sexta-feira, 30 de junho de 2017

Venceu, está ótimo!








Irmãos rubro-negros,



o que o Flamengo precisa é de vitórias. Vitórias.

Mais que jogar bem, o Flamengo precisa vencer. Se vencer jogando bem, melhor ainda.

"Mas as atuações ruins, mesmo nas vitórias, indicam que o time não está preparado para enfrentar grandes desafios".

Não tenho tanta certeza disso. O time, com o Zé Ricardo, perdeu vários jogos em que atuou melhor que o adversário.

Aliás, não tenho certeza de nada, a não ser de que o Flamengo está faminto por títulos importantes. 

Na quarta-feira, achei a atuação do time, a despeito da vitória, apenas razoável. O time iniciou muito bem a partida, mas parou depois do gol; no segundo tempo, imprimiu dez minutos de pressão e depois parou de novo. Só que o adversário não queria jogo e estava satisfeito com a derrota por 1x0. Foram castigados.

E nós tivemos a sorte de ver o Cuéllar fazer um golaço e esfregar na cara do Zé Ricardo o tamanho da injustiça que ele tem cometido.

Zé Ricardo é teimoso? Muito. Uma teimosia que beira a estultice? Sem dúvida. Sua insistência em preterir jogadores talentosos nos tem prejudicado? É óbvio.

Por isso é tão importante a torcida cobrar sempre.

Mas a cobrança não pode ser um fim em si mesma. Ela tem um objetivo: fazer o Flamengo crescer sempre.

Com os resultados obtidos nos jogos recentes, ele ganhou sobrevida no cargo. Maravilha. Quero que ele continue vencendo. Porque quem vence não é o Zé Ricardo, mas é o próprio Flamengo.

Domingo enfrentaremos um adversário que, embora esteja em má fase, possui tradição. É jogo grande.

Teremos a nosso favor a Ilha do Urubu. Três jogos, três vitórias.

Nos últimos seis jogos do Flamengo, vencemos quatro e empatamos dois. 

Vou reclamar do quê? 

Quero é vencer domingo. 

Avante Mengão!







...



Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.


quinta-feira, 29 de junho de 2017

Flamengo 2 x 0 Santos - Boa exibição

E o Flamengo foi na Ilha de Urubu novamente, seu pequeno alçapão, e arrancou mais uma bela vitória. 2 a 0 em cima do Santos, que poderia ser de mais se não fossem as incríveis defesas do ótimo goleiro Vanderlei, particularmente em finalizações do Berrio, que, endiabrado na partida, não parava de construir lances de ataque e mesmo ajudar na recomposição defensiva.

Flamengo entrou em campo, enfim, com Pará no lugar do Rodinei. Na minha opinião Pará é um lateral bem mais técnico, sabe cruzar a bola melhor, além de ter habilidade suficiente para construir jogadas em diagonal. Sua reserva era injustificada. Também entrou em campo com o ótimo colombiano Cuellar no lugar do sonado Arão. Depois de duas partidas muito boas do Cuellar, inesperadamente Zé Ricardo o colocou de novo na reserva para o Arão, mostrando ser um técnico com enorme dificuldade em pensar um time diferente, em mais de uma de suas inúmeras limitações enervantes. Arão está com ele desde 2016 e, em nome da suposta lealdade, deve jogar por uma questão de "compromisso" ou sei lá o que se passa na cabeça do treinador. Futebol não é. Vontade em campo menos ainda.

Marcio Araujo, o indefectível peladeiro, mais uma vez em campo. Marcio Araujo é como um imposto que temos que pagar para consumir um produto que pagamos. Um mal que temos que tolerar. E, por este inexperiente e medroso treinador, obrigados a vê-lo jogo sim, jogo também. Com ele em campo fica-se um buraco. Por algum motivo este jogador limitado, tal como o Rafael Vaz, supõe que tem talento suficiente para se mandar pelo campo e construir jogadas. Não tem. É ruim. Seu negócio é tentar roubar a bola. E nem isto faz mais. Com Cuellar ali pensou que estava liberado para ir para frente. Resultado? Buracos na compactação, recomposição e saída de bola. Diego teve que recuar mimetizando um volante. De uma maneira irônica e cruel realmente o #10vestiu8. Pois quem ficava aparecendo, mais uma vez na frente, para vergonha dos torcedores, era Marcio Araujo. 

Mas o Flamengo tem Guerrero. E se tem Guerrero, tem retenção de bola, pivô e passes inteligentes na última linha. E em um destes passes deixou Everton em condições de belo gol de cobertura, em uma jogada que começou lá atrás, com uma bela saída de bola do Cuellar, em um passe longo para o lado esquerdo. Berrio, como mencionado, construía ótimas jogadas de ataque, com Everton fazendo boas jogadas. O setor direito do Flamengo com Pará, Berrio e Cuellar mais por ali, funcionou divinamente, seja no modo ofensivo como defensivo, sendo uma pena que devem ser escanteados como reservas novamente pelo técnico atual. O lado esquerdo com Trauco e Everton, em que pese boas jogadas construídas não foi tão eficiente. Santos atacava muito por aquele setor. 

Um primeiro tempo de domínio maior do Flamengo e veio o segundo tempo. Santos, seguindo a receita de 10 entre 10 técnicos que enfrenta o Flamengo, avança as linhas e deixa Marcio Araujo, o pereba, ficar conduzindo a bola. Sabem que irá perder logo, e rapidamente o ataque pode ser acionado com um buraco defensivo no Flamengo. Mas o Flamengo se defendeu bem. Toda a zaga funcionou muito bem na partida. Santos pressionou, ficou cruzando a bola aqui, tentando passes ali, finalizava bem marcado mas nada conseguia. Flamengo tentava encaixar contra-ataques, mas o Santos sempre se defendendo bem também. Era um jogo interessante.

Mas no fim, Guerrero constrói bela jogada. Retém a bola. Dribla. Não consegue finalizar. Volta a bola pro Cuellar, que dá uma bela finalização em curva. Golaço. Flamengo 2 x 0. Alegria. Boa vitória.

E que os melhores permaneçam titulares. Panela é na cozinha e não no Flamengo.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Flamengo x Santos



Copa do Brasil 2017 - Quartas-de-Final - 1º Jogo (ida)

FLAMENGO: Thiago; Rodinei, Réver, Juan e Trauco; Márcio Araújo e Cuéllar; Everton, Diege BerríoGuerrero. Técnico: Zé Ricardo.

Santos: Vanderlei; Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, David Braz e Jean Mota; Renato, Leandro Donizete e Lucas Lima; Bruno Henrique, Kayke e Copete. Técnico: Levir Culpi.

Data, Local e Horário: Domingo, 28 de Junho de 2017, as 21:45h (USA/ET 20:45h), no Estádio Luso Brasileiro ou "Ilha do Urubu", no Rio de Janeiro/RJ.

Arbitragem - Ricardo Marques Ribeiro (FIFA/MG), auxiliado por Guilherme Dias Camilo (FIFA/MG) e Fabrício Vilarinho da Silva (FIFA/GO). Quarto Árbitro: Graziani Maciel Rocha (RJ).

 

Alfarrábios do Melo

Chega ao Flamengo em 2007.


Vem indicado pelo treinador Ney Franco, juntamente com outros atletas egressos do Ipatinga FC, Campeão Mineiro de 2004 e Semifinalista da Copa do Brasil do ano anterior. Além dele, em momentos diferentes, desembarcam na Gávea o meia Walter Minhoca, os volantes Leandro Salino, Paulinho e Léo Medeiros, o lateral Luizinho, o zagueiro Irineu e o atacante Diego Silva. Grupo apelidado jocosamente de “República do Pão de Queijo”.

Nenhum conseguirá mostrar condições de desenvolver uma longa sequência como titular.

Exceto ele. Justamente o menos cotado.

No início, mantém-se na reserva de uma equipe montada com três volantes (Paulinho, Claiton e Renato Abreu). Entra esporadicamente em uma ou outra partida, normalmente com a função de segurar alguma vitória, papel revezado com Toró e Léo Medeiros, num setor onde se vislumbra forte concorrência e aridez de talento.

O Flamengo, apesar de uma campanha discreta, conquista o Estadual. Na Libertadores faz Primeira Fase melhor que o esperado, mas sucumbe diante do subestimado Defensor-URU. A derrota abate a equipe, que inicia muito mal o Brasileiro (o que se agrava com a saída de Renato Abreu, em grande fase, negociado com o exterior). Desgastado e já vivendo atritos com o elenco, Ney Franco não resiste à péssima campanha e é demitido com a equipe na Zona de Rebaixamento.

Assume Joel Santana, que logo identifica severos problemas no sistema defensivo. Afasta alguns zagueiros, recebe reforços e remonta a equipe. Mantém a ideia do antecessor de utilizar os laterais Léo Moura e Juan como os pilares ofensivos do time, mas cria um cinturão no meio-campo para que a dupla possa atuar com inteira liberdade. É um meio-campo com nada menos que quatro volantes (Rômulo, Cristian, Toró e Ibson). Nasce a Tropa de Elite.

Com o novo conceito de montagem da equipe, o volante enfim começa a ganhar oportunidades. Seu futebol duro, fortemente físico e de viva aplicação tática agradam o novo treinador, que o “promove” a reserva imediato. O volante começa a frequentar o time quando algum dos titulares se lesiona ou está suspenso.

Na reta final do Brasileiro, o jovem volante Rômulo sofre séria lesão. É a chance que enfim surge.

JAILTON é o novo membro da Tropa de Elite. E, como titular, ajuda a equipe a conquistar a vaga para a Libertadores, numa façanha espetacular e inimaginável meses antes.

No ano seguinte, o Flamengo pensa em conquistar a Libertadores e o Brasileiro. Avalia-se a necessidade de se contar com peças que dêem mais opções ofensivas. Entende-se que, apesar de muito bem executado, o Esquema da “Tropa de Elite” é previsível. Assim, desembarcam jogadores como o volante Kleberson (de futebol mais técnico) e os atacantes Diego Tardelli e Marcinho, entre outros reforços para composição do elenco.

A chegada dos reforços sacrifica um dos volantes. E o “escolhido” é exatamente Jaílton, que perde a vaga de titular, em uma formação-base que conta com Cristian, Toró, Ibson e Kleberson. No entanto, recupera a vaga na reta final do semestre, quando Joel opta por formações mais conservadoras. O Flamengo conquista o Bi Estadual ao bater novamente o Botafogo nas Finais, mas protagoniza um dos maiores vexames de sua história, ao perder de forma inacreditável a vaga nas Quartas-de-Final da Libertadores para o América-MEX, em partida que assinala a despedida de Joel Santana, que assume a Seleção da África do Sul.

O novo treinador, Caio Júnior, chega com a intenção de montar uma equipe fundamentada numa filosofia de jogo mais moderna, baseada na posse de bola e marcação alta, sem abrir mão de um jogo veloz e intenso. Mantém boa parte da base deixada por Joel, mas traz Renato Augusto para o meio-campo (o jogador, com Joel, atuava como falso atacante, opção muito criticada pela torcida) e passa a utilizar dois atacantes de ofício (Marcinho ou Tardelli juntamente com Souza). Com isso, resolve montar um sistema defensivo mais pesado, e com isso mantém Jailton na equipe. Com um meio-campo formado por Jailton, Ibson, Kleberson (Cristian) e Renato Augusto, o Flamengo voa nas rodadas iniciais e assume a liderança isolada do Brasileiro, praticando um futebol vistoso e extremamente eficiente.

Os problemas começam na janela de transferências.

O Flamengo perde de uma só vez seu tripé ofensivo (Renato Augusto, Marcinho e Souza). Vê Caio Jr. ser assediado por uma suposta oferta do futebol árabe, e equipara seus vencimentos aos de treinadores de primeira linha. O volante Cristian entra em choque com o treinador e é negociado com o Corinthians. O atacante Diego Tardelli, que já dava mostras de não conseguir assumir a responsabilidade de, sozinho, comandar o ataque rubro-negro, sofre séria lesão e se afasta por três meses. Com tantos problemas, o rendimento do Flamengo desaba, e o clube vive uma penosa sequência de sete jogos sem vitórias, o que provoca uma crise quase incontrolável.

Já sem muita paciência e traumatizada com o vexame na Libertadores, a torcida reage com fúria. Entre vaias ostensivas, críticas estridentes e mesmo uma invasão à Gávea em que chega a atirar bombas no campo de treinamento, a massa avisa que o copo transbordou e a paciência está no fim.

Nesse contexto, rapidamente aparece o bode.

Outros nomes já haviam ensaiado exercer o papel expiatório tão comum nos momentos difíceis. Juan (sempre criticado), Kleberson (tido como “sem sangue”), Toró (pela insipiência técnica de seu jogo) e mesmo Bruno (por algumas falhas em jogos pontuais) andaram roçando o papel de vilões, mas o “eleito” pela torcida é mesmo Jailton.

Não sem fundamento.

Com efeito, nos tempos da “Tropa de Elite”, em que o time praticava um futebol de transpiração, as limitações técnicas do volante eram mitigadas pelo próprio perfil do “onze” titular. Sob Caio Júnior, cuja proposta é um jogo mais de toque de bola, voltado para o gol, a relação estritamente formal de Jailton com a bola passa a ser mais exposta. Com sólidas dificuldades para executar passes simples e mesmo dominar uma bola, o volante, até então, justificara sua presença no time titular pelos bons números defensivos (é o líder de desarmes da equipe no Brasileiro). No entanto, Caio Jr, buscando encontrar alternativas para a falta de opções ofensivas do Flamengo, agora recua Jailton para a zaga, formando um esquema com três zagueiros com a ideia de voltar a usar os laterais Léo Moura e Juan como o esteio ofensivo do time.

O resultado é desastroso.

Sem o menor cacoete para atuar na zaga, Jailton se atrapalha na execução de noções básicas de combate e cobertura. Erra vários botes. É envolvido no combate direto a atacantes mais velozes e ágeis.

E passa a falhar sistematicamente.

Erra contra Vitória, Palmeiras, Goiás, Santos, Portuguesa, Fluminense. Falhas que tiram pontos preciosos da equipe. Erros que não passam despercebidos por uma torcida ansiosa por uma cabeça que possa pregar em uma estaca. E tem início um verdadeiro massacre.

Jailton é ostensivamente vaiado sempre que entra em campo. É vaiado ao tocar na bola. Vaiado ao dar um carrinho. Escorraçado ao menor erro. A rejeição ao volante é verborrágica e logo transborda as quatro linhas. Comentaristas esportivos analisam a função tática do jogador, e muitos engrossam as críticas da torcida. Irritado, Caio Jr reage mencionando a “ignorância alheia” para defender a escalação do jogador. Encontra coro nos líderes do elenco, como Bruno e Fábio Luciano, que se referem a Jaílton como “o ponto de equilíbrio da equipe”.

No entanto, levantamento feito pelo Jornal O Globo na reta final do Brasileiro apura que, dos 43 gols sofridos pelo Flamengo até então, Jailton pode ser responsabilizado direta ou indiretamente por 22 deles. Números acintosos, incompatíveis com a condição de “ponto de equilíbrio” imputada pelos colegas. Aliás, a manutenção do volante entre os titulares se torna tão inexplicável que logo espocam teorias acerca de influências externas para a escalação do jogador, especialmente por parte dos líderes do time sobre o jovem e pouco hábil treinador. Com efeito, Jailton é daqueles que “correm pros outros”, executando o serviço sujo, algo particularmente importante numa formação desequilibrada, com um meio-campo leve, laterais que não marcam e zagueiros veteranos.

Chegam reforços para reposição. Os atacantes Marcelinho Paraíba, Vandinho e Fernandão. Os meias Fierro, Everton e Sambueza. O lateral Eltinho e outros menos cotados. O time reage, volta a vencer jogos e se aproxima do topo da tabela. Jailton vive um breve momento de redenção, ao marcar, de cabeça, o gol da vitória contra o Atlético-PR, quebrando o incômodo jejum de sete jogos. Na comemoração, é puxado pelos companheiros, que impedem que vá comemorar junto à torcida.

Mas o novo Flamengo de Caio Júnior está longe da equipe azeitada do início da competição. É frágil defensivamente. Marca e sofre muitos gols. Não transmite, em nenhum momento, a sensação de que será um sério postulante ao título. No entanto, a vaga para a Libertadores, destinada aos quatro primeiros colocados, parece um objetivo bem mais viável.

Mas Jailton continua falhando e acumulando atuações ruins. E a irritação da torcida aumenta quando se percebe que seu reserva imediato, o jovem volante Airton, demonstra nítida superioridade em capacidade técnica e tática. Com Aírton, a equipe é mais bem defendida e funciona com mais fluidez no meio. Aírton está em campo nas melhores partidas do Flamengo na competição, a contundente vitória sobre o Vasco (3-1) e as goleadas sobre Coritiba (5-0) e Palmeiras (5-2).

No entanto, Caio Jr. não dá o mais remoto sinal de que pretende promover mudanças no setor defensivo. O Flamengo segue sua instabilidade, exposta em uma crua estatística. Nas últimas seis partidas do Brasileiro, sofre assombrosos 15 gols. Uma inacreditável média de 2,5 gols sofridos por jogo. Alguém vaticina: “Caio Jr e Jailton vão morrer abraçados”.

Numa delas, a partida que efetivamente define a sorte do Flamengo na briga pela vaga na Libertadores, o rubro-negro, em 35 minutos, abre 3-0 contra um desinteressado Goiás, no Maracanã. A partida parece tranquila, mas Jailton comete um pênalti infantil ainda na primeira etapa. O volante falha novamente antes do intervalo, e, na segunda etapa, o Goiás chega ao vergonhoso 3-3 que virtualmente elimina o Flamengo da disputa pelo torneio continental.

Ratificada a desclassificação na última rodada (constrangedores 3-5 na Arena da Baixada, jogo em que Jailton comete mais um punhado de falhas), a Diretoria do Flamengo acena com um discurso de mudanças e reformulação. O treinador Caio Jr é demitido. Jailton não tem seu contrato renovado. Vai atuar no Fluminense, onde se lesiona. Acaba transferido para o Coritiba, onde participará da campanha do rebaixamento da equipe paranaense para a Série B. O goleiro Bruno e o capitão Fábio Luciano, principais líderes do elenco, são mantidos.

E o vaticínio se consuma.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Fora Zé Ricardo? Fora Zé Ricardo!!!!!

SRN, buteco.

 Não adianta, não dá pra fugir do assunto.

É inevitável que, apesar da boa colocação na tabela, haja insatisfação de boa  parte da torcida em relação ao futebol apresentado.

E o alvo, naturalmente, é o treinador.  Geralmente, o técnico é o sacrificado quando um time não decola.

E por vezes, são levados em consideração alguns atenuantes em favor do demitido.

Faltou tempo, o grupo de jogadores é fraco, a estrutura é falha, problemas financeiros, turbulência interna.

Pois bem, Zé Ricardo já tem mais de uma ano de trabalho.

O elenco do Flamengo, mesmo com alguma posição menos bem servida, é considerado um dos melhores do país.

Inaugurado recentemente, o CT, sonho de anos, é de primeiro mundo, equipamentos modernos, instalações novas.

Não se ouve falar de atrasos nos vencimentos dos atletas, obrigação negligenciada durante boa parte da nossa história.

Politicamente, é possível dizer que quase não existe oposição à diretoria, o ambiente é de calmaria, ao menos em comparação a um passado recente.

Com tudo isso em mãos, levando tudo isso em conta, o trabalho é ruim.

Sim, na nossa visão de torcida, sempre achamos que o time pode render mais, e o culpado é sempre o técnico.

Nesse caso, é quase certeza que seja verdade.

Com suas convicções estranhas, sua anti meritocricia, sua visão  tatica limitada, e sua preferencia a lealdade do que qualidade técnica, pssou da hora de deixar o clube.

Fora Zé Ricardo, pois.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

G4, Discurso e Prática

Salve, Buteco! O Mais Querido do Brasil está de volta ao G4 do Campeonato Brasileiro! Só que não falta torcedor reclamando do desempenho do time. Apesar da vitória fora de casa na Fonte Nova contra o Bahia, é evidente que falta de qualidade ao futebol apresentado. O time chegou a tomar sufoco de um adversário mesmo tendo um jogador a mais em campo e produziu muito poucas oportunidades de gol. Observando a escalação com a qual o time entrou em campo ontem, não precisava ser vidente para prever as dificuldades que o time teria na criação de jogadas de gol. O 4-4-2 com Willian Arão e Márcio Araújo como meias internos foi colocado em campo sob o pressuposto de que Diego e Guerrero, mais adiantados, e Everton Ribeiro, que jogou como meia externo pela direita, resolveriam no setor ofensivo. Pela esquerda, Matheus Sávio, dono de um bom passe, está longe de ser um velocista, e então o time que goleou a Chapecoense jogando com dois pontas velozes pelas extremas foi previsivelmente burocrático em um jogo de fraca qualidade técnica. Como consequência até lógica, ontem Guerrero mais uma vez jogou isolado e tentou se virar com as conclusões de média e longa distâncias, e novamente não teve sucesso. Mais um efeito deletério desse modelo tático, especialmente nos jogos fora de casa.

***

Zé Ricardo vem se tornando pródigo em dar explicações muito criativas nas entrevistas pós-jogo para as suas opções de escalação e substituição. Uma delas é que cada adversário enseja uma preparação distinta, e nesse ponto é impossível discordar do nosso treinador, principalmente porque hoje em dia há muitos recursos tecnológicos disponíveis viabilizando o acesso a apresentações dos adversários. O problema começa quando o discurso do treinador se torna abstrato e a realidade dos fatos não lhe dá sustentação na prática. Ontem, por exemplo, o treinador disse que escalou Matheus Sávio porque queria um jogador "de pé trocado" pela esquerda, o que tanto poderia ter ocorrido com Everton Ribeiro, com Berrío sendo mantido no time, em razão de sua boa apresentação na quinta-feira, como também com o próprio Berrío jogando pela esquerda. Qualquer das opções teria dado mais força ofensiva e velocidade ao time. O difícil é entender a aversão do treinador à ideia de dar sequência a quem joga bem e ter tanta condescendência com alguns poucos que sempre jogam mal.

O belo discurso de Zé Ricardo também não explica por que o antigo problema de Rafael Vaz "cuidar" da saída de bola voltou a ocorrer, como sempre com vários erros de passe. Até parece que todos os times têm um primeiro volante velocista, com problema crônico de passes e desempenho ruim nos desarmes, como se estivesse no regulamento do campeonato. Sua saga tentando provar que está certo prossegue inabalável, ao mesmo tempo em que fica cada vez mais evidente a proteção descabida ao seu "homem-de-confiança".

***

Acho importante ressalvar que o desempenho de todos os jogadores, inclusive da dupla de volantes que eu também gostaria de ver barrada, melhoraria se a bola fosse melhor trabalhada no meio campo, ou, dito por outras palavras, se houvesse mais qualidade tática na criação de jogadas. Apesar de ser certo que a entrada de outros jogadores arejaria o time, não chegaria ao ponto de solucionar esse problema tático. O Flamengo prossegue sem jogar de forma compacta no setor ofensivo e os jogadores continuam a não se movimentar para dar opções de passe e viabilizar as triangulações, problema recorrente e constantemente apontado nesse espaço.

***

Como se vê, a torcida tem razões de sobra para desconfiar do time. A impressão deixada pela atuação na Fonte Nova foi que, apesar do time ter ficado mais agudo com Berrío e Vinícius Jr., o gol salvador (com trocadilho) do colombiano aconteceu em lance isolado, após um erro de finalização de Everton Ribeiro (que mostrou categoria), e que seria muito mais difícil vencer se não houvesse ocorrido a expulsão do zagueiro do Bahia aos trinta minutos do primeiro tempo. É bem verdade que o campeonato, como bem o descreveu Carlos Eduardo Mansur (@carlosemansur) em sua conta no Twitter, caracteriza-se pela proliferação de equipes que abdicam da posse de bola. O Flamengo de Zé Ricardo, sob esse enfoque, não difere do Corinthians de Fábio Carille, e sim pelos 9 (nove) pontos que os separam. O futebol, apesar de igualmente feio, é bem menos eficiente, só que o elenco do Flamengo é indiscutivelmente superior e tudo o que consegue apresentar é um desempenho semelhante ao do modesto Botafogo de Jair Ventura, o qual se classificou para as oitavas-de-final da Libertadores em um grupo igualmente forte, que inclusive contava com dois tradicionais ex-campeões da competição.

A julgar pelas manifestações via imprensa, a Diretoria está satisfeita com Zé Ricardo e seu trabalho, e sua tendência é valorizar uma campanha visivelmente abaixo do potencial do elenco por conta da possibilidade de estar novamente entre os quatro primeiros do campeonato, valendo-se de bordões como "os títulos virão na hora certa" ou "o importante é disputar a Libertadores todos os anos."

Para a Maior Torcida do Mundo, só resta ter muita paciência, principalmente com a maratona que está por vir, já que tende a reduzir o desempenho do time, tanto pela falta de tempo para treinamentos, como também pelo desgaste físico.

A palavra, como sempre, está com vocês, e aguardo a escalação para quarta-feira contra o Santos, na Ilha do Urubu, pela Copa do Brasil.

Bom dia e SRN a tod@s.

domingo, 25 de junho de 2017

Bahia x Flamengo



Campeonato Brasileiro 2017 - Série A - 10ª Rodada


Bahia: Anderson; Regis Souza, Tiago, Lucas Fonseca e Matheus Reis; Juninho, Matheus Sales e Régis; Allione, Edgar Junio e Zé Rafael. Técnico: Jorginho.

FLAMENGO: Thiago; Rodinei, Rhodolfo, Rafael Vaz e Trauco; Márcio Araújo e Willian Arão; Everton Ribeiro, Diege Matheus Sávio; Guerrero. Técnico: Zé Ricardo.

Data, Local e Horário: Domingo, 24 de Junho de 2017, as 18:30h (USA/ET 17:30h), no Estádio Octávio Mangabeira ou "Fonte Nova", em Salvador/BA.

Arbitragem - Igor Junio Benvenuto, auxiliado por Márcio Eustáquio S. Santiago e Celso Luiz da Silva, todos de Federação Mineira de Futebol. Quarto Árbitro: Marcus Vinícius Gomes (MG). Assistentes Adicionais 1 e 2: Emerson de Almeida Ferreira (MG) e Renato Cardoso da Conceição (MG).

 

sábado, 24 de junho de 2017

Torcer Contra?!

Oito de julho de 1992.

Flamengo enfrentava o Santos no Maracanã pela última rodada da fase final do Campeonato Brasileiro enquanto o Vasco recebia o São Paulo em São Januário. As quatro equipes chegavam a esse momento com chances de classificação. Nós precisávamos vencer e torcer para o São Paulo não vencer o Vasco. Já nosso rival tinha que derrotar os paulistas e torcer por um empate no Maracanã. A cronologia daquela noite mostrou o São Paulo classificado durante dez minutos, até o gol do Bebeto na Colina. Por doze minutos, o Vasco teve o gostinho de estar na decisão mas Nélio fez 1 a 0 no Maracanã e, a partir daí, nada do que aconteceu nas duas partidas foi capaz de tirar o Flamengo da final. Num determinado momento, quando os dois placares apontavam 2 a 0 para os mandantes, uma parcela significativa da torcida vascaína começou a gritar "entrega! entrega! entrega!". Uma virada paulista desclassificaria seu maior oponente. Apesar de um breve momento de tensão, nunca nada no Flamengo é tranquilo, chegamos à final contra o Botafogo e o resto é história.


Pedir para entregar um jogo para prejudicar o rival, ainda que eu, particularmente, tenha dificuldades para aceitar, é de razoável compreensão. O que eu não consigo entender mesmo é quem torce para perder para que caia um treinador, que se forcem mudanças no elenco ou qualquer outro motivo. Estava chegando na Ilha na última quinta para assistir a goleada sobre a Chape quando ouvi um cidadão dizendo que estava quase torcendo pro Flamengo perder para que o Zé Ricardo fosse demitido. Me segurei pra não mandá-lo praquele lugar... Na boa, olhem o tamanho da contradição, o rapaz vai ao estádio para torcer contra?! Não cabe na minha cabeça!

E ele não era o único. Durante o dia da partida, o Tozza fez uma enquete no seu Twitter perguntando justamente isso, o que você faria se tivesse certeza de que uma derrota derrubaria o técnico. Com quase cinco mil participantes, praticamente 20% torceria para perder. Sério, essas pessoas torcem pelo Flamengo ou por uma entidade que só funciona da maneira que elas idealizam? Só serve se for como elas querem?

Quer vaiar, quer reclamar, quer xingar? Pode tudo. Cada um reage de uma maneira particular ao que recebe da sua equipe favorita. Agora, quer torcer contra? Vai vestir uma camisa com faixa diagonal, então...

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Queremos Mais!






Irmãos rubro-negros,



grande vitória.

Na humildade, grande vitória!

Diego e Guerrero fazendo a diferença.

Mas quem fez mais diferença foi a Ilha do Urubu.

Tremendo estádio, na nossa modéstia, que temos por teto o céu.

O Futebol do Flamengo tem de melhorar muito, muito mesmo, para honrar a Sagrada Camisa Vermelha e Preta.

Valeu pela vitória.

Mas nós queremos muito mais!

Com fé e amor.





...


Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.


quinta-feira, 22 de junho de 2017

Flamengo x Chapecoense



Campeonato Brasileiro 2017 - Série A - 9ª Rodada

FLAMENGO: Thiago; Rodinei, Réver, Juan e Trauco; Márcio Araújo e Willian Arão; Everton, Diege BerríoGuerrero. Técnico: Zé Ricardo.

Chapecoense: Jandrei; Apodi, Luiz Otávio, Victor Ramos e Reinaldo; Andrei Girotto e Luiz Antônio; Rossi, Seijas e Arthur; Wellington Paulista. Técnico: Wagner Mancini.

Data, Local e Horário: Domingo, 14 de Junho de 2017, as 21:00h (USA/ET 20:00h), no Estádio Luso Brasileiro ou "Ilha do Urubu", no Rio de Janeiro/RJ.

Arbitragem - Leandro Bizzio Marinho, auxiliado por Danilo Ricardo Simões Manis (FIFA) e Miguel Caetano Ribeiro da Costa, todos da Federação Paulista de Futebol. Quarto Árbitro: Gustavo Rodrigues de Oliveira (SP). Assistentes Adicionais 1 e 2: José Cláudio Rocha Filho (SP) e Adriano de Assis Miranda (SP). Analista de Campo: Hilton Rodrigues Moutinho.

 

O futebol do Flamengo

Esta, infelizmente, é mais uma postagem com dose de desânimo e tristeza, quando se pensa no futebol do Flamengo e como é tratado dentro do clube nesta gestão. O que não deixa de ser curioso, visto que não lembro de passado recente com o clube de elenco tão reforçado que dá várias opções a comissão técnica. O trabalho de contratações do futebol me parece muito bem realizado em que pese uma avaliação ruim da necessidade de goleiro para substituir o fraco Muralha e uma avaliação demasiadamente otimista em relação aos nossos zagueiros. Setores que sim, mereciam reforços. Ao menos de zagueiro chegou o Rhodolfo.

Mas porque o desânimo e tristeza? Porque o futebol do Flamengo é conduzido sem empenho sério por metas ou títulos. Apenas o "esforço" já basta para passagem de pano, elogios públicos na imprensa e declarações de continuidade que exasperam o torcedor ainda não derrotista e que espera ter no Flamengo um clube vencedor.

Mas como ter um "clube vencedor" se temos um técnico muito aquém do nível mínimo desejável para exercício desta função no clube? Um técnico escolhido sem qualquer experiência e que provou ao longo de 2016 sua incapacidade crônica de "mudar o jogo" e de aproveitar melhor os recursos do elenco uma vez que seu esquema tático e estilo de jogo, uma variação do aplicado pelo Muricy, mas com jogadores melhores e mais entrosados, ficou datado?


É inviável. Hoje os times se estudam demais. Jogadores são exaustivamente analisados por profissionais de apoio ao futebol, que analisam deslocamentos, passes, setores onde jogam mais, onde jogam mais, deficiências e qualidades. Isto é repassado para comissões técnicas que têm o dever de explorar suas deficiências e minimizar suas qualidades quando os enfrentam. E se temos um treinador que "congela" o elenco titular, o esquema tático, e possui uma deficiência tática crônica em leitura de jogo, teremos o Flamengo, por mais "estelar" que o Depto de Futebol faça do elenco, um time medíocre, de segunda página da tabela.


Mas o que fazer? O Departamento de Futebol ainda deu carta branca ao treinador para escolher seu auxiliar. Um profissional experiente? Não, claro. A arrogância é brutal no Zé Ricardo. Escolheu outro tão ou mais inexperiente que ele. Porque ouvir conselhos de alguém já que sabe tudo em tão pouco tempo? Mas não sabe. E isto ninguém diz para ele. O presidente do clube que se arvorou VP de Futebol, paternalista e nada cobrador, gosta do sujeito, gosta dos jogadores perebas e prejudiciais que coloca no time, também gosta do Diretor Executivo de Futebol cuja experiência em clubes de futebol deveria fazê-lo impedir que o Flamengo disputasse Libertadores, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, etc, com elenco tão forte e experiente, com o técnico sub20 sem visão de jogo e limitado.

Mas não. Rodrigo Caetano lava as mãos. Não é cobrado. Ninguém se lembra dele. Culpam logo "a diretoria". Que, claro, tem sua grande parcela de culpa. Mas o clube contratou Rodrigo Caetano pela sua expertise dentro de um modelo de profissionalismo. Não seriam torcedores, agora dirigentes, que saberiam lidar com este mundo. Mas Rodrigo Caetano, apesar do bom trabalho em contratações, falhou miseravelmente na montagem de um TIME competitivo porque deveria saber que um TIME começa com o técnico à altura do mesmo. Mas lava as mãos. Foge de entrevistas e da responsabilidade. "Não tenho autonomia", costuma às vezes falar por aí, para se eximir e jogar a culpa nos outros. Ora, se não tem autonomia como aceita permanecer no cargo? Sai fora, afinal ele é o Diretor de Futebol. Está no cartão de visitas.

Enfim, hoje o Flamengo joga. E mesmo com os recentes reforços a torcida está preocupada. Sabe que o técnico é paneleiro e insiste com seus jogadores do coração mesmo que não estejam jogando nada. É culpa do Zé Ricardo? Hoje não é mais não. Ele é assim. E se continua atuando no Flamengo é pelo aval da Diretoria de Futebol, do CEO do clube, do EBM e de todo Conselho Gestor. O "core business" do Flamengo não pode ser tratado com este desleixo. Todos são responsáveis.








quarta-feira, 21 de junho de 2017

Alfarrábios do Melo

Assume numa crise.

No instável futebol brasileiro e sua conhecida precariedade na gestão dos seus respectivos clubes, essa é a mais costumeira forma de iniciar um trabalho de treinador. Numa crise.

E essa não é apenas mais uma crise. É daquelas caudalosas, bombásticas, que reverberam do Porteiro ao Presidente. A sensação é a do mais completo e absoluto caos. O Flamengo parece viver um inferno astral sem a mais remota perspectiva de desfecho a curto prazo.

Com efeito. Zico é repatriado, com festa. Faz um punhado de jogos e é abatido a patadas. Está fora da temporada. Dessa e da próxima. Sócrates, titular da Seleção e um dos principais jogadores brasileiros, é contratado sob as bênçãos de uma torcida eufórica. No seu segundo treino, pisa num buraco e fratura o tornozelo. Vai ficar meses fora. O time, abatido, faz péssimo Primeiro Turno, que culmina numa goleada histórica e humilhante sofrida para o Vasco.

Que faz rebentar a crise.

O ambiente político incandesce. O Presidente, pressionado, afasta o VP de Futebol. Vai acumular a Pasta. Mas o bombardeio vem de todos os lados. A Oposição clama por seu impeachment, alegando irregularidades diversas. Um aliado importante vai aos jornais reclamar da “falta de comando” do Dirigente (“institucionalmente o clube vai bem, mas o futebol está imerso em um marasmo. Não ganhamos nada há dois anos.”). As divergências quanto ao tratamento da lesão de Zico derrubam o responsável pelo Departamento Médico. É uma fase tão nefasta que mesmo um avanço importante, como o início da construção da nova sede na Gávea, enfrenta dificuldades inusitadas, como a constatação de que as fundações da obra foram instaladas ao contrário, o que faria com que a sede fosse posicionada com os fundos para a Lagoa Rodrigo de Freitas.

E é assim que o interino assume.

No Rio, a Diretoria busca um novo nome. Pensa-se em Carpegiani, mas o nome ainda enfrenta forte rejeição interna no clube. Parreira é outra opção, mas logo descartada, por estar sob contrato no Qatar. A preferência real do Presidente e de boa parte da Diretoria recai sobre Telê Santana, que, além de desfrutar de prestígio na Gávea, possui bom relacionamento com a maioria dos principais jogadores do elenco, com quem trabalhou na Seleção. Mas Telê está vinculado ao Al-Hilal e ainda precisa cumprir mais seis meses de contrato, do qual os árabes não abrem mão. Ademais, o treinador já está apalavrado para dirigir a Seleção no Mundial, o que provocaria certa divisão de foco. Descartado Telê, outros nomes vão surgindo à mesa e sendo automaticamente abandonados (Castilho, Nelsinho), até que a Diretoria fecha um acordo preliminar com Carlos Alberto Torres, o treinador do Tri Brasileiro de 1983.

Enquanto isso, o interino vai dirigindo o time.

O interino já havia sido requisitado quando da queda de Zagalo. Rodara o Norte-Nordeste com a equipe e chamado a atenção por ter conseguido fazer o time jogar de forma competitiva todos os amistosos (venceu as quatro partidas sob seu comando), o que lhe conferiu vários elogios em seu retorno. Agora, vence de maneira inapelável os dois amistosos do Flamengo na Califórnia (2-0 Chivas-MEX e 3-0 San Jose Earthquakes-EUA), jogando um futebol aplicado e vistoso. O ambiente, antes pesado com Joubert, agora parece mais tranquilo, pleno de piadas e brincadeiras. O interino, antigo preparador físico, depois auxiliar, parece inteiramente à vontade no meio do grupo de jogadores.

Na volta ao Brasil, o interino é avisado. Ainda dirigirá o Flamengo na estreia da Taça Rio, contra o Bangu, vice-campeão brasileiro e que vem completo. O rubro-negro, devastado por desfalques, contará com vários garotos. Após a partida, provavelmente entregará o comando a Carlos Alberto.

Mas o interino surpreende. Faz o Flamengo jogar a partida mais combativa do ano. O time morde grama. Imprensa o Bangu em seu campo. Desperdiça pilhas de gols perdidos. E sai de campo com um empate (2-2), arrancado nos minutos finais, que deixa um estranho gosto de vitória/derrota, por ter superado amplamente o oponente. Enfim, o Flamengo joga como Flamengo. A atuação é tão vibrante que o Presidente desiste do Capita Torres e efetiva, ainda no vestiário, o interino.

E assim o interino se torna o treinador.

Empolgada, a Diretoria entende ter encontrado um profissional capaz de “entender o clube” e, com isso, seguir os passos de Coutinho, Carpegiani e, de certa forma, do próprio Carlos Alberto Torres, treinadores com pouca ou nenhuma experiência prévia que conseguiram “assimilar a cultura do clube”, e com isso auferiram resultados expressivos.

Dura um ano e meio.

Nesse período, o treinador convive com a escassez. Os jogadores da “Era de Ouro” andam lesionados e, em muitos casos, longe da melhor forma física. Alguns, ao retornar de lesões, começam a viver o momento de declínio. Sem, em muitos momentos, dispor de Mozer, Andrade, Adílio e Leandro (sem falar em Zico e Sócrates), o jeito é recorrer aos jovens. E o treinador o faz. Lança ou efetiva Zé Carlos (goleiro), Zé Carlos zagueiro, Nem, Aldair, Valtinho, Ailton, Wallace, Vinícius, Paulo Henrique e Zinho, entre outros nomes. Alguns prosperam e se projetam, outros vão ficando pelo caminho. Mas todos eles se integram a uma filosofia de jogo que prioriza a ocupação alucinante de espaços, a transição em alta velocidade ao campo de ataque, a priorização do aspecto físico em detrimento da condição técnica. Transforma a cara do Flamengo, outrora um grupo capaz de praticar um futebol plástico e com ênfase nos talentos individuais, agora uma equipe veloz, entrincheirada em suas linhas, capaz de exercer uma marcação sufocante e executar contragolpes mortíferos. A inspiração dá lugar à árdua transpiração.

"Nós, treinadores, que estudamos, que fomos a uma faculdade, sabemos o quanto é importante que um jogador também se torne um atleta". "Sou um estudioso. No início podia não ter tanta familiaridade com as situações práticas de campo, mas compensei isso com muita bagagem teórica. Duvido que haja algum treinador que conheça mais sobre metodologia aplicada de treinamentos e táticas do que eu". "Só o talento não resolve mais. É preciso encaixar o talento numa filosofia coletiva". "O drible faz perder tempo. É preciso jogar com velocidade, passes verticais, de primeira". "Eu estudo e assisto a um adversário dezenas de vezes, até entender como neutralizá-lo". 

Seu ápice se dá nas Finais do Estadual de 1986, em que, cautelosamente, rejeita a ideia de se aproveitar um Zico em precárias condições físicas e, fazendo sua equipe atuar com uma disciplina tática beirando uma perfeição quase militar, faz engessar o prolífico Vasco de Romário, Geovani e Roberto. Com efeito, o Flamengo do treinador emperra um ataque de 50 gols em 22 jogos, impondo-lhe o cruel jejum de 270 minutos sem marcar. E levanta a taça.

"É evidente que treinador ganha jogo. A Comissão Técnica e eu que vencemos as Finais contra o Vasco. Em campo transformamos os jogadores em peças que neutralizaram as jogadas inimigas. Fizemos uma análise profunda do adversário, em seus aspectos físicos, técnicos, táticos e até emocionais. E o resultado refletiu."

Mas o treinador se torna vítima de suas convicções. Não demonstra lidar bem com a presença de “medalhões”. No Brasileiro de 1986, arranca muito bem na Fase Inicial, conquistando o primeiro lugar em um grupo forte. Mas começa a se perder ao não conseguir encaixar o atacante Kita, centroavante contratado a peso de ouro, no time titular. Com Kita o rendimento de Bebeto (goleador e principal jogador da equipe) cai vertigionosamente. Além do pesado atacante, o treinador encontra dificuldades para encaixar o talento de Sócrates, cujas nítidas limitações físicas sacrificam o funcionamento do conjunto concebido pelo treinador. O Flamengo não faz boa Segunda Fase e chega a correr sério risco de eliminação. Pela primeira vez, o treinador enfrenta séria resistência da imprensa e da torcida. Ironicamente, é salvo por três grandes atuações de Sócrates e se classifica à Fase seguinte.

E é justamente nas Oitavas de Final do Brasileiro que o treinador começa a cair.

O Flamengo vai vencendo o Atlético-MG no Maracanã. Pela condição de favorito do adversário, é uma vitória tida como fundamental, que garante uma vantagem importante para o jogo de volta. E o Flamengo, aplicado, vai fazendo bom jogo. Mas o treinador, talvez pensando em ampliar a vantagem, resolve ousar. Troca o volante Júlio César, cansado, pelo jovem atacante Paloma. O time perde o meio-campo. Passa a ser pressionado. Cede o empate. E por pouco não sai de campo derrotado.
Sob pesadas críticas, o treinador, para o jogo de volta, novamente inova. Agora quer reforçar o meio, formando um cinturão para estancar o leve ataque adversário. Adianta Sócrates para a posição de centroavante, usando Gilmar Popoca e Adílio na armação. No restante do meio-campo, volantes e falsos pontas para “fechar o corredor”. A formação, nunca antes utilizada, revela-se um desastre. Sócrates, sem qualquer explosão para atuar como homem de área, tem atuação apagada. E o time é sufocado durante os 90 minutos. Perde o jogo (1-0) e a vaga, e somente não sai de campo goleado em função da excepcional atuação do goleiro Zé Carlos.

Ali é o fim de linha para o treinador, bombardeado por virulentas críticas, sem conseguir explicar como escalara uma equipe sem atacantes de ofício num jogo em que precisava da vitória.

Mas a nova Diretoria insiste em mantê-lo. O treinador permanece para o Estadual. Chegam reforços, o principal deles Renato Gaúcho, um dos melhores atacantes do país. O treinador tenta remontar a equipe com base em suas convicções. Na busca por uma equipe competitiva, barra Adílio e Sócrates, o que faz o Doutor rescindir o contrato. Também afasta o meia Gilmar Popoca. Tenta montar um time fechado, de contragolpes. Mas a equipe não funciona. Falta a poesia. Falta “fantasia”. Imerge na mesmice. Com as barrações e a controvérsia gerada, passa a defender seu ponto de vista de forma agressiva, quase arrogante. Torna-se arredio. O relacionamento com o elenco, outrora um ponto forte, azeda. Compra briga com as Torcidas Organizadas (que começam a impor uma agenda de violência como forma de participação da política interna do clube). E o efeito logo se faz sentir dentro de campo. O rubro-negro engata uma terrível sequência de resultados ruins contra adversários do porte de Americano, Porto Alegre e Mesquita. E, após intensa pressão, a Diretoria, que tentara de todas as formas segurar o treinador, rende-se às evidências.

E o treinador é demitido.

Assumirá um profissional conhecido, que tentará implantar uma filosofia de disciplina e linha-dura. Durará pouco. O Flamengo tentará contratar um treinador consagrado, mas acabará encontrando um caminho com um antigo auxiliar. Nome pouco ou nada experiente no comando de equipes profissionais, mas com bons trabalhos na base e profundamente identificado com o clube.

Será mais um interino. Que virará treinador. “Entenderá o clube” e vencerá. Até o encanto acabar.


E assim a roda seguirá girando.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Estreia na Ilha do Urubu

Olá Buteco, bom dia!

Estivemos na Ilha do Urubu, eu e meu primo Luiz Filho, para acompanhar a garotada do sub-20. A ideia era, além de prestigiar nossa base, trazer o Luiz de volta ao Buteco para apresentar suas considerações acerca do tão esperado estádio.

Com a palavra, Luiz! Seja bem-vindo, querido irmão!

***


O bom filho à casa torna! Numa “edição especial” vim falar de estádio em casa. Ótimo! Falar de estádio e voltar pra casa. Na última quarta-feira o Flamengo de estreou sua casa provisória inaugurou seu novo estádio, o Estádio da Ilha do Urubu, numa parceria com a A. A. Portuguesa, no bairro da Ilha do Governador. Trata-se de um estádio provisório e o contrato tem duração de três anos, renováveis por mais três. O cuidado do clube com os detalhes impressionou! As estruturas são as mesmas utilizadas nos Jogos Olímpicos de 2016. Para um estádio provisório foi o melhor que o clube poderia produzir no Rio de Janeiro.

Os cuidados não se restringiram ao estádio fisicamente, a operação também tem cuidado. A quantidade de orientadores de tráfego e sinalização móvel da prefeitura ajudaram os motoristas novatos na região a circularem com tranquilidade pelos arredores do estádio, inclusive megafones ao prestar as informações. O estádio é lindo, bem sinalizado e funcional. Além disso, tem uma boa quantidade de bares e catracas em proporção maior do que o Maracanã. Não há “aperto”. As estruturas montadas têm excelente acabamento e um trabalho estético de alto nível, o gramado é um tapete, a iluminação é excelente, o sistema de som funciona excepcionalmente, os assentos são confortáveis. Os acessos foram bem finalizados. Não existe risco de queda ou buracos. 

Existem problemas, também... Mesmo que não sejam em totalidade de responsabilidade do Flamengo. Mesmo que não se restrinjam a três grupos, estes são os que mais incomodaram: mijões, ambulantes e flanelinhas. Estes, perturbam a ordem e saltam aos olhos dos moradores do entorno, além dos ladrões e brigões. As câmeras do estádio pode auxiliar a prisão destes infratores,  suspensão e até exclusão do programa de ST e até do quadro social, também.

A atuação conjunta do clube, dentro dos limites das atribuições do Gepe, CET-Rio e Guarda Municipal na ordem pública trarão efeitos positivos para a segurança, conforto e para a imagem do Flamengo como promotor de eventos na cidade. O clube é líder e pode ser um catalisador de legados. Pensamos que o clube deva liderar a estes acordos e mostrar a comunidade local, aos torcedores e aos interessados que nos preocupamos com o todo, com o espetáculo e a cidade. O clube é o ator principal, o vetor esportivo da cidade e tem cuidado tanto na promoção de seus espetáculos, quanto na construção de sua casa provisória. 

Cabe ressaltar a necessidade do Flamengo estruturar e massificar campanhas sobre o uso de transporte público para os jogos, nos veículos oficiais do clube. Sugerimos também, a criação de linhas especiais de ônibus, similares às linhas utilizadas no Rock in Rio, partindo de pontos específicos não cobertos pelo BRT e que ficaram de fora da primeira partida, bairros tradicionais e que certamente teriam demanda para as partidas como Tijuca, Méier, Campo Grande e Vicente de carvalho (no hub com o metrô).

Apesar de todos os pontos negativos citados, o fator caldeirão parece ter causado efeito. Houve ganho técnico e o projeto funcionou! Temos tudo para usar o estádio da melhor forma a nosso favor. A proximidade do campo claramente causou um impacto positivo a nosso favor. Para uma primeira impressão, estádio está aprovado, mesmo com ajustes que precisam ser feitos. Este é um teste completo para nosso estádio definitivo. O processo de aprendizado é constante e a cidade deve se acostumar com este Flamengo promotor de eventos e de empregos diretos e indiretos.

Até poderia postar mais fotos e/ou vídeos, mas o que mais vimos na internet ou nos jornais foi isso. Prefiro falar sobre os jogos (sim, fui à decisão da Copa do Brasil Sub-20 e poderia ter falado deste jogo também), mas acho que o foco deve ser sempre no próximo jogo. Tanto na operação do estádio, quanto na preparação do time. Temos um jogo em casa pra vencer, temos um campeonato pra vencer, temos que olhar pra frente! Vamos pra cima! Vamos, Flamengo!