segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Pela Copa (Mesmo Sendo Baranga Rica)

 

Salve, Buteco! Há quase dois anos, após o Flamengo sofrer as duas primeiras derrotas (1x4 pelo Brasileiro/2020 e 1x2 pela Copa do Brasil/2020) da década para o São Paulo, eu publiquei este post dando a minha visão a respeito do histórico desse importante clássico interestadual. Ressaltei, na época, um fato - o São Paulo é o adversário, no Brasil, contra o qual o Flamengo tem o pior retrospecto - e uma impressão - é um dos adversários que historicamente mais se mobiliza para enfrentar o Mais Querido.

Depois disso, vieram mais duas derrotas, uma por goleada (0x3 pelo jogo de volta da Copa do Brasil) e outra (1x2 pelo Brasileiro/2020) nos trazendo de "brinde" o título Brasileiro. 

Quem poderia adivinhar o que aconteceria a partir de então?

Desde a última vitória do São Paulo, o Flamengo venceu todas as partidas do clássico, no total de 5 (cinco), marcando 17 gols e sofrendo 3 (!), podendo-se dizer, então, que o Mais Querido está em pleno processo de diminuir a desvantagem no confronto direto, que tem os seguintes números por década, atualizados desde o post de 16 /11/2000:

Década

FLAMENGO

Empates

SÃO PAULO

Retrospecto

Vitórias

Vitórias

Gols

Vitórias

Gols

1930

1v

10g

2e

3v

17g

1x3

1940

3v

18g

4e

4v

24g

4x7

1950

3v

20g

2e

7v

28g

7x14

1960

5v

20g

4e

4v

21g

12x18

1970

2v

6g

5e

1v

5g

14x19

1980

3v

10g

1e

3v

12g

17x22

1990

11v

35g

9e

11v

39g

28x33

2000

6v

35g

5e

12v

47g

34x45

2010

7v

20g

8e

7v

26g

41x52

2020

5v

20g

0e

4v

14g

46x56

Totais

46v

194g

40e

56v

233g

46x56


***

Meu lado racional compreende que, até a chegada de Dorival, o Flamengo estava na parte debaixo da tabela, a uma distância desconfortável da zona do rebaixamento. Meu lado emocional tem dificuldades em ver o Mais Querido tratando o Campeonato Brasileiro dessa forma. Como futebol também é paixão, fica difícil dar razão exclusivamente à razão, se é que vocês me entendem...

Para torcedores da minha geração, que assistiram ao antológico gol do Nunes e à conquista do primeiro título, em 1980, que lançou o Flamengo além das fronteiras estaduais; que sofreram com a rasteira política 1987, último título nacional com Zico; que viram um time de garotos surpreender e bater os favoritos em 1992; que esperaram 17 anos até Ronaldo Angelim nos tirar da fila em 2009, e que em 2019 viram o Mister Jorge Jesus fazer história com uma pontuação recorde para o formato com 20 clubes, não é nada fácil ver o torneio ser relegado a terceiro plano.

Muito pelo contrário...

***

A Copa do Brasil é a baranga rica dos torneios nacionais, não canso de frisar. Ainda assim, devemos reconhecer que a versão 2022 está "encorpada", a ponto de já nos ter propiciado eliminar os "At(h)léticos" (o Mineiro em um jogo épico), obter uma importante vantagem contra o São Paulo e enxergar uma final contra Corinthians ou Fluminense. 

É a única maneira que vejo para encarar essa baranga rica com vontade.

Só que tem um porém: o jogo da próxima quarta-feira será daqueles que podemos chamar de extremamente difíceis. 

Primeiro, porque o adversário está mordido pela quinta derrota consecutiva, recorde no histórico do confronto, e portanto não desejará ver essa marca ampliada. Futebol tem esse aspecto do "jogo de honra", especialmente em clássicos e numa rivalidade como a que existe entre clubes cariocas e paulistas. O fato de Rogério Ceni jamais ter vencido o Flamengo (seu clube anterior, do qual foi demitido), não nos esqueçamos, aumenta ainda mais a temperatura do clássico. E estender o recorde de vitórias consecutivas não é uma tendência histórica.

Segundo, porque a classificação para a final da Copa Sul-Americana, muito embora tenha desgastado o elenco, por outro tirou o peso da enorme fila que o São Paulo em finais internacionais. O time certamente virá mais leve e confiante para enfrentar o Flamengo.

Terceiro, porque, querendo ou não, o São Paulo tem um bom retrospecto como visitante, contra o Flamengo, em confrontos oficiais. É questão de pura e simplesmente apontar um fato histórico, nada mais.

Quarto, porque 2x0, como todo mundo que acompanha futebol sabe, é considerado um placar "traiçoeiro". Não exige a vigilância natural da "vantagem simples" de um gol e tampouco traz o conforto dos 3 ou mais gols de vantagem. "Marcando um, é só marcar o outro", diz a sabedoria popular.

Quinto, porque alguns jogadores do time do Flamengo têm sofrido com o desgaste da temporada. Nenhuma contusão importante, mas alguns alguns sinais tem sido dados pelos jogadores.

***

Tenho para mim, conforme disse a vocês nos comentários durante a semana, que a "gestão da temporada" que o clube vem fazendo passa (ao menos para mim) a impressão que diretoria, comissão técnica e elenco convergem em um pacto silencioso pelas copas, colocando o Campeonato Brasileiro em terceiro plano. E talvez tenha sido esse o acordo possível após o conturbado primeiro semestre com Paulo Sousa.

Esse elenco é experiente e, quando pode decidir em casa, usa com frieza a capacidade de jogar como visitante para conquistar o direito de administrar os jogos de volta nas copas. Acredito que essa estratégia foi utilizada no jogo de volta contra o Vélez Sarsfield e acredito que alguns jogadores foram poupados em jogos recentes justamente para permitir a prevenção de lesões. Alguns deles, na medida do possível, também se poupa durante os jogos.

Contudo, o jogo de ida já deu o seu recado. Na quarta-feira o ideal é não exagerar na "administração da vantagem", como ocorreu no início do jogo da última quarta-feira, contra os argentinos. É preciso foco e sabedoria, mas sem perder a intensidade, desde o início.

O São Paulo poupou jogadores contra o Corinthians e virá para cima.

***

Vamos, Flamengo!!

Pela Copa!!

A palavra está com vocês.

Boa semana e SRN a tod@s.

* Texto escrito na sexta-feira, 9 de setembro de 2022.