segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Benvingut, Domè!

Salutació, Butèc! Bona setmana a tothom! Daqui a algumas horas o novo treinador do Mais Querido do Brasil desembarcará no Rio de Janeiro e iniciará a sua trajetória de ao menos 1 (um) ano e meio à frente do escrete campeão e supercampeão do Brasil e da América do Sul. Será o seu terceiro trabalho como principal treinador e o primeiro em uma equipe grande, pois antes dirigiu apenas o pequeno Girona e o New York City, da promissora, porém ainda aspirante a futebol de primeiro mundo Major Soccer League. "Dome", como gosta de ser chamado (vou chamá-lo de Domè), vem com as credenciais de ser o principal assistente de Pep Guardiola, por cerca de uma década, em clubes de primeira grandeza do primeiro mundo do futebol, dois deles verdadeiras legendas do esporte bretão, casos de Barcelona e Bayern de Munique, enquanto o outro, o Manchester City, é "apenas tradicional" na Inglaterra, porém se tornou uma verdadeira força emergente que atualmente disputa para ganhar todos os maiores títulos do país e do continente europeu.

Ser auxiliar é bem diferente de ser primeiro treinador? Claro que é, mas ser o principal auxiliar do treinador que está entre os dois melhores do mundo na última década, ao lado de Jürgen Klopp, não é pouca coisa, especialmente se era o braço-direito desse treinador, responsável inclusive por ministrar os treinamentos de campo a jogadores do naipe de Busquets, Xavi, Iniesta, Messi, Henry, Neuer, Kroos, Schweinsteiger, Lahm, Müller, Robben, Ribery, Lewandowsky e Kevin de Bruyne, dentre outros. Respeito quem pensa o contrário, mas é um tipo de experiência que vale muito mais do que o currículo de vários treinadores experientes, especialmente para um grupo como o Flamengo, que, no cenário Sul-Americano, é absolutamente estrelado e composto por jogadores que já estiveram ou aspiram jogar pelos gigantes europeus.

Ao lado de Pep, Domè viveu a glória absoluta no Barcelona de 2008/2012, como também os sérios questionamentos de grandes estrelas do elenco alemão pelas profundas mudanças táticas implementadas pelo inquieto e genial treinador espanhol sobre o que pode ter sido o maior Bayern desse século, dirigido por Jupp Heynckes. Esses questionamentos justificam, até hoje, o asterisco na vitoriosa passagem de Pep pelo Gigante da Baviera. Diante desse quadro, se perguntas sobre mudanças profundas no histórico e maravilhoso trabalho de Jorge Jesus são inevitáveis e até mesmo naturais, o temor por sua ocorrência a curto prazo me parece infundado, seja porque foi objeto de prévio debate com a Diretoria do Flamengo antes da assinatura do contrato, seja porque Domè já vivenciou de perto o risco desse tipo de mudança. Aliás, dizem, era justamente Domè, com sua personalidade racional e seu conhecimento enciclopédico sobre futebol, que muitas vezes freava o ímpeto do genial Pep Guardiola.

Enfim, treinador desse naipe dirigindo um elenco desse porte me tranquiliza, em vez de me deixar minimamente preocupado. Estou desconfiado é dos desafios do calendário. Enquanto escrevia essas linhas, especulava-se até mesmo sobre um adiamento da partida de estreia contra o Atlético/MG no Campeonato Brasileiro, em razão das finais do Campeonato Mineiro. Eventual adiamento poderia dar mais tempo para Domè trabalhar, mas ao mesmo tempo espremeria ainda mais um calendário que não dará fôlego a um elenco que tende a disputar para ganhar todos os títulos.

É que 2020 traz ainda o desafio único da classificação para a final da Copa Libertadores da América, que será disputada no Maracanã. Nada pode afastar o Flamengo de uma partida como essa, que, sem dúvida, será um marco singular na mais do que secular História do Mais Querido do Brasil. O presidente Landim andou falando em inviabilidade da contratação de reforços nesse momento. A lateral direita, em especial, e o meio campo são setores que precisam da atenção da nova comissão técnica, justamente em razão do intenso calendário e da inevitável necessidade de reposições por desgaste ou contusão. Será que a base tem condições de atender a demanda?

Domè certamente está feliz por enfrentar esses problemas, pois, a final de contas, quem está na chuva é pra se molhar, como diz o velho ditado da sabedoria popular brasileira.


Bom dia e SRN a tod@s.