente, e não apenas nos campos afetivo, emocional e motivacional, mas também no tático e no técnico, com a melhor fase de suas carreiras: o Ano Mágico de 2019 e primeiro trimestre de 2020, com o Mister Jorge Jesus.

Uma coincidência com aquele período também ajuda: o calendário estará "mais limpo", sem uma das copas, tal como ocorreu em 2019, a partir de meados de julho.

O mais importante é que treinador e elenco falam o mesmo idioma e isso faz com que renovemos a esperança para que o Flamengo tenha colha alguma coisa boa nesse segundo semestre.

Olhando para frente, sábado, antes da Data FIFA, o elenco terá um encontro especial: o Bahia de Rogério Ceni, com os tabus envolvidos e o passado vitorioso com o próprio treinador. É importante não menosprezar o cenário.

Que essa vassoura seja resistente, até o final da temporada.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Flamengo x Corinthians

    

Copa do Brasil/2024 - Semifinal - 1º Jogo (Ida)

Quarta-Feira, 2 de Outubro de 2024, as 21:45h (USA/ET 20:45h), no Estádio Jornalista Mário Filho ou "Maracanã", no Rio de Janeiro/RJ.

FLAMENGORossiWesleyLéOrtiz, LéPereira e AleSandro; Pulgar, DlCruz, GérsoArrascaetaGabigol BrunHenriqueTécnicoFilipe Luís Kasmirski.

Corinthians: Hugo Souza; Fágner, André Ramalho, Félix Torres e Hugo; Ryan, Charles, Igor Coronado e Rodrigo Garro; Ángel Romero e Héctor Hernández. Técnico: Ramón Díaz.

Arbitragem: Wilton Pereira Sampaio (FIFA/GO), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Bruno Raphael Pires (FIFA/GO) e Bruno Boschilia (PR). Quarto Árbitro: Gustavo Ervino Buermann (SC). Quinto Árbitro: Gustavo Mota Correia (RJ). Inspetor: Hilton Moutinho Rodrigues (CBF). Analista de Campo: Gilmar Farto Fernandes (RJ). Assessor: José Antonio Chaves Franco Filho (RS). Árbitro de Vídeo (VAR): Rodolpho Toski Marques (FIFA/PR). Assistentes VAR (AVAR) 1 e 2: Johnny Barros de Oliveira (SC) e Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (RN). Observador de VAR: Péricles Bassols Pegado Cortez (CBF). Quality Manager: Mikael Silva de Araújo (CBF).

Transmissão: Rede Globo (TV aberta)Sportv (TV por assinatura)Premiere (sistema pay-per-view) e Amazon Prime (streaming).



Esquenta: Flamengo x Corinthians, Semifinal da Copa do Brasil/2024 - Jogo de Ida

 


- Tem os prós e contras. O pró é que conheço esse grupo como ninguém, eu sei das lideranças e o que acontece. Eu estava presente nesse grupo há cinco anos. Acho que só chegaram três ou quatro jogadores depois que me aposentei, eu conheço todos eles. E eu sei que vou tomar decisões que vão incomodar alguns jogadores e que alguns deles vão ficar bravos comigo, mas não é com o Filipe Luís pessoa, é com o Filipe Luís treinador. É importante separar — disse.

- Com o elenco e os jogadores que tenho ali dentro do vestiário, eu tenho que fazer jogar. E se eu não fizer jogar, obviamente que eu sou o culpado, porque eu sou o maior responsável por esses jogadores. E eu assumo essa responsabilidade com a maior alegria e como o maior privilégio do mundo. 

- Então esse é o meu principal objetivo: ganhar, recuperar a confiança, que esses jogadores possam se divertir dentro do campo, que a gente possa juntar essa comunhão com a torcida e que a gente fale em campo para que eles possam animar na arquibancada. Aí não tenho nenhuma dúvida que aí vai sozinho. Esse clube quando a torcida está junta com o time ninguém para.

- A estrutura está aí, mas fazer o time jogar da maneira que a torcida quer não é fácil. Acontecem muitas coisas durante o ano que podem desvirtuar e tirar do caminho desse jogo tão ofensivo.

- Desde que eu vivi 2019, se compara muito com o passado. Por isso que eu falo: é muito importante saber que vamos escrever uma nova história. O futebol vem se reinventando constantemente, se pode ganhar de várias formas. O Flamengo quer ganhar de uma concreta, que é sempre pressionando e atacante o adversário.

- Isso é inegociável, muitas vezes vamos correr riscos exagerados para jogar da forma que a torcida do Flamengo quer. E vamos correr esse risco, eu não tenho medo de correr esse risco porque eu quero que o time pressione e ande para frente. Muitas vezes pode acontecer algo de errado, mas o treinador tem que tomar decisões e ter coragem para isso. Me sinto preparado. 

- A fase defensiva do Flamengo, na minha visão, não está ruim. O Flamengo vem sofrendo muitos gols de transição e alguns de bola parada. Cada um tem uma forma de defender a bola parada, eu tenho outra, que é a minha forma de defender. Claro que aprendi de experiências de outros treinadores e do que vejo no futebol atual, que vai mudando. A minha forma de defender não é a mesma que eu pensava há dois anos porque as jogadas também vão se atualizando. E pretendo passar isso nos treinos para que a gente possa defender da melhor maneira possível a bola parada e ser uma força, não uma fraqueza. 

- Pode ter certeza que o 4-4-2 do Jorge não é o mesmo 4-4-2 do Filipe ou do Guardiola e nem de ninguém. Ninguém consegue fazer um 4-4-2 igual, cada um tem seus detalhes e peculiaridades que fazem ser diferente. Então o 4-4-2 ou 4-3-3 do Tite ou do Guardiola não serão iguais. Por isso falo: é daqui para frente. É o 4-4-2, 4-3-3 ou 3-4-3 do Filipe Luís. O sistema que a gente for jogar vai muito em função de como vem o adversário para dar vantagem de espaço e tempo para nossos jogadores jogarem. Isso vou analisar de acordo com cada adversário para que eles possam desempenhar e mostrar para eles que juntos, todos seguindo na mesma direção com um modelo de jogo claro, possam explorar a qualidade que eles têm para que ela venha à tona. 

- Primeiro, a base do Flamengo é um espetáculo. Privilégio e prazer trabalhar na base, tem muitos jogadores bons. Gosto do momento. Se é de um jogador ou de outro, não tem idade, cor nem nada. É o melhor. Se tiver 16 anos, vai jogar. Se tiver 40 vai jogar. A vantagem é que conheço do sub-15 até o sub-20 todos os jogadores. Se entrar, eu conheço, já trabalhei com eles e tive experiências únicas. Espero que tenham aprendido e tenham lembranças boas. Muitos deles vão estar aqui, outros não. Futebol é dinâmico, muda de um dia para outro. Como jogador, você dorme pobre e acorda rico. Para eles, é saber que com trabalho e talento, qualquer um daqueles garotos pode estar aqui.

Salve, Buteco! Começará hoje à noite, dentro das quatro linhas, a passagem do treinador Filipe Luís Kasmirski pelo Clube de Regatas do Flamengo. Separei esses trechos da entrevista coletiva concedida ontem à tarde, antes do treinamento, para salientar o quanto o discurso foi bom. 

O trecho que mais gostei foi o que ele disse saber que tomará "decisões que vão incomodar alguns jogadores e que alguns deles vão ficar bravos comigo, mas não é com o Filipe Luís pessoa, é com o Filipe Luís treinador. É importante separar"Isso soou como música nos meus ouvidos. Deixou o Flautista de Caxias do Sul, o Pífano da Região das Hortênsias simplesmente no chinelo.

Mas como praticar o futebol ofensivo e pressionar agressivamente a saída de bola adversária com jogadores que não estão em sua plenitude física? Vejam a escalação prevista pelos setoristas do GE:

Rossi, Wesley, Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro; Pulgar, De la Cruz, Arrascaeta e Gerson; Plata e Bruno Henrique.

O trio De la Cruz, Arrascaeta e Bruno Henrique tem condições de executar essa pressão? Andaram dizendo que escalar os dois uruguaios por mais de 45 minutos no domingo seria "forçar a barra". Será que já deu tempo para se recuperarem?

Essas e muitas outras dúvidas serão sanadas a partir do momento em que a bola rolar hoje à noite, no Maracanã. Dúvidas como, por exemplo, quais serão as adaptações que Fili deseja implementar no sistema de jogo do time.

Do lado de lá estará um dos mais experientes treinadores do cenário internacional. O homem simplesmente treinou o River Plate de Enzo Francescoli ainda na década de 90, no Século XX!! É mole ou querem mais?

Ouvi de torcedores muitas dicas interessantes, como pressionar Hugo Souza no jogo com os pés sob fortes vaias da torcida. Espero que os ingressos se esgotem e tenhamos casa cheia, com "clima de Inferno", como o do jogo contra o Atlético, em 2022.

Não gostei da indicação de Wilton Pereira Sampaio (FIFA/GO) para apitar a partida. No "Jogo do Inferno" ele foi muito bem, mas em compensação no jogo de volta da final, no Maracanã, contra o próprio Corinthians, apitou acintosamente a favor do adversário.

Mas como o próprio Fili disse no final da entrevista, ninguém segura esse clube quando a torcida e o time jogam juntos.

Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Mais do que nunca, o apoio das arquibancadas será decisivo. O Flamengo com técnico novo precisa da ajuda do seu povo.

O Ficha Técnica está programado para as 19:00h e a palavra, como sempre, está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.



terça-feira, 1 de outubro de 2024

Boa Sorte ao Fili

Arte de Vitor Gabriel - @vitorgabriel.bsky.social
 

Salve, Buteco! Pode ser só coisa de torcedor, mas a ascensão de Filipe Luís ao posto de treinador do Flamengo até o final da temporada aqueceu o meu coração rubro-negro. Ao contrário dos Amigos que estão preocupados com um o ambiente do clube e um eventual prejuízo ao início de uma carreira promissora, eu estou confiante e acho que o nosso ídolo tem condições de dar conta do recado.

"Mandato tampão" é bem diferente de planejar uma temporada. No contexto atual, de terra arrasada e o risco de "zerar" competições fora do Rio de Janeiro por duas temporadas consecutivas, a pressão pelos títulos, paradoxalmente, pode causar um ambiente de tolerância e incentivo para o jovem treinador, tanto internamente, quanto externamente, com a torcida.

É claro que existem riscos e talvez o primeiro grande desafio nem seja o Corinthians, mas "começar com o pé direito" (apesar de Fili ser canhoto) e escalar o melhor time possível, com os jogadores em melhores condições para entrar em campo.

Fili usará o critério da confiança com jogadores que conhece ou utilizará a meritocracia? Prestigiará jogadores da base, alguns dos quais chegou a treinar para a final da Copa Intercontinental (caso, por exemplo, de Matheus Gonçalves), ou priorazará apenas a experiência? Qual será a sua filosofia tática?

A vitória no confronto de amanhã deixará o nosso jovem treinador em situação amplamente favorável para trabalhar com a parte do elenco que não foi convocada durante a Data FIFA de 7 a 15 de outubro, e que começa, portanto, na próxima segunda-feira, logo após o confronto direto com o Bahia, na Fonte Nova.

Mas para isso ele precisa tomar as decisões certas, desde a escalação até o plano tático.

Quem se anima a dar uma contribuição ao Fili?

Mandem aí as suas escalações e suas ideias para o jogo de amanhã. Quem conhece os leitores silenciosos? Nunca se sabe quem lê os nossos comentários...

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.

segunda-feira, 30 de setembro de 2024

TITE CAIU!!!! Anotações Sobre Uma Vitória Suada

 

Salve, Buteco! Primeiramente, quero dizer que a vitória de ontem à noite me trouxe alívio e felicidade. O jogo foi absolutamente agonizante, como havia sido o 0x0 no Campeón del Siglo, na última quinta-feira, mas pelo menos ainda estamos no G4. Qualquer treinador de beira de esquina sabe que dar a bola para o Flamengo é a melhor estratégia para enfrentá-lo, tamanha a dificuldade do Mais Querido para ser objetivo e finalizar ao gol adversário.

Desde o início ficou claro que Cannobio levaria vantagem sobre Wesley e David Luiz, o que levou a um absolutamente desnecessário cartão amarelo do "Calveludo". No segundo tempo, houve a inversão com Léo Ortiz, que já deveria ter ocorrido na primeira etapa. Apesar disso, Cannobio "perseguiu o Calveludo", porém Ayrton Lucas, fraco no apoio, foi mais consistente do que o nosso lateral direito cabeçudo na marcação do uruguaio. O curioso é que, com o Beijinho, normalmente ocorre o inverso.

Nosso treinador também não andou bem ao atribuir as funções táticas de alguns jogadores. Não foram boas as opções para os posicionamentos de Gonzalo Plata e Charly Alcaraz. Gonzalo rende muito melhor pela direita e Charly mais adiantado. No caso do Equatoriano, Tite pode argumentar que Gonçalves está muito bem pela direita, mas a opção de Alcaraz como segundo volante não faz sentido se Gérson tem rendido bem quando joga na posição.

O time, em um primeiro momento, melhorou um pouco com as entradas de Arrascaeta, Bruno Henrique e Alex Sandro, mas piorou bastante com a entrada de De la Cruz, pois Matheus Gonçalves vinha sendo, desde o início da partida, o suspiro de vida em um time com batimentos cardíacos mais leves do que um paciente em coma. A saída do Megamente não fez absolutamente nenhum sentido, assim como, taticamente, a entrada do uruguaio.

Outra causa para a queda do rendimento foi Gabigol cair pelo lado direito. Não saiu nenhuma jogada pelo setor a partir da associação do Camisa 99 com Wesley. Mas como o futebol é um esporte surpreendente e fascinante, da única jogada útil do Pigmeu Charrua surgiu um importante passe em diagonal para o nosso lateral direito cabeçudo, que inusitadamente cruzou de pé esquerdo pelo alto na cabeça do nosso Capitão Coringa, o qual, heroicamente, aos 44 minutos do segundo tempo, marcou o gol que salvou a nossa posição no G4.

Alívio imediato após quase 180 minutos de arame-liso.

Quarta-feira tem Corinthians no Maracanã e, em seguida, mais uma Data FIFA.

Volto a postar no dia do jogo, subindo o já tradicional Esquenta, a não ser que, até lá, algo de muito extraordinário aconteça...

E aconteceu: Tite caiu e Filipe Luís assume interinamente.

Amanhã posto alguma coisa sobre o Fili.

Bem vindo, Fili!! ÍDOLO RUBRO-NEGRO!!

A palavra está com vocês.

Uma ótima semana pra gente.

Bom dia e SRN a tod@s.

domingo, 29 de setembro de 2024

Flamengo x Athletico/PR

    

Campeonato Brasileiro/2024 - Série A - 28ª Rodada

Domingo, 29 de Setembro de 2024, as 20:00h (USA ET 19:00h), 
no Estádio Jornalista Mário Filho ou "Maracanã", no Rio de Janeiro/RJ.

FLAMENGORossiWesleyDavid LuizLéOrtiAyrtoLucasPulgarAlcarazGérsonPlatMatheuGonçalvesGabigol. TécnicoTite.


Athletico/PR: Mycael; Kaique Rocha, Thiago Heleno e Mateo Gamarra; Erick e Christian; Cuello, Zapelli, Canobbio e Esquivel; Pablo. Técnico: Lucho González.

Arbitragem: Davi de Oliveira Lacerda (ES), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Alex Ang Ribeiro (SP) e Alex dos Santos (SC). Quarto Árbitro: Gleika Oliveira Pinheiro (PA). Assessor: Marcelo Rogério (SP). Árbitro de Vídeo (VAR): Igor Junio Benevenuto de Oliveira (VAR-FIFA/MG). Assistentes VAR (AVAR) 1 e 2: Fabrício Vilarinho da Silva (GO) e Vinicius Gomes do Amaral (MG)Observador de VAR: Emerson Augusto de Carvalho (CBF). Quality Manager: Tatiana Pacheco Lima Guedes (CBF).

Transmissão: Sportv (TV por assinatura) Premiere (sistema pay-per-view). 


sábado, 28 de setembro de 2024

Mais Uma Fritura (Resenha de Sábado)

Cueca Virada ou Grostoli, como é conhecido na Serra Gaúcha.
"Espécie de filhó, um doce feito de massa de farinha de trigo e ovos, 
estendida numa tira larga e fina, que é frita e depois polvilhada com açúcar."

Salve, Buteco! E eis que, segundo alguns setoristas, a Diretoria do Flamengo está fritando mais um treinador. Surpresos? Só se for pelo tempo que o atual entregador de coletas durou, certo? O certo é que a demissão e a sucessão já estão na pista, pois ganharam a atenção da grande mídia. Eis o vídeo divulgado antem por Paulo Vinicius Coelho, o PVC, do Uol:


O assunto é extremamente desagradável. Causa-me enorme desconforto a humilhação que os profissionais passam quando são expostos a uma situação como essa. O futebol brasileiro tem uma relação bem ruim com os treinadores, a começar por sua formação, passando pela falta de estabilidade no cargo, mas a atual Diretoria do Flamengo elevou esse problema a outro patamar.

O fuzuê dos setoristas e o treinador trabalhando, como uma espécie de "dead man walking", rumando em direção à execução, sendo humihado publicamente, é uma prática quase selvagem, que poderia perfeitamente ser evitada se o clube tivesse a tal comissão técnica fixa.

Não que isso seja exatamente simples. Treinadores como Jorge Jesus, Jorge Sampaoli ou Vitor Pereira certamente não aceitariam um integrante indicado pela Diretoria para integrar suas comissões técnicas. Então, o único formato que consigo idealizar seria uma espécie de assessor do diretor técnico, que acompanharia todo o trabalho e o auxiliaria na avaliação.

Não que isso seja exatamente simples (2). Afinal de contas, tanto o Velho, como o Careca, só para ficar em dois exemplos, eram bem restritivos quanto ao acesso de pessoas ao local de treinamentos. Só que esse interessante debate é meramente retórico, se pensarmos na atual estrutura do nosso Departamento de Futebol.

No Flamengo da gestão azul, o único exemplo de treinador de comissão técnica fixa do clube do qual me recordo é o de Marcelo Salles, o "Fera", que dirigiu o Flamengo em 4 jogos do Campeonato Brasileiro de 2019, entre a demissão de Abel Braga e a contratação de Jorge Jesus, com o bom aproveitamento de 3 vitórias e 1 empate - 2x0 Fortaleza (Engenhão), 1x0 Corinthians (Maracanã), 0x0 Fluminense (Maracanã) e 2x0 CSA (Mané Garrincha - fui presente). 

O interessante da campanha sob o comando do Fera é que o time melhorou a olhos vistos naqueles 4 jogos. O sistema defensivo se tornou bem mais sólido e o Flamengo correu bem menos riscos. Tal como hoje ocorre com Tite, os jogadores corriam pelo experiente treinador anterior, mas o trabalho não fluía. A situação não era de exaurimento, como a atual, mas caminhava em direção à inviabilização.

Os outros casos recentes de "mandato tampão" dos quais me recordo é de treinadores do sub-20 que assumiram interinamente o time profissional, seja entre demissão e contratação de um treinador, seja naqueles inícios de temporada, no Campeonato Carioca, quando o elenco principal, ainda em pré-temporada, não disputa as primeiras rodadas.

Zé Ricardo, em 2016, assumiu interinamente o time principal logo após a demissão de Muricy Ramalho. Como os resultados começaram a aparecer, foi merecidamente efetivado no cargo. Já seu sucessor no sub-20, Maurício Souza, o "Cartunista" (risos), chegou a dirigir o Flamengo no Monumental de Nuñez no 0x0 contra o River Plate pela sexta rodada do Grupo D da Libertadores/2018, em substitiuição ao treinador Maurício Barbieri, suspenso.

Passados quase 2 anos, comandou o time nas primeiras rodadas dos Campeonatos Cariocas de 2020 e 2021, porém nesta última temporada dirigiu o time por vários jogos da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro, primeiro numa licença-médica de Rogério Ceni por Covid-19 - 1x0 Coritiba (Couto Pereira - CdBr/3ª Rodada), 2x0 América/MG (Maracanã - BR/3ª Rodada), 2x0 Coritiba (Maracanã - CdBr/3ª Rodada) e 2x1 Chapecoense (Maracanã - BR/5ª Rodada).

Pouco menos de 2 meses depois, dirigiu o time na vitória por 1x0 sobre o ABC na Arena das Dunas, em Natal, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, e voltaria a estar à beira do gramado após a saída de Renato Gaúcho, logo em seguida da final da Libertadores, entre a 35ª e a 38ª Rodadas do Campeonato Brasileiro - 2x1 Ceará (Maracanã), 1x1 Sport Recife (Arena Pernambuco), 0x1 Santos (Maracanã) e 0x2 Atlético/GO (Antônio Accioly).

Cheguei aonde vocês queriam (risos). Projetei ontem, mas não prometi, um post sobre o Filipe Luís, mas acabou sendo mais sobre a estrutura do Departamento de Futebol e os vácuos no comando da equipe profissional. No final das contas, os assuntos acabaram se misturando.

Na estrutura do futebol profissional do Flamengo, o treinador do sub-20 é o "tapa buracos" quando o time está sem comando, seja por demissões, seja por outros motivos, tais como suspensões ou mesmo enfermidades.

O fato de "Fili" não estar disposto a assumir o encargo acaba gerando um problema difícil de ser contornado, a começar porque a estrutura de futebol do clube funciona contando com a utilização desse tapa-buracos, mas também e especialmente por estarmos nos cerca de 60 dias finais de uma gestão de dois triênios e que não pode se reeleger.

Fili tem suas razões. É estudioso, metódico e sobre ele recai uma enorme expectativa quanto às qualidades como treinador. Além disso, é preciso reconhecer que o momento atual é extremamente conturbado e o time vive um colapso tático e técnico que se mistura com o desastre que foi a preparação física nesta temporada.  O ambiente realmente não é o ideal para a estreia de um treinador iniciante no profissional.

Contudo, o clima no vestiário não era de extrema leveza após a saída de Muricy Ramalho em 2016, quando Zé Ricardo pegou o touro à unha e iniciou uma campanha a qual, se na reta final se tornou frustrante, pela perda das chances de título, representou um renascimento para o clube, que voltava a esse patamar de disputa.

Muitas décadas antes disso, tampouco era um mar de rosas o ambiente do vestiário quando Paulo César Carpegiani assumiu o time após a demissão de Dino Sani, em 1981. Tal como Fili, Carpa havia encerrado a carreira de atleta profissional de futebol havia pouco tempo e tinha relações estreitas com o elenco que até pouco tempo compunha. Terminou campeão do mundo.

Por mais que tente entender os torcedores quando "protegem" Fili de assumir o Flamengo neste momento, vêm à minha memória os exemplos de Carlinhos, Júnior, Andrade e Jayme, além do próprio Carpa, os quais não recusaram os pedidos de ajuda do clube nos momentos de necessidade e grandes atribulações.

Ficará difícil enxergar o Fili neste patamar se houver mesmo uma recusa, até porque já é funcionário do clube. Então, já que não quer se submeter à função de tapa-buracos, historicamente típica dos treinadores sub-20 do clube, e como é difícil enxergá-lo como um assistente de diretor técnico em temporadas futuras, dadas suas justas ambições, talvez seja o caso de clube e jovem treinador seguirem caminhos distintos doravante.

É raro eu concordar com algo dessa Diretoria, mas nesse caso eu consigo entender uma possível frustração ou, como disse ontem com sagacidade o nosso amigo Laercio, o presidente "não receber bem a recusa" do ex-jogador.

Durante 4 temporadas e meia, Fili teve tudo do clube, inclusive proteção do vice-presidente de futebol e do próprio presidente nos intermináveis cabos de guerra contra diversos treinadores, durante os quais não faltaram entrevistas polêmicas à imprensa, sem falar nas anônimas e inesquecíveis declarações dos "líderes do elenco".

Como já frisei, Fili é inteligente, talentoso e tem boas e justas razões, mas o clube, ainda que caótico e contraditoriamente "amador em sua estrutura de futebol profissional", tem suas necessidades imediatas.

Não existe certo ou errado nesse cenário na recusa de Fili, mas para mim existe sempre o Flamengo em primeiro lugar e o meu conceito de ídolo.

Quem sabe o Fili não muda de ideia? Estou torcendo por isso.

A palavra está com vocês.

BoFDSRN a tod@s.