Buongiorno, Buteco! Faça um pequeno esforço e volte no tempo dois anos. Lembra de como estava o Flamengo? Recuperando-se de uma eliminação em circunstâncias estranhas na Libertadores da América. No Departamento de Futebol buscava-se ordenar o completo caos, tendo ocorrido a troca de treinador em pleno curso da Libertadores; a maior estrela do time era protagonista dos noticiários por conta de suas investidas na noite carioca e o grupo, que tinha vários que estão no elenco hoje, inclusive um certo X-9 de identidade desconhecida, estava sem controle, e o time mal das pernas no Brasileiro. Muitas semelhanças com 2012? Por certo que sim! Troca de treinador após a classificação na Pré-Libertadores, eliminação na fase de grupos, elenco fora de controle, caos total no Departamento de Futebol e a estrela do time protagonizando notícias com seu desempenho fora de campo na noite carioca, bem mais comentado do que suas atuações em campo, além do time estar mal no Brasileiro. Fora a coincidência de protagonistas. Estamos diante de mera coincidência ou de um padrão?
Após dois anos e meio, podemos dizer que o retorno ao caos do início do primeiro ano do mandato de Patrícia Amorim, com riqueza e requintes na identidade de detalhes, caracteriza a propensão de sua gestão ao completo caos, ao menos no Departamento de Futebol. Estamos, amigos do Buteco, diante de um padrão: o padrão do caos. O que pode ser feito para quebrá-lo? A própria Patrícia Amorim admite que o futebol não é "a sua área" e, desde o início do seu mandato, tenta insistentemente encontrar alguém que possa colocar ordem no Departamento de Futebol e tocar o setor sem que ela precise se preocupar. Complicado: ela foi eleita para presidir, o que significa tomar decisões, ainda que impopulares, antipáticas e difíceis; mas, apesar disso, tem demonstrado sistemática preocupação em acomodar e fazer política, quase sempre em prejuízo da administração, nos momentos mais críticos. Por isso mesmo, qualquer que seja o seu escolhido para "tocar" o Departamento de Futebol esbarrará na politicagem de sua gestão, essa mesma politicagem que sistematicamente cria e fomenta o caos. Foi o que aconteceu com o maior ídolo da história do clube, Zico, num episódio lamentável e imperdoável.
Patrícia Amorim tem uma oportunidade de ouro para quebrar o padrão caótico sistematizado, impregnado desde o nascedouro de sua gestão: chama-se Zinho. Claro que com uma boa dose de sorte, pois a escolha acabou ocorrendo após a recusa de vários outros nomes de competência e compatibilidade com o clube duvidosas. E se ela tanto quer uma pessoa em quem possa confiar e mesmo delegar decisões difíceis, escolheu alguém com clarividência e preparo para a função, e que conhece a politicagem do clube, pois nasceu nele. Pelas diversas declarações que deu até aqui, vê-se que, no bate-boca entre Joel e Ronaldinho Gaúcho, Zinho agiu com autoridade e imparcialidade, apontando os erros de cada um no episódio e demonstrando quem estava em posição de hierarquia; diagnosticou os problemas do Departamento de Futebol e identificou outros em episódios recentes, tais como a infeliz entrevista de Joel Santana em tom choroso à Rede Globo, o estrelismo do menino Thomaz e outros jovens da geração vencedora da Copinha, que já se acham donos do clube; crítica e repreensão ao exagero de Joel às declarações (normais) de Ronaldinho Gaúcho após o jogo contra o Sport Recife; reconheceu que o time não está rendendo e precisa ser acertado; que treinador que perde o grupo é demitido, e deixou claro que jogadores serão cobrados a terem profissionalismo.
Como os amigos podem ver, uma visão transparente, precisa, firme e corajosa. Tudo o que o Departamento de Futebol precisa no momento, ao contrário de dirigentes que não entendem de futebol e desejam apenas arrotar poder e arrogância. Resta saber como Patrícia agirá na hora do "pega pra capar", a qual certamente virá. Então saberemos se o padrão do caos sistemático será quebrado ou as coisas no Departamento de Futebol do Flamengo degringolarão de vez, pois, convenhamos, queimar mais um ex-jogador na função significará estabelecer outro padrão dentro do caos sistematizado.
O Caos em Campo
Justiça seja feita, Joel Santana se encarrega de reproduzir o caos em campo adotando o mesmo esquema tático que há um ano e meio nada conquistou além de um campeonato estadual em 2011, ainda assim nos pênaltis. Além do já debatido fato de irresponsavelmente não haver treinado o time no período de "recesso" entre a eliminação da Libertadores e do Estadual e a estreia no Brasileiro/2012, Joel simplesmente se recusa a admitir o óbvio, o esquema que levou o Flamengo a obter os melhores resultados e ter as melhores atuações até aqui na temporada, com Ronaldinho Gaúcho escalado com dois atacantes a sua frente. Não há mais como discutir que Ronaldinho Gaúcho não rende como atacante. Atualmente, sua utilidade no futebol se resume a lançamentos, e lançamentos não podem ser feitos se ele está na posição de ser lançado. Óbvio ululante.
Justiça seja feita, Joel Santana se encarrega de reproduzir o caos em campo adotando o mesmo esquema tático que há um ano e meio nada conquistou além de um campeonato estadual em 2011, ainda assim nos pênaltis. Além do já debatido fato de irresponsavelmente não haver treinado o time no período de "recesso" entre a eliminação da Libertadores e do Estadual e a estreia no Brasileiro/2012, Joel simplesmente se recusa a admitir o óbvio, o esquema que levou o Flamengo a obter os melhores resultados e ter as melhores atuações até aqui na temporada, com Ronaldinho Gaúcho escalado com dois atacantes a sua frente. Não há mais como discutir que Ronaldinho Gaúcho não rende como atacante. Atualmente, sua utilidade no futebol se resume a lançamentos, e lançamentos não podem ser feitos se ele está na posição de ser lançado. Óbvio ululante.
Sábado, contra o Internacional, o Flamengo repetiu erros do primeiro semestre, desta vez, ironicamente, com o "time cascudo" em campo. E agora Joel não poderá culpar a juventude da equipe, pois lá estavam Leo Moura, González, Aírton, Kleberson, Ibson, Ronaldinho Gaúcho e Vagner Love. Valha-me Deus, na verdade sobrou "casca"! Apesar disso, quis o destino que, tal como contra o Olímpia e o Emelec, o Flamengo tomasse dois gols em poucos minutos e tragicamente deixasse escapar uma vitória fácil. Desintegram-se as desculpas esfarrapadas de Joel Santana e ficam os mesmos defeitos do time, um quadro perigoso, sem dúvida.
Volantes em posição invertida (Kleberson na direita e Luiz Antônio na esquerda), ondem rendem menos; Vagner Love isolado, pois Ronaldinho Gaúcho não consegue jogar em velocidade no ataque; zaga exposta, apesar do número avassalador de volantes, e nenhum meia, nenhumzinho sequer. Percebe-se também que sequer foi treinada uma formação que solucionasse o problema crônico no setor direito defensivo, por onde o Flamengo levou dois gols, o que vem ocorrendo desde o ano passado, e, para piorar, Aírton contestou claramente, e dentro de campo, uma orientação de Joel, tendo por isso sido substituído, mais uma prova de que Joel não tem o elenco nas mãos, fato raro na sua carreira, mas que inviabiliza o sucesso do seu trabalho.
Zinho deve olhar com atenção a situação de Joel e sua falta de autoridade, inclusive moral, com o elenco, a qual foi perdida junto aos jogadores quando ele desperdiçou o tempo livre para treinar a equipe e ainda pediu reforços abertamente, cuja vinda condicionou publicamente o acerto da equipe. Os jogadores entenderam direitinho o recado e agora não fecharão com ele. Simples. A janela de transferências se aproxima e não faz sentido outorgar a um treinador que provavelmente não terá condições de se segurar no cargo até o final do campeonato o crucial papel de indicar as importantes contratações que precisam ser feitas.
Os defeitos táticos podem ser minimizados com treinos, mas não resolvem o problema técnico. O Flamengo hoje não tem lateral esquerdo nem um zagueiro decente. Na reserva do lateral direito titular, que já tem idade avançada, uma incógnita. O primeiro volante é o intempestivo e violento Aírton e seu reserva outra incógnita, o jovem Amaral. Os meias são o irregular Bottinelli e o jovem Camacho, e o ataque se resume a Vagner Love e aos jovens Negueba e Diego Maurício, os quais dão a impressão de que atualmente se importam mais com suas tranças do que com a profissão. O elenco, portanto, é heterogêneo e instável.
O ciclo do caos só será interrompido quando o Departamento de Futebol tiver uma filosofia clara, inclusive em relação ao perfil do treinador, que deve, primeiro, trabalhar, e, segundo, saber trabalhar com as características dos atletas que tem a disposição no elenco, dentre as quais o destrambelhamento da juventude, e com base nelas montar o esquema tático da equipe, e não impor um que contrarie a lógica e violente as características individuais dos jogadores, como faz Joel Santana, o artífice do caos rubro-negro em campo.
Bom dia e SRN a todos.