terça-feira, 21 de maio de 2019

Flamengadas



Olá Buteco, bem-vindos!

Entre 2013 e 2015, passamos por uma grande reestruturação do clube, que tem como seu maior expoente o saneamento financeiro, embora outras áreas do clube tenham evoluído de maneira tão eficaz quanto o departamento financeiro.

No futebol, a partir do 2º mandato de Bandeira de Mello em 2016, o planejamento passa a ser o de encorpar o elenco, utilizando os recursos que provém da revitalização financeira do clube, para trazer os títulos de maior prestígio: Brasileiro e Libertadores. O expoente desse “novo Flamengo” é o centroavante Paolo Guerrero. Para técnico, o clube traz Muricy Ramalho, tetracampeão brasileiro (2005, 2006, 2007, 2010) e campeão da Libertadores em 2011. A aposta é que a experiência do treinador em equipes vitoriosas seja suficiente para nos conduzir às glórias. O projeto era grandioso e incluía unificar o estilo de jogo do profissional às categorias de base.

Eliminação na Primeira Liga em casa (com uma inexplicável decisão de lançar um time alternativo, perdendo a chance de um Fla x Flu na final, em um torneio onde fomos nós mesmos o maior incentivador da criação), derrota para o Vasco na semifinal do Campeonato Carioca, eliminação para o Fortaleza na Copa do Brasil e 3 rodadas no Brasileiro: uma vitória contra o Sport na estreia, derrota para o Grêmio no Sul e um empate com a Chapecoense, conquistado no último minuto da partida. Com problemas de saúde, mas já bastante contestado também, acabaria ali o ciclo de Muricy no Flamengo, 5 meses depois de contratado.

O restante da gestão do futebol, entre 2016 e 2018, foi marcado pelo empirismo: sai um medalhão como Muricy, entra Zé Ricardo, técnico dos juniores sem nenhum trabalho anterior. Após ele, Rueda, profissional com perfil mais próximo de Muricy, no que diz respeito à bagagem de títulos importantes. Com a recusa de Rueda em permanecer para a temporada 2018, o clube efetiva Carpegiani (perfil diferente dos anteriores) e depois outro “estagiário”, Mauricio Barbieri. Finalmente, acaba o ano com Dorival Jr, treinador cujo título mais relevante foi a Copa do Brasil com o Santos de Neymar e Ganso.

Nesse triênio 2016-2018, a grande percepção é de que o Flamengo tinha times para ir além. Embora jogasse bem e tivesse chances claras de vencer os jogos decisivos, algo acontecia e o time, efetivamente, sucumbia. Assim, nos restou um 3º lugar no Brasileiro 2016, dois vice-campeonatos em 2017 (Copa do Brasil e Sulamericana) e um vice-campeonato do Brasileiro 2017.

***

Com o discurso de “trazer o futebol do Flamengo de volta ao seu devido lugar”, Rodolfo Landim é eleito Presidente do Flamengo para o triênio 2019-2021 e aposta em Abel Braga, treinador dito “cascudo” e, portanto, capaz de resolver o problema da queda de desempenho em jogos decisivos. Com o elenco bem mais encorpardo que o do triênio anterior, entende-se que é apenas questão de tempo até que o Flamengo conquiste as tão sonhadas taças.

A bem da verdade, os resultados vinham condizentes com o plano: campeão carioca com domínio do adversário nos dois jogos da decisão, classificação assegurada às oitavas da Libertadores e vitória fora de casa na ida da Copa da Brasil. Se tivéssemos vencido o Atlético MG no último sábado, estaríamos em 3º no Brasileirão, há uma vitória da liderança. Mas aí veio a Flamengada...

Há uma certa distorção nos debates sobre o jogo: a grande questão não é a derrota em si, mas como ela se deu: é uma situação extremamente vexatória você vencer o jogo de ida por 2x0, abrir 1x0 na volta e perder a classificação tomando 4 gols nessa mesma partida (Copa do Brasil 2014). Da mesma forma, é ridicularmente absurda uma derrota para um time com 10 homens o segundo tempo inteiro, dando de graça dois gols para eles e insistindo nos cruzamentos para a área, em um desespero comum aos times sem qualquer repertório ofensivo. No Campeonato Brasileiro, você não pode perder a chance de trazer uma vitória fora de casa, ainda mais frente a times que estarão na primeira página da tabela.

Não que os sinais não estivessem lá... Flertamos com a eliminação na Libertadores na derrota para a LDU, jogo em que o empate era nosso, controlávamos e íamos para o intervalo com a vitória parcial, até que entregamos o gol de empate. Depois, cansamos de perder gols e vimos o Peñarol quase repetir o ocorrido na Libertadores 2017. No Brasileiro, nos contentamos com um empate frente ao São Paulo lá, em outro jogo que estávamos na frente e tivemos chances de garantir a vitória. 

Enfim, agora há uma grande dúvida no plano montado pelo futebol do Flamengo na temporada: o pragmático time passa por sua segunda crise no ano e a maior característica do treinador – o tal domínio de grupo, o “jogam por ele” – não mais parece suficiente para bater o nosso principal rival interno, quiçá os desafios internacionais. Os próximos jogos voltarão a ser disputados naqueles climas de instabilidade, típicos dos últimos anos do Flamengo.

Qual será a solução? Como os fracassos da diretoria anterior, no futebol, podem nos ensinar? 
           
Saudações Rubronegras!