segunda-feira, 9 de setembro de 2019

A Decisão do Turno

Salve, Buteco! Quem elaborou a tabela do Campeonato Brasileiro/2019 (Série A) muito provavelmente não imaginava que, na 19ª Rodada, Flamengo e Santos decidiriam o "título" de "Campeão de Inverno" ou do primeiro turno. Fruto ou não de mera coincidência, o certo é que a decisão ocorrerá no próximo sábado, as 17:00h, no Maracanã, pois o resultado da partida inevitavelmente determinará quem iniciará o segundo turno na primeira posição, já que nenhum outro adversário reúne condições de superar ambas as equipes ao final da rodada. Nem mesmo o Palmeiras tem condições de alcançar Flamengo e Santos simultaneamente pelo número de pontos ganhos. Além disso, o escrete palestrino tem menor número de vitórias do que ambos.

O Mais Querido vai para o confronto com a confortável vantagem da liderança isolada por dois pontos e alto saldo de gols. Somente impondo ao Flamengo uma inédita derrota no Maracanã neste Brasileiro o Santos conseguirá alcançar a ponta da tabela.

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O nosso Flamengo de Jorge Jesus, mandante, é simplesmente arrebatador. No último sábado, pude presenciar mais uma vez no Mané Garrincha como o time sufoca o adversário em seu próprio campo em busca do resultado. A pressão para retomar a bola, as trocas de passes de primeira com deslocamentos rápidos para quebrar as linhas adversárias, tudo parece muito bem ensaiado e executado dentro das quatro linhas, a ponto do desfalque de um importantíssimo jogador, como Bruno Henrique, ser reposto por um quase estreante Reinier, de apenas 17 anos, cuja técnica apurada lhe permitiu não destoar, apesar de alguns lances de hesitação normais para a idade e a pouca minutagem. Uma assistência, um gol e outros bons lances confirmam essa constatação. Neste tuíte do perfil oficial do clube, é possível ver como o joia da base é querido pelo grupo.

No 4-1-3-2 de sábado, do meio pra frente e com a bola rolando, apenas Piris da Motta não penetrava na área do Avaí, lembrando que os laterais, como de costume, apoiaram ativamente o ataque. Após abrir 3 gols de diferença, ainda no início do segundo tempo (7 minutos), o time administrou o resultado, consciente e seguro, sem gastar mais energia do que o necessário. Aliás, contando apenas os jogos pelo Campeonato Brasileiro, o Flamengo completou uma incrível sequência de 5 jogos vencendo todos os adversários marcando 3 ou mais gols em cada partida, sendo que apenas o Grêmio conseguiu perder por menos do que 3 gols de diferença. Trata-se, portanto, de uma equipe  absolutamente vocacionada para o gol. Totalizando 41 gols em 18 jogos, o Flamengo atingiu uma marca histórica. Como destacou o rubro-negro @notavel neste tuíte, o Cruzeiro de Vanderlei Luxemburgo, na marcante campanha de 2003, primeira edição no formato de pontos corridos, conseguiu marcar 41 gols em 18 jogos, porém conquistando dois pontos e uma vitória a menos do que o Mais Querido em 2019. 

Como não se empolgar? Como escrevi há duas semanas nesse post, para mim é o melhor time do Flamengo pós-Geração Zico (até 1982). Esqueçam 1987 e 2009, quando o Mais Querido merecidamente conquistou o título brasileiro, pois a diferença, a favor do Flamengo/2019, não está na comparação de individualidades, mas em desempenho coletivo. Em 1987, a arrancada que marcou aquele inesquecível esquadrão (que não repetiu o desempenho em 1988) foi de "tiro curto" (8 jogos), enquanto em 2019, nos 17 jogos que marcaram a reviravolta na campanha, a partir da vitória sobre o Santo André no Maracanã (3x0), o Flamengo marcou 58 gols em 38 jogos, com 19 vitórias, marca que tende a ser amplamente superada em 2019.

Nem precisam me advertir que o Flamengo ainda não ganhou nada. Mister deixou claro que o time precisa evoluir defensivamente, quesito no qual ainda está deixando a desejar em alguns momentos. Sábado mesmo o lanterna do campeonato criou pelo menos duas chances concretas de gol, uma salva por Diego Alves num cruzamento vindo da direta e outra, em mais uma bola aérea, salva pela trave direita do gol do Setor Sul do Mané Garrincha. Porém, confio na evolução, até porque o time chegou a esse nível com apenas 15 jogos sob o comando de Jorge Jesus.

Sábado, com as voltas de De Arrascaeta, Bruno Henrique e Rodrigo Caio, o Mais Querido estará com sua força máxima contra o forte vice-líder Santos, comandado pelo também inquieto e talentoso treinador argentino Jorge Sampaoli.

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O vice-líder Santos tem um elenco caro, mas demasiadamente curto para os valores (mal) investidos pela direção do clube. Só disputa o título em razão do excepcional trabalho do treinador argentino Jorge Sampaoli. Desfalques como os de ontem (Jorge e Soteldo), quando o Peixe enfrentou os reservas do Athletico/PR, muito bem treinado pelo marrento Tiago Nunes, geralmente são bastante sentidos. Contra o Mais Querido, no próximo sábado, o Santos não contará com o bom volante Pituca e com o zagueiro titular Lucas Veríssimo. Em compensação, terá as voltas do venezuelano Soteldo e do lateral esquerdo Jorge, que bem conhecemos.

O time de Jorge Sampaoli varia principalmente entre um 3-4-3 e o 4-3-3, podendo evoluir para um 4-1-4-1, conforme a situação de jogo (p.ex.: a ocupação da faixa central pelo adversário). A linha de 3 zagueiros, quando utilizada, é composta por Lucas Veríssimo, Felipe Aguilar e Gustavo Henrique; contudo, a suspensão de Veríssimo põe em dúvida a opção por esse desenho tático, pois obrigaria Sampaoli a lançar algum zagueiro que ainda não atuou no Campeonato Brasileiro/2019 contra o poderoso ataque rubro-negro. Nessa formação, Jorge costuma jogar como meia externo pela esquerda, compondo o setor de criação com Diego Pituca e o veterano uruguaio Carlos Sánchez.

Quando opta pela linha tradicional de quatro, com dois laterais, Pará e Jorge, ex-rubro-negros, ocupam os lados direito e esquerdo da defesa santista. Já o meio, em qualquer desenho tático, é baseado na dupla Diego Pituca e Carlos Sánchez. O talentoso volante, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, deverá ser substituído por Alison, uma espécie de Piris da Motta da baixada santista, o que provavelmente representará perda técnica, que Sampaoli tentará suprir com a excelente fase do uruguaio, o cérebro do meio campo do Peixe. O terceiro meia vem sendo Felipe Jonatan, que em algumas ocasiões é substituído por Jean Mota ou, com ainda menos frequência, pelo veterano Evandro.

No ataque, o Santos tem por destaque e principal jogador o talentoso e arisco venezuelano Yeferson Soteldo, camisa 10 e responsável pelas principais jogadas ofensivas, geralmente pelo setor esquerdo. No lado direito, o paraguaio Derlis González disputa posição com o folclórico Marinho, que vive muito boa fase. Eduardo Sasha vem exercendo a função de atacante de referência ou centralizado, podendo também, a depender do contexto, jogar pelos lados. Seu reserva é o nosso conhecido centroavante colombiano Fernando Uribe, que ainda não marcou com a camisa santista.

Seja qual for o desenho tático, o Santos de Jorge Sampaoli gosta de marcação alta e pressão na posse de bola adversária com mais de um jogador, visando a retomada e a penetração em velocidade na área adversária por meio de toques rápidos e verticais. Ontem teve problemas com o Athletico de Tiago Nunes, que gosta da posse de bola e, lembrem-se, desde 2018 criou problemas para todos os treinadores , com titulares ou reservas, também criou problemas para todos os treinadores do Flamengo que o enfrentaram no Maracanã. Contudo, a boa atuação paranaense esteve longe de ser um nó tático, como atestam o alto número de finalizações santistas e a ótima atuação do goleiro Léo. Chamou a minha atenção a forte jogada aérea nos escanteios, que precisa ser estudada por Jorge Jesus e sua comissão técnica, considerando os problemas que a zaga rubro-negra vem tendo com esse tipo de jogada.

O confronto promete e é muito esperado por aqueles que, como eu, apreciam o trabalho tático no futebol profissional.

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Com um olho no peixe (no caso, no "Peixe") e outro na frigideira, nosso treinador português certamente está acompanhando a ascensão do forte Grêmio de Renato Portaluppi, agora disputando apenas uma competição. As semanas que antecedem a semifinal da Libertadores passarão como décadas, tamanha a ansiedade da Nação Rubro-Negra para o confronto.

A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.