Essa, meus amigos, é a pergunta que não sai da cabeça de 9 em cada 10
rubro-negros. Independente da corrente política, do nível de
participação e envolvimento com o clube e o time, cada torcedor hoje se
questiona sobre possíveis formas de dar fim a uma parceria que tinha um
enorme potencial de sucesso, quase tão grande quanto o de fracassar. E -
na opinião deste colunista - fracassou, por diversos motivos.
Desde a interminável novela de sua contratação, a relação entre
Ronaldinho e o Flamengo sempre foi obscura, tendo seu vínculo com o
clube ficado registrado em um memorando de intenções durante mais de um
ano. Sabe-se que a contratação foi avalizada por uma empresa parceira e
que o acordo envolvia outros ativos e programas do clube como o
patrocínio master do uniforme e o programa sócio-torcedor, mas nunca
ficaram claros os termos negociados. Após a saída da parceira e da
assinatura do contrato, o clube assumiu a responsabilidade de pagar um
salário da ordem de 1,25 milhão de reais, sabidamente além de sua
capacidade financeira. Assim, colocou-se em situação de extremo risco e
tentando acordar com o jogador que pagaria assim que conseguisse um
contrato de patrocínio master, algo que a gestão patrícia amorim foi
incapaz de conseguir sozinha até hoje.
A consequência óbvia e natural é que Ronaldinho está sem receber há
meses, sem nenhuma perspectiva de pagamento e o clube segue enrolando e
pedindo paciência ao seu irmão e empresário. Essa semana, Assis chutou o
balde e protagonizou uma cena vergonhosa na loja do clube, levando
inclusive o nome da patrocinadora (e maior parceira do clube há 3 anos)
para dentro de um escândalo absolutamente inacreditável. Mais
inacreditável e digna de repúdio (senão punição pelo estatuto do
clube!!!) foi a atitude do vice-presidente de finanças que ao invés de
chamar a segurança e a polícia para retirar o irmão de Ronaldinho da
loja, liberou a retirada de produtos da loja sem pagamento, contrariando
a determinação da olympikus, fazendo uso da "cota da diretoria". Um
absurdo sob todos os aspectos, caso de polícia e inacreditavelmente sem
maiores consequências nem para Assis e muito menos para o dito
vice-presidente do clube.
Situações como essa contribuem para a desestabilização completa do
ambiente do time, que tem em Ronaldinho um foco de oposição ao
treinador, que a cada dia balança mais no cargo e já não tem nenhuma
convicção em suas escolhas e em seu trabalho, constantemente minado
pelos jogadores. Ocorre que na situação atual, o dentuço é mais que um
peso morto, um problema tático já que faz com que o time jogue não
apenas com um jogador a menos, mas com um jogador que é referência para o
time, mas incapaz de dar sequência a uma jogada que passa por seus pés.
A solução mais simples, a barração do craque, foi admitida pelo diretor
técnico, mas imediatamente desconsiderada pelo treinador que tenta se
agarrar desesperadamente ao cargo.
Sem conseguir dinheiro para pagá-lo o Flamengo sabe que não tem como
cobrar um comportamento profissional do jogador, que pode acionar o
clube na justiça a qualquer momento cobrando uma multa que poderia levar
o clube a falência. A solução estudada é levar o time a excursionar
pelo mundo como um circo mambembe arrecadando dinheiro com exibições do
próprio Ronaldinho para poder pagá-lo e aproveitando a exposição, tentar
negociá-lo o mais rápido possível.
Até o momento, o único amistoso divulgado deverá acontecer no Piauí,
contra uma selção local, em mais um período de recesso por conta dos
jogos da seleção. Ou seja, no momento em que precisa desesperadamente de
uma solução criativa para resolver um problema, o Flamengo aposta todas
as suas fichas no seu departamento de marketing. O mesmo que em 30
meses da gestão atual não conseguiu fechar sequer um mês de patrocínio
master nem lançar nenhuma campanha aproveitando o apelo de um jogador de
renome mundial.
Alguém acredita que isso vai acabar bem?
abs e SRN