segunda-feira, 20 de maio de 2019

Tropeços no Campeonato Brasileiro

Salve, Buteco! Se na Libertadores o Flamengo ficou em primeiro lugar em seu grupo e enfrentará um dos melhores adversários possíveis nas oitavas de final, e se, na Copa do Brasil, a classificação para as quartas de final está bem encaminhada, a campanha no início do Campeonato Brasileiro está muito aquém do esperado. Não se trata apenas dos seis pontos que separam o Mais Querido do líder Palmeiras, mas também de outros números, a começar com os do time titular, que, com aproveitamento pífio, entrou em campo em três partidas e só venceu uma, perdendo as duas como visitante, o que significa que foi o time reserva que somou a maioria (quatro) dos sete pontos conquistados nessas até aqui cinco rodadas disputadas. Foi também o time titular que sofreu cinco dos sete gols tomados até o final da quinta rodada, resultando num inesperado saldo de apenas um mísero gol. No último sábado, os titulares ainda conseguiram tomar um gol e perder para um time que jogou toda a segunda etapa com um atleta a menos. Evidentemente, há algo de muito errado nesse início de campanha no Campeonato Brasileiro, a não ser que o planejamento tenha relegado-o a terceiro plano e essa, digamos, "meta"  não tenha sido devida e transparentemente revelada à Nação Rubro-Negra.

Obviamente, essa pequena disparada do Palmeiras remete a 2018 e, por isso mesmo, preocupa e mereceria reação imediata, o que torna obrigatório perguntar: é possível ao time reagir no Campeonato Brasileiro sob o comando de Abel Braga? A rigor, desde o início do trabalho Abel declarou várias vezes a necessidade de rodar o elenco em dois times, dada a pressão do calendário. Contudo, no Campeonato Brasileiro, os resultados da rodagem entre times A e B, como visto, está bem longe do ideal. Tenho para mim que a Diretoria montou um elenco com vocação para um estilo de jogo oposto ao do estilo do treinador que contratou para comandá-lo. Entretanto, sou forçado a reconhecer que isso não explica tantos tropeços do time titular no Brasileiro, já que, mesmo tendo ocorrido alguns resultados insatisfatórios na Libertadores (0x1 Peñarol/Maracanã e 1x2 LDU/Quito), bem ou mal o time fez um bom primeiro tempo e segurou com um a menos o Peñarol na segunda etapa em Montevidéu (0x0), além de vencer bem o Corinthians no Itaquerão (1x0).

O que causou, então, os resultados negativos contra Atlético/MG e Internacional?

Chama atenção essas duas derrotas terem sucedido partidas muito desgastantes do próprio time titular. Contudo, não acho que o argumento se aplique ao jogo do último sábado, que sucedeu "apenas" a vitória contra o Corinthians no Itaquerão, contexto bem diferente da derrota para o Internacional, quando (1º/5) o desgaste foi bem mais visível ao encerrar uma sequência iniciada com a final do Campeonato Estadual, contra o Vasco da Gama (domingo 21/4), e continuada pela 5ª Rodada do Grupo IV da Libertadores contra a LDU em Quito (24/4) e a estreia no Campeonato Brasileiro, quando o time teve um intenso segundo tempo no Maracanã, virando a partida e vencendo o Cruzeiro (27/4). Foi, portanto, o quarto jogo da sequência sem intervalos, inciada no domingo da semana anterior.

Como se pode ver, descansado ou cansado, a verdade é que o time não vem demonstrando regularidade no Campeonato Brasileiro. O empate do time B com o São Paulo no Morumbi, na minha opinião, aponta um caminho (rodagem do elenco com mais frequência) que talvez pudesse ser mais explorado. Possivelmente a maioria não concordará, mas pergunto-me se Abel não conseguiria trabalhar melhor se não tivesse a pressão de escalar um time titular com os melhores jogadores possíveis, e portanto excessivamente técnico para os seus padrões, e, em vez disso, pudesse dividir os jogadores mais habilidosos em dois times com perfil mais combativo. O que certamente não dará certo é Abel teimando com um time predominantemente leve e técnico para jogar ao seu estilo de contato físico, escanteios curtos, laterais cobrados para a área e jogo aéreo.

Para manter o perfil técnico do time A, uma alternativa possível seria qualificar a comissão técnica com ao menos um auxiliar que efetivamente possa dar um ganho tático ao time; outra, minha preferida, seria trocar o treinador e trazer alguém igualmente experiente, porém com estilo compatível com o do elenco, algo do qual não sei se já se cogita. Mas para isso seria preciso que a Diretoria levasse a sério o critério da compatibilidade entre o perfil do treinador e as características do elenco, o que parece que infelizmente não acontece. Qualquer que seja o caminho a ser adotado, porém, é bom que se lembre: o sistema defensivo precisa ser reforçado em quatro posições (laterais, zaga e segundo volante).

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Como escrevi anteriormente, o início de disparada do Palmeiras preocupa, inclusive por remeter a 2018, mas a situação ainda está muito longe de se tonar irreversível. Não é apenas a matemática que o diz, mas a própria situação da tabela em 2018, após o término da 12ª Rodada e a paralisação do campeonato para a Copa do Mundo da Rússia:



É bom lembrar que a paralisação para a Copa América em 2019 ocorrerá ao final da 9ª Rodada, mais um fator a demonstrar que nada de definitivo estará consolidado até então. O futuro do Flamengo na competição dependerá, contudo, das decisões que a teimosa Diretoria roxa tomar.

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A palavra está com vocês.

Bom dia e SRN a tod@s.