Salve, Buteco! Ontem, no Mané Garrincha, para mim caiu a teoria de que o futebol "posicional congelado" ou "posicional de totó" se deve à utilização de dois pontas abertos, num 4-3-3. Isso porque a formação supostamente "mais arejada", com o meia Gérson (O Capitão Coringa) aberto na ponta direita, "cortando pra dentro a la Everton Ribeiro", levou ao mesmíssimo resultado dos pontinhas em seus maus momentos (exs.: jogos contra o Amazonas pela Copa do Brasil) - o time do Flamengo "encaixotado pelo adversário", estático, quase inofensivo, sem nenhuma criatividade.
Uma das teorias da torcida rubro-negra, bastante discutida neste Blog, é que Erick Pulgar não está bem na temporada/2024 e piorou o time depois que voltou da Copa América. Por mais que eu concorde que o chileno não anda jogando mesmo bem, ontem eu o assisti, no estádio, tendo uma atuação correta. Não chegou a ser brilhante, mas estavam lá bons passes verticais e um quase gol na bola aérea.
Arrascaeta começou lento, pesado, mas depois do gol do Criciúma entrou no jogo, exibindo inclusive a típica raça uruguaia, e acabou sendo o melhor jogador do Flamengo do meio para frente. Lúcido, dedicado, já havia feito boas jogadas, porém foi magistral no lance do empate, com uma precisa assistência para Pedro. Fazia tempo que não o via jogar tão bem.
Cebolinha foi pouco acionado no jogo, mas quando a bola chegou, sempre deu boas respostas. Gérson, a seu turno, foi um misto de raça e qualidade. Se não foi a sua tarde mais inspirada, tampouco estava num dia ruim. Do meio para frente, o único que destoou foi nosso pigmeu charrua De la Cruz, que errou quase tudo o que tentou; no entanto, longe de mim atribuir a ele a culpa pela má atuação do time, especialmente no primeiro tempo.
Com tantas atuações individuais razoáveis para boas, para mim ficou evidente que o problema do time de Adenor, hoje, é simplesmente tático, ou o próprio sistema, como queiram. Depois do jogo contra o Atlético Mineiro no Cu de Zebra, o coletivo do time simplesmente desandou. Pode ter um pouco a ver com o perfil dos adversários, em tese "menores", como também pode ser (concausas) uma acomodação.
É bom Tite começar a ficar esperto e tomar decisões melhores nas escalações iniciais. Por exemplo, estão se tornando constrangedoras as substituições de zagueiros nos segundos tempos das partidas.
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O primeiro lance do jogo foi quase uma repetição do primeiro gol do Fortaleza no Maracanã. Após um aperto do ataque catarinense dentro da nossa área, a defesa cedeu o escanteio e, após a cobrança, Wesley, mais uma vez à frente do primeiro pau, cabeceou para trás e quase entrega a paçoca.
Foi um prenúncio das dificuldades que o time enfrentaria.
O time criou muito pouco e, quando se viu atrás do placar, na base de abafa e do bumba-meu-boi buscou o empate, com Adenor tirando volantes e mais volantes, e empilhando atacantes na frente. Primeiro, recuou Gérson para a primeira volância, tirando Pulgar e emulando um desenho tático parecido com o do segundo tempo em Bragança Paulista, para depois substituir o próprio Gérson, que havia se chocado com Alano. O Criciúma abaixou mais ainda as linhas e o time foi pra cima.
A dinâmica do jogo mudou a depois dessas substituições; porém, um fator simplesmente incendiou o estádio e colocou fogo no jogo. Esse fator atende pelo nome de Gabriel Barbosa, o Gabigol. Sua entrada, logo após o jogo de empate, mudou definitivamente o rumo dos acontecimentos.
Vejam bem, não foi uma grande atuação, no aspecto técnico, inclusive chegou a constrangedoramente isolar uma bola dentro da área, mas o fato é que o jogo pegou fogo depois que o Camisa 99 entrou. Sentia-se a eletricidade dentro do estádio. A torcida "entrou definitivamente no jogo" e empurrou o time para a virada.
Já assisti a muitos jogos no Mané Garrincha, inclusive conquista de título - Supercopa do Brasil de 2020, com o time campeão da Libertadores e vice-campeão mundial. Contudo, nunca vi a torcida de Brasília pulsar tanto como nos minutos finais da partida de ontem, esperando a virada com o gol do seu ídolo.
Mantenho todas as minhas críticas ao atleta e suas atitudes nos últimos anos. A questão é que eu não discuto com fatos, principalmente aqueles que vivo e presencio, como na tarde de ontem.
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Está cada vez mais difícil assistir futebol, discutir futebol com quem não é Flamengo. Poucos são os que mantém a racionalidade e a isenção para discutir lances e jogos do Mais Querido. Os adversários sentem-se encorajados a bater e praticar as formas mais abjetas de antijogo.
A sensação é de isolamento e revolta. Mas apesar do cansaço e das dificuldades, minha disposição para defender o Mais Querido cresce a cada dia, a cada ataque que o vejo sofrer.
A palavra está com vocês.
Bom domingo e SRN a tod@s.