domingo, 29 de janeiro de 2023

A Maldição da Supercopa

 

Salve, Buteco! O domingo começa meio cinzento, certo? É natural, pelas pancadas de chuva dessa época do ano, e também pela atuação sofrível do Flamengo no Mané Garrincha, na tarde de ontem. Eu bem que estava ressabiado quanto a esse jogo, como alertei no post da semana passada. Se havia favorito, era o Palmeiras. E como escrevi há vinte dias, "pode a primeira vista parecer exagero, mas tenho convicção de que o primeiro trimestre e os dez primeiros dias de abril serão decisivos para a estabilidade rubro-negra durante o restante do ano. Como todos sabemos, o Campeonato Brasileiro e as Copas do Brasil e Libertadores da América são são decididas somente no final da temporada; a questão, contudo, é em quais condições o clube chegará ao início dessas competições." 

Vítor Pereira precisa sobreviver até abril. Se o fizer, creio que teremos uma grande temporada, daquelas inesquecíveis; todavia, o caminho até as rodadas inaugurais é um tanto íngreme, envolvendo pré-temporada acelerada, mudança de sistema de jogo, perda de titulares absolutos, não mantidos pura e exclusivamente por decisões patrimoniais e financeiras da Diretoria, tudo isso às vésperas da disputa de um Mundial de Clubes, que a mesma Direção acredita estar abaixo dos "Prêmios Itaú" que tanto preza.

Vítor Pereira ao menos não precisará vencer a "Maldição da Supercopa". Os dois treinadores que já conquistaram a competição, pelo Flamengo, por motivos distintos não duraram muito depois de levantarem a taça.

Já Abel Ferreira, se for minimamente místico, terá com o que se preocupar. Senão vejamos:

*2020: Jorge Jesus venceu afirmando ter "a sensação de que voltaremos ao Mundial de Clubes, porque vamos ganhar a Libertadores e voltaremos à final". Não só saiu do clube, como o seu sucessor fracassou de maneira retumbante, sofrendo sucessivas goleadas. O Flamengo conquistou o Brasileiro, mas com um terceiro treinador no ano, no limite, no "radinho", assistindo ao final do jogo entre Internacional x Corinthians pelo celulares. E assistiu ao Palmeiras de Abel Ferreira conquistar a Copa do Brasil e a Libertadores.

*2021: Ceni não só a conquistou, como venceu o mesmo adversário (e treinador) na 1ª Rodada do Campeonato Brasileiro. Cheguei a comentar com vocês (em tom de brincadeira) que achava estar "ficando Cenil", e terminei, um mês e poucos dias depois, acusando-o de ser um "posicional de conveniência", mas hoje acho que preferiria ter terminado o ano com ele. Ainda que fosse para terminar, como terminamos, o ano "com as mãos abanando". O vice-campeão da Supercopa ainda cairia para o CRB na Copa do Brasil, mas ao final levantaria a Libertadores, em cima do campeão... da Supercopa.

*2022: o treinador ainda duraria todo o semestre, mas caiu, e o campeão brasileiro e da Copa do Brasil piorou com sua saída, terminando a temporada, aos trancos e barrancos, com uma vaguinha na pré-Libertadores desse ano, sem título relevante. O vice-campeão da Supercopa levou a Copa do Brasil, eliminando o campeão da Supercopa, e a Libertadores, numa espetacular reviravolta na temporada.

*2023:  loading...

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Do jogo de ontem, não há muito de positivo para se destacar. No primeiro tempo, o time encaixotado não conseguiu jogar. A saída de bola, pior do que na época do Márcio Araújo, com os bicões para onde o nariz de Rafael Vaz decidia apontar. O gol que abriu a contagem foi de bola perua, e fez a torcida rubro-negra comemorar, mas no final veio a frustração do quarto gol palmeirense, irregular e com Santos caçando borboletas, dando números finais ao bailarino placar.

Gérson não foi, não é e não será problema para se lidar. Correu e suou muito, sou o primeiro a testemunhar. Só que não é o João Gomes, não para a função tática que o cria estava a desempenhar. João Gomes que queria jogar e que o treinador queria escalar, mas que o pessoal do "Prêmio Itaú" preferiu negociar, só para bater meta anual em janeiro, às vésperas do Mundial de Clubes que está prestes a se iniciar.

Pela direita, Varela se limitava a marcar, e quando Matheuzinho entrou, desembestou-se a apoiar, para depois voltar lentamente à defesa, leve e faceiro a trotar. A torcida do Flamengo, apegada ao ranço com o Rodinei, ainda sentirá muita falta daquele apoio. Será preciso separar o trigo do joio.

Ainda está longe de ser o time do Vitor Pereira no Porto. Sem apoio pela direita e com Everton Bibeiro aberto, o Flamengo ficou rombudo e torto, fazendo-nos temer pelo futuro incerto, com o time parecendo morto.

Vou encerrar essas mal traçadas linhas, pedindo para que vocês parem com as picuinhas. E para esse domingo bem terminar, vou até me autocitar:

"O mais importante, no frigir dos ovos, é ter em mente que a Supercopa não define, ou não deveria definir, coisa alguma na temporada de um clube. Além do próprio exemplo de 2021, em 2022 o Flamengo foi melhor do que o Atlético Mineiro, mas uma substituição de Paulo Sousa comprometeu a conquista do título durante os 90 minutos. O Galo cacarejou em Cuiabá, mas meses depois o Flamengo jantou galinha caipira no inferno do Maracanã, e bem sabemos como depois terminou a temporada para cada clube.

A Supercopa, por sinal, será simplesmente o primeiro confronto a vera do time de Vítor Pereira, que enfrentará o Bangu antes de um Palmeiras há 3 anos dirigido por Abel Ferreira, e ainda por cima "aquecido" por um clássico contra o São Paulo de Rogério Ceni.

Para o bem e para o mal, não será minimamente sensato tirar conclusões definitivas depois do apito final do árbitro.

Bom Dominge SaudaçõeRubro-Negras.