terça-feira, 28 de abril de 2020

Encontros com o Flamengo que a gente não esquece

Amigas e amigos do Buteco,


Em que estádio aconteceu o primeiro encontro de vocês com o Flamengo?

Que lembranças têm desse encontro?

Que jogadores impressionaram vocês?
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Já que continuamos vivendo um tempo esportivo quase “sem presente”, embarco na onda das viagens ao passado para falar de três encontros que tive com o Flamengo.

Dizia a propaganda premiada que, para as meninas, a lembrança eterna era o primeiro sutiã. Será que ainda é?

Para o rubro-negro que aqui escreve, uma lembrança inesquecível é sua primeira ida ao Maracanã pra ver o Flamengo jogar.

E como jogou!

Na minha estreia, o Flamengo ganhou de 9 a 2 do Cerro Porteño.

Meus primeiros contatos com o Flamengo foram feitos através das ondas do rádio, captadas num aparelho de válvulas e caixa de madeira que esquentava pra caramba, mas que transmitia, na vibrante narração de Oduvaldo Cozzi e de outros profissionais cujos nomes já não lembro, as emoções das partidas disputadas nos estádios do Rio.

Grudado no rádio, meu pai ia torcendo e transmitindo, ao meu irmão e a mim, a paixão rubro-negra.

Obrigado, pai!

Depois, tornamo-nos televizinhos, modalidade muito praticada, naqueles velhos tempos, por quem não tinha televisão.

Nessa condição, tive oportunidade de ver inúmeros jogos transmitidos pela então poderosa TV Tupi, inclusive os narrados por Ary Barroso, pianista, compositor de Aquarela do Brasil, apresentador de programas de calouros e, acima de tudo, rubro-negro apaixonado.

Nas imitações que fazia de Ary, José Vasconcelos, prestigiado comediante da época, caracterizava a paixão do narrador exclamando “Não, quero nem ver!” quando, no jogo hipotético de sua apresentação cômica, a defesa do Flamengo passava sufoco.

Demorei a ver o Flamengo ao vivo, até que, na noite de 21 de julho de 1960, fiz minha estreia na arquibancada do Maraca.

A partida foi apitada pelo célebre árbitro Alberto da Gama Malcher, contemporâneo do folclórico Mario Vianna.

Além do fato de ter sido o primeiro jogo (e um dos poucos) em que meu pai foi comigo ao estádio, lembro-me da sensação de festa que vivi e de poucas coisas mais.

Da minha alegria em ver jogar o craque Dida, meu primeiro grande ídolo rubro-negro.

Do torcedor, perto de nós, que gargalhava a cada gol perdido pelo Flamengo. E foram muitos.

E do lance incrível em que Dida driblou o goleiro paraguaio e, com o gol vazio, mas um tanto sem ângulo e já se desequilibrando, mandou a bola no pé da trave do gol à esquerda das cabines de rádio. E tome gargalhada do nosso vizinho.

O Almanaque do Flamengo informa que a escalação do time foi Fernando, Joubert, Monin, Jadir e Jordan. Carlinhos e Moacir. Luís Carlos, Henrique, Dida e Germano.

Foram dois gols de Henrique, dois de Germano, dois de Luís Carlos, um de Dida, um de Jadir e um de Carlinhos.

Pouco tempo depois, já “emancipado” para ir aos jogos com meu irmão mais velho e com alguns amigos, tornei-me frequentador assíduo do Maracanã.
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Dou um giro na roda do tempo e chego a 20 de junho de 1991.

Fui com o Martins, porteiro de um prédio vizinho e rubro-negro apaixonado, a um jogo na Gávea.

Acho que foi a única vez em que fui ver o Flamengo jogar lá.

Escalado com Gilmar, Ailton, Junior Baiano, Rogério, Piá, Charles, Júnior, Djalminha (Luís Antonio), Marcelinho, Zinho (Paulo César Cruvinel) e Nélio, o Flamengo ganhou de 2 a 0 do Olaria.

Apesar de o time ser bom no papel, a lembrança que tenho do jogo é do Flamengo fazendo uma partida ruim e sonolenta, sem inspiração, com apenas dois destaques positivos:

- A facilidade com que Junior Baiano dominava seu espaço. Parecia jogar contra crianças. Tinha grande vocação para ser um zagueiro-craque que acabou por não se concretizar, mas seu potencial era muito evidente.

- A incrível categoria do Djalminha. Impressionaram-me o perfeito domínio, a visão de jogo e a colocação da bola onde queria, fosse num passe curto ou longo.
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Minha única ida ao Estádio Caio Martins aconteceu em 27 de outubro de 1985.

Noite de muito calor no Rio, meu primo e eu custamos a chegar e, para tentarmos assistir aquele jogo do Flamengo, também contra o Olaria, só conseguimos lugares numa arquibancada baixinha e atrás de um dos gols.

O Almanaque do Flamengo informa que o Flamengo jogou com Cantarelli, Jorginho, Leandro, Ronaldo e Adalberto (Guto). Élder, Adílio e Gilmar. Bebeto, Vinícius (Júlio César) e Paulo Henrique.

Mais um time bom no papel e uma atuação pouco inspirada.

Lembranças da partida?

Poucas. Afinal, mal conseguimos ver o jogo, posicionados praticamente no nível do campo e atrás do gol.

Além da lembrança do desconforto e de sentir sede sem ter o que beber, guardo apenas a imagem do gol de Gilmar Popoca, escorando uma bola de chapa e assim fazendo, a pouquíssimos metros de onde estávamos, o único gol da partida.

Jogava fácil o Gilmar, promessa que não realizou todo o seu ótimo potencial.
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E aí?

Que lembranças cada um de vocês tem do primeiro encontro com o Flamengo num estádio?

Que jogadores impressionaram vocês?

SRN.