quinta-feira, 22 de junho de 2017

O futebol do Flamengo

Esta, infelizmente, é mais uma postagem com dose de desânimo e tristeza, quando se pensa no futebol do Flamengo e como é tratado dentro do clube nesta gestão. O que não deixa de ser curioso, visto que não lembro de passado recente com o clube de elenco tão reforçado que dá várias opções a comissão técnica. O trabalho de contratações do futebol me parece muito bem realizado em que pese uma avaliação ruim da necessidade de goleiro para substituir o fraco Muralha e uma avaliação demasiadamente otimista em relação aos nossos zagueiros. Setores que sim, mereciam reforços. Ao menos de zagueiro chegou o Rhodolfo.

Mas porque o desânimo e tristeza? Porque o futebol do Flamengo é conduzido sem empenho sério por metas ou títulos. Apenas o "esforço" já basta para passagem de pano, elogios públicos na imprensa e declarações de continuidade que exasperam o torcedor ainda não derrotista e que espera ter no Flamengo um clube vencedor.

Mas como ter um "clube vencedor" se temos um técnico muito aquém do nível mínimo desejável para exercício desta função no clube? Um técnico escolhido sem qualquer experiência e que provou ao longo de 2016 sua incapacidade crônica de "mudar o jogo" e de aproveitar melhor os recursos do elenco uma vez que seu esquema tático e estilo de jogo, uma variação do aplicado pelo Muricy, mas com jogadores melhores e mais entrosados, ficou datado?


É inviável. Hoje os times se estudam demais. Jogadores são exaustivamente analisados por profissionais de apoio ao futebol, que analisam deslocamentos, passes, setores onde jogam mais, onde jogam mais, deficiências e qualidades. Isto é repassado para comissões técnicas que têm o dever de explorar suas deficiências e minimizar suas qualidades quando os enfrentam. E se temos um treinador que "congela" o elenco titular, o esquema tático, e possui uma deficiência tática crônica em leitura de jogo, teremos o Flamengo, por mais "estelar" que o Depto de Futebol faça do elenco, um time medíocre, de segunda página da tabela.


Mas o que fazer? O Departamento de Futebol ainda deu carta branca ao treinador para escolher seu auxiliar. Um profissional experiente? Não, claro. A arrogância é brutal no Zé Ricardo. Escolheu outro tão ou mais inexperiente que ele. Porque ouvir conselhos de alguém já que sabe tudo em tão pouco tempo? Mas não sabe. E isto ninguém diz para ele. O presidente do clube que se arvorou VP de Futebol, paternalista e nada cobrador, gosta do sujeito, gosta dos jogadores perebas e prejudiciais que coloca no time, também gosta do Diretor Executivo de Futebol cuja experiência em clubes de futebol deveria fazê-lo impedir que o Flamengo disputasse Libertadores, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, etc, com elenco tão forte e experiente, com o técnico sub20 sem visão de jogo e limitado.

Mas não. Rodrigo Caetano lava as mãos. Não é cobrado. Ninguém se lembra dele. Culpam logo "a diretoria". Que, claro, tem sua grande parcela de culpa. Mas o clube contratou Rodrigo Caetano pela sua expertise dentro de um modelo de profissionalismo. Não seriam torcedores, agora dirigentes, que saberiam lidar com este mundo. Mas Rodrigo Caetano, apesar do bom trabalho em contratações, falhou miseravelmente na montagem de um TIME competitivo porque deveria saber que um TIME começa com o técnico à altura do mesmo. Mas lava as mãos. Foge de entrevistas e da responsabilidade. "Não tenho autonomia", costuma às vezes falar por aí, para se eximir e jogar a culpa nos outros. Ora, se não tem autonomia como aceita permanecer no cargo? Sai fora, afinal ele é o Diretor de Futebol. Está no cartão de visitas.

Enfim, hoje o Flamengo joga. E mesmo com os recentes reforços a torcida está preocupada. Sabe que o técnico é paneleiro e insiste com seus jogadores do coração mesmo que não estejam jogando nada. É culpa do Zé Ricardo? Hoje não é mais não. Ele é assim. E se continua atuando no Flamengo é pelo aval da Diretoria de Futebol, do CEO do clube, do EBM e de todo Conselho Gestor. O "core business" do Flamengo não pode ser tratado com este desleixo. Todos são responsáveis.