segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Conjecturas Rubro-Negras

 

Salve, Buteco! A temporada de 2023 promete não dar tempo para o torcedor rubro-negro respirar. O Mais Querido terá um início de ano eletrizante, com a disputa da Supercopa do Brasil logo em janeiro (28/1), Mundial de Clubes na sequência (1 a 11/2) e Recopa Sul-Americana (21 e 28/2). Ninguém pode prever o futuro, mas arrisco dizer, conhecendo o nosso clube de coração, que se o desempenho até o início do Campeonato Brasileiro for vitorioso, teremos uma temporada gloriosa e inesquecível.

Pode a primeira vista parecer exagero, mas tenho convicção de que o primeiro trimestre e os dez primeiros dias de abril serão decisivos para a estabilidade rubro-negra durante o restante do ano. Como todos sabemos, o Campeonato Brasileiro e as Copas do Brasil e Libertadores da América são são decididas somente no final da temporada; a questão, contudo, é em quais condições o clube chegará ao início dessas competições. 

O Flamengo embalado por vitórias e títulos, nos braços da torcida, é uma entidade praticamente invencível. Em contrapartida, o clube nunca conviveu e provavelmente jamais conviverá bem com sequências de insucessos.

Pensando no tema, imaginei as seguintes conjecturas:

* Supercopa do Brasil: concebida com o objetivo de marcar com grande estilo o início de cada temporada do futebol brasileiro, a competição só voltou a ser promovida em 2020 e, portanto, apesar dos clássicos que vêm marcando a sua realização, ainda não caiu definitivamente no gosto do torcedor. Suas três edições trouxeram à Nação Rubro-Negra diferentes sensações, desde a vitória tranquila e incontestável em 2020 até o título e o vice-campeonato nas edições de 2021 e 2022, em ambos os casos após disputas de pênaltis ameaçadoras para os corações mais fracos.

A Supercopa do Brasil, obviamente, não garante o treinador e nem muito menos o sucesso no restante da temporada, como prova a experiência com Rogério Ceni; mas para Vítor Pereira pode significar a pavimentação do seu sucesso clube conquistando esse título. É que, como não existe obrigação de conquista do Mundial, a Supercopa pode trazer confiança e tranquilidade para as disputas da Recopa Sul-Americana e do Campeonato Estadual, aquele que em tese não vale nada, mas "adora" derrubar treinador.

Há ainda um fator adicional: o Palmeiras é, sem a menor sombra de dúvida, o maior rival do Flamengo no país e no continente na atualidade, cenário que dificilmente se modificará a curto prazo. Cada jogo vem sendo um capítulo especial dessa que tem potencial para ser a maior rivalidade esportiva (diferente de rivalidade acirrada) do futebol brasileiro .

O jogo do dia 28 não será diferente. Por isso, conquistar a Supercopa será um gigantesco passo para a nova comissão técnica transmitir confiança em seu trabalho.

* Mundial de Clubes FIFA: na recente sequência de posts sobre a história da competição, mostrei por que neste século, para os sul-americanos, a conquista do título vem sendo cada vez mais excepcional. Logo, o Mundial não é obrigação, longe disso, mesmo se tratando da torcida mais alegre e autossuficiente do mundo, a Nação Rubro-Negra. 

Mas que fique muito claro: como isso aqui é Flamengo, uma derrota na semifinal ou em uma improvável final para outro time que não seja o Real Madrid fatalmente desencadearia uma enorme crise. Entretanto, convenhamos, essa sequência de eventos é a menos provável, daí se poder dizer que é quase imaginária e, por isso mesmo, discutida aqui apenas em tese. 

Vejam bem, possibilidade de título rubro-negro existe, pois se há um time que pode reverter a tendência histórica de continuidade do domínio europeu é o Flamengo. E se acontecer, vai nos levar ao céu e dará uma confiança absurda ao elenco. O desafio, então, passará a ser manter o foco e se blindar em relação ao inevitável oba-oba da torcida.

O prognóstico mais racional, entretanto, é uma derrota honrosa para os Merengues na final. Porém, Vítor Pereira que não se iluda: Flamengo e derrota não se relacionam bem em circunstância alguma. A pressão, neste caso, seria imediatamente transferida para o desafio seguinte.

* Recopa Sul-Americana: prezados amigos do Buteco, sinal amarelo ligado. Vejam bem, com ou sem título de Supercopa do Brasil e Mundial FIFA, se há uma competição que eu acho que o Flamengo não pode perder, ao lado do Estadual, é essa. O favoritismo é inafastável, mesmo em se tratando do Independiente Del Valle do jovem e promissor treinador argentino Martín Anselmi, o melhor time deles desde o dirigido por Miguel-Ángel Ramírez. 

O adversário é perigosíssimo e não só por suas qualidades. O ponto, aqui, é que, aos olhos do mundo do futebol, pouco ou nada importará o quanto o time equatoriano é forte e consistente, e sim a narrativa do confronto do gigante rubro-negro e seu bilionário orçamento contra a zebra "Mata Gigantes".

Vencer, vencer, vencer. Nada mais importará nestes dois confrontos.

* Campeonato Estadual: esta competição está grafada em vermelho, tamanho o perigo que se correrá se não for conquistada. Ninguém está dizendo que será fácil, especialmente com a provável final contra o Fluminense de Diniz, mais forte a cada temporada. É que a nossa torcida não aceitaria outro vice-campeonato. 

Qualquer resultado que não seja o título pressionará o treinador e colocará em dúvida o restante da temporada. O Mundial terá sido o auge e marcará o fim de ciclo de uma geração. Brotarão de todos os lados vaticínios quanto à necessidade de profunda reforma do elenco na janela seguinte.

Vencer, vencer, vencer. É o lema e a sina do Mais Querido do Brasil.

Exagero? Respeitando opiniões em sentido contrário, penso que é a pura e simples constatação da realidade. E vou além: essa obsessão pela vitória, essa incapacidade de lidar com a frustração da derrota é um dos pilares da grandeza do Flamengo, mesmo que, circunstancialmente, possa ser causa de pontuais insucessos.

Não teria havido reestruturação administrativa e financeira sem a absoluta rejeição a derrotas e à figuração como coadjuvante no cenário nacional. Não existiria faturamento bilionário sem esse misto de fanfarronice, ambição desmedida e megalomania do torcedor rubro-negro. Não teria havido 1981 e 2019 sem essa obsessão pela grandeza, nem tampouco perspectiva de que temporadas como essas se tornem mais frequentes.

Não reclamo. Para uma torcida sempre sedenta por mais conquistas, é muito melhor lidar com a pressão pela glória do que com a cobrança pela derrota.

É muito bom ser Flamengo.

A palavra está com vocês.

Boa semana e SRN a tod@s.


Descanse em paz Roberto Dinamite 🙏🏻