domingo, 30 de abril de 2023

Flamengo x Botafogo

  

Campeonato Brasileiro/2023 - 3ª Rodada

Domingo, 30 de Abril de 2023, as 16:00h (USA ET 15:00h), no 
Estádio Jornalista Mário Filho ou "Maracanã", no Rio de Janeiro/RJ.


FLAMENGOSantos; WesleyFabríciBrunoDaviLuiLéPereiraThiagMaia, AyrtoLucas, VidaCebolnha; Pedro e Gabigol. Técnico: Jorge Sampaoli.


Botafogo: Lucas Perri; Rafael, Adryelson, Cuesta e Marçal; Danilo Barbosa, Tchê Tchê e Eduardo; Júnior Santos, Tiquinho Soares e Victor Sá. Técnico: Luís Castro.

Arbitragem: Edina Alves Batista (FIFA/SP), auxiliada pelos Assistentes 1 e 2 Neuza Inês Back (FIFA/SP) e Leila Naiara Moreira da Cruz (FIFA/DF). Quarto Árbitro: Rafael Martins de Sá (RJ). Assessor: Cleidy Mary dos Santos Nunes Ribeiro (SC). Árbitro de Vídeo (VAR): Daiane Muniz (FIFA/SP). Assistentes VAR (AVAR) 1 e 2: Fabrício Porfírio de Moura (SP) e Gilberto Rodrigues Castro Junior (PE)Observador de VAR: Emerson Augusto de Carvalho (SP).

Transmissão: Rede Globo (rede aberta) e Premiere (sistema pay-per-view).

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Alfarrábios do Melo

Saudações flamengas a todos,

E, enfim, Sampaoli “chegou chegando”. Se é verdade que derrotar o inexpressivo Maringá FC no Maracanã, mesmo revertendo uma desvantagem de dois gols, não é uma façanha das mais notáveis, também é inegável que a forma como o Flamengo mastigou e espatifou o oponente, voltando a marcar, após longo hiato de 28 anos, 8 gols em uma partida, traz alento e esperança para a sequência da temporada. Fujo à tentação de imaginar como se comportaria o caricato time sob o treinador (oi?) anterior, se posto diante do mesmo desafio.

De qualquer forma, agora terá início uma sequência particularmente dura, com muitas viagens e jogos "pegados", que exigirão bastante da equipe. A começar pelo jogo de domingo, contra o Botafogo, clássico regional sempre escamado. Aproveitando, segue a série “Caminhos da Bola”, agora listando alguns jogadores que, identificados com o rival, chegaram ao Flamengo. Uns prosperaram na Gávea. Outros, nem tanto. É o que se vai contar a seguir.

 

SÉRIE “CAMINHOS DA BOLA”

IV

FLAMENGO - BOTAFOGO

 

UBIRAJARA MOTTA (1972-1977)

Goleiro com passagem destacada no Bangu, onde conquista o Campeonato Carioca 1966, transfere-se para o Botafogo em 1968, fazendo parte do processo de renovação do elenco alvinegro. Em General Severiano, conquista uma Taça Brasil e um Carioca, ambos em 1968, mas acaba involuntariamente marcado ao se chocar com um atacante do Fluminense no lance do gol que dá ao tricolor o Carioca 1971, num lance que até hoje o Botafogo chora a não marcação de falta. De qualquer forma, a traumática perda desse título (em que o alvinegro detinha larga vantagem sobre os adversários) abrevia a passagem de alguns atletas, entre eles Ubirajara Motta, que se transfere para o Flamengo no início do ano seguinte. No rubro-negro, precisa disputar posição com o outro Ubirajara (Alcântara, o que marcou o gol contra o Madureira dois anos antes) e com Renato, que acaba escolhido titular. Como coadjuvante, Ubirajara participa das conquistas dos Cariocas de 1972 e 1974, e permanece sendo opção no elenco até se aposentar, em 1977.


JOSIMAR (1989-1990)

Emerge da base do Botafogo, e desde cedo mostra talento, com seu futebol de grande vigor físico, velocidade e um chute particularmente forte e certeiro. Mas, com o alvinegro vivendo um dos piores momentos de sua história, Josimar não consegue fazer decolar sua carreira, o que só acontece em 1986, após a incrível sequência de acontecimentos (desistência de Leandro em viajar e lesão/barração do titular Edson) que o coloca como titular da Seleção Brasileira no terceiro jogo da Copa do Mundo. Marca neste e no jogo seguinte dois gols de placa que o colocam como um dos principais laterais do futebol brasileiro. Permanece no Botafogo até 1989 (após fugaz passagem pelo futebol europeu), onde conquista o Estadual após longo jejum. Mas seus recorrentes problemas disciplinares, já quase incontroláveis, apressam sua transferência para o Flamengo, no mesmo ano. No rubro-negro, as sucessivas faltas e atrasos a treinamentos, aliados aos constantes incidentes extracampo em que se envolve, impedem que consiga manter uma sequência aceitável de jogos. Sistematicamente barrado e sem espaço, é negociado com o Internacional, ainda no ano de 1990. Encerra a carreira em 1997, após rodar pelo Norte do país.


WILSON GOTTARDO (1991-1993)

Forma, com Ricardo Rocha, a zaga do inesquecível Guarani de 1985-1986, que por pouco não conquista o Brasileiro. Em 1987, transfere-se para o Botafogo, onde rapidamente conquista a torcida, com seu futebol seguro e personalidade forte. Pelo alvinegro conquista os Estaduais de 1989 e 1990. No entanto, no início de 1991 entra em litígio com a Diretoria, durante a renovação de seu contrato. O Flamengo, precisando de um zagueiro e de dar uma resposta à torcida, irritada pela saída de Renato Gaúcho (que trocou o Flamengo justamente pelo Botafogo), investe forte em Gottardo e consegue viabilizar a vinda do jogador. Gottardo se encaixa como uma luva, tornando-se uma das referências do jovem e talentoso elenco que conquista o Estadual 1991 e o Penta Brasileiro 1992. No meio do ano seguinte, o Flamengo, imerso em problemas financeiros e com a consolidação da dupla Rogério-Júnior Baiano, acaba negociando o jogador com o Marítimo-POR. Gottardo ainda retorna ao Botafogo e atua por outros clubes, encerrando sua bem-sucedida carreira em 1999.


WILLIAN ARÃO (2016-2022)

Revelado no Grêmio Barueri, chama a atenção defendendo o São Paulo que conquista a Copa São Paulo 2010, o que lhe vale uma precoce transferência para o futebol espanhol. Em 2015, após discreta passagem pelo Corinthians (de onde foi sucessivamente emprestado para diversos clubes), chega ao Botafogo, por onde se destaca na disputa da Série B, conquistada pelo alvinegro. Valorizado, não chega a um acordo com a Diretoria para a renovação de seu contrato e consegue na Justiça o direito de se transferir para outro clube. E esse outro clube é justamente o Flamengo, o que acende forte onda de inconformismo e ressentimento entre os pares de General Severiano, especialmente diante do ímpeto que Arão demonstra em consumar essa troca. No Flamengo rapidamente se torna titular, mas a relação com a torcida vive altos e baixos. Se por um lado é um jogador muito técnico, dono de ótimo passe, forte nas bolas aéreas e capaz de infiltrações contundentes, seu comportamento defensivo, muitas vezes tido como indolente, gera controvérsias. Também não ajuda o hábito de dar declarações um tanto “sinceras” em excesso, que remetem ao corporativismo usual do meio. Acaba marcado pelas frustrantes temporadas de 2017 e 2018, e parece viver o final do ciclo no Flamengo, quando, em 2019, Jorge Jesus chega ao clube e elege Arão como peça-chave do sistema defensivo. Dá muito certo, e Arão vira um ponto de equilíbrio da equipe que conquista praticamente tudo sob o comando do luso. Em 2021, já sob Rogério Ceni, chega a ser deslocado para a zaga, mantendo-se importante. Mas, em 2022, cai de rendimento e o Flamengo o negocia com o Fenerbahçe-TUR, clube que atualmente defende.


CARLOS ALBERTO DIAS/VALDEIR (1994)

Formam uma dupla que faz história no Botafogo de 1990 a 1992. Carlos Alberto Dias é um meia baixo, muito habilidoso, de drible, infiltração e tabelas, que se destaca no Coritiba de 1988-1989. Em 1990 chega a acertar a ida para o Flamengo, mas uma divergência com seu empresário o leva a General Severiano. Já Valdeir, revelado no Atlético-GO, chega ao Botafogo em 1989. Jogador extremamente veloz e intenso, recebe o apelido de “The Flash”, pela facilidade com que bate defensores na corrida. Pelo alvinegro, conquistam um Estadual e chegam ao Vice Brasileiro 1992 (perdido justamente para o Flamengo). Voltam a se encontrar em 1994, no Flamengo. Dias chega após uma passagem apagada pelo Grêmio e Valdeir vem emprestado pelo São Paulo. Mas ambos já vivem um momento de declínio em suas carreiras e em nenhum momento chegam perto de reeditar o futebol de antes. Acabam barrados pelos jovens Marquinhos e Sávio, este último em fulminante ascensão. Ao final do Estadual, Dias é negociado com o Paraná e Valdeir é devolvido ao tricolor paulista.


BETO (1998-2002)

Apresenta ascensão meteórica no Botafogo, onde chega em 1994, vindo do modesto Dom Bosco-MT (segundo a lenda, trocado por algumas dezenas de pares de chuteiras). Torna-se jogador fundamental na conquista do Brasileiro 1995, o que lhe vale a convocação para a Seleção Brasileira e uma transferência para o Napoli-ITA. Em 1998, após apagadas passagens pelo clube italiano e pelo Grêmio, chega ao Flamengo, seu clube de coração, onde logo se torna importante, com um futebol aplicado taticamente, intenso e consistente, capaz de ajudar no combate e de chegar à frente para finalizar e criar chances de gol. Quase sempre como titular, conquista o Tri Estadual 1999-2000-2001, a Copa Mercosul 1999 e a Copa dos Campeões 2001. Um dos momentos mais lembrados é a sequência de embaixadinhas que executa na Final do Estadual 2000, em resposta à provocação vascaína em um jogo anterior. Permanece no Flamengo até 2002 (salvo um hiato de seis meses em 2000, quando é emprestado ao São Paulo, sem espaço por causa do pacote de reforços trazidos pela ISL), saindo do rubro-negro em decorrência da forte crise no período. Encerra a carreira em 2009, após passar por vários clubes. Como curiosidade, é um dos poucos a terem defendido os quatro principais cariocas.


IRANILDO (1996-2000, 2002-2003)

“Amanhã iremos anunciar um jogador de Seleção Brasileira”. O anúncio feito pelo Presidente do Flamengo no início de 1996 gera um alvoroço de mesma expressão do desapontamento que emerge ao ser revelado o nome. Com efeito, se o jovem Iranildo é um jogador talentoso e promissor, soa duvidoso que suas esporádicas convocações à Seleção sejam suficientes para alçá-lo ao patamar de medalhão. De qualquer forma, o Flamengo consegue tirá-lo do Botafogo, por onde fez ótimo Brasileiro no ano anterior, sempre entrando com destaque durante os jogos. Sob o comando de Joel Santana, ganha a alcunha de “Chuchu”, que ajuda a torná-lo xodó da torcida. Faz bom Estadual e ajuda na conquista do título invicto. No entanto, as severas limitações físicas (é baixo e mirrado) impedem que ganhe uma sequência consistente como titular. Destaca-se no Brasileiro de 1997, quando compõe com Sávio e Lúcio um trio interessante, leve e insinuante, mas é em 1999 que vive seu melhor momento, exercendo papel-chave na conquista do Estadual e da Mercosul. Em 2000, o Flamengo traz Petkovic e outros reforços, e com isso o Chuchu perde espaço e é negociado com o Bahia. Dois anos depois, após passagem pelo futebol grego, retorna ao Flamengo mas sem o brilho esperado, até em função do péssimo momento do clube. Em 2003, transfere-se para o Brasiliense, clube pelo qual ganha identificação e encerra a carreira, dez anos depois, após rodar pelo país.


GARRINCHA (1968-1969)

Ícone do Botafogo e o maior jogador da história alvinegra, atua por General Severiano entre 1953 e 1965, numa trajetória que assombra o país, tal o nível desconcertante de suas exibições. Além do célebre drible imparável, possui um cruzamento preciso e um chute notavelmente potente e bem colocado, revestindo-se, portanto, em um dínamo de todo um sistema ofensivo. No seu período áureo (que vai até 1962), conquista, sempre com papel de destaque, três Campeonatos Cariocas, dois Torneios Rio-São Paulo e duas Copas do Mundo, pela Seleção Brasileira. No entanto, após a atuação antológica na Final da Carioca de 1962, tem início seu acentuado declínio, decorrente do grave problema com bebidas, da vida pessoal atribulada e das sucessivas infiltrações nos joelhos lesionados que passam a cobrar seu preço. Quando chega ao Flamengo, no final de 1968, já é uma melancólica sombra da estrela do passado. Ainda assim, aceita se submeter a um vigoroso treinamento físico conduzido pelo rubro-negro, cujo resultado é uma atuação de ótimo nível em sua estreia contra o Vasco, num Maracanã lotado como nos velhos tempos, que nem a derrota (0-2) mancha. A seguir, atua em alguns amistosos pelo país, onde sua imagem é utilizada como chamariz, mas volta a exibir comportamento desregrado e errático, tornando a decair física e tecnicamente. Ainda assim, é titular no início do Carioca 1969, em que o Flamengo tem bom início, mas se envolve em um gravíssimo acidente de carro cujos desdobramentos liquidam sua passagem pelo rubro-negro. Encerra a carreira em 1972, atuando pelo Olaria. Em 1983 tem fim sua longa agonia, e o Mané se torna o anjo torto das memórias de todo um país.


DIMBA (2004-2005)

Cria do futebol brasiliense, em 1997 torna-se uma espécie de talismã do Botafogo, ao entrar no decorrer dos jogos e marcar seus golzinhos. Vive momento de glória ao anotar, contra o Vasco, o gol que dá ao alvinegro o Estadual, momento em que passa a cultivar a extravagante mania de mastigar tufos de grama após cada gol marcado. Após sair do Botafogo, roda por vários clubes e chega a seu auge no Goiás em 2003, quando se torna o artilheiro do Brasileiro, o que lhe rende uma transferência para o futebol saudita. No retorno, em 2004, o Flamengo vive grave carência de atacantes, e protagoniza ferrenho leilão com o São Caetano pela sua contratação, o que acende forte crise com um elenco irritado com os sucessivos atrasos salariais. Ainda assim, Dimba é contratado e, mesmo hostilizado por parte do plantel, mostra estrela na estreia, ao marcar o gol da vitória por 1-0 sobre o São Paulo, no Raulino de Oliveira. Mas Dimba jamais consegue se mostrar à vontade no Flamengo e os números razoáveis obtidos em 2004 (que ajudam a salvar o time do rebaixamento) simplesmente evaporam no caótico início da temporada seguinte. Caro e improdutivo, é negociado no primeiro semestre de 2005 com o São Caetano, que enfim consegue contratá-lo. Encerra a carreira em 2015, de volta ao Distrito Federal.


PAULO CÉSAR LIMA (1972-1974)

Expoente da “nova geração” que surge no Botafogo no final dos anos 1960, impressiona pela habilidade e a capacidade de driblar e finalizar, atuando como um “camisa 10” completo, mas também capaz de atuar deslocado pela esquerda, como falso ponta. Irrequieto e de personalidade forte, não demora a se tornar destaque do alvinegro, por onde conquista dois Cariocas e uma Taça Brasil. Ganha o apelido de “Caju” ao pintar os cabelos de vermelho para se posicionar em uma questão política. É um reserva bastante utilizado por Zagalo na conquista da Copa do Mundo de 1970, e, no ano seguinte, já é o principal nome de um Botafogo que parece que irá conquistar com tranquilidade o Carioca. Mas a perda traumática do título o estigmatiza e, em desgraça, é vendido ao Flamengo no final do ano. Encaixa como uma luva no rubro-negro, onde reencontra Zagalo. Mordido, faz brilhante Carioca em 1972, que o Flamengo conquista em campanha indiscutível. No ano seguinte perde foco, mas ainda é importante, sendo nome certo como titular da Seleção Brasileira que irá ao Mundial do ano seguinte. No início de 1974, participa de uma excursão pelo Brasil, e a seguir se apresenta à Seleção. Após a Copa, acerta sua saída para o Olympique-FRA. A venda de Paulo César abre, definitivamente, espaço para a consolidação do espaço do jovem Zico, que a essa altura já é irreversível.


VITINHO (2018-2022)

É num jogo válido pelo Estadual Sub-17 que, em 2010, Vitinho impressiona Dirigentes do Botafogo, após maltratar o alvinegro atuando pelo Audax. Logo troca de ares, e, após dois anos na base de General Severiano, estreia em 2013, já mostrando ótimo nível e sendo importante na conquista do Estadual do mesmo ano. Segue um atacante insinuante e perigoso ao longo do ano, e a boa campanha no Brasileiro (que leva o Botafogo à Libertadores) lhe vale uma transferência para o CSKA-RUS. Em 2018, após longo namoro, o Flamengo enfim consegue repatriar o jogador, mas o alto valor da transferência e a responsabilidade de substituir o ídolo Vinícius Jr trazem uma pressão com a qual o retraído e discreto Vitinho possui grande dificuldade de lidar. Apesar dos bons números de gols e assistências, é sempre lembrado por gols perdidos e por atuações apagadas em jogos importantes. Sua postura um tanto indolente também não ajuda a criar identificação com a torcida. Ainda assim, vive bons momentos. Marca os gols que dão ao Flamengo os títulos Estaduais de 2019 e 2020. No ano de ouro de 2019, termina, mesmo como reserva, como o quarto artilheiro da equipe, atrás apenas do trio Gabigol-Bruno Henrique-Arrascaeta. Nas temporadas seguintes, segue como um reserva de bons números, mas incapaz de engatar uma sequência que ameace os titulares ou conquiste a torcida. Até que, em 2022, volta de lesão atuando mal tecnicamente, passando a ser perseguido com vaias cada vez mais intensas. Clube e jogador percebem, assim, que o ciclo chegou ao fim, e Vitinho é negociado com o Al Ettifaq-ARA, seu clube atual.

 

Links capítulos anteriores:

Parte I: Flamengo – Corinthians

Parte II: Flamengo – Fluminense

Parte III: Flamengo –Internacional


quinta-feira, 27 de abril de 2023

Flamengo 8 x 2 Maringá - Ataque efetivo

Foto: Jovem Pan

 Apesar de Sampaoli, ao final do jogo, ter criticado o ataque de 8 gols dizendo que "poderia ser de mais", o problema do Flamengo neste jogo continuou sendo a defesa, pois os dois gols do Maringá poderia "ser de mais" também, dada a facilidade com que este time fraco de Série D chegava a nossa área. Perderam pelo menos duas boas chances de aumentar o placar deles. Sendo que ainda estavam desfalcados de 4 titulares do jogo passado. 

Enfim, o jogo foi bom pro Flamengo e sua torcida. Ver uma chuva de gols e boas atuações de Gerson, Pedro e Gabigol (enfim). Gerson se reencontrando sob Sampaoli parecendo mais um meia que volante, achando vários caminhos para chegar na área. Pedro com sua movimentação impecável de centroavante além de boa impulsão. Gabigol, ainda com problemas de arranque, velocidade e mobilidade, mas desta vez emulou um Arrascaeta com passes precisos. Minha impressão é que talvez tenha ganho uma massa muscular a mais. Gabigol também teve um certo azar pois diversos passes que o deixariam na cara do gol não foram dados ou foram mal executados. Meu pensamento é que a má fase do Gabigol fez com que os jogadores hoje procurem muito mais o Pedro, que é bem mais efetivo na finalização. É um comportamento natural do ser humano. Gabigol precisa reencontrar seu prestígio, pois além de mais lento, anda perdendo gols demais e isto cobra seu preço.

Mas Pedro não quer saber disso e vai enfileirando seus gols em 2023 e por causa disso não pode ser reserva deste time. É o nosso "Haaland" tupiniquim. Não tem substituto à altura. E por isto creio que deve estar chamando atenção do exterior. Ainda bem que os técnicos que dirigem a seleção não o chamam ou não dão sequencia a ele. Infelizmente Tite deixou a seleção e o próximo pode não ser tão incapaz. 

Flamengo classificado, assim como todos os demais times favoritos para classificação. Alguns em disputa de pênaltis, o que prova que futebol não é só elenco, como o amador Marcos Braz e Landim pensam. É tática também. E uma boa tática engrandece um time. Sampaoli impôs um ritmo de treino profissional desagradando a turma das festas e do churrasco, mas necessário para exercício da profissão. Nota-se um time mais ligado em campo. Corre mais. Não abandona as jogadas como antes. 

Flamengo tem tudo para melhorar ainda que falte uma transição defensiva decente e uma formação de segunda linha. Problema que vem desde VP. Mas pelo que disseram Sampaoli é o tipo de técnico que só quer fazer mais gols do que toma. Se for assim e ganhar tudo, para mim OK. Mas em dia ruim de ataque...

Enfim, o assunto do final da noite foi a saída da Cuca do Corinthians. Subitamente redescobriram o caso notório que ele se envolveu no caso de estupro de uma garota de 13 anos em que foi inclusive condenado mas que ele se diz inocente apesar de todas as provas em contrário. Na esteira de outros casos como Daniel Alves e Robinho, a sociedade hoje exige, enfim, uma conduta ilibada. Os casos de curra e violência contra mulher não são toleráveis em hipótese alguma, ainda que forem cometidos décadas atrás. Minha esperança é que a sociedade também considere intolerável casos de roubo, corrupção, nepotismo, despotismo, etc., mas aí nestes casos só observam se a bandeira é sua ou dos outros antes de se "indignarem". 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Flamengo x Maringá

    

Copa do Brasil/2023 - Terceira Fase - 2⁰ Jogo (Volta)

Quarta-Feira, 26 de Abril de 2022, as 21:30h (USA ET 20:30h)
no Estádio Jornalista Mário Filho ou "Maracanã", no Rio de Janeiro/RJ.


FLAMENGOSantos; WesleyFabríciBrunoDaviLuiAyrtoLucasThiagMaiaGérsoEvertoRibeiroCebolinha, Pedro e Gabigol. Técnico: Jorge Sampaoli.


Maringá: Dheimison; Caio Felipe (Lucas Lopes), Max Miller, Wesley e Raphinha; Matheus Blade, Erick Varão, Romarinho e Serginho; Iago Santana e Bruno Lopes. Técnico: Jorge Castilho.

Arbitragem: Raphael Claus (FIFA/SP), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Fabrini Beviláqua Costa Manis (FIFA/SP) e Daniel Luís Marques (SP). Quarto Árbitro: Yuri Elino Ferreira da Cruz (RJ). Assessor: Simone Xavier de Paula e Silva (RJ). Árbitro de Vídeo (VAR): Thiago Duarte Peixoto (SP). Assistentes VAR (AVAR) 1 e 2: Vitor Carmona Metesteine (SP) e Matheus Delgado Candarçan (SP)Observador de VAR: Ricardo Marques Ribeiro (RJ).

Transmissão: Amazon Prime Vídeo (Streaming).

A Copa do Brasil, as Metas Esportivas e o Orçamento/2023

 

Salve, Buteco! Há pouco menos de um mês e meio, a imprensa esportiva publicava o orçamento do Flamengo para a temporada/2023, destacando uma redução de metas esportivas e de projeção de faturamento em relação ao ano anterior.

No Campeonato Brasileiro, a meta é no mínimo o vice-campeonato e nas copas, do Brasil e Libertadores da América, no mínimo as semifinais, o que nos remete ao jogo de hoje à noite e à vantagem, nada pequena, do nosso adversário, o Maringá FC.

Sintam o drama de eventual desclassificação na noite de hoje:


Num cálculo aritmético simples, considerando a meta esportiva constante no orçamento/2023, a perda de receita alcançaria a soma de R$ 16.600.000,00 (dezesseis milhões e seiscentos mil reais). Porém, sejamos francos, considerando o que representa o faturamento do Flamengo em relação aos adversários, pode-se afirmar que não chegar à final representa uma perda de receitas de, no mínimo, R$ 46.600.000,00 (quarenta e seis milhões e seiscentos mil reais), sem contar a perda da possibilidade de arrecadar R$ 86.600.000,00 (oitenta e seis milhões de reais).

Não foi à toa que esta reportagem do GE qualificou a Copa do Brasil como uma "copa do mundo" para os clubes de menor investimento. Pela vantagem de dois gols do adversário, porém, ocorreu o inesperado neste cruzamento contra o Maringá: para o Flamengo a partida de hoje também passou a ser "de copa do mundo".

A baranga é rica, Amigos, e a rapadura é dura, apesar de doce.

***

Comentei outro dia com o meu amigo Marquinho que, nesta temporada, tanto no cenário brasileiro, quanto no Sul-Americano, um número alto de surpresas vem ocorrendo em nível de resultados. Vários clubes grandes e favoritos andaram tropeçando, quando não sendo eliminados inesperadamente por equipes de muito menor investimento.

Para além dos exemplos do próprio Flamengo, o Palmeiras levou um tremendo susto na final do Campeonato Paulista, contra o Água Santa, e tomou 3x1 do Bolívar na estreia pela Fase de Grupos da Liberadores; o River Plate também perdeu pelo mesmo placar em La Paz na 1ª Rodada, só que para o The Strongest; o Fluminense, provavelmente o time que pratica o melhor futebol no Brasil na atualidade, tomou o seu susto no primeiro jogo da semifinal do Campeonato Carioca contra o Volta Redonda e por muito pouco não parou no mesmo The Strongest, no Maracanã (a anulação do gol dos bolivianos no último minuto foi polêmica); enquanto escrevia essas mal traçadas linhas, o CRB de Maceió somava 2x0 (!) no agregado contra o Athletico Paranaense, pela Copa do Brasil; o Atlético Mineiro perdeu em casa o jogo de estreia na Fase de Grupos da Libertadores para o Libertad do Paraguai, e, no Campeonato Gaúcho, o Internacional foi eliminado na semifinal pelo Caxias, que ainda obrigou o Grêmio a reverter a vantagem na finalíssima.

São vários os exemplos, como vocês podem constatar. E existem outros tantos. Meu palpite é que, com o acesso amplo a conteúdos sobre tática e outros assuntos relacionados com a preparação e desempenho do futebol profissional, somados ao cada vez maior número de profissionais que são lançados no mercado, formados na academia, a distância do investimento foi encurtada pela qualidade imprimida pelo conhecimento e o profissionalismo. 

Portanto, quem é rico terá que trabalhar melhor para manter o desempenho e, especialmente, os resultados.

Não preciso falar mais nada, né, Flamengo?

***

Desde o anúncio do Careca, sinto uma forte energia positiva. Minha confiança é de que o seu trabalho será frutífero e dará muito certo. A evolução em menos de uma semana de trabalho pôde ser constatada por toda a Nação Rubro-Negra.

Hoje é dia de unir forças e empurrar o time para a reversão da vantagem do Maringá e a consequente classificação para as oitavas de final da Copa do Brasil.

É claro que cabe aquela vaia austera para os dirigentes antes da bola rolar, no intervalo e no pós-jogo.

Com a bola rolando, contudo, o apoio tem que ser total. A zebra anda galopando pelos gramados brasileiros e sul-americanos. Hoje não é prudente dar mole para a listrada.

Não quero nem imaginar quantos jogadores serão vendidos se o Flamengo não reverter essa desvantagem.

***

O Ficha Técnica subirá, como de praxe, as 19:00h.

A palavra está com vocês.

Bom die SRa tod@s.




terça-feira, 25 de abril de 2023

Checkpoint Brasileirão 2023

Olá Buteco, bom dia!

Entra ano, sai ano, e o Flamengo começa o Campeonato Brasileiro perdendo pontos valiosos. 


A média histórica do Campeão Brasileiro está atualmente, em torno de 78 pontos. Até então, a tendência era essa pontuação aumentar, uma vez que a diferença entre os clubes mais fortes e os demais estava visivelmente aumentando. Não à toa, nos últimos dois campeonatos a pontuação do líder foi superior a 80 pontos.

Em todo caso, com a entrada das SAFs na jogada e o visível aumento na qualidade de times tradicionais, que brigavam para sair da Série B, aliado ao acúmulo de jogos decisivos no segundo semestre, pode ser que os times fiquem mais juntos, na tabela de classificação. É o primeiro ano dessa nova configuração, com os 12 grandes novamente tentando algo a mais no campeonato do que apenas se livrar da Série B.

De qualquer forma, um planejamento sério para o Campeonato Brasileiro não poderia ser outro que não chegar, no mínimo, aos 70 pontos na Rodada 35 (10 pontos a cada 5 jogos). Particularmente, acho pouco. Ano passado o checkpoint era de 11 pontos a cada grupo de 5 jogos, chegando a 77 na R35. Pois, adivinhem só, quantos pontos o líder tinha na rodada 35 do ano passado? Exatamente 77! A conclusão é de que, menos de 70 não dá nem pra secar os outros. E 70 pode não ser suficiente para chegar lá disputando, efetivamente, o título.

Nesse cenário, não podemos normalizar o resultado de um jogo como o do último domingo. O Flamengo entra no campeonato para disputar o título, o Inter entra para fazer uma boa campanha. Para eles, o empate em casa contra o Flamengo seria aceitável, para nós seriam dois pontos perdidos. 

Isso implica que é o Flamengo quem tem a obrigação de construir o resultado. Não podemos esperar dos adversários nada diferente de retranca, jogo físico intenso e contra-ataques. Será assim na grande maioria dos jogos, em casa ou fora. O Flamengo não pode ficar especulando o 0x0, como ficou no primeiro tempo. Só perdemos 45 minutos.

É claro que a melhoria da apresentação do time traz um certo alento. Afinal, estávamos perdendo até do Maringá, da 4a divisão nacional. Mas daí a romantizar a derrota há um abismo. O Flamengo deixou de trazer os 3 pontos muito por seus próprios problemas, naturalmente inseridos em um contexto de time em formação: displicência nas finalizações (Gabi, Gabi...) e demora ns substituições (não entendo ter direito a 5 e ficar esperando o time tomar gol pra mexer, ainda mais em um jogo às 11h...). Também não se pode tomar o gol de empate logo depois de suar tanto para abrir o placar. Que o Sampaoli saiba utilizar o que aconteceu para melhorar o time.

Não há tempo para choro. Precisamos golear o Maringá amanhã e bater no vice-líder do campeonato (!!!) no domingo. Empate não interessa,  mentalidade tem que ser essa.

Saudações RubroNegras!

segunda-feira, 24 de abril de 2023

O Bonde da História

 

Salve, Buteco! Num bate-papo com o nosso amigo Carlos César Ribeiro Batista (que está no estaleiro, mas breve voltará ao nosso convívio), ele citou uma frase de Nelson Rodrigues, no sentido de que o subdesenvolvimento não se improvisa, mas é obra de séculos. Encontrei um padrão de semelhança entre o subdesenvolvimento brasileiro e as práticas amadoras recorrentes do nosso Departamento de Futebol.

Sou um torcedor que cobra do clube a profissionalização integral do setor e não a sua gerência pela vice-presidência de futebol amadora. É bem diferente quando o vice-presidente amador, figura obrigatória por norma estatutária, apenas supervisiona, com prudente distância, o trabalho dos profissionais. Ocorre que no futebol do Flamengo, ao contrário, o VP é a figura central da gestão e responsável direto pelas principais decisões do setor.

Entristece-me como cada vez mais a relação do presidente Rodolfo Landim com o vice-presidente de futebol Marcos Braz se assemelha a do ex-presidente Eduardo Bandeira de Melo com Fred Luz e Rodrigo Caetano, a trinca da qual nenhum torcedor rubro-negro com um mínimo de bom senso tem saudade. Temo inclusive que, pelo tempo decorrido e o quanto falta para as eleições de 2024, o fenômeno da semelhança se transforme em repetição e o mandatário-mor comece a "tomar decisões de sua cabeça", como tantas vezes fez o seu rival político.

Em seu entorno, o Flamengo, preso em um emaranhado de relações do VP de Futebol com a política, e do próprio clube com atletas endeusados e empresários parceiros, assiste com passividade bovina a rivais se estruturarem e, com gestão profissional, diminuírem a distância esportiva. As derrotas se acumulam e na temporada em curso não parece que será simples alcançar a reação com resultados positivos dentro de campo.

Aliás, desde o desmonte, acelerado durante a pandemia, da estrutura do antigo Centro de Excelência e Performance, o Flamengo coleciona títulos apesar da gestão amadora do Departamento de Futebol, em que pese ser muito comum o equívoco de se atribuir as últimas taças a um inexistente e fantasioso sucesso gerencial. 

É bom frisar que não é exatamente simples "profissionalizar" um departamento de futebol, especialmente no Brasil. Não sobram profissionais em cada esquina e a própria expressão "filosofia de trabalho" é um tanto fluida, sujeita a uma série de diferentes interpretações.

Apesar disso, é óbvio que o bonde da História está passando e o Flamengo parece optar por perdê-lo ao abraçar o subdesenvolvimento gerencial, por puro apego ao "lirismo" da tradicional figura do dirigente amador que personifica o futebol.

2019 foi, sem dúvida, um ano longevo, que produziu efeitos nos três seguintes; contudo, 2023 parece ter chegado para mostrar que o ciclo pode ter vivido o seu último dia vitorioso em 29 de outubro de 2022.


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O jogo de quarta-feira ganhou contornos ainda mais dramáticos. A tendência é do ambiente estar carregado e qualquer fagulha precipitar vaias intensas e fortes protestos.

O argentino Jorge Sampaoli não merece o contexto que o recebe, mas terá que rapidamente aprender a lidar com ele. Se conseguir levar o time à recuperação e a ao menos um título de expressão nesta temporada, terá feito, provavelmente, o maior trabalho da sua carreira.

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A palavra está com vocês.

Boa semana e SRN a tod@s.

domingo, 23 de abril de 2023

Derrota Amarga

 

Salve, Buteco! Como vocês podem perceber, o nosso amigo urubu não está sequer com disposição para alçar um voo depois de tomar uma virada no segundo tempo, com direito a gol quase no último minuto dos acréscimos. Perder nessas circunstâncias é sempre difícil, mas quando acontece no início do trabalho de um treinador, depois de jogar melhor, ter chances de vencer e de iniciar uma reação ao que aconteceu nesses primeiros três meses e meio do ano, é simplesmente de lascar.

Optando por um esquema tático mais conservador ao abandonar, ao menos momentaneamente, a formação com três zagueiros, o Careca conseguiu fazer o Flamengo melhorar a olhos vistos. No primeiro tempo equilibrado, o Mais Querido ameaçou mais o gol do Internacional do que o contrário. Logo no início da partida, Everton Ribeiro obrigou Keiller a praticar uma boa defesa, e logo após, perto dos 16 minutos, uma boa trama do ataque rubro-negro quase levou à abertura do placar, o que não aconteceu porque o gol não valeu, já que Gerson estava impedido.

Antes do terço final da primeira etapa, o jogo foi de poucas oportunidades, mas com maior controle por parte do Flamengo. Nos primeiros sinais de perda de intensidade por parte do time rubro-negro, o Colorado gaúcho passou a incomodar mais, porém os sistemas defensivos prevaleceram, neutralizando o setor ofensivo do adversário.

Nesta etapa, individualmente gostei do menino Wesley e de Gérson, enquanto os volantes Thiago Maia e Vidal decepcionaram. Ayrton Lucas, desde os primeiros lances, mostrou que não estava em um bom dia, e Pedro mostrou-se uma figura nula dentro de campo.

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O Inter voltou mais ousado para o segundo tempo e, na minha visão, o Careca demorou a mexer. Rolou a famosa "trocação" e num desses lances, de contra-ataque, aos 10 minutos, Gabigol perdeu o primeiro dos dois gols "feitos" que desperdiçou. Sozinho, sem marcação, "cabeceou com a nuca" uma bola açucarada vinda dos pés de Everton Ribeiro pelo lado esquerdo. Trata-se de um fundamento que, definitivamente, o atual camisa 10 do Ninho não domina e nem apresenta sinais de que esteja tentando mudar o quadro.

Minutos depois, após Gabigol, novamente sem marcação, perder mais um gol cara a cara com Keiller, Gérson marcou um golaço, daqueles que merecem ser repetidos milhares de vezes. Teve drible, chapéu e embaixadinha dentro da pequena área colorada, além de uma frieza que só os jogadores acima da média possuem.

Todavia, a Nação rubro-negra sequer teve tempo para comemorar. Numa falha coletiva da linha de zaga rubro-negra, somada à absoluta falta de combatividade da dupla de volantes, bastou ao ataque gaúcho explorar a verdadeira mina de ouro que era o lado esquerdo do sistema defensivo rubro-negro para alcançar a igualdade no placar.

Com Vidal continuando a atuar burocraticamente, apenas ocupando fisicamente espaços dentro de campo, sua saída, assim como a de Pedro (uma samambaia usando a camisa 9), as entradas de Marinho e Cebolinha devolveram a bola e um maior controle do jogo ao Flamengo. 

Porém, se o time ganhou em movimentação e saúde, a deficiência técnica dessas duas novas peças não demorou a mostrar a cara. Enquanto Cebolinha ainda conseguia acertar um ou outro passe, Marinho ofereceu mais um festival de erros de passe bobos e trombadas acrobáticas, comprometendo os ótimos deslocamentos do cria e lateral direito Wesley.

Mas a sorte, definitivamente, não estava do lado rubro-negro nesse início de tarde. Com Léo Pereira, o melhor jogador rubro-negro em campo depois de Gérson, sentindo a musculatura e precisando sair, a mina de ouro (setor esquerdo) ficou ainda mais exposta e viria a ser mais uma vez explorada, dessa vez por Maurício, totalmente livre de marcação.

O gol da virada colorada foi, ao mesmo tempo, bonito, irregular (porque a simulação de Jean merecia a paralisação da jogada e uma advertência por cartão amarelo) e, se não se caracterizou como frango, certamente foi uma bola defensável, não interceptada por Santos.

Além de injusta, pela irregularidade do gol da virada, a derrota foi amarga e jogou um balde de água fria no sentimento de reação que brotava da melhor atuação do time em relação a partidas anteriores.

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Na coletiva pós-jogo, Sampaoli, no melhor estilo Muricy Ramalho, com as suas próprias palavras disse que a bola pune, como de fato puniu o Flamengo, por conta das chances desperdiçadas pelo camisa 10 mais parecido com o cantor Sidney Magal que o clube já teve.

O dilema em relação a Pedro, se não é simples, não é tão difícil de ser resolvido. 

Vejam bem, mesmo estando aparentemente fora do peso, quadro que sugere excessos no extracampo, e também com uma hipertrofia muscular que remete a uma possível carga que lhe tire a velocidade, ainda assim essa versão "Gabigordo" do nosso Herói de Lima movimenta-se melhor e dá muito mais opções de passe do que o camisa 9.

Falta a Pedro a humildade que sobra em Lewandowski (o centroavante do Barcelona, não o ministro do STF) para se empenhar em ao menos diminuir a deficiência da movimentação e do jogo sem a bola. Entretanto, em que pese essa óbvia constatação, estou entre os que pensa que, mesmo "letárgico" e talvez menos adaptado à filosofia de jogo do nosso treinador argentino, o Queixada é atualmente muito melhor alternativa, dada a excelência que caracteriza a sua capacidade de finalização, além do maior compromisso com a profissão (de atleta profissional de futebol e não de cantor, que fique claro). 

Sampaoli já adiantou que não será em todos os jogos que se mostrará viável atuar com ambos. Não sei se será o caso do jogo de quarta-feira, mas é certo que terá que tomar essa difícil decisão em outros os jogos, e muito provavelmente com uma opção diferente da que tomou no início da tarde de hoje.

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Amanhã a gente vira a chave para jogo contra o Maringá.

Boa tarde e SRN a tod@s.

Internacional x Flamengo

   

Campeonato Brasileiro/2023 - 2ª Rodada

Domingo, 23 de Abril de 2022, as 11:00h (USA ET 10:00h), no 
Estádio José Pinheiro Borda ou "Gigante da Beira-Rio", em Porto Alegre/RS.


Internacional: Keiller; Ígor Gomes, Mercado, Vitão e Renê; Campanharo (Baralhas), De Pena (Johnny), Maurício, Alan Patrick e Wanderson; Alemão (Luiz Adriano). Técnico: Mano Menezes.

FLAMENGOSantosWesleyFabríciBrunoLéPereira e AyrtoLucas; ThiagMaia, Vidal, Gérson Éverton Ribeiro; PedrGabigolTécnicoJorgSampaoli.

Arbitragem: Ramon Abatti Abel (FIFA/SC), auxiliado pelos Assistentes 1 e 2 Bruno Boschilia (FIFA/PR) e Marcelo Carvalho Van Gasse (SP). Quarto Árbitro: Roger Goulart (RS). Assessor: Ednilson Corona (SP). Árbitro de Vídeo (VAR): Rodolpho Toski Marques (PR). Assistentes VAR (AVAR) 1 e 2: Frederico Soares Vilarinho (MG) e Diego Pombo Lopez (BA)Observador de VAR: Péricles Bassols Pegado Cortez (RJ).

Transmissão: Premiere (sistema pay-per-view).

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Alfarrábios do Melo

Saudações flamengas a todos,

Após a opaca mas talvez promissora vitória sobre o inexistente Ñublense-CHI, pela Libertadores, este Flamengo sob nova direção terá desafio bem mais complicado, o instável Internacional no Beira-Rio, duelo tradicionalmente difícil, que certamente exigirá muito mais do nosso plantel.

Aproveitando o encontro, esta semana segue a série “Caminhos da Bola”, onde são listados onze jogadores que chegaram ao Flamengo ostentando forte identificação com um clube específico. Então, nada mais natural que o “eleito” dessa semana seja o adversário de domingo (chama a atenção a quantidade de atacantes). No final do texto, links para os outros capítulos.

Boa semana a todos,

 

SÉRIE: CAMINHOS DA BOLA

III

FLAMENGO - INTERNACIONAL

 

LUIS CARLOS WINCK (1995)

Um dos grandes nomes do Internacional dos anos 1980, por onde conquista um tetracampeonato gaúcho e dois Vices Brasileiros e chega à Seleção Brasileira (participa das campanhas das medalhas de prata em 1984 e 1988), transfere-se para o Vasco em 1989. No entanto, uma fratura o alija da convocação à Copa do Mundo de 1990 e inicia seu declínio. Nos anos seguintes, passa por vários clubes (Internacional em retorno, Grêmio, Corinthians, Botafogo, entre outros) e, no segundo semestre de 1995, chega ao Flamengo como mais uma tentativa para solucionar o crônico problema da lateral-direita do time. No entanto, lento e sem explosão, não consegue se firmar, sendo barrado pelo zagueiro Fabiano, que é improvisado na função. Ao final do ano, é dispensado e em 1996 encerra a carreira.


GAMARRA (2000-2001)

Chega ao Internacional em 1995, egresso do Cerro Porteño-PAR, onde foi formado. Rapidamente encanta a torcida colorada, que vê em seu futebol técnico, combativo e de forte liderança características que remetem ao antigo ídolo Figueroa. Gamarra é peça-chave na histórica conquista do Campeonato Gaúcho de 1997, que encerra incômoda sequência de reveses para o rival Grêmio. Em 2000, após se destacar na Copa do Mundo 1998 e passar por Corinthians, Benfica-POR e Atlético Madrid-ESP, é contratado pelo Flamengo, que monta uma equipe milionária com a ajuda de uma empresa investidora. No entanto, o início é difícil, e Gamarra convive com lesões que lhe impedem de manter uma sequência de jogos. Somente em 2001 o paraguaio consegue render, sendo importante nas conquistas do Tricampeonato Estadual e da Copa dos Campeões. Atribui-se a Gamarra grande influência na nítida evolução do futebol do talentoso mas antes inseguro Juan, com quem faz dupla na zaga. No meio de 2001, incomodado com o péssimo ambiente rubro-negro e com os sucessivos atrasos salariais, pede para ser transferido para o AEK Atenas-GRE. Encerra a carreira em 2008, após retornar ao futebol paraguaio.


MARCELO ROSA (1999)

Volante de certo destaque no Internacional da segunda metade dos anos 1990, onde conquista o Estadual de 1997 e participa da ótima campanha do Colorado no Brasileiro do mesmo ano, é emprestado ao Flamengo em 1999 após um período de má fase no Beira-Rio. No rubro-negro, Marcelo mostra futebol combativo e de bom nível, encaixando-se rapidamente na equipe em que, como titular, conquista a Copa Mercosul 1999. No entanto, sem dinheiro para exercer a compra, o Flamengo o devolve ao Internacional no fim do ano. Em 2011, após rodar por vários clubes (inclusive do futebol chinês e japonês), encerra a carreira no Cruzeiro-RS, clube que o revelou.


CARPEGIANI (1977-1981)

Gaúcho de Erechim, é um dos principais nomes do fantástico Internacional dos anos 1970, formando uma dupla devastadora com Falcão no meio-campo. Volante técnico e de personalidade forte, que gosta de sair para o jogo, chega a ser titular da Seleção Brasileira que disputa a Copa do Mundo de 1974. Seu grande momento é o gol de placa que elimina o favorito Fluminense de Horta da Semifinal do Brasileiro de 1975, em pleno Maracanã. No entanto, Carpegiani sofre séria lesão no joelho e perde rendimento, até que em 1977 o Flamengo, precisando dar experiência a um plantel extremamente talentoso mas ainda jovem, resolve arriscar e apostar no jogador. Dá certo, e Carpegiani ajuda a liderar e a maturar a dourada geração que marcará uma Era. Conquista, pelo Flamengo, o Tri Estadual 1978-1979-1979E e o Brasileiro 1980. No ano seguinte, cansado das dores recorrentes no joelho, abandona a carreira no início do Estadual. Pouco depois, assume como treinador interino após a demissão de Dino Sani e, efetivado, é o comandante do time Campeão da Guanabara, Estadual, Brasileiro, Sul-Americano e Mundial entre 1981 e 1982, iniciando, assim, longa carreira de técnico de futebol.


CAÍCO (1996)

Meia de infernal drible curto e muito talentoso, ascende de forma meteórica no Internacional, já exercendo papel importante na conquista da Copa do Brasil 1992 (marca um gol no primeiro jogo da Final contra o Fluminense). No entanto, muito jovem, não consegue manter consistência nas temporadas seguintes e, após apagada passagem pelo futebol japonês, chega ao Flamengo para a disputa do Brasileiro 1996, com a responsabilidade de substituir Amoroso. Mas Caíco pouco mostra e exerce apenas figuração no limitado time de Joel Santana. Ao final da melancólica campanha rubro-negra, Caíco é transferido para o Santos, iniciando impressionante trajetória de andarilho da bola, encerrada em 2009 no Itumbiara-GO.


CLEO (1983)

Desde as divisões de base no Internacional, o meia Cleo chama a atenção com um futebol muito eficiente, de alto nível técnico, disciplina tática e muita movimentação. Possui tanto talento que é trabalhado como o “sucessor de Falcão”. E, após a venda do ídolo colorado, assume, de fato, o papel de protagonista da equipe, sendo o melhor jogador colorado em 1981, o que lhe vale uma transferência para o Barcelona-ESP. No entanto, uma polêmica decisão (posa nu para uma revista pouco antes de viajar para a Espanha) arruína sua passagem pela Catalunha. Estigmatizado e perseguido, sequer chega a atuar pela equipe culé. É emprestado ao Internacional de volta e, em 1983, o Barcelona o vende ao Palmeiras. Faz bom Brasileiro, mas não consegue conquistar o título, e a Diretoria alviverde resolve reformular o elenco, emprestando Cleo ao Flamengo, que o traz em um pacote de reforços que busca reconstruir a equipe após a venda de Zico. Mas Cleo atua numa posição em que o rubro-negro já possui farta oferta de talento, e o jogador apenas exerce papel coadjuvante na conquista da Taça Rio 1983. Ao final do ano, é devolvido ao Palmeiras. Em 1989, encerra a carreira no Vila Nova-GO.


PIRILLO (1941-1947)

Destaca-se ainda jovem no pequeno Americano-RS, chamando a atenção do Internacional, que o contrata. No colorado, impressiona pela assustadora facilidade com que marca gols e mais gols, obtendo tanto destaque que se torna um dos raros jogadores fora do Eixo Rio-SP a chegarem à Seleção Brasileira. Despede-se do Inter num 5-2 sobre o Grêmio, indo atuar no Peñarol-URU, em 1939. Dois anos depois, resolve retornar ao Brasil e o Flamengo vence a concorrência com os gaúchos, trazendo Pirillo para substituir ninguém menos que Leônidas da Silva, o melhor jogador brasileiro em atividade. Os torcedores e a crônica demoram a se acostumar com o jogo mais físico e vigoroso de Pirillo, diametralmente oposto à leveza de Leônidas, e o atacante chega a ser perseguido, especialmente por Ari Barroso, que se recusa a aceitar a venda do Diamante Negro. Com efeito, quanto mais gols Pirillo marca, mais é perseguido pela diabólica gaita de Ari. De qualquer forma, Pirillo estabelece, em 1941, a marca de 39 gols no Campeonato Carioca, feito jamais superado. O atacante é protagonista do mortal ataque do Flamengo Tricampeão Carioca de 1942-43-44, permanecendo no rubro-negro até 1947, quando, desgastado, é negociado com o Botafogo, onde encerra a carreira. Com 208 gols marcados, Pirillo é o quarto maior artilheiro da história do Flamengo.


KITA (1986-1987)

Destaca-se ao se tornar, atuando pelo Juventude, artilheiro do Campeonato Gaúcho de 1983, o que o faz ser negociado com o Internacional, por onde conquista o Tetracampeonato Gaúcho em 1984 e, atuando pela Seleção Olímpica, a medalha de prata nos Jogos de Los Angeles-EUA. No entanto, um processo de reformulação no plantel colorado o faz ser transferido para a Internacional-SP, clube em que atinge o auge da carreira, ao se tornar, de forma espetacular, Campeão Paulista 1986 e artilheiro da competição. O Flamengo, precisando de um atacante de área, contrata Kita, que faz bom Brasileiro no mesmo ano, marcando gols (chega a fazer três num 4-0 sobre o Goiás, no Serra Dourada) e se firmando. No entanto, quando Bebeto retorna de lesão, o treinador Sebastião Lazaroni tem dificuldade em conciliar os estilos da dupla (Bebeto é rápido e leve, Kita é pesadão e fixo na área), e, com a chegada de Renato Gaúcho em 1987, o centroavante perde espaço. Kita ainda faz parte do elenco que conquista o Brasileiro 1987, mas, ao final do ano, retorna à Internacional-SP. Encerra a carreira em 1990, atuando pelo Atlético-PR e, em 2015, falece precocemente, vítima de diabetes.


NILSON (1993)

Chega ao Internacional em 1988, após rodar pelo interior paulista. Tem atuação marcante no Brasileiro, sendo protagonista da equipe que fica com o Vice-Campeonato. Seu grande momento são os dois gols marcados no “Gre-Nal do Século”, válido pela Semifinal (2-1 de virada, com o colorado com um a menos). Mas Nilson, na temporada seguinte, cai em desgraça ao perder dois pênaltis (um deles, no tempo normal) na derrota, em pleno Beira-Rio, para o Olimpia-PAR (2-3), que elimina o Internacional da Libertadores, na Semifinal. Em 1993, após passar por vários clubes (entre eles o Grêmio), chega ao Flamengo, para disputar a Camisa 9 com Gaúcho, que vive mau momento. No entanto, apesar de marcar vários gols e apresentar rendimento nitidamente superior ao do ídolo flamengo, Nilson jamais conquista a torcida, seja pelo seu temperamento frio, seja pela indefinição dos treinadores, que hesitam em barrar Gaúcho, seja pelos desentendimentos com Renato Gaúcho em campo. Após o fracasso do rubro-negro na primeira metade da temporada, Nilson é negociado, passando a seguir longa jornada caracterizada por não parar em nenhum clube. Encerra a carreira em 2005.


LEANDRO DAMIÃO (2016-2017)

Revelado no futebol catarinense, chega ao Internacional em 2010, e apresenta ascensão meteórica, já marcando, em seu primeiro ano, um gol na vitória por 3-2 sobre o Chivas-MEX que dá ao colorado o título da Libertadores 2010. No ano seguinte, consolida-se como um dos principais nomes da equipe que conquista o Campeonato Gaúcho e a Recopa Sul-Americana. Seu grande momento é o gol de bicicleta que marca em um 2-2 contra o Flamengo, no Beira-Rio, pelo Brasileiro. Mas, dois anos depois, é negociado com o Santos em uma transação milionária e controversa que envolve a participação de um fundo de investimentos. E, no alvinegro praiano, jamais consegue chegar perto das expectativas, convivendo com vaias, atuações ruins e lesões. Em 2016, após ser repassado a Cruzeiro e Betis-ESP, Leandro Damião é novamente emprestado, desta vez ao Flamengo, para servir como alternativa às frequentes convocações de Guerrero. No rubro-negro, Damião até apresenta espírito de luta e algumas boas atuações no início, mas jamais consegue ameaçar a condição de titular do peruano. Com a ascensão do jovem Felipe Vizeu em 2017, perde ainda mais espaço e aceita retornar ao Internacional no meio da temporada. Hoje defende o Kawazaki Frontale-JAP.


LEANDRO MACHADO (1999-2001, 2002)

Destaca-se ainda jovem no Internacional, onde começa a atuar em 1994 e logo se torna referência e goleador em uma época difícil, onde o rival Grêmio coleciona taças. Pelo Colorado, conquista o Estadual 1994 e chega à Seleção Brasileira, mas tem parte do prestígio arranhado quando perde um pênalti na inacreditável derrota para o lanterna Bragantino (0-1) que elimina o Internacional do Brasileiro 1996. Três anos depois, após passagens positivas pelo futebol europeu (notadamente no Sporting-POR), é contratado pelo Flamengo, que busca um atacante de área para fazer dupla com Romário. Leandro não sente o peso da camisa e rapidamente se firma como titular, sendo importante na conquista do celebrado Estadual 1999 e da Copa Mercosul no mesmo ano, mesmo com a concorrência de Caio, xodó da torcida. Mas um incidente disciplinar no final do Brasileiro quase o faz ser negociado. Mas permanece no Flamengo e segue mantendo boas atuações, a despeito da concorrência de Tuta, vindo do Vitória. No entanto, Leandro Machado sofre grave lesão no joelho e perde o restante da temporada após o Bi Estadual. Volta no ano seguinte e não consegue repetir o nível das atuações, sendo coadjuvante na campanha do Tri Estadual e da Copa dos Campeões 2001. Após ser emprestado ao Internacional, retorna em 2002 para a disputa da Libertadores, mas após o fiasco na competição e com a grave crise vivida pelo Flamengo pós-ISL, é negociado com o Dinamo Kiev-UCR. Encerra a carreira em 2008, no Sport.


Links capítulos anteriores:

Parte I: Flamengo – Corinthians

Parte II: Flamengo – Fluminense