quarta-feira, 23 de maio de 2012

O Flamengo cansa a sua torcida



O Flamengo desenvolveu a vocação para o erro. Quem aposta que vai dar errado joga sempre com grande probabilidade de acerto em cheio, pleno, na mosca, seis pontos cravados na mega-sena da virada do ano e com direito adquirido a entrar na divisão dos 200 milhões de reais do rateio, sob os acordes dos fogos do reveillón. Num hipotético Cassino da Gávea, muitos quebrariam a banca rubro-negra, que iria virar pó para fazer companhia aos milhões de dolares aplicados na Bolsa de Nova Iorque, no crash de 1929.

Depois do recesso forçado, o time da casa voltou para a vida útil do futebol, na primeira rodada do Brasileirão, jogando muito pior do que quando se recolheu após o jogo contra o Lanús, quando disse adeus à Libertadores. Praticamente um mês de reflexões e preparativos físicos e táticos fizeram mal ao time, que já não era lá grandes coisas sob o comando do treinador Joel Santana, técnico de futebol que se constitui num pesadelo da torcida desorganizada, sendo uma unanimidade negativa entre 10 em cada 10 torcedores, que desejam vê-lo pelas costas o mais rápido possível. E para sempre, numa ida de mais um que jamais deveria ter vindo.

O manda-chuva Ronaldinho Gaúcho não gostou e reclamou, com razão, para quem quisesse ouvir, que estava tudo errado dentro de campo, do meio para a frente, até a óbvia entrada do atacante Deivid, o que proporcionou melhor distribuição do time com consequente melhoria ofensiva, fato que levou o Flamengo ao gol de empate contra o Sport. Evidentemente, o treineiro de plantão que já havia manifestado contrariedade com a escassez dos dias oferecidos para uma preparação adequada e pela sua obtusa ótica apenas na quarta ou quinta rodada o time vai render o que dele se espera, não gostou da intromissão do Dentuço. "A tática é comigo!", bradou, tornando a querela uma discussão sobre o sexo dos anjos, pois há que se perguntar: "Que tática, cara pálida?". O time é um bando desorganizado, da defesa ao ataque, mais parecendo um grupo de amigos que se encontram numa manhã de domingo para a tradicional pelada de casados x solteiros, valendo caixas de cervejas no buteco da esquina. Este é o resultado de 28 dias de trabalho. É risível mas é verdade. 

Para não passar a coluna sem citar a amiga Sorte, o Flamengo ainda contou com a incompetência do incrível zaqueiro Weliton, que perdeu um "gol contra feito" (neologismo!!!), mandando a bola no travessão na agonia da última volta dos ponteiros do relógio.

Apesar dos pesares, como torcedor, continuo acreditando que o clube tem um elenco que se encaixa dentro do bolo formado pelos cinco ou seis melhores do país, principalmente agora com a apresentação do volante Íbson, que pode permitir uma boa e eficiente formação com quatro jogadores no meio e dois atacantes, tendo o plantonista à disposição para tal jogadores como Kléberson, Muralha, o próprio Íbson, Luís Antônio e Ronaldinho para a zona de pensamento e Vágner Love, Deivid e Diego Maurício para o ataque. É um bom grupo de jogadores, nada desprezível, que atua justamente na zona ponderada pelo Gaúcho. E o que fará o treineiro incapaz de oferecer uma contribuição ao futebol em mais de 30 anos de estrada? 

Antes do jogo de estreia, eu esperava que esse problema de arrumação estivesse resolvido, mesmo sem a presença do Íbson, e o Flamengo faria uma grande partida inaugural, mas me deparei com mais do mesmo novamente, como se apreciasse o trabalho de uma bonita, porém entediosa rosca sem fim. Uma situação lamentável do time refletindo a fragilidade organizacional do clube, talvez uma instituição das mais desorganizadas do mundo do futebol, beirando o limite do amadorismo inconsequente. Logo após o início dos "28 dias", foi anunciado que a primeira semana seria dedicada à preparação física e na última, antes do início do Campeonato Brasileiro, o elenco seguiria para a Granja Comary, em Teresópolis, até que ventilaram que os dirigentes estavam estudando a possibilidade de o clube realizar um amistoso no Piauí, na quarta-feira passada o que, felizmente, não ocorreu. E mais uma pergunta se impõe: O que fizeram com a "planejada" preparação na Granja Comary? 

Como se vê, estamos diante de uma barafunda ilimitada, onde quem dá as ordens é a desordem, a rainha da Gávea.

SRN!