quarta-feira, 30 de maio de 2012

Pausa que faz mal!


Finalmente uma boa notícia essa proposta de R$ 350 milhões feita pela Adidas para fornecer material esportivo ao Flamengo daqui a três anos, ou seja, a partir de 2015, o que representa em média R$35 milhões/mês, corrigidos pelos índices de inflação adotados no país, perfazendo quase o dobro do que atualmente é pago pela OLK. Por contrato, esta mantém a prioridade de renovação se assim o desejar, bastando para tal igualar a proposta da concorrente.

Além disso, o Flamengo teria agregado outros benefícios tais como: material esportivo, que seria vendido nas lojas da Adidas, inclusive online ao redor do mundo, uso do centro de treinamentos da empresa na Alemanha e da plataforma de dispositivos e softwares com tecnologia que avalia o desempenho dos atletas. O Flamengo substituiria o Liverpool (Inglaterra), ficando como um dos cinco clubes classe A da empresa alemã, ao lado de Milan (Itália), Chelsea (Inglaterra), Real Madrid (Espanha) e Bayern de Munique (Alemanha). Ótimas companhias, não é mesmo?

De acordo com constatações anteriores feitas por quem frequenta este Buteco, as soluções vão surgindo de fora para dentro na Gávea, não havendo incompetência que resista a esse rolo compressor dos deuses, que cismaram de fazer do Flamengo uma potência no futebol. Se os dirigentes costumeiramente atrapalham, as forças universais tratam de passar por cima deles trazendo pedaços de soluções, que um dia se constituirão e fecharão o mosaico que representará o grande clube mundial a que está destinado a ser o nosso rubro-negro carioca. Dá para fazer uma viagem imaginária interessante do que seria o Flamengo não fosse tantas trapalhadas de seus eternos e maus dirigentes ao longo dos últimos 20 anos.

Passando a bola para o Brasileirão, estou novamente incomodado com mais uma parada na sequência de jogos logo após a segunda rodada do Campeonato tão esperado, em função da balbúrdia organizacional em que mergulharam o futebol pentacampeão do mundo, para a realização de amistosos da outrora glamourosa seleção brasileira. O efeito bagunça atinge, com certa lógica, os mais desorganizados dentro desse sistema que mistura competições entre si e jogos da seleção do Mano Menezes, pegando de primeira o Flamengo que volta pior a cada parada maior do que três ou quatro dias. Por isso, desejo que o clube vá jogar mesmo no Piauí no meio desta semana e, de preferência, que programem um amistoso para o próximo sábado ou domingo, não tanto pela cota a receber, mas para manter o time em atividade, já que se deixar por conta dos treinamentos ninguém desconhece a tristeza que é, vide o retorno dos 28 dias para a estreia contra o Sport há dez dias.

No dia em que houver um planejamento sério, tocado por profissionais competentes, uma inter-temporada será uma benção Divina para o ajustamento de nossas linhas. Enquanto esse dia não bate em nossas portas, uma pausa nos trabalhos sempre significará desajustes, com decréscimos de produtividade em virtude de tempos ociosos e não devidamente aproveitados.

SRN!

terça-feira, 29 de maio de 2012

O Exemplo Alemão



Nesta fase de preguiça e falta de tempo e motivação para escrever, influenciado positivamente pelo texto do Mauro, no pedrada sábado, reli um artigo escrito por mim na faculdade, em matéria eletiva (História Comparada do Futebol Brasileiro). Como já havia realizado um projeto anterior sobre a Alemanha, me foi permitido apresentar este trabalho de tema livre. Ele era sobre a recuperação social, econômica e esportiva da Alemanha do pós-guerra em comparação a esta recuperação do pós-copa do mundo de 2006, de título: "O milagre de Klinsmann", um trocadilho com o milagre de Berna, em 1954. O texto escrito em 2008, tem total relação com o Flamengo atual, quem diria. Se trocarmos as palavras, Alemanha por Flamengo e fizermos analogias diretas com a política do clube veremos semelhanças. Pode ser nossa salvação ou a derrocada total. Podemos fazer o mesmo, desde que haja união em torno do clube. O trecho abaixo é um fragmento do trabalho apresentado:

"Vigorou durante a construção da Copa do Mundo de futebol, em 2006 e vigora atualmente a necessidade de se revisar instituições, personalidades e histórias familiares durante o período nazista na Alemanha. Clubes de futebol como o Herta Berlim e o Bayern de Munique fazem uma releitura de sua História em um movimento de reconstrução da memória social alemã. Se as instituições alemãs não foram influenciadas pelo nazismo, no mínimo elas foram favorecidas pelo regime e, por isso se fez necessário o revisionismo. Diversos fatores estão incluídos, dentre os quais: Turismo, surgimento dos grupos neonazistas (e sua repulsa) e união nacional e a incorporação dos estrangeiros que vivem na Alemanha (a possibilidade de se viver pacificamente). Estes projetos, em grande parte, foram patrocinados ou incentivados pela DFB (Federação Alemã de Futebol) e um exemplo é a produção do filme “O milagre de Berna”.

Um dos fenômenos do período anterior a realização da Copa foi a proliferação de pesquisas históricas revisionistas do período nazifascista. Os historiadores Nils Havemann e Klaus Hildebrand fizeram uma pesquisa encomendada para a Copa do Mundo de Futebol e também pelo centenário da DFB. Havia a necessidade de uma visão mais critica da posição da DFB, durante o período nazifascista no país. No estudo intitulado “Futebol sob a suástica” – a DFB entre o esporte, a política e o comércio" tenta esclarecer as relações entre esporte e política na Alemanha, segundo a TV Deutsche Welle, no mesmo estudo é relatado que o time do Bayern de Munique que resistiu ao nazismo salvando seus atletas, combatendo o anti-semitismo1. Há também um movimento contrario e negativo aos valores nacionais, uma reposta que nem sempre ocorre baseada na violência, repressão. Por exemplo, a ampliação dos mercados no modelo neoliberal se reflete nos contratos dos jogadores de futebol; no caso da violência, temos o hooliganismo, movimento às vezes ligado a partidos políticos de direita na Europa e a relação dual e dicotômica entre pobreza e as classes médias e altas que se unem na América latina (na violência ligada às torcidas de futebol); entre outros exemplos de relações sociais que aparecem no esporte2.

O projeto construído entre DFB, Governo alemão, FIFA e o comitê organizador da Copa do mundo de 2006 teve um efeito pacífico e positivo sobre a população, dissolvendo as tensões internas na Alemanha. A comunidade do futebol é criadora de afinidades e aumenta a integração e as relações entre os países. Uma copa “de todos para todos” (os povos) na Alemanha veiculada com a mensagem “tempo de fazer amigos”, uma mensagem agregadora, e agradável, tanto para quem mora na Alemanha e não se sente integrado totalmente por aquela sociedade, quanto para quem desejava viajar para assistir as partidas da Copa do Mundo. 3

As três ideias juntas ("Alemanha - O País das Ideias", “tempo de fazer amigos” e “o mundo entre amigos”) são o mote para as ações concretas na ideia de pertencimento ao projeto nacional, além da decisiva ação integrada, em reação à segurança (governo alemão, OTAN, Polícias secretas de Inglaterra, França e Estados Unidos contra o Hooliganismo e contra o terrorismo). Outro ponto fundamental foram as ações coordenadas de marketing e as instituições sociais alemãs que convidaram estrangeiros (legais) a viverem na Alemanha, a estudarem na Alemanha e, principalmente, a produzirem na Alemanha (este de maneira implícita, indireta), com a realização de convênios entre universidades e empresas do mundo todo agregando outros estudantes e profissionais de diversos países, principalmente os habitantes da União Europeia.

Os resultados foram positivos. Contagiaram ao povo alemão que diretamente desvinculou o nazismo de seus símbolos nacionais; depois, agregou os estrangeiros que se sentiram à vontade em um país multifacetado e forte político economicamente (aberto pelo menos durante o período da copa do mundo); e em terceiro lugar, abafou os movimentos neonazistas que crescem na Europa (principalmente à partir da década de 1990), com inteligência, repressão e o funcionamento da política aplicada, pois o povo teve orgulho de ser alemão mesmo com sua seleção nacional não se sagrando campeã.Um evento desse porte promove investimentos dentro do país sendo catalisador, um acelerador econômico, com a Alemanha na Copa do Mundo de 2006, aparecendo para o mundo, como um exemplo de marketing positivo, união em prol da nação, motivação de toda uma nação e investimentos essenciais à produção nacional. Enfim as expectativas foram efetivamente concretizadas, inclusive com a imagem da Alemanha sendo desnazificada e ficando ligada ao Mundial." 4

1 - Futebol sob o signo do nazismo. Alemanha 15.09.2005. Página eletrônica da TV alemã Deutsche Welle. Disponível em: http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1711081,00.html. Acesso em 17.01.2008..
2 - Sobre violência no esporte e principalmente no futebol ver em: ALABARCES, Pablo (Org.). Futbologías: Fútbol, identidad y violencia en América latina. Colecto Grupos de Trabajo de deportes y sociedad. Buenos Aires. CLACSO. 2003.
3 -  O diplomata: Wolgfang Ischinger. In: Revista Deutschiland: Fórum de política, cultura e economia. Frankfurt. Societäts-Verlag, Ministério das Relações Exteriores. Nº 5. Out-Nov. 2006. P. 36-39.
4 - Economia alemã cresceu com o Mundial, diz ministro. Disponível em: http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/Arquivo/0,,AA1232815-5187,00.html. Acesso em: 10.04.2008.

Ubique, Flamengo!
Somos Flamengo, Vamos Flamengo!

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Para Quebrar o Padrão

Buongiorno, Buteco! Faça um pequeno esforço e volte no tempo dois anos. Lembra de como estava o Flamengo? Recuperando-se de uma eliminação em circunstâncias estranhas na Libertadores da América. No Departamento de Futebol buscava-se ordenar o completo caos, tendo ocorrido a troca de treinador em pleno curso da Libertadores;  a maior estrela do time era protagonista dos noticiários por conta de suas investidas na noite carioca e o grupo, que tinha vários que estão no elenco hoje, inclusive um certo X-9 de identidade desconhecida, estava sem controle, e o time mal das pernas no Brasileiro. Muitas semelhanças com 2012? Por certo que sim! Troca de treinador após a classificação na Pré-Libertadores, eliminação na fase de grupos, elenco fora de controle, caos total no Departamento de Futebol e a estrela do time protagonizando notícias com seu desempenho fora de campo na noite carioca, bem mais comentado do que suas atuações em campo, além do time estar mal no Brasileiro. Fora a coincidência de protagonistas. Estamos diante de mera coincidência ou de um padrão?

Após dois anos e meio, podemos dizer que o retorno ao caos do início do primeiro ano do mandato de Patrícia Amorim, com riqueza e requintes na identidade de detalhes, caracteriza a propensão de sua gestão ao completo caos, ao menos no Departamento de Futebol. Estamos, amigos do Buteco, diante de um padrão: o padrão do caos. O que pode ser feito para quebrá-lo? A própria Patrícia Amorim admite que o futebol não é "a sua área" e, desde o início do seu mandato, tenta insistentemente encontrar alguém que possa colocar ordem no Departamento de Futebol e tocar o setor sem que ela precise se preocupar. Complicado: ela foi eleita para presidir, o que significa tomar decisões, ainda que impopulares, antipáticas e difíceis; mas, apesar disso, tem demonstrado sistemática preocupação em acomodar e fazer política, quase sempre em prejuízo da administração, nos momentos mais críticos. Por isso mesmo, qualquer que seja o seu escolhido para "tocar" o Departamento de Futebol esbarrará na politicagem de sua gestão, essa mesma politicagem que sistematicamente cria e fomenta o caos. Foi o que aconteceu com o maior ídolo da história do clube, Zico, num episódio lamentável e imperdoável.

Patrícia Amorim tem uma oportunidade de ouro para quebrar o padrão caótico sistematizado, impregnado desde o nascedouro de sua gestão: chama-se Zinho. Claro que com uma boa dose de sorte, pois a escolha acabou ocorrendo após a recusa de vários outros nomes de competência e compatibilidade com o clube duvidosas. E se ela tanto quer uma pessoa em quem possa confiar e mesmo delegar decisões difíceis, escolheu alguém com clarividência e preparo para a função, e que conhece a politicagem do clube, pois nasceu nele. Pelas diversas declarações que deu até aqui, vê-se que, no bate-boca entre Joel e Ronaldinho Gaúcho, Zinho agiu com autoridade e imparcialidade, apontando os erros de cada um no episódio e demonstrando quem estava em posição de hierarquia; diagnosticou os problemas do Departamento de Futebol e identificou outros em episódios recentes, tais como a infeliz entrevista de Joel Santana em tom choroso à Rede Globo, o estrelismo do menino Thomaz e outros jovens da geração vencedora da Copinha, que já se acham donos do clube; crítica e repreensão ao exagero de Joel às declarações (normais) de Ronaldinho Gaúcho após o jogo contra o Sport Recife; reconheceu que o time não está rendendo e precisa ser acertado; que treinador que perde o grupo é demitido, e deixou claro que jogadores serão cobrados a terem profissionalismo.

Como os amigos podem ver, uma visão transparente, precisa, firme e corajosa. Tudo o que o Departamento de Futebol precisa no momento, ao contrário de dirigentes que não entendem de futebol e desejam apenas arrotar poder e arrogância. Resta saber como Patrícia agirá na hora do "pega pra capar", a qual certamente virá. Então saberemos se o padrão do caos sistemático será quebrado ou as coisas no Departamento de Futebol do Flamengo degringolarão de vez, pois, convenhamos, queimar mais um ex-jogador na função significará estabelecer outro padrão dentro do caos sistematizado.

O Caos em Campo

Justiça seja feita, Joel Santana se encarrega de reproduzir o caos em campo adotando o mesmo esquema tático que há um ano e meio nada conquistou além de um campeonato estadual em 2011, ainda assim nos pênaltis. Além do já debatido fato de irresponsavelmente não haver treinado o time no período de "recesso" entre a eliminação da Libertadores e do Estadual e a estreia no Brasileiro/2012, Joel simplesmente se recusa a admitir o óbvio, o esquema que levou o Flamengo a obter os melhores resultados e ter as melhores atuações até aqui na temporada, com Ronaldinho Gaúcho escalado com dois atacantes a sua frente. Não há mais como discutir que Ronaldinho Gaúcho não rende como atacante. Atualmente, sua utilidade no futebol se resume a lançamentos, e lançamentos não podem ser feitos se ele está na posição de ser lançado. Óbvio ululante.

Sábado, contra o Internacional, o Flamengo repetiu erros do primeiro semestre, desta vez, ironicamente, com o "time cascudo" em campo. E agora Joel não poderá culpar a juventude da equipe, pois lá estavam  Leo Moura, González, Aírton, Kleberson, Ibson, Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love. Valha-me Deus, na verdade sobrou "casca"! Apesar disso, quis o destino que, tal como contra o Olímpia e o Emelec, o Flamengo tomasse dois gols em poucos minutos e tragicamente deixasse escapar uma vitória fácil. Desintegram-se as desculpas esfarrapadas de Joel Santana e ficam os mesmos defeitos do time, um quadro perigoso, sem dúvida.

Volantes em posição invertida (Kleberson na direita e Luiz Antônio na esquerda), ondem rendem menos; Vagner Love isolado, pois Ronaldinho Gaúcho não consegue jogar em velocidade no ataque; zaga exposta, apesar do número avassalador de volantes, e nenhum meia, nenhumzinho sequer. Percebe-se também que sequer foi treinada uma formação que solucionasse o problema crônico no setor direito defensivo, por onde o Flamengo levou dois gols, o que vem ocorrendo desde o ano passado, e, para piorar, Aírton contestou claramente, e dentro de campo, uma orientação de Joel, tendo por isso sido substituído, mais uma prova de que Joel não tem o elenco nas mãos, fato raro na sua carreira, mas que inviabiliza o sucesso do seu trabalho.

Zinho deve olhar com atenção a situação de Joel e sua falta de autoridade, inclusive moral, com o elenco, a qual foi perdida junto aos jogadores quando ele desperdiçou o tempo livre para treinar a equipe e ainda pediu reforços abertamente, cuja vinda condicionou publicamente o acerto da equipe. Os jogadores entenderam direitinho o recado e agora não fecharão com ele. Simples. A janela de transferências se aproxima e não faz sentido outorgar a um treinador que provavelmente não terá condições de se segurar no cargo até o final do campeonato o crucial papel de indicar as importantes contratações que precisam ser feitas.

Os defeitos táticos podem ser minimizados com treinos, mas não resolvem o problema técnico. O Flamengo hoje não tem lateral esquerdo nem um zagueiro decente. Na reserva do lateral direito titular, que já tem idade avançada, uma incógnita. O primeiro volante é o intempestivo e violento Aírton e seu reserva outra incógnita, o jovem Amaral. Os meias são o irregular Bottinelli e o jovem Camacho, e o ataque se resume a Vagner Love e aos jovens Negueba e Diego Maurício, os quais dão a impressão de que atualmente se importam mais com suas tranças do que com a profissão. O elenco, portanto, é heterogêneo e instável.

O ciclo do caos só será interrompido quando o Departamento de Futebol tiver uma filosofia clara, inclusive em relação ao perfil do treinador, que deve, primeiro, trabalhar, e, segundo, saber trabalhar com as características dos atletas que tem a disposição no elenco, dentre as quais o destrambelhamento da juventude, e com base nelas montar o esquema tático da equipe, e não impor um que contrarie a lógica e violente as características individuais dos jogadores, como faz Joel Santana, o artífice do caos rubro-negro em campo.

Bom dia e SRN a todos.

sábado, 26 de maio de 2012

Flamengo x Internacional



Campeonato Brasileiro/2012 - Série A - 2ª Rodada.


FLAMENGO - Paulo Victor; Leonardo Moura, González, Welinton e Magal; Aírton, Luiz Antônio, Kleberson e Ibson; Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love. Técnico - Joel Santana.


Internacional - Muriel, Nei, Rodrigo Moledo, Índio e Fabrício; Elton, Guiñazu, Josimar e Dátolo; Dagoberto e Gilberto. Técnico - Dorival Júnior.

Data, Local e Horário: Sábado, 26 de maio de 2012, as 18:30h, no Estádio Olímpico João Havelange, o "Engenhão", no Rio de Janeiro/RJ.

Arbitragem: André Luiz de Freitas Castro (GO), auxiliado por Fábio Pereira (TO) e Benedito Miranda (TO).

PULMÃO DA ARQUIBANCADA



Dir. Marcel Costa, Pedro Von Krüker de Freitas (Doc, 72 min, cor, HD, RJ, 2012)




Bom dia butequeiros e demais amigos anônimos, ao que tudo indica esse tema das TO's anda me perseguindo. Ou seria o contrário? 

Futebol e cinema pra mim são duas inegáveis paixões e 6a feira, lá pelas 17hs, fiquei sabendo que estava rolando o Cinefoot, um festival de cinema sobre futebol (http://www.cinefoot.org/).

Quando vi que, em sessão única, seria apresentado o documentário Pulmão da Arquibancada, filme sobre a Raça Rubro-Negra, decidi largar tudo e assistir nossa torcida e o Mengão na telona.

Raça Rubro-Negra em peso no evento, vários com a camisa da torcida, outros com o manto e eu pensando, putz, mandei mal, ocasião perfeita pra vir com a minha pólo do clube rs, mas não havia imaginado o cenário. 

Diretores/produtores do filme
Um dos pontos altos foi justamente esse cenário ou ambiente pré-exibição. Uma junção incrível da 7a arte com o esporte mais popular do planeta, representado por nós, rubro-negros, como se um bloco de torcedores fosse retirado da arquibancada e colocado diretamente no Unibanco Artplex de Botafogo (agora chamado de Espaço Itaú de Cinema). Maneiríssimo. Melhor que isso só cantar dentro da sala escura o hino do CRF, puxado pelo grandão do meio da foto.

O documentário, muito bem filmado, evidentemente é uma ode à Raça, relata a paixão de seus integrantes, seus sacrifícios, viagens e nos ensina que existe até mesmo a necessidade de se ter um diretor de faixas. A faixa é importante, demarca o território, finca bandeira, é procurada pelos jogadores. A festa não cai do céu, é linda, papel picado, bandeirões, mas nos bastidores é trabalhosa, desgastante, exige toda uma logística e, evidentemente, grande dedicação.

O filme, em alguns de seus melhores momentos, nos faz entrar no coração da torcida, nos coloca no meio da bateria, nos faz andar junto com os integrantes na caminhada pro estádio e nos enfia no meio da multidão em festa, torcendo, pulando e cantando. Demonstra nossa força ao sair dos vagões dos trens e metrôs, lotando ônibus e calçadas. Somos muitos, somos milhares, há um de nós em cada lugar e, assim, somos invencíveis.

Os depoimentos de quem esteve do outro lado, no campo, são deliciosos de escutar. Zico, Junior, Nunes, Adílio, Andrade, Rondinelli, Uri Geller, dentre outros, relatam a energia, a interação, a importância, a injeção de ânimo e a força sobrenatural que a torcida, que a Raça lhes dava, assim como o temor que causava nos adversários. Uma rara e perfeita simbiose. Confesso que em alguns momentos me perguntei onde isso foi parar. E, desde sempre, ao ouvir os jogadores da década de oitenta, não consigo evitar o pensamento, esses sim eram e são HOMENS com H maiúsculo, neles sim podíamos confiar. Ainda hoje me transmitem orgulho, confiança, honradez, sabem SER FLAMENGO.

Pra nos acalentar o coração diante dessa falta, só mesmo o autor do gol do hexa, Ronaldo Angelim, o inesquecível 'Magro de Aço', exemplo de humildade e de ser humano. Salva de palmas emocionante na platéia.

Outro ponto interessante a destacar é que, embora de forma superficial, o documentário não se omite em relação à problemática da violência nas torcidas. Digno de nota o simples uso do recurso musical, que foi capaz de remeter a platéia a um ambiente de pura tensão. 

Durante o documentário é fácil ir se apaixonando pela Raça, pensamentos como a Raça é o máximo, o sentimento de admiração, tudo isso vem a tona. O incentivo, as músicas, a bateria, a vontade de cantar e torcer junto. A frase em forma de canto "O Maior Movimento de Torcidas do Brasil" não sai da cabeça, parece um dançarino sedutor rodeando, olhando, cercando e te tirando pra dançar.

Porém, é o próprio fundador ou um dos fundadores da Raça Rubro-Negra, Cláudio Cruz, quem nos faz o mais importante alerta. A torcida organizada, por mais importante que seja, é um acessório do Flamengo. O Flamengo é o principal e não pode ocupar o papel de coadjuvante. O foco é e sempre deve ser o Flamengo.

A partir dessa ideia-base, desse princípio, dessa cláusula pétrea, é que insisto no tema do meu último post (http://www.butecodoflamengo.com/2012/05/torre-de-babel-rubro-negra.html). Nossa força está na união. E é o Flamengo que está em jogo.


Que venha a vitória contra o Saci mais tarde!
Excelente re-estreia pro marroquino!



sexta-feira, 25 de maio de 2012

O que fazer com Ronaldinho Gaúcho?

Essa, meus amigos, é a pergunta que não sai da cabeça de 9 em cada 10 rubro-negros. Independente da corrente política, do nível de participação e envolvimento com o clube e o time, cada torcedor hoje se questiona sobre possíveis formas de dar fim a uma parceria que tinha um enorme potencial de sucesso, quase tão grande quanto o de fracassar. E - na opinião deste colunista - fracassou, por diversos motivos.

Desde a interminável novela de sua contratação, a relação entre Ronaldinho e o Flamengo sempre foi obscura, tendo seu vínculo com o clube ficado registrado em um memorando de intenções durante mais de um ano. Sabe-se que a contratação foi avalizada por uma empresa parceira e que o acordo envolvia outros ativos e programas do clube como o patrocínio master do uniforme e o programa sócio-torcedor, mas nunca ficaram claros os termos negociados. Após a saída da parceira e da assinatura do contrato, o clube assumiu a responsabilidade de pagar um salário da ordem de 1,25 milhão de reais, sabidamente além de sua capacidade financeira. Assim, colocou-se em situação de extremo risco e tentando acordar com o jogador que pagaria assim que conseguisse um contrato de patrocínio master, algo que a gestão patrícia amorim foi incapaz de conseguir sozinha até hoje.

A consequência óbvia e natural é que Ronaldinho está sem receber há meses, sem nenhuma perspectiva de pagamento e o clube segue enrolando e pedindo paciência ao seu irmão e empresário. Essa semana, Assis chutou o balde e protagonizou uma cena vergonhosa na loja do clube, levando inclusive o nome da patrocinadora (e maior parceira do clube há 3 anos) para dentro de um escândalo absolutamente inacreditável. Mais inacreditável e digna de repúdio (senão punição pelo estatuto do clube!!!) foi a atitude do vice-presidente de finanças que ao invés de chamar a segurança e a polícia para retirar o irmão de Ronaldinho da loja, liberou a retirada de produtos da loja sem pagamento, contrariando a determinação da olympikus, fazendo uso da "cota da diretoria". Um absurdo sob todos os aspectos, caso de polícia e inacreditavelmente sem maiores consequências nem para Assis e muito menos para o dito vice-presidente do clube.

Situações como essa contribuem para a desestabilização completa do ambiente do time, que tem em Ronaldinho um foco de oposição ao treinador, que a cada dia balança mais no cargo e já não tem nenhuma convicção em suas escolhas e em seu trabalho, constantemente minado pelos jogadores. Ocorre que na situação atual, o dentuço é mais que um peso morto, um problema tático já que faz com que o time jogue não apenas com um jogador a menos, mas com um jogador que é referência para o time, mas incapaz de dar sequência a uma jogada que passa por seus pés. A solução mais simples, a barração do craque, foi admitida pelo diretor técnico, mas imediatamente desconsiderada pelo treinador que tenta se agarrar desesperadamente ao cargo.

Sem conseguir dinheiro para pagá-lo o Flamengo sabe que não tem como cobrar um comportamento profissional do jogador, que pode acionar o clube na justiça a qualquer momento cobrando uma multa que poderia levar o clube a falência. A solução estudada é levar o time a excursionar pelo mundo como um circo mambembe arrecadando dinheiro com exibições do próprio Ronaldinho para poder pagá-lo e aproveitando a exposição, tentar negociá-lo o mais rápido possível.

Até o momento, o único amistoso divulgado deverá acontecer no Piauí, contra uma selção local, em mais um período de recesso por conta dos jogos da seleção. Ou seja, no momento em que precisa desesperadamente de uma solução criativa para resolver um problema, o Flamengo aposta todas as suas fichas no seu departamento de marketing. O mesmo que em 30 meses da gestão atual não conseguiu fechar sequer um mês de patrocínio master nem lançar nenhuma campanha aproveitando o apelo de um jogador de renome mundial.

Alguém acredita que isso vai acabar bem?

abs e SRN

quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Flamengo cansa a sua torcida



O Flamengo desenvolveu a vocação para o erro. Quem aposta que vai dar errado joga sempre com grande probabilidade de acerto em cheio, pleno, na mosca, seis pontos cravados na mega-sena da virada do ano e com direito adquirido a entrar na divisão dos 200 milhões de reais do rateio, sob os acordes dos fogos do reveillón. Num hipotético Cassino da Gávea, muitos quebrariam a banca rubro-negra, que iria virar pó para fazer companhia aos milhões de dolares aplicados na Bolsa de Nova Iorque, no crash de 1929.

Depois do recesso forçado, o time da casa voltou para a vida útil do futebol, na primeira rodada do Brasileirão, jogando muito pior do que quando se recolheu após o jogo contra o Lanús, quando disse adeus à Libertadores. Praticamente um mês de reflexões e preparativos físicos e táticos fizeram mal ao time, que já não era lá grandes coisas sob o comando do treinador Joel Santana, técnico de futebol que se constitui num pesadelo da torcida desorganizada, sendo uma unanimidade negativa entre 10 em cada 10 torcedores, que desejam vê-lo pelas costas o mais rápido possível. E para sempre, numa ida de mais um que jamais deveria ter vindo.

O manda-chuva Ronaldinho Gaúcho não gostou e reclamou, com razão, para quem quisesse ouvir, que estava tudo errado dentro de campo, do meio para a frente, até a óbvia entrada do atacante Deivid, o que proporcionou melhor distribuição do time com consequente melhoria ofensiva, fato que levou o Flamengo ao gol de empate contra o Sport. Evidentemente, o treineiro de plantão que já havia manifestado contrariedade com a escassez dos dias oferecidos para uma preparação adequada e pela sua obtusa ótica apenas na quarta ou quinta rodada o time vai render o que dele se espera, não gostou da intromissão do Dentuço. "A tática é comigo!", bradou, tornando a querela uma discussão sobre o sexo dos anjos, pois há que se perguntar: "Que tática, cara pálida?". O time é um bando desorganizado, da defesa ao ataque, mais parecendo um grupo de amigos que se encontram numa manhã de domingo para a tradicional pelada de casados x solteiros, valendo caixas de cervejas no buteco da esquina. Este é o resultado de 28 dias de trabalho. É risível mas é verdade. 

Para não passar a coluna sem citar a amiga Sorte, o Flamengo ainda contou com a incompetência do incrível zaqueiro Weliton, que perdeu um "gol contra feito" (neologismo!!!), mandando a bola no travessão na agonia da última volta dos ponteiros do relógio.

Apesar dos pesares, como torcedor, continuo acreditando que o clube tem um elenco que se encaixa dentro do bolo formado pelos cinco ou seis melhores do país, principalmente agora com a apresentação do volante Íbson, que pode permitir uma boa e eficiente formação com quatro jogadores no meio e dois atacantes, tendo o plantonista à disposição para tal jogadores como Kléberson, Muralha, o próprio Íbson, Luís Antônio e Ronaldinho para a zona de pensamento e Vágner Love, Deivid e Diego Maurício para o ataque. É um bom grupo de jogadores, nada desprezível, que atua justamente na zona ponderada pelo Gaúcho. E o que fará o treineiro incapaz de oferecer uma contribuição ao futebol em mais de 30 anos de estrada? 

Antes do jogo de estreia, eu esperava que esse problema de arrumação estivesse resolvido, mesmo sem a presença do Íbson, e o Flamengo faria uma grande partida inaugural, mas me deparei com mais do mesmo novamente, como se apreciasse o trabalho de uma bonita, porém entediosa rosca sem fim. Uma situação lamentável do time refletindo a fragilidade organizacional do clube, talvez uma instituição das mais desorganizadas do mundo do futebol, beirando o limite do amadorismo inconsequente. Logo após o início dos "28 dias", foi anunciado que a primeira semana seria dedicada à preparação física e na última, antes do início do Campeonato Brasileiro, o elenco seguiria para a Granja Comary, em Teresópolis, até que ventilaram que os dirigentes estavam estudando a possibilidade de o clube realizar um amistoso no Piauí, na quarta-feira passada o que, felizmente, não ocorreu. E mais uma pergunta se impõe: O que fizeram com a "planejada" preparação na Granja Comary? 

Como se vê, estamos diante de uma barafunda ilimitada, onde quem dá as ordens é a desordem, a rainha da Gávea.

SRN!





terça-feira, 22 de maio de 2012

Impaciência e Átomos



Desânimo máster pelo mau futebol apresentado no ultimo sábado. Um clube totalmente desorganizado, mas em um certa ordem inexplicável. O Flamengo simplesmente é! Uma constação, que nunca significará que não possa melhorar, e pode, deve. Estive pensando em Marcelo Glaser, nosso físico mais brilhante, muito longe do futebol, pensando em física mesmo, como conhecimento, diversão, já que tive aversão a física “nos papéis”, não atoa “fugi” das ciências naturais, só entendendo a relação diretíssima na universidade. Pois bem, gosto de documentários sobre física e universo, e ontem, coincidentemente com o fato de estar com uma vontade zero de escrever sobre o Flamengo, me deparei com um artigo do cientista sobre futebol. Leia abaixo:

Artigo de Marcelo Gleiser, Professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro A Harmonia do Mundo.
Outro dia, um amigo me fez uma pergunta aparentemente ingênua sobre o elétron. Como toda boa pergunta, por trás dela escondem-se grandes revelações. No caso, as ideias da física do século 20 que revolucionaram nossa concepção da matéria, lançando a sociedade na era atômica e digital. "Marcelo, se o elétron tem carga elétrica negativa, o próton positiva e cargas opostas se atraem, por que os elétrons nos átomos giram em torno dos prótons sem cair? O que os segura"?
A pergunta é inspirada pelo modelo do átomo como sendo uma espécie de minissistema solar, com os elétrons girando em torno do núcleo como os planetas em torno do Sol. No caso dos planetas, a força responsável é a gravidade. Por que os planetas não caem sobre o Sol? A explicação é bem diferente da dos átomos.
Em vez de planetas girando em torno do Sol, vamos usar um exemplo mais palpável, uma pedra atraída pela Terra. Se soltarmos a pedra de certa altura, ela cai na vertical em direção ao centro da Terra. Se atirarmos a pedra na horizontal, ela já não cai mais na vertical, mas descreve uma curva parabólica. Quanto maior a velocidade da pedra na horizontal, mais longa a curva e mais longe ela cai.
Um satélite em órbita em torno da Terra é como essa pedra; só que viajando a uma velocidade tão alta que continua sempre caindo, sem tocar no chão. Os planetas também são satélites "caindo" sobre o Sol. E por que não caem de vez? Por que no espaço não tem ar e, portanto, não tem atrito. “Ah, então é isso? Os elétrons giram sem cair em torno do núcleo atômico porque não existe atrito no átomo?" perguntou meu amigo. Infelizmente não é tão simples.
A força elétrica é bem diferente da gravitacional. Quando uma carga gira em torno de outra, ela emite radiação e perde energia. Aos poucos, o elétron cairia sobre o núcleo com certeza. Essa é a conclusão à qual chegaríamos se usássemos a física do século 19 para descrever os átomos: segundo ela, os átomos não podem existir! A solução foi criar uma nova física, obedecida por objetos de dimensões atômicas. O mundo do muito pequeno obedece à leis muito diferentes das nossas.
Onde começar? Em 1913, Niels Bohr propôs a primeira extensão do modelo do átomo além de um minissistema solar. Afirmou que o elétron não cai no núcleo porque não pode: suas órbitas são como degraus de uma escada. Podemos estar em um ou outro mas não entre dois. Imagine então o átomo como uma espécie de um minúsculo Maracanã. O núcleo fica no centro do gramado. Os elétrons podem correr em torno dos degraus da arquibancada. De vez em quando, pulam de um degrau a outro. Se vão para cima usam energia, para baixo, liberam energia. Porém, os elétrons jamais podem sair da arquibancada invadir o campo. Bohr não explicou o porquê da proibição. Mas o modelo funcionou bem o suficiente para que ficasse claro que ele tinha elementos da explicação final.
Em 1925, foi proposto que o elétron não fosse uma simples bolinha de bilhar. Objetos de dimensões atômicas não podem ser descritos com imagens do nosso dia-a-dia. Não sabemos o que o elétron é. Apenas como se comporta, o que já é suficiente. E seu comportamento obedece ao princípio da incerteza, que diz que não podemos medir sua posição e velocidade com precisão arbitrária. Ou seja, se acharmos que o elétron está pertinho do núcleo, já não está mais. Sua posição sempre vai ser incerta, numa espécie de vibração incessante.
Feito uma partida de futebol; como vimos na Copa do Mundo passada, essa coisa de ser favorito é muito incerta também.

O Flamengo é como o o átomo, descrito por Glaser, que falava sobre as possibilidades do imponderável em uma copa do mundo. Que a torcida, que nunca chegará ao núcleo, ao menos esteja presente e incessantemente vibrante, mas para isso o núcleo vai ter que se comportar como tal e organizar o todo, porque do jeito que está, com esse disse me disse e o futebolzinho do campo, vejo dias de big-bang, até porque há mais irracionalidade do que outra coisa no Flamengo, irracionalidade esta, centenária, mas que não se sustenta nos dias atuais. Precisamos de estrutura em todos os níveis, precisamos de um Flamengo melhor, maior!

Ubique, Flamengo!
Somos Flamengo, Vamos Flamengo!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Antes Que Seja Tarde Demais

Buongiorno, Buteco! A torcida do Flamengo inicia a semana despertada de volta para a dura realidade, evidenciada pela "exibição" da equipe na estreia do Campeonato Brasileiro/2012 contra o Sport Recife, na Ilha do Retiro, no último sábado, claro que não pelo resultado em si, mas pela anormal fraqueza do adversário que enfrentamos, o qual, no momento, é candidatíssimo ao rebaixamento, tamanha a falta de qualidade técnica e tática de sua equipe. Pois essa equipe dominou o Flamengo durante boa parte do jogo, coincidentemente o período em que o treinador Joel Santana colocou em campo o time com o esquema e o perfil mais próximos do que pretende implantar ao longo do campeonato: um time repleto de volantes e com o Ronaldinho Gaúcho ao lado de Vagner Love no ataque. Em ação, vimos um time que confirmou a previsão feita aqui mesmo nessa coluna há algumas semanas atrás: lento, previsível e facilmente dominado por um adversário menos técnico, porém com jogadores mais jovens e aplicados taticamente. Foi apenas uma partida, mas o bastante para constatarmos que, tal como em 2010, durante o período da Copa do Mundo, o Flamengo perdeu tempo precioso para fazer uma segunda pré-temporada e corrigir erros táticos do primeiro semestre.

O que se pode fazer agora? Penso que há um limite para se cometer erros sem causar prejuízos irreversíveis ao time. E receio que esses limites tenham sido ultrapassados pela Diretoria e pelas Comissões Técnicas do Flamengo nesse ano, a ponto de começar a temer por um rebaixamento. Lembro a quem porventura pense que eu estou exagerando que o Flamengo é um clube dado a extremos. Em 2001 o time que tinha Júlio César, Juan (zagueiro), Beto, Petkovic, Edilson, Reinaldo (ainda em boa fase) e Adriano (este no banco) lutou arduamente contra o rebaixamento, tudo porque a balbúrdia era tamanha, com salários atrasados e a mais completa e absoluta falta de autoridade da Diretoria sobre o elenco, que as coisas fugiram do controle, tendo o Flamengo precisado de um gol salvador de Roma para não ser rebaixado para a Série B. As semelhanças, que não param em pessoas que apoiavam ou trabalhavam na Diretoria de então e na atual, alcançam até uma eliminação precoce na fase de grupos da Taça Libertadores da América no ano seguinte, em 2002, vexatória como a desse ano, valendo lembrar que, em 2001, o time teve um primeiro semestre vitorioso, com Estadual e Copa dos Campeões (esta com triunfos memoráveis sobre Cruzeiro e São Paulo), ao contrário desse ano.

Acho que ainda há tempo para arrumar a casa e ter um final de ano digno, com o clube figurando entre os dez primeiros do campeonato, quem sabe até sonhando com uma vaga na Libertadores da América, desde que medidas drásticas e talvez impopulares sejam tomadas imediatamente, aproveitando-se algumas oportunidades que o clube terá daqui a algumas semanas. Tais medidas visariam restaurar a moralidade e a autoridade do Departamento de Futebol, e ainda viabilizar a formação de um time minimamente competitivo, ambas situações que, para mim, hoje não existem no Flamengo. Eis as minhas sugestões:

1) Ronaldinho Gaúcho: o Flamengo tem uma oportunidade de ouro para se livrar do sujeito, que é a abertura da janela para transferências internacionais. Para mim está muito claro, com base nos últimos acontecimentos, que a relação entre jogador e Diretoria alcançou um desgaste irrecuperável: o atleta não respeita mais o clube nem seus Diretores, que por sua vez não têm qualquer autoridade moral para se impor como seus empregadores e superiores hierárquicos. Como se isso não bastasse, o atleta, contratado para ser um parceiro do Flamengo, é exatamente o oposto: comporta-se como um boêmio cafajeste, pouco se importando com a imagem do clube e com o prejuízo que sua conduta gera para a captação de patrocinadores, exatamente quem poderia pagar os seus salários, hoje novamente atrasados. Seu desempenho em campo é pífio e ridículo, dificultando sua adaptação a qualquer esquema tático, e nada, absolutamente nada indica que ele sequer cogite mudar seu comportamento e se comprometer com a melhoria do seu futebol e com o clube e sua torcida.

Patrícia Amorim deveria entender que corre enorme risco de afundar como o Titanic, junto com sua estrela, e admitir que não tem condições de bancá-la. A saída de Ronaldinho Gaúcho do Flamengo é a premissa básica para qualquer mudança. Com ele tudo continuará como é hoje.

2) Joel Santana: para mim, um "problemaço". Deficiências no elenco do Flamengo todos sabemos que há; problemas extra-campo por decorrência do comportamento boêmio de Ronaldinho Gaúcho e seus reflexos no elenco também; mas nem por isso o treinador com 30 (trinta) anos de profissão, ou seja, três décadas de experiência como treinador, fora o tempo de carreira como atleta profissional, tem o direito de, tendo um time com sérios problemas táticos dentro de campo, deixar de treiná-lo durante a maior parte de um período de inatividade de 28 (vinte e oito) dias, e ainda por cima conceder entrevistas televisivas em tom choroso, fazendo-se de vítima, tentando transferir uma responsabilidade que é sua, e de mais ninguém, para terceiros, atribuindo-lhes falta de empenho. Todas as limitações que alguns setores do elenco possuem poderiam ser amenizadas com intensivos treinamentos técnicos e táticos dados por um treinador responsável e minimamente zeloso com a situação do time que dirige.

Não, não prego a sua demissão porque tenho alguma noção da precária situação financeira do clube, que não pode arcar com duas multas rescisórias (Vanderlei Luxemburgo e Joel Santana) simultaneamente ou no mesmo ano; contudo, entendo que seja o caso de intervenção. É inadmissível que o Flamengo continue a ser escalado de uma forma que não vem dando certo há mais de um ano e meio sem que a Diretoria tome uma atitude e intervenha no trabalho ineficiente, burocrático e omisso do treinador. O Flamengo do segundo tempo, pós-gol do Sport, com dois atacantes de ofício, deve ser imposto ao treinador como diretriz de trabalho fixada pela Diretoria, goste ele ou não, contrarie ou não esse esquema as suas convicções, porque essa é a única formação que permitirá ao time figurar entre os dez primeiros no campeonato e, assim, evitar uma indesejável gravitação em torno da temida ZR. Já a escalação que iniciou o jogo levará o Flamengo ao abismo. Por isso, o treinador não tem o direito de utilizá-la e, se insistir nesse erro, que se faça uma intervenção para evitar o pior.

3) Elenco e Janela de Transferências: É fundamental a contratação de dois zagueiros, um meia e de um atacante de bom nível. Só que essas contratações não podem ter o nível de Magal, Jorge Luiz e Amaral. O elenco do Flamengo está sendo formado com base em jogadores sem a menor condição de jogar a Série A do futebol brasileiro, quanto mais vestir o Manto Sagrado. A janela de transferências é um momento único o qual, acaso não aproveitado, gerará consequências severas para o futuro do clube no Campeonato Brasileiro/2012.

4) Profissionalismo e Competência: um binômio simples. Ninguém mais imporia escalação por nome, passado, valor do salário ou currículo, seja ele no Flamengo ou em outros clubes, Seleção Brasileira ou mesmo no exterior, e nem tampouco por influência de empresário ou com esquema de qualquer ordem. E ninguém imporia escalação também no grito. Deu pra entender, né?

Ainda é possível reverter esse quadro, muito provavelmente não para a conquista do título, mas ao menos para terminar o campeonato dignamente; porém, o momento exige atitudes corajosas e até drásticas.

Antes que seja tarde demais.

Como sabemos que no Flamengo as decisões são tomadas em ritmo lento, só nos resta rezar.

Bom dia e SRN a todos.

sábado, 19 de maio de 2012

Sport Recife x Flamengo



Sport -  Magrão, Bruno Aguiar, Edcarlos e Tobi; Moacir, Rithely, Naldinho, Thiaguinho e Rivaldo; Marquinhos Gabriel e Felipe Azevedo. Técnico - Gustavo Bueno (Interino).

FLAMENGO - Paulo Victor; Leonardo Moura, González, Welinton e Magal; Rômulo, Luiz Antônio, Kleberson e Bottinelli; Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love. Técnico - Joel Santana.

Data, Local e Horário: Sábado, 19 de maio de 2012, as 18:30h, no Estádio Adelmar da Costa Carvalho, a "Ilha do Retiro", em Recife/PE.

Arbitragem: Paulo César Oliveira (FIFA - SP), auxiliado por Marcelo Carvalho Van Gasse (FIFA - SP) e Vicente Romano Neto (SP).

E para comemorar a saída da longa e tenebrosa inatividade:




sexta-feira, 18 de maio de 2012

Remando para o mesmo lado




Encerrado o desagradável período sabático rubro-negro, se inicia neste fim de semana o campeonato brasileiro de 2012. O Flamengo teve 28 dias para juntar os cacos pelas ridículas participações no estadual e na Libertadores, reavaliar o elenco, treinar e reforçar o time. Mais, teve uma raríssima - e indesejada - oportunidade de recomeçar o trabalho do zero, como se o ano estivesse começando de novo permitindo uma reorganização mais ampla, envolvendo todo o departamento de futebol. E como de costume, a diretoria do clube jogou essa chance no lixo deixando de reforçar o elenco nas posições mais carentes e conseguindo fechar a contratação um diretor de futebol faltando apenas uma semana para o reinício da temporada.

Mas o campeonato começa amanhã e é hora de vermos o que Joel, Ronaldinho e cia serão capazes de fazer. Ainda que, historicamente, quase todas as previsões sobre o desempenho das equipes se mostre furada antes do início da disputa, o Flamengo não figura em nenhuma lista de favoritos mas também não está cotado para brigar contra o rebaixamento - a não ser entre os torcedores mais críticos. Como já comentei aqui antes, creio que o elenco está na média dos times brasileiros e o problema principal se resume a formação de um time, que é muito mais do que um conjunto de onze caras que usam a mesma camisa.

Um time, em qualquer área, é um grupo coordenado executando funções complementares para atingir um objetivo comum. E já faz algum tempo que isso não parece acontecer nem com o time do Flamengo em campo, seja com o Joel ou com Luxemburgo, nem com o departamento de futebol rubro-negro. Matérias nos portais esportivos mostram que a equipe de coordenação do departamento - VP de futebol, diretor e gerente - não vem falando a mesma língua e nem tem tido uma comunicação eficiente com os jogadores e a comissão técnica. Com isso, proliferam os focos de insatisfação, as picuinhas e as rivalidades internas, abrindo caminho para aqueles que se aproveitam do caos para aparecer ou obter ganhos as custas do clube e da paixão do torcedor, sempre chamado a responder nas arquibancadas para "salvar" o time.

O novo diretor de futebol assumiu semana passada com a função de fazer esse meio-de-campo e já se deparou com dirigentes se desautorizando a falar e jogadores e treinador fazendo cobranças via imprensa. Penso que o caminho mais seguro é adotar uma conduta clara e objetiva, tornando públicas as funções de cada peça do complicado sistema rubro-negro. Nesse sentido, Zinho começou muito bem, se dizendo responsável pelas escolhas, contrações ou descarte de jogadores, mas deixando ao vaidoso VP de finanças os holofotes para sacramentá-las, neutralizando um poderoso foco de oposição. É importante que demonstre a mesma habilidade para desarmar as outras minas que o esperam nesse caminho e que vitimaram seus antecessores. 

Se Zinho conseguir, como disse que tentaria fazer, se colocar entre a diretoria e os jogadores - com respaldo para tomar as decisões operacionais e resolver os problemas cotidianos - aumentam as chances de termos um segundo semestre minimamente tranquilo. O resto é com Joel Santana e seus comandados.

abs e SRN

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Vai começar a festa!


 Ilha do Retiro

Apesar da dupla predadora, Patrícia Amorim e Joel Santana, de todos os sonhos de sucesso do Flamengo no primeiro semestre deste ano, acredito num resultado favorável na estreia do clube no Brasileirão, sábado que vem, na Ilha do Retiro, contra o Sport, que volta de mais um período na  Segunda Divisão do Campeonato Nacional, da qual foi o legítimo Campeão em 1987, fato que ninguém pode negar o devido reconhecimento e subtrair-lhe os méritos. Somos testemunhas oculares desse importante evento da história do bravo Sport Clube de Recife!!!

Creio numa vitória, apesar também de o Flamengo não ter aproveitado eficazmente o período de férias forçadas a que foi submetido, transformando-o em proveitosa pré-temporada, como qualquer bambala da várzea faria, para sair na frente dos rivais desgastados com o envolvimento em acirradas partidas valendo pelos Estaduais e  Libertadores, o que não se constitui numa surpresa até para quem acompanha o clube uma vez por mês, olhando de longe ou através do noticiário no jornalzinho gratuito distribuido pelo metrô carioca, já que a bagunça é notória e corriqueira, caracterizando o status quo da (des)organização rubro-negra, onde o caos merece ser chamado intimamente por "você, meu amigo de fé, meu irmão camarada", numa alusão ao querido Rei, que para não ser perfeito torce pelo time que estampa um cinto de segurança na camisa.

Algum passante há de contra-argumentar que o Flamengo sempre foi assim, desde muito antes de eu respirar e me alimentar através da placenta quente e aconchegante na barriga da minha mãe, D. Lourdes, e desse jeito desastroso é o maior vencedor do Estado do Rio de Janeiro, do Estadual ao Mundial. Tudo bem, a conversa fica agradável, mas nos leva inevitavelmente à conclusão  no sentido de que é preciso mudar tudo isso, do presidente ao ponta-esquerda, como se falava quando Babá nos enchia de gols  e glórias jogando por aquele setor do campo, ao lado de Joel, Moacyr, Henrique e Dida, sendo este a referência do ídolo Zico. Abre parêntese: se Deus me escutar, o Galo será um futuro presidente do Flamengo, quando então, se ainda não tiver sido feito, o Departamento de Futebol será profissionalizado. Fecho o parêntese e retorno ao caos em vermelho e preto. Se o Flamengo caótico é o maior ganhador do estado, organizado será o maior vencedor do país e (por que não?) do mundo. Potencial latente existe, em estado puro, com grande percentual de virgindade para ser explorado por gente competente, que tenha em mente servir ao clube e não servir-se dele. 

Tocando a bola de novo para o Brasileirão prestes a iniciar-se, o adversário para começar os trabalhos está numa semana conturbada pela demissão do treinador Mazola em função da perda do Estadual para o Santa Cruz, substituído por Vágner Mancini, colega igualmente defenestrado do Cruzeiro após o Galo faturar o título em Minas Gerais, além de perder o craque eleito do Campeonato Pernambucano, Marcelinho Paraíba, para o Grêmio de Barueri. Como vemos, os adversários estão com a corda esticada no pescoço, problemas não faltam, com tudo favorável ao rubro-negro carioca para voltar de Recife com três pontos conquistados, desde que não se enrole em suas próprias contradições e incompetência, atue com seriedade e que, triste escrever isso, Joel Santana mais uma vez não atrapalhe.

Para finalizar, deixo minhas boas-vindas ao Zinho e que receba de presente uma bela vitória na estreia em suas novas funções. É isso aí, lugar dos bons rubro-negros é dentro do Flamengo (Não é mesmo, Zico?...).

SRN!