domingo, 23 de abril de 2023

Derrota Amarga

 

Salve, Buteco! Como vocês podem perceber, o nosso amigo urubu não está sequer com disposição para alçar um voo depois de tomar uma virada no segundo tempo, com direito a gol quase no último minuto dos acréscimos. Perder nessas circunstâncias é sempre difícil, mas quando acontece no início do trabalho de um treinador, depois de jogar melhor, ter chances de vencer e de iniciar uma reação ao que aconteceu nesses primeiros três meses e meio do ano, é simplesmente de lascar.

Optando por um esquema tático mais conservador ao abandonar, ao menos momentaneamente, a formação com três zagueiros, o Careca conseguiu fazer o Flamengo melhorar a olhos vistos. No primeiro tempo equilibrado, o Mais Querido ameaçou mais o gol do Internacional do que o contrário. Logo no início da partida, Everton Ribeiro obrigou Keiller a praticar uma boa defesa, e logo após, perto dos 16 minutos, uma boa trama do ataque rubro-negro quase levou à abertura do placar, o que não aconteceu porque o gol não valeu, já que Gerson estava impedido.

Antes do terço final da primeira etapa, o jogo foi de poucas oportunidades, mas com maior controle por parte do Flamengo. Nos primeiros sinais de perda de intensidade por parte do time rubro-negro, o Colorado gaúcho passou a incomodar mais, porém os sistemas defensivos prevaleceram, neutralizando o setor ofensivo do adversário.

Nesta etapa, individualmente gostei do menino Wesley e de Gérson, enquanto os volantes Thiago Maia e Vidal decepcionaram. Ayrton Lucas, desde os primeiros lances, mostrou que não estava em um bom dia, e Pedro mostrou-se uma figura nula dentro de campo.

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O Inter voltou mais ousado para o segundo tempo e, na minha visão, o Careca demorou a mexer. Rolou a famosa "trocação" e num desses lances, de contra-ataque, aos 10 minutos, Gabigol perdeu o primeiro dos dois gols "feitos" que desperdiçou. Sozinho, sem marcação, "cabeceou com a nuca" uma bola açucarada vinda dos pés de Everton Ribeiro pelo lado esquerdo. Trata-se de um fundamento que, definitivamente, o atual camisa 10 do Ninho não domina e nem apresenta sinais de que esteja tentando mudar o quadro.

Minutos depois, após Gabigol, novamente sem marcação, perder mais um gol cara a cara com Keiller, Gérson marcou um golaço, daqueles que merecem ser repetidos milhares de vezes. Teve drible, chapéu e embaixadinha dentro da pequena área colorada, além de uma frieza que só os jogadores acima da média possuem.

Todavia, a Nação rubro-negra sequer teve tempo para comemorar. Numa falha coletiva da linha de zaga rubro-negra, somada à absoluta falta de combatividade da dupla de volantes, bastou ao ataque gaúcho explorar a verdadeira mina de ouro que era o lado esquerdo do sistema defensivo rubro-negro para alcançar a igualdade no placar.

Com Vidal continuando a atuar burocraticamente, apenas ocupando fisicamente espaços dentro de campo, sua saída, assim como a de Pedro (uma samambaia usando a camisa 9), as entradas de Marinho e Cebolinha devolveram a bola e um maior controle do jogo ao Flamengo. 

Porém, se o time ganhou em movimentação e saúde, a deficiência técnica dessas duas novas peças não demorou a mostrar a cara. Enquanto Cebolinha ainda conseguia acertar um ou outro passe, Marinho ofereceu mais um festival de erros de passe bobos e trombadas acrobáticas, comprometendo os ótimos deslocamentos do cria e lateral direito Wesley.

Mas a sorte, definitivamente, não estava do lado rubro-negro nesse início de tarde. Com Léo Pereira, o melhor jogador rubro-negro em campo depois de Gérson, sentindo a musculatura e precisando sair, a mina de ouro (setor esquerdo) ficou ainda mais exposta e viria a ser mais uma vez explorada, dessa vez por Maurício, totalmente livre de marcação.

O gol da virada colorada foi, ao mesmo tempo, bonito, irregular (porque a simulação de Jean merecia a paralisação da jogada e uma advertência por cartão amarelo) e, se não se caracterizou como frango, certamente foi uma bola defensável, não interceptada por Santos.

Além de injusta, pela irregularidade do gol da virada, a derrota foi amarga e jogou um balde de água fria no sentimento de reação que brotava da melhor atuação do time em relação a partidas anteriores.

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Na coletiva pós-jogo, Sampaoli, no melhor estilo Muricy Ramalho, com as suas próprias palavras disse que a bola pune, como de fato puniu o Flamengo, por conta das chances desperdiçadas pelo camisa 10 mais parecido com o cantor Sidney Magal que o clube já teve.

O dilema em relação a Pedro, se não é simples, não é tão difícil de ser resolvido. 

Vejam bem, mesmo estando aparentemente fora do peso, quadro que sugere excessos no extracampo, e também com uma hipertrofia muscular que remete a uma possível carga que lhe tire a velocidade, ainda assim essa versão "Gabigordo" do nosso Herói de Lima movimenta-se melhor e dá muito mais opções de passe do que o camisa 9.

Falta a Pedro a humildade que sobra em Lewandowski (o centroavante do Barcelona, não o ministro do STF) para se empenhar em ao menos diminuir a deficiência da movimentação e do jogo sem a bola. Entretanto, em que pese essa óbvia constatação, estou entre os que pensa que, mesmo "letárgico" e talvez menos adaptado à filosofia de jogo do nosso treinador argentino, o Queixada é atualmente muito melhor alternativa, dada a excelência que caracteriza a sua capacidade de finalização, além do maior compromisso com a profissão (de atleta profissional de futebol e não de cantor, que fique claro). 

Sampaoli já adiantou que não será em todos os jogos que se mostrará viável atuar com ambos. Não sei se será o caso do jogo de quarta-feira, mas é certo que terá que tomar essa difícil decisão em outros os jogos, e muito provavelmente com uma opção diferente da que tomou no início da tarde de hoje.

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Amanhã a gente vira a chave para jogo contra o Maringá.

Boa tarde e SRN a tod@s.