Salve, Buteco! Aviso desde logo que esse post terá duas partes e uma continuidade amanhã, num outro formato. Contudo, e como hoje fazem 43 anos do título mundial conquistado em 1981, resolvi homenagear aquele que considero o maior e melhor Flamengo de toda a sua História, colocando-o justamente neste patamar.
Um time mágico, formado em sua ampla maioria por jogadores formados nas divisões de base do clube. Tempos para mim saudosos, nos quais a maioria dos jogadores atuavam no país, ou seja, as transferências para o exterior eram raras e excepcionais.
Portanto, o feito de conquistar o mundo com um time praticamente formado apenas por "pratas-da-casa" torna o título de 1981 muito especial e provavelmente inigualável num horizonte de até mesmo longo prazo.
Por isso mesmo, o time de 1981 é o que mais gostei até hoje. Percebam que é diferente de ser o melhor, muito embora, no caso de 1981, haja essa coincidência. Falo de uma questão de afinidade mesmo. Aquele com o qual mais me envolvi. Um time que despertava em mim e em milhões de outros torcedores a vontade genuína de acompanhá-lo diariamente, a cada passo, torcendo muito pelas vitórias e conquistas.
1981 foi Zico e Júnior como heróis de infância; foi assistir ao despertar de Leandro como cracaço de bola; Andrade, Adílio e Tita desfilando categoria como os melhores coadjuvantes que já vi. Foi o mundo se encantando e reverenciando um dos melhores times da História do Futebol.
1981 é a essência do orgulho rubro-negro. Feliz foi e é quem o viveu.
Bem, partindo dessa premissa, qual seja, 1981 no topo, qual seria o meu Top 5 de times do Flamengo dos quais mais gostei?
Ressaltando que é uma avaliação puramente subjetiva, por envolver afinidade, antes de tudo, vou tentar fazer o ranking dentre os que vi nos meus 55 anos de vida.
Em segundo lugar vem o time de 2019. Não é "apenas" pela grandiosidade das conquistas da Libertadores e do Brasileiro, nas circunstâncias em que ocorreram - no primeiro caso, de maneira épica, coroando uma campanha contra grandes ex-campeões; no segundo, pela campanha histórica e acachapantemente superior as dos adversários.
2019 envolve, também, ligação com o Mister Jorge Jesus, treinador que talvez tenha sido o que melhor conseguiu canalizar a essência rubro-negra, pelo menos na forma que a sinto e enxergo: o Flamengo e a competitividade em primeiro lugar; seriedade; respeito com a torcida; dedicação total para alcançar as metas mais altas.
2019 dava vontade de acompanhar cada instante do dia-a-dia daquele time; fazia a gente sonhar com muitos anos daquele futebol tática e individualmente mágico, como se fosse possível eternizá-lo. Dava vontade de esquecer todo o resto.
2019 foi a dieta restritiva e a máxima concentração do Gabigol; a explosão e a pujança do Bruno Henrique, e a magia do Arrascaeta; os laterais que lembravam o futebol de antigamente, pela exuberante qualidade técnica; o Mago da Camisa 7, que dava equilíbrio ao time.
2019 ficará para sempre em nossos corações.
O terceiro lugar da minha lista vem justamente para quebrar a impressão de que o "gostar" está vinculado necessariamente às maiores conquistas. É bom lembrar que eram outros tempos, nos quais, como já disse, era raro jogadores brasileiros atuarem no exterior e o futebol era bem menos "financeiro", com muito menos competições e jogos oficiais.
1979 é o Flamengo, em 82 jogos, marcando 205 gols e sofrendo apenas 60, acumulando um saldo de 144 gols. Impressionados? Pois saibam que foi o ano no qual a FERJ precisou criar um segundo Campeonato Carioca para preencher as datas até o início do Campeonato Brasileiro, que viria a ser disputado no segundo semestre, porque o Flamengo conquistou avassaladoramente o primeiro - todos os turnos, evitando a realização das finais.
1979 foi o ano dos 5x1 no Atlético Mineiro com Pelé jogando com o número 10 do Manto Sagrado, cedido por Zico, em reverência ao Rei. um jogo que marcou a História e, segundo o falecido cronista atleticano Roberto Drummond, o início da neurose do Galo com o Flamengo.
Tempos da coleção de figurinhas dos jogadores, as quais vinham como brindes na compra do chicletão de tutti-frutti.
Em 1979 Zico marcou 81 gols em 71 jogos, formando com Cláudio Adão (47 gols) uma das melhores duplas que o Mais Querido já teve. 1979 foi, também, um ano do máximo brilho do capitão Cláudio Coutinho, um dos maiores treinadores que já passaram pelo clube.
Tudo caminhava para a conquista do Campeonato Brasileiro, porém uma trágica eliminação para o Palmeiras de Telê Santana, no Maracanã (1x4), mudou o curso da História. Mas essa já é outra estória, a ser contada oportunamente.
O time de 1979 foi um dos que mais me fez vibrar como torcedor do Flamengo.
Já escrevi sobre esse time de 1987 no post Memórias de Um Jovem de 18 Anos, publicado lá atrás, em 24 de fevereiro de 2011:
E o que dizer do gol de Renato?
Por isso mesmo, como homenagem final, lembro que o elenco de 1987 foi base da seleção brasileira em Copas do Mundo que se seguiram: Zé Carlos (reserva na Copa/1990), Jorginho (titular na Copa/94), Aldair (titular na Copa/94), Leonardo (começou titular na Copa/94), Zinho (titular na Copa/1994), Renato Gaúcho (Copa/1990) e Bebeto (Copa/90, titular Copa/94 e titular Copa/98). O time tinha ainda Leandro (Copa/82), Edinho (Copas/78, 82 e 86) e Zico (Copas 78, 82 e 86).
Uma verdadeira seleção, portanto.
1987 é mais um time histórico a ser homenageado neste 13 de dezembro.
Confesso que talvez goste mais do que o time de 2009 me fez sentir do que propriamente do time em si. Não apenas conquistar, mas disputar de verdade um Campeonato Brasileiro depois de 17 (dezessete) longos anos, com pinta de campeão, fez renascer em todos os rubro-negros que viveram aquele momento o sentimento de protagonismo que havia se perdido desde o último suspiro da "Geração Zico", com o Maestro Júnior, em 1992.
O time tinha, também, alguns jogadores especiais para mim. Gostava muito do Juan "Marrentinho", do Maldonado e, é claro, do Pet e do Imperador.
A volta do Imperador foi um momento de restauração da autoestima rubro-negra, seriamente abalada após tantos "anos de chumbo". Mas ao menos para mim, o sentimento de "arrancada" e "DCF" (deixou chegar, fodeu) veio a partir da vitória por 3x0 sobre o Santo André, no Maracanã. Naquele momento, comentei com o meu pai que o time tinha jogado um "futebol de campeão". Ainda estávamos na 22ª Rodada...
16 rodadas depois, vieram o escanteio cobrado por Petkovic, o gol de Angelim, e o fim do jejum de 17 anos...
2009 foi a coroação da transição entre os anos de chumbo e as mudanças a partir de 2013. Foi como se São Judas Tadeu nos desse a dádiva para que aguentássemos um pouco mais até a mudança definitiva de patamar.
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E aí, Buteco? Os Amigos por acaso têm um Top 5 favorito?
A palavra está com vocês.
Bom dia e SRN a tod@s.