quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Junior de Barranquilla x Flamengo


Copa Sul-Americana - Semifinal - 2º Jogo (Volta)

Junior de Barranquilla: Sebastián Viera; David Murillo, Rafael Pérez, Jorge Arias e Germán Gutierrez Henao; Rubén Pico, Víctor Cantillo, Yoni González e James Sánchez; Yimmi Chará e Teo Gutiérrez. Técnico: Julio Comesaña.

FLAMENGO: César; Pará, Rhodolfo, Juan e Trauco; Cuéllar e Willian Arão; Everton Ribeiro, Diego e Lucas Paquetá; FelipVizeu. Técnico: Reinaldo Rueda.

Data, Local e Horário: Quinta-feira, 30 de Novembro de 2017, as 22:30h (USA/ET 19:30h), no Estádio Metropolitano Roberto Meléndez ou "El Coloso de la Ciudadela", em Barranquilla, Colômbia.

Arbitragem - Roberto Tobar, auxiliado por Claudio Ríos e José Retamal, trio da Federação Chilena de Futebol.

 

Encontrar um rumo pro futebol profissional do Flamengo

Flamengo está sem rumo. E como tal, montou um departamento de futebol semi-profissional. Temos um Diretor Executivo de Futebol que controla uma estrutura básica e, como vemos, insipiente. E, como cereja de bolo, um dito CEO, que deveria ser, digamos, a cabeça pensante estruturante do profissionalismo do Flamengo, que está mais preocupado em participar com os jogadores de seus momentos de vestiário.

Junte a isto um dirigente amador, que vem a ser o presidente eleito do clube. E no sistema presidencialista ele é o "rei". E como rei se sentiu confortável em impor sua forma de pensar o jogo e a forma de funcionar do Departamento de Futebol sendo que até 2012 seu conhecimento não passava da arquibancada. E lá deveria ter continuado. Como vimos.

Talvez por sua experiência profissional, de funcionário de 2º ou 3º escalão do BNDES, um banco de fomento público, achou por bem aplicar seus conceitos gerenciais a um Departamento Esportivo cuja "rentabilidade" se mede por títulos. A desgraça foi completa. Convencido que proteger jogadores desqualificados e manter profissionais muito além do necessário, iria magicamente fazer todo o Departamento funcionar melhor, ele deu com os burros n'água. E com isto comprometendo o resto da gestão, que funciona muito bem em seus respectivos setores.

Mas, convenhamos, porque as idiossincrasias ruins de um dirigente amador se tornam tão relevantes a um departamento de futebol profissional, core Business do clube, que mantém o CEO dedicado a ele, junto com o Diretor Executivo supostamente especializado?

Porque o futebol profissional do Flamengo não tem rumo. A montagem do mesmo não obedece a uma lógica funcional e voltada a competitividade. Ela, propositalmente ou não, dá valor excessivo ao que pensa o dirigente amador da vez. Ele tem que dar o rumo, que decide passar a mão na cabeça ou não, que decide o profissional que vai contratar ou não. Enfim, é um poder enorme ao torcedor voluntário que consegue subir no alto da escada. Claro que há aqueles que anseiam por isto. O sonho destes é chegar lá e poder (que glória) definir os rumos do futebol do Flamengo baseados em seus achismos pessoais e convicções. O futebol do Flamengo se baseia no que acha o dirigente amador para que o departamento de futebol se mova.

O que é isto senão uma reprodução "nutella" de uma gestão amadora?

Tá errado. E, infelizmente, este erro é aceitado com enorme tolerância pelo presidente, conselho gestor e o tal CEO do ônibus e resenha de jogadores. Flamengo não pode mais se dar o luxo de manter este modelo. Vai continuar montando times sem propósito? O diretor trader contrata um lateral esquerdo que não defende e outro que não ataca. Tudo na base do "vamolá quem sabe". O CIM analisa jogadores, marca como C+, caso do Muralha, e vem o futebol e contrata. Não tem sequer filtro de nivelamento. "Ah não temos grana vai este C+ mesmo". Dane-se. Goleiro é irrelevante". Enquanto renova com Marcios Araujos e Gabriéis e esnoba o Departamento Médico que veta um jogador com contusão séria como Conca. Sonho do dirigente amador, Godinho, Conca veio. Fez um jogo "forçando a barra" (Departamento semi-profissional). E agora Flamengo paga um volume alto de dinheiro para ele por mês. 

Enfim, renovações estapafúrdias, que seguem critérios de simpatias pessoais, contratações bizarras de jogadores sem ritmo, o que demonstra que sequer enviam olheiros para realizarem análise do jogo do atleta antes de contratação. Um Departamento de Futebol, que recebe um volume alto de dinheiro, mas sem critério, sem objetivos, desperdiça o investimento, frustrando a torcida que esperava muito mais. Embora, como vemos, esta é uma esperança vã enquanto se manter este estado de coisas.

"Então, sabichão, jogar pedra é fácil. Isto aquele perfil bisonho do twitter (@PedradaRN) faz direto e não serve para nada." Sim, concordo. Então vou colocar alguns princípios que imagino que poderiam ser aplicados:
 - Flamengo tem que ter o "estado da arte" em todo seu quadro de funcionários do staff. Os melhores analistas técnicos, os melhores preparadores físicos e de goleiros, os melhores auxiliares técnicos, um CEO dedicado e especialista em gestão esportiva e competitiva, um diretor de futebol que controle o Departamento, com orçamento independente, para evitar que dirigentes amadores façam palpites e tragam "concas" da vida. E, complementando, um coordenador técnico. Ele será o evangelista do estilo de jogo a se buscar no Flamengo, da base ao profissional, preparando os jogadores e auxiliares técnicos para atuarem seguindo o que determina os padrões mais modernos de futebol.

- O coordenador técnico citado acima determina, junto com equipe auxiliar e mesmo a VP de futebol, que representa o torcedor neste momento, o MODO do Flamengo jogar. O estilo de jogo. A coordenação técnica deve ser antenada com as possibilidades infinitas das modernas análises técnicas, determinando, entre outras, tempo de posse de bola esperado de cada jogador, função. Deslocamentos ótimos em campo. Criando e analisando o jogo e o comportamento do time, dando subsídios ao técnico da vez. As contratações deveriam ser decididas de forma conjunta entre a comissão técnica e a coordenação técnica, aprovadas pela direção executiva.  Com o orçamento independente à parte para que as decisões profissionais sejam feitas por profissionais.

- Definido o "como", deve-se montar a equipe profissional de entorno. Técnico capaz de colocar isto em funcionamento e mesmo aprimorar com sua visão de jogo, auxiliares técnicos que se tornem aptos a darem treinamentos para manutenção/evolução desta ideia. Analistas técnicos competentes que busquem no mercado jogadores que possam executar estas tarefas em cada posição. Preparadores físicos com treinamentos equilibrados para cada posição, visando a sustentação fisiológica deste conceito de jogo. Ou seja, o departamento profissional se organizaria em torno da ideia de jogo. E não a ideia de jogo viria de um Departamento de futebol disfuncional e semi-profissional.

- Organizado como empresa independente dentro de um clube amador, os dirigentes profissionais envolvidos, deveriam retornar o investimento feito em títulos e também revenda de jogadores. Parte vital da receita para manter a roda girando. Metas, métricas individuais e de grupo, competições com pesos diferentes, vitórias em clássicos e contra adversários importantes com mais pesos que demais, tudo isto levaria a uma contagem matemática de performance, que ajudaria na avaliação periódica do departamento, podendo assim corrigir rumos e mesmo substituir profissionais que não obtém sucesso no período. 

- Os dirigentes amadores fariam o que? Chupariam o dedo? Não. Eles seriam o "Board" da gestão de futebol. Expectativas de títulos, peso das competições, seriam decididas previamente de comum acordo. Também teriam o papel vital de retornar ao futebol profissional eventuais preocupações oriundas do sentimento da torcida evitando desgastes políticos desnecessários como manutenção e renovação de perebas, em uma temporada de insucessos frequentes. Se não têm performance diferenciada devem vazar ao fim desta temporada. Futebol não é só resultado. É sentimento. E o sentimento da torcida é muito importante. 

- Equipamentos e softwares de ponta de análises técnicas e fisiológicas, ERP integrado do futebol à gestão administrativa, facilitando o controle orçamentário e contratual. O Futebol seria uma máquina empresarial montada para ganhar. Com um estilo de jogo constantemente aprimorado e defendido pela coordenação técnica, com jogadores recebendo valores altos de bônus por títulos e ganhando visibilidade, com isto tendo medo de fazer besteira e sair do clube. Flamengo não pode ser paternalista. Flamengo tem que ser mau e cruel. Impiedoso e vencedor. Não ter medo de mandar embora seja o técnico ou jogador que não tem performance. Sem festinha de despedida, sem comoção. A felicidade da torcida, o cliente final, estará nos títulos que vier a ganhar desta forma.








quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Alfarrábios do Melo

 “No nosso clube existe e sempre existirá a máxima exigência, porque os sonhos dos sócios e dos torcedores são os únicos que marcam o nosso rumo.”

Continuaremos a dar o nosso melhor para que este clube esteja à altura do seu passado".

Vamos trabalhar sem autobenevolência para continuar a fazer história”.

(Florentino Pérez, Presidente do Real Madrid, na solenidade de sua posse)

* * *

1980. Decisão do Brasileiro, último lance da partida. O Flamengo roda a bola aguardando o apito final. Súbito, a bola é passada a Manguito, que, afoito, recua para Raul. Mas o toque sai fraco, nos pés de um adversário, que chega a driblar o goleiro, mas Andrade chega na cobertura e evita a tragédia de ceder um empate fatal a uma equipe com apenas oito em campo. Manguito sai dos planos do Flamengo. É emprestado ao Vitória-BA. Retorna e ainda participa de alguns amistosos e jogos de menor importância. E nunca mais ganha sequência como titular.

1983. A Ferroviária-SP faz um Brasileiro surpreendente. Revela, entre outros, o goleiro Abelha, eleito destaque do Brasileiro. O Flamengo o contrata, já tendo em vista a futura aposentadoria de Raul e o desgaste de Cantarele. Mas Abelha, na Taça Guanabara, falha em pelo menos três gols na goleada sofrida para o Bangu (2-6). Ainda atua em alguns jogos menores, e somente volta a ganhar oportunidade mais concreta num jogo pela Libertadores do ano seguinte, contra o América-COL, no Maracanã, em função de uma contusão de Fillol. Falha novamente, aceitando um chute de longe. O Flamengo vence a partida (4-2), mas Abelha não permanecerá no clube, sendo negociado com o São Paulo.

1989. O treinador Telê Santana insiste na escalação do volante Delacir, apesar das suas evidentes limitações técnicas. “É um jogador que exerce uma função tática importantíssima”. A opção cobra seu preço nas Quartas-de-Final do Brasileiro de 1988 (disputadas em fevereiro do ano seguinte). Flamengo e Grêmio se enfrentam no Maracanã, tendo o rubro-negro a vantagem de empatar no tempo normal e na prorrogação. Mas Delacir erra uma saída de bola e o adversário aproveita a consequente desorganização da defesa flamenga para marcar o gol que selará o placar final. Delacir é sumariamente afastado e negociado com o Bahia.

1989. O Flamengo vai vencendo com tranquilidade o Botafogo por 3-1, pela Taça Rio. A goleada parece encaminhada, com o rubro-negro desperdiçando gols e mais gols. O jogo está tão fácil que a torcida já ensaia gritos de olé. Mas, num lance tolo, uma bola é jogada a esmo para o ataque botafoguense. Com um atacante no seu encalço, o jovem zagueiro Gonçalves ignora a prudência e resolve recuar a bola em direção a Zé Carlos, por elevação. Pega mal na bola e encobre o goleiro, num constrangedor gol contra, acendendo o adversário, que parte para arrancar o empate. “Ressuscitamos um morto”, brada Zico ao final. Com efeito, o resultado é considerado chave para o título alvinegro, semanas mais tarde. Gonçalves é estigmatizado mas ainda participa de alguns jogos. Ao final do semestre, é negociado para o próprio Botafogo.

* * *

Noventa minutos. Foi o que bastou para que uma provável classificação à Libertadores, inclusive com razoáveis chances de acesso direto à fase de grupos, ganhasse contornos dramáticos, com reais riscos de eliminação até mesmo da sua etapa preliminar (a tal Pré-Libertadores), o que se revestiria de um colossal vexame, dado o nível de investimento do clube para a temporada.

E o que se passou nesses noventa minutos pode ser resumido em um nome: Alex Muralha.

Não se pretende aqui escarrar a enésima coletânea de impropérios, praguejos e diatribes contra o arqueiro flamengo, que se tornou o alvo universal, não sem o mais absoluto merecimento, de toda sorte de petardos desferidos na forma de ofensas ou mesmo gracejos e ironias, nem sempre refinadas. Poupar-me-ei dessa tarefa, visto que pouco criativa.

Prefiro me debruçar sobre um adágio, revestido sob as tintas do lugar-comum. Muitas vezes é bom recorrer às frases feitas, especialmente nas coisas do mundo boleiro. Sempre têm algo a nos dizer

A culpa maior não é do Muralha. A culpa maior é de quem permite que ele entre em campo”.

Amigos, eis o cerne, o eixo, o âmago da temporada do Flamengo. Provavelmente nessa frase prosaica, à qual todos talvez já tenham tido acesso, de forma ou outra, ao menos um cacho de vezes, esteja embutida uma das mais robustas explicações para o desastre, o horror, o vexame que se consubstanciaram nessa pavorosa temporada de 2017.

O Diretor-Executivo vive jurando, pezinho junto e dedinho cruzado, que “há cobrança”. O CEO, ora vejam, com sua expressão eivada de candura e lirismo, asserta, pomposo: “há cobrança”. Mesmo o Presidente, com sua usual relutância em desferir frases que contenham algum sentido prático, chegou a admitir outro dia, algo contrariado, que “há cobrança interna”.

Um discurso pode ser embalado com palavras bonitas. Expressivas. Fortes até. No entanto, somente ganhará força e expressividade se estiver calçado por ações. Por atitudes. Do contrário, serão meras letras soltas espalhadas ao vento, semeadas em terra árida, soterradas pelos fatos.

Porque não há declaração que se sustente diante da constatação de que, no final do mês de novembro, o goleiro Alex Muralha, diante de sua extensa e incontroversa trajetória ao longo de sua estarrecedora temporada, ainda desfrute de oportunidades na equipe titular do Flamengo.

Muralha falhou no Estadual. Falhou clamorosamente na Libertadores. Sofreu frangos inverossímeis no Brasileiro. Mesmo assim, seguiu ganhando oportunidades aqui e ali. Como nas Quartas-de-Final da Copa do Brasil onde, ao lado do “escudeiro” Rafael Vaz, quase entregou de forma inacreditável uma eliminação para o Santos nos minutos finais. Seguiu tendo chances. No torneio amistoso da Primeira Liga, o último aviso foi dado. Levou um dos mais constrangedores perus da década e se demonstrou incapaz de defender pênaltis cobrados por jogadores de Segunda Divisão. Ainda assim, foi em suas mãos que repousou o destino do Flamengo na Final da Copa do Brasil. Evidentemente, sobreveio a derrota.

E agora que o destino, diante da lesão de Diego Alves, colocou nas mãos do clube a oportunidade de, enfim, ter aprendido com erros pretéritos, eis que novamente Alex Muralha surge para assombrar mentes e corações. E, claro, corresponder às mais terríveis expectativas criadas. Dois jogos, três falhas grotescas. E os objetivos finais da temporada seriamente comprometidos.

Alex Muralha é apenas a demonstração mais saliente da filosofia de trabalho deste Flamengo de 2017. Um Flamengo tolerante, corporativo, compreensivo, que adula e acaricia a mediocridade em nome dos preceitos do bom convívio. Um Flamengo que confronta a sua gente. Um Flamengo que não admite contestação. Um Flamengo que afronta sua índole de luta, de denodo e paixão. Um Flamengo dado ao compadrio, ao “grupo fechado”. Um Flamengo que repele a pressão. Um Flamengo que não gosta de barulho. Que prefere se fechar em copas. Que não quer ser incomodado.
Um Flamengo que quer escalar em paz Muralha, Vaz, Gabriel. Um Flamengo que não entende a “perseguição” e a “incompreensão” ao medíocre volante Márcio Araújo, que “deveria estar na Europa”. Um Flamengo que acena com contratos gordos e longos a jogadores de segunda linha. Um Flamengo que protege e se protege.

Um Flamengo que ofende o seu passado, desmoraliza o seu presente e negligencia o seu futuro.
E que, por isso, mesmo, colhe o que semeou.

Boa semana a todos.


terça-feira, 28 de novembro de 2017

Planejamento

SRN, Buteco.

Agustín Valido foi um dos principais jogadores do Flamengo nas décadas de 30 e 40. Valido é autor do gol que deu o primeiro Tricampeonato Carioca do clube em 1944. Jogava como ponta direita.

Jogou no Flamengo de 1937 até 1943, ano que que se aposentou. Valido havia ganhado os títulos cariocas de 1939 e 1942. Mas quis o destino, que a história de Valido pelo clube não acabasse em 1943.

Em 1944, já aposentado e empresário, Valido vai à Gávea disputar uma pelada com operários da sua gráfica. Seu desempenho enche os olhos do técnico Flávio Costa, que o convida para voltar ao time durante a reta final do Campeonato Carioca daquele ano

2017.

Quase 75 anos depois, é provável que o Flamengo, 600 milhoes de reais de orçamento, dispute uma semifinal de competição internacional com um goleiro que vestiu a camisa do clube a cerca de dois anos, e atuou esporadicamente desde então

Vamos nos ater a posição de goleiro.

Essa é a declaração do diretor de futebol do clube, em 27/06/2017:

– Nesse momento não (contratar goleiro). Nossa confiança nos goleiros que a gente tem no elenco hoje é total. Sabemos que, como em qualquer outra posição, existe uma oscilação, que muita vezes a gente nem desejava, mas o César, com histórico de seleção de base, o Thiago da mesma forma, goleiro com grande potencial, e o caso do Alex (Muralha), que até cinco meses atrás era um dos três goleiros da seleção principal do Brasil, nos leva a crer que eles tem muito bom nível. Agora, é atingirem a melhor forma de cada um deles. Tenho certeza que o Alex muito em breve irá voltar a sua condição normal e o Thiago vem dando conta do recado.”

( Em entrevista à Radio Tupi)

Contrariado por pressão das redes sociais e contando com a  intervenção do próprio atleta, Diego Alves foi contratado

“....Diego Alves assinou um contrato de três anos e meio com o Flamengo. Ele ainda não tem um número definido e pode estrear na partida contra o Corinthians, no próximo dia 30. O goleiro foi decisivo na negociação e ligou para o diretor executivo de futebol do clube, Rodrigo Caetano, para agilizar a transação com o Valencia (ESP)....’.

( Portal LANCE)

Esse é o nível do planejamento do futebol do Flamengo.A melhor e única contratação indiscutível veio por pressão da torcida e vontade do jogador.

No papel, nos nomes,dá a impressão  que o elenco é rico de talento.

Na prática, em todas as eliminações e vexames pelo menos uma dos Cavaleiros do Apocalipse estiveram em campo.

E sob o beneplácito da autoridade maior do clube, falharam miseravelmente em tudo o que disputaram.


Eis a herança, o legado da atual gestão: administração financeira do século XXI, futebol gerido nos moldes de 1940.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Bananadas

Salve, Buteco. O Flamengo está se desintegrando nesta reta final, entre desfalques por contusões, crises e uma maratona de jogos sem precedentes. Sempre achei que as coisas são mais difíceis para o Mais Querido, mas o que está acontecendo em 2017 escapa a qualquer análise racional. Na minha opinião, o time vinha seguindo o seu padrão como mandante, pressionando e fazendo o placar. Vi o time pressionar por 90 (noventa minutos), dentro das limitações táticas e impostas por desfalques. Senti no time o espírito das duas partidas anteriores, contra Corinthians e Junior de Barranquilla, quando, embora apresentando as já tradicionais dificuldades ofensivas, ao menos conseguiu pressionar o adversário e jogar com intensidade. Destaco a raça e a entrega de Lucas Paquetá, uma grande revelação das nossas categorias de base. Alguns jogadores importantes não atravessam boa fase, casos de Diego e principalmente de Everton Ribeiro. Contudo, não tenho como atribuir a eles e nem a qualquer jogador de linha a derrota de ontem. O adversário não jogou melhor e nem seus jogadores foram superiores ou se empenharam mais do que os nossos. Foram 25 (vinte e cinco) finalizações do Flamengo contra 3 (três) do Santos, das quais 2 (duas) entraram.


Não culpo a escalação. Pará, principalmente, e Trauco vinham de uma sequência muito longa e não se mostrava razoável arriscar uma contusão de Juan antes do segundo jogo da semifinal na Colômbia. Concordo com as críticas dirigidas a  Rueda em dois pontos: primeiro, por demorar a substituir, o que ontem só ocorreu após o Santos virar o placar; segundo, por Vinicius Jr. continuar a entrar apenas quando o time está em desvantagem. Mas nada disso determinou a derrota e sim a desastrosa e insólita atuação de Alex Muralha, que falhou nas duas vezes em que o Santos finalizou em direção ao gol (a outra finalização foi para fora).

***

Rueda deveria ter escalado o César?

Goleiro sempre foi uma posição a qual dei muito valor e por isso há tempos venho defendendo em posts, comentários e tuítes que o Flamengo deveria ter um goleiro de seleção e reservas muito qualificados. Recordo-me muito bem do nível das atuações de Paulo Victor e César em 2015. O primeiro já se foi do Flamengo, mas César, que está no elenco e desde 2015 não joga como titular, com direito a banco de reservas na Ferroviária de Araraquara, não dava e nem dará mais segurança do que Muralha. Curiosamente, ou tragicamente, César passou a ser a última esperança para a posição no ano, após a contusão de Diego Alves e de Muralha haver se mostrado não apenas incapaz de jogar no Flamengo, mas sobretudo um completo irresponsável. Não atribuo a falha no primeiro gol a deficiência técnica, mas a impostura profissional que o torna incompatível com o clube e a torcida.

A outra opção no elenco é o adolescente Gabriel Batista, que sequer está inscrito na Copa Sul-Americana. Estamos sem goleiro, essa é a verdade.

***

Distingo claramente duas situações: o contexto que Rueda "herdou" no Flamengo e a avaliação de seu nome para estar à frente do comando técnico do clube em 2018. Não tenho a menor sombra de dúvida que, se não fosse a experiência do colombiano, a situação estaria muito pior, em que pese aqui ou acolá se poder apontar erros em escalações e substituições.

Serei mais claro: acaso o futebol do Flamengo, em 2018, continue a ser comandado por Eduardo Bandeira de Mello, Fred Luz, Rodrigo Caetano e Fernando Gonçalves, a discussão a respeito de Rueda não fará o menor sentido. E por discussão quero me referir à própria avaliação do trabalho de Rueda e as perspectivas de sucesso. Por exemplo, se pela lista de dispensas e reforços haveria viabilidade de conquista das competições oficiais a serem disputadas pelo Flamengo. O colombiano não fará a menor diferença se a política de formação de elenco e contratações, além da gestão do setor continuarem com as mesmas filosofia e pessoas.

A maldição dos protegidos é um mal que precisa ser cortado pela raiz.

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À nossa frente, a segunda semifinal da Copa Sul-Americana. Após uma semana favorável, com o time subindo de produção e conseguindo sua segunda virada no ano em jogos decisivos, a crise mais uma vez se instalou no clube. O clima é ruim, mas espero que o grupo consiga se concentrar e tenha capacidade de superação.

A palavra, como sempre, está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.

domingo, 26 de novembro de 2017

Flamengo x Santos


Campeonato Brasileiro/2017 - Série A - 37ª Rodada

FLAMENGO: Muralha; Rodinei, Réver, Rafael Vaz e Renê; Cuéllar e Willian Arão; Everton Ribeiro, Diego e Lucas PaquetáFelipVizeu. Técnico: Reinaldo Rueda.

Santos: Vanderlei; Victor Ferraz, Fabián Nogueira, Luiz Felipe e Jean Mota; Alison e Renato; Copete, Vecchio e Bruno Henrique; Ricardo Oliveira. Técnico: Elano.

Data, Local e Horário: Domingo, 26 de Novembro de 2017, as 19:00h (USA/ET 16:00h), no Estádio Luso-Brasileiro ou "Ilha do Urubu", no Rio de Janeiro/RJ.

Arbitragem - Bráulio da Silva Machado, auxiliado por Kléber Lúcio Gil (FIFA) e Carlos Berkenbrock. Quarto Árbitro: Henrique Neu Ribeiro. Assistentes Adicionais: Willian Machado Steffen e Evandro Tiago Benden, todos da Federação Catarinense de Futebol.

 

sábado, 25 de novembro de 2017

Terceira chance



Era uma vez um menino chamado Alex Roberto. Mineiro de Três Corações, o garoto nasceu na mesma cidade do maior jogador de futebol de todos os tempos. No entanto, o sonho dele era ser goleiro. Começou numa escolinha local e deu seus primeiros passos na base do Paraná Clube. Passou por vários clubes de menor expressão até se destacar no Figueirense e chamar a atenção do Flamengo. Após alguns meses de sondagem, Alex assinou com o rubro-negro em dezembro de 2015. Ficou algum tempo na reserva do Paulo Victor até aproveitar a lesão do titular e não mais deixar a posição. A boa campanha o levou a ser até convocado para a seleção brasileira para quatro jogos das Eliminatórias para a Copa de 2018 e ainda para um jogo amistoso contra a Colômbia em janeiro desse ano.

Daí em diante, ladeira abaixo. Péssimas atuações, falhas grosseiras e o camisa 38 caiu em total descrédito com a torcida rubro-negra. Chegou ao ponto de ser barrado pelo Thiago, goleiro recém-promovido da base, e ter a contratação de um novo goleiro clamada por todos. Chegou Diego Alves e o problema parecia resolvido. Nada disso. Como veio depois do fechamento das inscrições para a Copa do Brasil, o ex-arqueiro do Valencia não podia atuar por essa competição. Na semifinal, Alex foi expulso na primeira partida contra o Botafogo. Thiago fez o segundo jogo e foi novamente titular na primeira da decisão contra o Cruzeiro. Falhou no gol. Para piorar, fraturou o punho num treinamento alguns dias depois. Quem seria o titular no jogo de volta? Sim, ele, Alex.

Apesar do receio, muitos viam como uma segunda chance para o goleiro e seu moicano. Uma oportunidade de redenção que ruiu com a ridícula tática de fazer o que o coração mandava e pular para a direita em todas as cobranças de pênaltis cruzeirenses. Lamentável. Bom, pelo menos agora teríamos um camisa um de verdade para o restante da temporada.

Foto: Gilvan de Souza
Mas o destino nos pregaria mais uma peça num ano cheio de contratempos. Um forte choque com o meia Yony González na última quinta-feira e Diego Alves fraturou a clavícula direita. Precisará passar por uma cirurgia e não atua mais nesse ano. Como Thiago ainda se recupera da fratura, quem voltou ao gol rubro-negro? Sim, ele, Alex.

Os próximos jogos do Flamengo nos reservam fortes emoções...

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

FLAMENGO SEMPRE EU HEI DE SER








Irmãos rubro-negros,


Vamos em frente.

Amar incondicionalmente o Flamengo sempre é da essência do rubro-negro.

Quem ama o Clube de Regatas do Flamengo torce, xinga, briga, cobra e apóia como ninguém. 

Minha gratidão à torcida do Flamengo.

A torcida do Flamengo é a maior e melhor torcida do mundo.

O time jogou com muita raça, foi superior ao adversário e mereceu o êxito.

Vamos à Colômbia, irmãos!


...



Hoje é aniversário do nosso grande amigo, Gustavo Brasília. 

Gustavo, que belo presente a vitória do Mengão.

Meu amigo, felicidades, saúde, amor e paz para você e sua família.


Forte abraço no teu coração!


...


Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Flamengo x Junior de Barranquilla


Copa Sul-Americana - Semifinal - 1º Jogo (Ida)


FLAMENGO: Diego Alves; Pará, Réver, Juan e Trauco; Cuéllar e Willian Arão; Everton Ribeiro, Diego e Mancuello; FelipVizeu. Técnico: Reinaldo Rueda.

Junior de Barranquilla: Sebastián Viera; David Murillo, Rafael Pérez, Jorge Arias e Germán Gutierrez Henao; Luiz Narváez, Rubén Pico, Víctor Cantillo e Luiz Díaz (Henry Mier); Yimmi Chará e Teo Gutiérrez. Técnico: Julio Comesaña.

Data, Local e Horário: Quinta-feira, 23 de Novembro de 2017, as 21:45h (USA/ET 19:45h), no Estádio Mário Filho ou "Maracanã", no Rio de Janeiro/RJ.

Arbitragem - José Argote, auxiliado por Luis Murillo e Carlos López, trio da Federação Venezuelana de Futebol.

 

Dia de semifinal

Flamengo entrará em campo hoje contra o Junior Barranquilha na semifinal da Copa Sul Americana 2017. Estádio cheio, torcida elétrica, certo?

Não.

Vendas de ingressos aquém do esperado. Muitos alegam preços altos. Mas isto não foi impeditivo para a torcida lotar o Maracanã outras vezes. E, vamos considerar, Flamengo chegou a cobrar preços mais em conta em suas partidas e isto não foi o suficiente para encher o estádio, obrigando o Flamengo a fechar um setor da Ilha do Urubu, de apenas 20.000 lugares, por exemplo.

Exceção feita àqueles que realmente gostariam de ir e iriam, se o preço fosse do tamanho permitido pelos seus orçamentos, o problema para mim é bem nítido. O descolamento da torcida com este time. É um time que decepcionou tanto ao longo do ano, que a torcida parece que "desistiu" do mesmo. E porque a decepção? Por várias partidas jogadas sem "entrega" por parte dos jogadores. O time do Flamengo, hoje,  é um "produto" que não se pode confiar. 

Mas eis que este time maníaco-depressivo, que oscila entre buscar resultado ou ficar catatônico, por algum motivo, chegou à semifinal da Copa Sul Americana. O torneio continental de segunda linha, para aqueles que não chegaram à Libertadores ou fracassaram no trajeto. Caso do Flamengo. Enfim, é um torneio que alguns encaram meio envergonhados, servindo de consolação. Ainda porque o Grêmio conseguiu chegar a final da Libertadores com um catadão de jogadores, entre os quais, Leo Moura, Cortez e Jael, o Cruel. E o Flamengo de Diego e Guerrero, saiu na fase de grupos. 

Segunda linha ou não, é o campeonato continental que o Flamengo está. E não somos bons nisso. Ano após ano, priorizamos carioquinhas. Ano após ano a torcida enche mais os estádios para rivalidades locais. Ganhar do Vasco, Fluminense e Botafogo, ainda é o maior desejo de muitos. Flamengo precisa dar o salto. Passar a querer o domínio continental. E para isto só priorizando ao máximo Libertadores ou Sul Americana. O que conseguir jogar. Tem que ser política do clube e assimilada pela torcida.

Não pode priorizar carioquinha. Mesmo se tiver na final, e está jogando a Libertadores, coloca-se time B para disputar. Não vai machucar jogador importante em decisão irrelevante. O espírito tem que ser este. Ter um "time titular" para disputar o carioquinha formado pelos reservas do time da Libertadores acrescidos de jogadores sub20 com o número permitido pelo regulamento. O regulamento do carioca exige que se o clube participa de torneio internacional seus jogadores devem ser inscritos também no carioquinha, nesta aberração típica brasileira: a Federação estadual, mais uma instituição simbólica deste país dos carteis que se tornam núcleos de poder e concentração de renda.

Enfim, repetindo para fixar bem. Nossa prioridade sempre deve ser torneio continental. Só com boa performance nestes torneios poderemos, enfim, partir para uma escala mais "mundial". E, neste processo, devemos buscar a supremacia no Brasil. E não é disputando o campeonato brasileiro sem ambição alguma e com jogadores aquém da qualidade do Flamengo que iremos conseguir. 

Flamengo em 2017 pecou pela ausência de espírito competitivo que culminou com a eliminação precoce na Libertadores, causando imenso prejuízo emocional na relação do time com a torcida, agravada por declarações sempre estapafúrdias e melancólicas dos dirigentes ligados ao futebol, inclusive do Presidente, travestido de VP de Futebol.    

Porém, vamos seguir em frente. E hoje é o dia. Que os tambores rufem, que os gritos saem da garganta, incentivando o elenco. Flamengo entrará em campo. Precisará reunir ainda os cacos destruídos pela falta de confiança da torcida e fazer destes cacos armas para derrotar o Junior Barranquilha. Que o sangue nos olhos esteja em todos os jogadores e na torcida.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Alfarrábios do Melo

Toda vez que o Flamengo vence/ Tem sempre um nhem nhem nhem/ O Flamengo (...)/ Não pode ganhar de ninguém” (Flamengo e Mangueira, Bezerra da Silva)


Saudações flamengas a todos,

Domingo próximo passado, o Flamengo goleou o Corinthians por 3-0, em partida disputada na Ilha do Urubu, válida pela 36ª Rodada do Campeonato Brasileiro. As duas equipes atuaram com desfalques. Todos os gols foram marcados na primeira etapa.

Atuando de forma concentrada, agressiva e com aplicação tática, o rubro-negro não teve dificuldades para se impor ao adversário. Após desperdiçar algumas oportunidades, abriu o marcador com Mancuello. Manteve o controle da partida e chegou ao segundo gol com Diego, em cobrança de pênalti sofrido por Geuvânio. Com a vantagem de dois gols, a equipe recuou um pouco e cedeu campo ao adversário, que chegou a criar algumas chances em bola parada. Mas, num erro na saída de bola corintiana, o Flamengo definiu o jogo com Felipe Vizeu. Na segunda etapa, o Flamengo administrou o resultado, mantendo a partida sob controle.

Um fato inusitado se deu ao final da primeira etapa, quando, após Diego Alves espalmar a mais clara chance de gol do Corinthians até então, o zagueiro Rodolfo e o atacante Vizeu iniciaram uma áspera discussão e por pouco não foram às vias de fato. Na sequência, após marcar o terceiro gol, o jovem centroavante fez um gesto obsceno para o defensor, o que prolongou a confusão, resolvida no vestiário.

* * *

A narrativa acima possui caráter denotativo, buscando descrever de forma sucinta o que aconteceu na Ilha do Governador na tarde do último domingo.

No entanto, quem procurou por detalhes objetivos que tentassem detalhar a escovada que o Flamengo aplicou no alvinegro paulista provavelmente encontrou severas dificuldades em seu intento, tal a plêiade de senões, “veja bem” e adjetivos vociferados por quase toda a unanimidade da crônica esportiva e mesmo das redes sociais.

Porque, segundo os relatos dos torcedores de microfone que se dedicaram ao esforço hercúleo de transformar suas deblaterações em senso comum, o jogo de domingo foi “atípico”. “Estranho”.

Sigamos.

A começar pelo fato irretorquível de que o visitante atuou com um time “misto”. Com efeito, os paulistas não levaram a campo os dois laterais, dois meias e um meia-atacante. Fato, que não deixou de ser explorado em notas como “Flamengo bate mistão corintiano”.

O problema é que o Flamengo também usou um time misto, desfalcado que estava da dupla de zaga titular, dos dois pontas e do atacante. Cinco baixas, tal como o adversário.

Donde, a tese de que o Flamengo derrotou um adversário “enfraquecido” é fulminada na origem.

A seguir, adentra-se pela seara da briga entre Rodolfo e Vizeu. Evento periférico, ocorrido com o placar já encaminhado, que ensejou pruridos ruborizados de cronistas que dedicaram fartos minutos em longas arengas sobre o ocorrido, dedos apontados aos atletas, tratados como párias, inimigos do bom desporto.

O cinismo dos derrotados.

A ênfase ao “time misto” ou ao bate-boca escolar teve, tem e ainda seguirá tendo a única finalidade, o único fito de amaciar, dourar, encobrir, empanar e, em último caso, embotar a inapelável, a emblemática, a inescapável surra que o Flamengo aplicou no Corinthians, menina dos olhos da grande crônica esportiva, muito por conta de sua localização geográfica, com três gols em 45 minutos, amassada que provavelmente não ganhou contornos mais amplos por conta de outras questões (desgaste, jogo decisivo na quinta-feira, fim de temporada).

Todas as vezes que o Flamengo extrai um feito digno de nota, que se erige à altura de sua expressão, que irrompe em aguda demonstração de força, pipocam vozes e ganidos estridentes que, arrogando-se o preceito de magistrados dos fatos, perscrutam a mais tépida evidência de pretensa irregularidade que tenha, em sua visão, desviado o evento esportivo de seu curso normal, qual seja, o revés flamengo. Com efeito, um Flamengo derrotado, batido, represado, combalido, está no lugar natural das coisas. Dos desejos saciados. Dos ânimos adocicados. No entanto, erga-se um Flamengo pujante, de clava pesada, predador, pronto a exercer seu papel natural de protagonista, logo se derramará em nervoso desespero uma jarra de lamúrias, subterfúgios, quizílias e outras mumunhas diversionistas. Qualquer um pode ganhar, conquistar, golear, ser temido, admirado, exaltado, enaltecido.

Menos o Flamengo.

E aí sobrevém uma das mais abjetas pragas desses tempos modernos. Que é até antiga, mas à qual ultimamente se tem recorrido à farta, qual recurso renovável, inesgotável.

A relativização.

A relativização está nas menores coisas. Goleamos o Corinthians, é porque estavam com reservas (embora também estivéssemos). Goleamos o San Lorenzo, é porque estavam sem ritmo (embora nenhum outro argentino tenha sido goleado na mesma rodada). Ganhamos do Cruzeiro, é porque estavam desinteressados (embora dias antes tenham arrancado um empate do superestimado Palmeiras).

Ano passado, vencemos o Fluminense por 2-1 em um jogo-chave para a disputa do Brasileiro, já em sua reta final. Houve um lance polêmico, em que o árbitro decidiu voltar atrás após validar um gol irregular do adversário já nos minutos finais, o que decretaria o empate, mesmo com o auxiliar tendo anotado, corretamente, o impedimento do atacante. A atitude do árbitro ensejou vozes furiosas clamando pela anulação do jogo, arguindo a imoralidade intrínseca à invalidação de um gol em impedimento. Esse ano, algo parecido ocorreu na Vila Belmiro, quando o árbitro, numa partida entre Santos e Flamengo pela Copa do Brasil, voltou atrás numa marcação de um pênalti inexistente contra o rubro-negro, o que provocou reações ensandecidas e discursos impolutos clamando pela moral e pela necessidade de “limpeza” no futebol brasileiro, “esquecendo-se” de que tal prática, relativamente recorrente, beneficiara o próprio clube santista poucos dias antes, numa partida contra o Bahia.

O casuísmo do discurso guardado na gaveta. Usar quando convém.

Não que sua origem seja recente, repita-se. Afinal, o Flamengo foi Campeão Mundial porque o Liverpool “jogou com reservas” e seu goleiro “estava na gaveta”. Ganhou uma Libertadores “sem argentinos” e por causa “do Wright”. Ganhou 1980 “no apito do Aragão”, 1982 “na bola de mão do Andrade tirada de dentro do gol”, 1992 “no suborno de dois botafoguenses”, 2009 “na entregada de Grêmio e Corinthians”, seu primeiro tri foi “na falta do Valido”, o segundo tri porque “o Tomires quebrou o Alarcón”, o terceiro tri “não foi tri, porque 79 foi virada de mesa”. Sem falar de 1987, do rebaixamento inventado… Ilações estridentes e risíveis, escancarada e impiedosamente desmentidas pelos fatos. Mas danem-se os fatos, diria o Velho Nelson. O que importa não é o que aconteceu. Mas o que se gostaria que tivesse acontecido.

Entretanto, o grande, o terrível, o corrosivo problema se dá quando a nossa gente começa a replicar esse tipo de discurso.

Sabe-se que o Flamengo vive um grave momento de crise de identidade. Uma aparentemente insanável incapacidade de gerar um ciclo sustentável de glórias e vitórias, muito por conta de escolhas equivocadas e da própria inépcia do clube em entender seu papel institucional diante de sua torcida. Que os resultados recentes, examinados a cru e a nu, são banhados de uma inaceitável mediocridade que o submergem a uma estatura incompatível com a expressão que o clube já deveria estar exibindo no cenário nacional e, por que não, continental. Que o rubro-negro recusa-se a queimar navios em busca da irrenunciável briga por títulos e conquistas. Que reluta em estender as mãos ao seu torcedor. E isso traz revolta. Inconformismo. Um sentimento amargo, uma sensação de negação e descrença. Uma profunda rejeição.

No entanto, com tudo isso, há que se vestir de cautela antes de espancar e apedrejar os fatos. A lente do negativismo é tão ou mais nociva do que a dócil aceitação de tudo o que emana do clube e de seus paredros.

Donde, se goleamos, se classificamos, se conseguimos uma vitória expressiva, que as saudemos. Que as desfrutemos. Que as esfreguemos nas frontes de quem as mereça. Que nos divirtamos. E que, saciados, tornemos a nos inserir e a nos posicionar no contexto que nos cerca. Opinando, elogiando, criticando, defendendo, atacando, pressionando. Pressionando muito. Fazendo valer a nossa voz. Uma voz que, por grossa, tem o condão de sacudir, de reverberar, de fazer sair da letargia os acomodados, os conformados, os que não entenderam a dimensão de defender as cores do nosso Flamengo.

Mas que nunca nos esqueçamos. Dirigentes, profissionais, jogadores, treinadores. Todos esses passam. Dão suas contribuições e são substituídos. Todos. Mas o Flamengo, a instituição, o clube, o Flamengo jamais deixará de ser o nosso foco. O centro da nossa visão. Do nosso ardor. Do nosso amor.

Porque, independente de nomes, um Flamengo forte e vencedor é o que nos interessa.

E apenas a nós.

Boa semana a todos.


terça-feira, 21 de novembro de 2017

Olhando para o adversário


Olá Buteco, bom dia!

Finalmente, chegou a semifinal! Não parece, mas já se vão 20 dias desde a brava classificação obtida em cima do Fluminense. De lá para cá, enfrentamos nossa montanha-russa particular no campeonato brasileiro e a chapa esteve muito quente após a derrota contra o Coritiba. Este 3x0 de domingo não poderia ter vindo em melhor hora. 

O adversário é um ilustre desconhecido: incrível como são poucas as matérias na imprensa especializa que informam sobre o modelo de jogo do Junior Barranquila ou seus melhores jogadores. Talvez a partir de hoje estas matérias comecem a aparecer mais. O que eu consegui fazer foi olhar, estatisticamente, para a temporada deles.

O campeonato colombiano é, como quase todos aqui na América do Sul, disputado duas vezes por ano: abertura e encerramento. A diferença é que lá ainda se classificam os 8 primeiros para o mata-mata que define os campeões de cada campeonato. No abertura, Junior Barranquila foi apenas o 12º, não conseguindo classificação para os playoffs.

Disputaram duas fases da pré-Libertadores deste ano: eliminaram o Carabobo (VEN) com duas vitórias (1x0 fora e 3x0) e foram eliminados pelo Atlético Tucuman da Argentina, 1x0 em casa e 1x3 fora. Neste último jogo, o Tucuman abriu 3x0 com 30 minutos de jogo.

Ganharam a Copa da Colômbia deste ano em cima do Independiente Medellin, após eliminar, nas fases anteriores, Once Caldas, Millionarios e Patriotas Boyacá (que havia eliminado o Nacional de Medellin). Por conta deste título, já estão garantidos na pré-Libertadores 2018. No Encerramento Colombiano, Junior terminou a fase de classificação em primeiro. Os playoffs começam no próximo final de semana e eles pegarão o America de Cali. 

Finalmente, olhemos a trajetória do Junior nesta Sulamericana: vindo da eliminação na pré-Libertadores, entraram na mesma fase que nós: enquanto atropelávamos o Palestino, eles obtiveram dois empates em 1x1 no confronto local contra o Deportivo Cali e vitória nos pênaltis. Nas oitavas, empate fora de casa (0x0) e 3x1 em casa para eliminar o Cerro Porteño. Nas semifinais, eliminaram o Sport Recife, com vitória fora (2x0) e administrando em casa (0x0). 

O time deles não parece bobo. Vieram de uma eliminação prévia na Libertadores mas ainda se encontram invictos na Sulamericana, mesmo tendo confrontos difíceis com Cali e Cerro. Já têm um título relevante no ano e brigam pelo colombiano. Não podemos subestimá-los. O lado bom é que nosso técnico é colombiano e certamente acompanhou a trajetória desse time ao longo do ano.

Do lado de cá, também nos encontramos invictos na competição e no Maracanã: foram 16 jogos nessa temporada no Maior do Mundo, entre Carioca, Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil, com 9 vitórias e 7 empates. 

A vitória de domingo estabilizou a pressão e trouxe a esperança de título novamente à Nação. Já temos quase 25 mil ingressos vendidos até aqui e o Setor Norte já está esgotado. O apoio será fundamental para sairmos com a vantagem neste confronto. 

Vamos, Flamengo!!!

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Panelas

Salve, Buteco! Há uma panela aqui dentro me boicotando”, “os jogadores 'da casa' não me suportam”, “eles me jogam contra a torcida.” Nesta edição dos Alfarrábios do Melo, publicada aqui no Buteco em 16 de agosto de 2017, nosso amigo Melo nos lembrou das palavras do então centroavante do Flamengo, que inclusive se formou nas categorias de base do clube, porém rodou bastante por outras agremiações antes de voltar ao Mais Querido. Certamente podemos citar vários centroavantes com mais técnica e categoria, mas nenhum teve tanto êxito no Flamengo como Nunes ou "João Danado", que na ocasião reclamava de panela em plena época da geração mais vitoriosa do clube. Indubitavelmente vitoriosa, a melhor e mais querida da história, mas ainda assim uma panela.

Por sinal, panelas sempre existiram no Mais Querido e há vários exemplos de sucesso, apesar das confusões extracampo. A minha leitura é que o clube tem uma tradição de mimar jogadores, muito por haver formado em suas categorias de base os maiores e melhores astros de sua história. Ocorre que ela, história, não se repete e não existem pessoas iguais às outras, assim como gerações idênticas. Foi por isso que, finda a Geração Zico, o clube não soube lidar com a indomável Geração Copinha/1990, marco inicial de um processo de decadência que, apesar das revelações de jogadores como Sávio, Juan, Adriano e Júlio César, além de Athirson e Ibson, chegou ao fundo do poço na atual década, antes do início da atual gestão, que, registre-se, vem fazendo um bom trabalho de recuperação nas categorias de base.

Com a dilapidação da Geração Copinha/1990 e o último suspiro da Geração Zico, as "panelas da base" cederam espaço para as panelas formadas pelas estrelas e pelos jogadores "com mais tempo de clube". Foram várias até que, em 2009, a panela que fritou Cuca em fogo alto uniu-se em torno de Andrade, "da base", e protagonizou a arrancada para a conquista do título depois de dezessete anos. No ano seguinte, de ressaca da conquista do título, sobrou confusão fora de campo, mas ainda assim a panela esteve à frente da melhor campanha na Libertadores depois dos anos 80, até que uma infeliz decisão da então presidente Patrícia Amorim levou ao desvio de rota do ônibus que transportou a delegação para o Maracanã e o comprometimento da primeira partida das quartas-de-final contra a Universidad de Chile. Em 2011, a panela conquistou uma vaga na Libertadores e não brigou pelo título em razão dos problemas financeiros pelos quais o clube passava, e em 2013 a panela que levou Mano Menezes a perder as estribeiras e pedir demissão logo em seguida conquistou o terceiro título da Copa do Brasil.

Como se pode ver, o problema das panelas jamais foi futebol ou títulos, sendo "da base" ou não, mas sim a questão disciplinar. Não era incomum que os jogadores tocassem o horror internamente. Na gestão Eduardo Bandeira de Mello, o projeto dos "Blues" envolveu a formação do elenco com jogadores de perfil mais responsável e conduta profissional. Fora alguns problemas em 2013, creio que a meta foi atendida. Ainda assim, a tradição dos jogadores terem mais poder do que deveriam continuou forte; a novidade foi a ascensão de alguns limitadíssimos, dentre eles verdadeiros perebas, aproveitando-se da inexperiência e fraqueza da diretoria. Formou-se então o pior dos mundos: panela dirigida por perebas, futebol sem paixão e títulos; Diretoria sem sangue, panela fria.

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Panelas sempre existirão e por isso não são o centro do problema. Nós, seres humanos, por natureza somos sociais, e portanto é irreal imaginar que em qualquer ambiente profissional não se formarão grupos a partir de pontos de afinidade. No futebol não é diferente. Como o Flamengo tem por tradição formar jogadores em suas categorias de base, é natural que existam grupos formados por jogadores que se conhecem desde a infância, em um processo de crescimento interativo até a categoria profissional, assim como grupos formados por jogadores que trabalham juntos há muitos anos. Sejam de um ou outro tipo, os grupos passam a ser nocivos quando conquistam mais poder do que deveriam e os interesses de seus integrantes passam a prevalecer em detrimento do Flamengo. Em termos práticos, quando o prestígio interno de um jogador, seja por qual motivo for, define sua escalação e a extensão do seu vínculo com o clube, e não o seu rendimento dentro de campo.

Isso só acontece quando a Diretoria é fraca, não assume seu papel e por isso erra tanto na formação do elenco, quanto no estabelecimento de limites e diretrizes. Diretoria boa forma elencos bons e se faz respeitar, assim como o clube. Diretoria fraca e omissa gera crise e resultados ruins dentro de campo. O vácuo é sempre preenchido, de uma maneira ou de outra.

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Quem sabe com o tempo saberemos e entenderemos o que aconteceu ontem? Se a postura apresentada pelos jogadores foi fruto da pressão da torcida, do medo de perder o emprego em 2018, de atitudes tardias da Diretoria ou um pouco de cada um desses fatores, o certo é que tivemos gol de placa do Mancuello, atuação de gala do Diego, jogadores brigando e se cobrando dentro de campo em vez de ficarem indiferentes à vitória. Ontem o Flamengo jogou como Flamengo.

Melhor ainda: a combinação de resultados, inclusive da final da Libertadores/2017, poderá até propiciar a vaga direta na edição de 2018, o que boa parte da torcida, com toda a razão, havia passado a duvidar.

Mas agora o papo sobre panelas e composição de elenco precisa dar um tempo em favor do Flamengo, que deve sempre estar em primeiro lugar. A boa atuação e a goleada de ontem vieram em ótimo momento: quinta-feira o Mais Querido dará início à disputa das semifinais da Copa Sul-Americana, o que representa reais chances de chegar à final de uma importante competição internacional pela primeira vez neste século.

A palavra, como sempre, está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.