sábado, 31 de março de 2018

Lombadas na alma

Em Anjos e Demônios, Robert Langdon (vivido por Tom Hanks) se aprofunda na história da Igreja Católica para entender e decifrar o comportamento de uma sociedade secreta, Illuminati, responsável por roubar a antimatéria e ameaçar destruir o Vaticano durante o Conclave, em um embate entre Ciência e Religião.

Durante o livro/filme, os personagens começam a se despir de alguns valores, e o hiato entre o Céu e o Inferno quase imperceptível (melhor não contar o fim, mas acredito que todo mundo já viu ou leu a obra). De qualquer forma, no fim ouvimos do futuro carmelengo a frase "A Igreja é falha pois nós, homens, somos falhos" (grandes chances d´eu errar, mas o sentido era esse).

Tudo isso para me remeter ao ano de 2003. Morava no Rio, e amigos me aporrinharam a paciência para ir a um culto numa famosa igreja na Barra. Por respeitar a família, fui. E ao chegar lá, dou de cara com 2 ex-jogadores do Flamengo: Marcelinho Carioca e Wilson Gottardo. Réu confesso, durei uns 10 minutos no culto, mas foi o suficiente para ver Marcelinho cordeirizando de forma extrema. Quem o conhece dentro de campo demoraria pra entender, mas é claro que existe uma explicação simples: tanto Marcelinho quanto Gottardo eram pura raiz. Batiam, apanhavam, xingavam, e jogavam com alma, coração e o sentimento de que morreriam pela vitória. E isso não os impedia de seguir preceitos religiosos. Not at all.

Os sentimentos do VP Lomba, após o jogo contra o Botafogo, eram os mesmos de 99,99% da torcida, e que citei na semana passada. Faltou tudo. Faltou correr mais, faltou mais entrega, faltou vontade de ganhar. SIM, VONTADE DE GANHAR. Pois é público e notório que temos mais qualidade no elenco (temos???), e a vitória seria questão de tempo.

Mas veio a entrada dos jogadores em campo. E eu vi o time adversário quase que salivando para iniciar o jogo. Era um olhar de gana, enquanto nosso elenco, com penteados e camisas gola rolê com botãozinho fechado tinham o olhar de "mole, bicho ganho". E sem bafo, sem caspa, sem chuteira preta. E veio o jogo...

Com 10 minutos falei num grupo de amigos que eles iam jogar por uma bola. O problema é que não somente eles jogaram como conseguiram. E com um gol de pelada clássico, fizeram 1-2 no lateral, bola na entrada da área, zagueiro correndo de costas, atacante de frente, já era.

Até aí, era o jogo jogado. Só que esse Flamengo com a cara de pasmaceira do ex-seilaquenzinho mantinha o ar blasé de "vamos virar Ê Ô" a qualquer minuto. Sem empolgar, sem fazer a torcida arder de tesão, sem nos mostrar que ali era Flamengo, e sim nos mostrando que ali era....era...era...algum resquício de Flamengo.

Falar de posicionamento e escalação é chover no molhado. Se já estou repetitivo falando da falta de sangue desse elenco, imagina reclamar de Arão, Pará e Jonas como titulares. Não, né? Vocês já leram demais sobre isso.

O fato é que o Lomba perdeu o freio e largou o verbo. Se foi um ato político, se jogou para a galera, honestamente eu ando e ando para isso, pois ele falou exatamente o que eu penso como torcedor. A reclamação foi pertinente, foi necessária, e ouso dizer que até demorou para alguém acordar e fazer isso. Demorou uns 4 anos, mas finalmente aconteceu. E, é claro, com reclamaçõezinhas dos "líderes" do elenco. Que com seus discursos prontos e orientados por algum coach da vida, falaram bonito, de forma articulada, mas não convenceram nem os doidivanas que gostam de usar o termo "homão da porra" (tá, deve existir uma meia dúzia que ainda acha o Diego extremamente centrado mesmo após uma derrota).

Aí é que está. Falta algum jogador sair cuspindo fogo ao fim do jogo. Vai rachar o elenco? Oras, fomos campeões em 2001 com a porrada comendo solta no vestiário. Fomos campeões em 2009 com outro tipo de comida acontecendo. Querem um grupo de escoteiros? Está ótimo assim. 

Querem ser campeões de alguma coisa, e marcar o nome na história do clube? É preciso bem mais. Muito mais. Mas eu ajudo: tem vídeos, tem livros, tem torcedores que podem contar essas histórias e alimentar a alma deste elenco e, quem sabe, proporcionar um despertar para o que realmente é e o que realmente precisa o Flamengo dessa Nação.

Enfim, é cansativo pacas repetir o discurso. Perde-se a paciência, perde-se o tesão de torcer, de acreditar que agora vai. Mas mesmo assim,  sabemos que é possível ir. Para o alto, para o topo, para os títulos. 

Basta acordar para a vida. E o remedinho tá ali, à disposição.

SRN.

CCM.

DCF (só que não, e isso tem que mudar).

Alex´s out.

sexta-feira, 30 de março de 2018

O Flamengo está vivo!









Irmãos rubro-negros,


Eu nunca vi, nos meus mais de quarenta anos como rubro-negro, tanto desânimo na torcida como nesta gestão atual.

O Flamengo esteve nos últimos três anos em estado letárgico, acomodado, conformado.

Derrotas eram relativizadas, vexames assimilados com naturalidade, humilhações em sequência.

Tudo isso com a contribuição determinante da diretoria eleita e do grupo político que lhe dá suporte, o que tornava o quadro ainda mais crítico, pois de onde se esperava alguma mudança, tínhamos o nada.

Quando a esperança parecia ter se esvaído, após tantos e tantos vexames sem qualquer reação da diretoria, finalmente, irmãos, finalmente o Flamengo acordou.

Acordou pelas mãos de um vice-presidente amador, de alguém que, antes de tudo, acima de projetos políticos pessoais ou de grupos sectários, colocou à frente os interesses do Clube de Regatas do Flamengo.

As medidas adotadas pelo Ricardo Lomba deveriam ter sido efetivadas há muito tempo. Muito tempo. Mas como diz o provérbio, "antes tarde do que nunca".

O Lomba poderá se tornar, talvez sem saber, uma salvação para o mandato do presidente Eduardo Bandeira de Mello, cuja conduta foi das mais nocivas à instituição.

O Lomba teve a coragem, o desprendimento e o amor ao clube que tanto faltaram nos últimos anos na condução do departamento de futebol por aqueles que deveriam zelar pelo bem do Mengo.

Palmas para você, Ricardo Lomba!



...



Quando se fala em mentalidade, identidade, filosofia, respeito às nossas tradições, à nossa torcida e à sagrada camisa rubro-negra, não se está a falar de algo esotérico, abstrato ou intangível.

Ao contrário, a implantação de uma mentalidade vencedora e em harmonia com a história do Flamengo é concretizável, diria até palpável.

O dirigente amador, verdadeiramente apaixonado pelo Flamengo, sem interesse algum que não seja o bem da instituição, não precisa ter expertise em pormenores a respeito do funcionamento de um departamento de futebol. Isso é assunto circunscrito aos profissionais da área.

O que o dirigente amador e eleito precisa é representar o clube, determinar aos profissionais contratados o que é o Flamengo e como se espera que o trabalho seja desenvolvido quanto a certos valores que nos são inerentes, inclusive e obviamente metas e resultados. Avaliar o trabalho e contratar os melhores profissionais, dentro e fora de campo, para que o clube alcance os seus objetivos.

Se não se tem isso, não se tem nada. O que há é um arremedo de clube, apenas uma visão pálida daquilo que é a razão de amor e devoção de milhões de torcedores.

Simplesmente largar o futebol na mão de um "estrangeiro", sem nenhum tipo de cobrança, simplesmente porque confia-se na tese de que "só ele entende do riscado e nós somos ignorantes", é dar um cheque em branco a alguém cujo maior compromisso é consigo mesmo e não com a instituição. Alguém que sempre vai valorizar os parcos bons resultados e minimizar os vexames.

Há quanto tempo isso tem sido alertado pela torcida do Flamengo?

O Lomba, amigos, rompe com o paradigma que tem guiado a diretoria e o grupo ao qual ele pertence há pelo menos três ou quatro anos.








...



Em virtude das circunstâncias, do ano já ter se iniciado, de estarmos com competições importantes em andamento, será necessário reformular o departamento sem o tempo ideal.

O Flamengo merece ter os melhores profissionais no seu departamento de futebol. 

Uma excelente comissão técnica, ladeada por uma excelente equipe de profissionais, consegue fazer um time mediano render o seu máximo. 

Um bom time, porém, num ambiente contaminado, tende a render abaixo do seu potencial.

No Flamengo, não basta o máximo de cada um, é preciso superar o máximo.

O clube tem orçamento e dinheiro para investir nos melhores profissionais para o departamento de futebol. Gasta-se muito dinheiro com jogador que não rende. Contrata-se no atacado, no desespero. Contratos ruins, caros e longos.

Melhor investir em bons profissionais, gente que vai tirar o melhor de cada atleta e de si mesmo.

Tudo isso sob a batuta, o jugo e a  supervisão do dirigente amador, do torcedor rubro-negro que nos representa, como o Ricardo Lomba.

O Flamengo precisa de bons resultados.


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Boa Páscoa, amigos!



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Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.


quinta-feira, 29 de março de 2018

Flamengo 0 x 1 Botafogo. Adeus carioquinha 2018. Vá pela sombra.

E o Flamengo não ganhou, nem ganhará o carioquinha 2018. O torneio que convencionou-se que não é para ser prioritário, mas é. Se perde, crise, se ganha, f..., digo, dane-se. Numa espécie de contra senso dialético. Afinal, deve-se ou não deve-se dar prioridade a esta m..., digo, torneio? Não é uma oportunidade de revelar novos valores? De colocar em campo, jogadores, digamos, mais "questionados" e ver o que se pode arrancar deles? Fazer como o Atletico PR que joga com time B mesmo e se não gosta não assiste, enquanto o time principal treina e fica calibrado para o Brasileiro? Enfim, são aquelas questões que invariavelmente aparecem todo ano que se deve disputar este torneio da FERJ, que a cada ano ganha o prêmio "estocagem de vento" para o regulamento mais esdrúxulo. Agora, como o Vasco disputa a Libertadores, liberaram o uso de mais jogadores sub20. E o que fez o Flamengo? Pôs a molecada para jogar? Sim. Um ou dois jogos. E só. Sem comentários.

Enfim, e a partida de ontem? No "ah ah uh uh o Maraca é nosso" e tudo e com preços mais em conta? Diria que a escalação inicial foi um claro indício de auto-sabotagem do Carpegiani. Indicaria mesmo um terapeuta. Como um técnico pode simplesmente modificar a estrutura do time titular, que vinha de algumas boas apresentações, para fazer um time travado, sem saída de bola, sem jogadas, como foi o Flamengo do primeiro tempo? Colocou o Arão. Um jogador que se perdeu desde 2016. Não mostra mais nada que o faça ser jogador do Flamengo. Mas deve ter um imenso prestígio junto ao futebol. Deve ser um cara muito gente boa. Relacionamentos importantes. Ou uma liderança de vestiário incomum. Alguma coisa extra-campo o sujeito tem. Porque bola não tem mais. Sua presença em campo é uma espécie de buraco negro dentro do time, em que toda luz desaparece. 

Aí que digo, na escalação se vê que vai dar merda. Jonas e Arão e sem ER7? Meio de campo ficará um esculacho. Junte-se a isto a ausência do motorzinho do time (Everton) mais à frente e teremos Paquetá e Diego zanzando o tempo todo, e jogadas esparsas no ataque. Fora que, no momento crucial do jogo, o atacante do Botafogo avança pela direita. Quem está dando o combate direto? Justamente Paquetá...que deveria fazer parte no máximo de uma segunda linha defensiva...Ele passa pelo Paquetá, cruza para dentro e o Luiz Fernando dá um belo chute quase sem angulo e, claro, a bola entra. Sempre assim. Mas era o preço que o Flamengo pagava pela armação do time no primeiro tempo.  Que, a rigor, só tinha Vinicius Jr tentando algo, mas muito bem marcado nada conseguia fazer.

Aí é claro. Vem a revolta. Mas a rigor era só olhar a escalação inicial do Carpegiani e ver que daria merda. Não entendo isto. Acontece tantas e tantas vezes com tantos técnicos diferentes. Não sou nenhum gênio da raça, talento tático iluminado para antever e antecipar brilhantemente o que irá ocorrer.  Cara, é só olhar o elenco, saber como os caras jogam e estão jogando. Não é possível. Parece que uma sombra se instala no cérebro dos técnicos e deixam de ver o óbvio.

Enfim, vamos ao segundo tempo. Carpegiani surpreende e faz logo duas mudanças. Tira Jonas e Arão. Os dois volantes. E coloca Cuellar e Geuvânio. Absurdo Cuellar ter ficado de fora. Ao menos entraremos em campo no segundo tempo. E Geuvânio, bem, pode ajudar mas não irá resolver a falta de jogadas pelo meio. Paquetá e Diego, ao meu ver, pareceram perdidos sem a referência que Everton Ribeiro dá no meio de campo. E a ausência dele continuou perturbando a noite. Paquetá, então, parecia um daqueles cãezinhos que fica correndo atrás da bola em pelada. Não apresentou nada. Vinicius Jr continuava tentando jogadas pela ponta. Agora na esquerda. Muitas cheias de efeito, mas muito bem marcado, inócuas. Botafogo compactou as linhas, defendeu-se muito bem, e isto dificultou tudo pro Flamengo. O Ceifador, espectador privilegiado da partida, ao menos conseguiu uma boa cabeçada na trave. Nosso melhor lance de ataque. De resto nenhuma boa defesa de destaque do goleiro Jefferson do Botafogo. O que faz destacar o arame liso do ataque ontem. 

E no momento "assina aí professor pardal", Carpegiani se prepara para mais uma substituição. Tira o perdido Paquetá por Everton Ribeiro, para, finalmente, acertar o meio? Não....coloca mais um jogador de ponta (What?) e, como cereja deste bolo estragado, sem qualquer ritmo de jogo, coloca o Marlos. Eu não entendi. Você entendeu? E ficamos com mais uma versão de Paquetá em campo. Mais um jogador perdido e desta vez sem qualquer ritmo de jogo. Se embolando pela ponta com Geuvânio. Evidente que não resolveu o problema do Flamengo, sem articulações pelo meio, em que pese o futebol de qualidade do Cuellar ali por trás, que substitui com sobras e vantagens, o somatório de futebol de Jonas e Arão.

Enfim, o jogo chegou ao fim. Botafogo justamente venceu. Flamengo tem elenco de sobra para ter ganho a partida, mas o time disposto em campo não. Futebol são dois times jogando. Time é conjunto. E, ao menos, no fim da partida, tivemos um diferencial que pode, em tese, reverter em algo positivo. O Lomba, VP de Futebol, muito bolado na entrevista. Dizendo que o time "não correu como o Botafogo", o que discordo. Ao menos do ponto de vista de ver pela televisão. Em estádio pode-se ter outra percepção. E que o resultado é "vergonhoso". O que concordo pelo momento atual dos dois clubes. Embora clássico seja clássico. Acontece isto e frequentemente. Seja o Botafogo com melhor elenco ou o Flamengo. Enfim, ao menos saiu daquele marasmo declaratório de sempre, feito à feição de Rodrigo Caetano. Aquela coisa anódina sem cobranças. Que o bicho pegue no futebol do Flamengo. Chega de amiguismos, chega de não termos os melhores profissionais do mercado no departamento. É hora de uma mudança faca nos dentes no futebol. Não poupe nomes, Lomba. Quem não entrega está na prancha.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Flamengo x Botafogo


Campeonato Estadual 2018 - Semifinal

FLAMENGO: Diego Alves; Pará, Réver, Rhodolfo e Everton; Jonas; Willian Arão, Diego, Lucas Paquetá e Vinicius Jr.; HenriquDourado. Técnico: Paulo César Carpegiani.

Botafogo: Jefferson; Marcinho, Carli, Igor Rabello e Moisés; Marcelo Santos e Rodrigo Lindoso; Luiz Fernando, Leonardo Valência e Renatinho; Brenner. Técnico: Alberto Valentim.

Data, Local e Horário: Quarta-feira, 28 de março de 2018, as 21:45h (USA ET 20:45h), no Estádio Mário Filho ou "Maracanã", no Rio de Janeiro/RJ.

Arbitragem: Marcelo de Lima Henrique, auxiliado por Wagner Almeida Santos e Daniel do Espírito Santo Parro. 4º Árbitro: Daniel de Oliveira Alves Pereira. Assistentes Auxiliares 1 e 2: Daniel de Sousa Macedo e Diego da Silva Lourenço. Árbitro de Vídeo: Patrhice Wallace Correa Maia. Técnico: Edilson Soares da Silva.


Alfarrábios do Melo


DE ANJINHOS E DIABINHOS

(Está concentrado. Desliza os dedos sobre a vítrea superfície do pequeno aparelho. Vai transpondo as etapas do processo de cadastramento. Está disposto a informar nome, idade, estado civil, endereço e tudo o mais que se fizer necessário. Agora lhe é pedido que indique uma imagem. Não sem certa dificuldade, logra afixar um desenho que transfunde uma imagem do Zico a um fundo em negro e rubro. Enfim suspira. Enfim, pronto).

- Finalmente consegui abrir minha conta no Twitter. Preciso fazer minha primeira postagem. Ahn… Já sei, hoje tem jogo. Vou lançar “Hoje é dia de Flamengo! Bora Mengão, vamos ganhar!”

<< Ei ei ei, o que é isso? Não é o momento de pachequismo e ufanismo. O time nessa draga... Quer ser chamado de baba-ovo da Diretoria? >>

(a voz zumbe de dentro de seus tímpanos, silenciosa e estridente como uma enxaqueca. O suficiente para fazê-lo interromper o movimento dos dedos).

- Hum, pensando bem, acho melhor ser mais crítico. Mais “cabeça”. Vamos ver… “Hoje tem Flamengo. Que esse bando de frouxos não nos envergonhe. Ganhar é obrigação!”

<< Peraí! Vai jogar energia negativa no dia do jogo? Que espécie de torcedor é você? Time titular tá invicto, é líder na Libertadores... O que você quer mais? Vão lhe chamar de corvo, de cassandra, ou pior, de botafoguense! >>

- EPA, BOTAFOGUENSE NÃO! AÍ É OFENSA PESSOAL!

(Exalta-se num espasmo e depois, percebendo-se um tanto ridículo por esbravejar sozinho em seu quarto, tenta esquecer o sibilar que ribombou em seus miolos. Agora coloca o celular ao lado e resolve pensar mais um pouco).

- É, esse negócio de postar coisa sobre o jogo não vai dar certo. Deixa eu ver então… Já sei, posso falar dos jogadores. O Diego deu entrevista, né? Pronto, lá vai. “Diego está tentando assumir a responsabilidade? Bacana, precisamos de algo assim”

<< Deixe de ser ingênuo, o Diego é muito bem assessorado, isso é coisa ensaiada pra limpar a barra com a torcida. Tá precisando é deixar de ajeitar cabelinho e começar a resolver de fato. >>

- Hem… Hum… Acho melhor dar uma apertada. “Muito papo e pouca bola. Diego precisa falar mais é com os pés e deixar de ser pipoqueiro.”

<< É por isso que nenhum jogador dá certo no Flamengo. O cara é o melhor jogador do time, admirado por geral, elogiado até pelo Tite, mas pra essas malas daqui ele não serve. Complicado, viu? >>

(Começa a perceber que esse negócio de postar em rede social não é tão simples como parece. Já está há meia hora e ainda não conseguiu publicar nada. A rigor, não sabe como lidar com seus barulhentos fantasminhas internos, que parecem cada vez mais desenvoltos).

- Tudo bem, Diego vai dar confusão. Falar do Guerrero, então. Tá acabando a suspensão, vou dar uma moral pra ele. “Força, Guerrero, tá fazendo falta!”

<< Você não pode estar falando sério. Virou viúva do Guerrero agora? O cara ganha 1 milhão pra fazer cara de choro e perder gol? Nem pense em postar isso! >>

- Pô, tá osso. Deixa eu ver… “Guerrero perto de voltar. Se voltar. Será que vai deixar de ser dinheiro jogado no ralo? Será que vai botar o pezinho? Copa...”

<< Isso, esculhamba mais. Faça o jogo da imprensa paulista e dos arco-íris. Guerrero é um dos melhores atacantes do país. A hora que sair daqui, vai ter time fazendo fila pra levar. É ídolo no país dele e tal. Mas aqui não serve. Se você quer se alinhar aos que defendem que nada presta, que nada tem valor, vá em frente! >>

- Ok. Nada de jogadores, então. Falar de alguma coisa mais, digamos, unânime. O CT novo. Não é possível que alguém esteja achando ruim as obras do CT. Deixa eu ver, achei uma foto. Só comentar em cima, agora. “Imagem das obras. Esse CT vai ficar fodástico!”

(Chega a preparar o tweet e está pronto pra, enfim, publicar alguma coisa, mas no último momento é interrompido)

<< Sabia! No fundo você é um militante foca. Um lambe-solas do Banana. Um comedor de pizza. Vai postar foto do CT, daqui a pouco da piscina, depois vai publicar prêmio do Itauzão, e por fim vai cuspir regra querendo comemorar seu sexto lugar em paz! Smurfete! Devolva meu Flamengo! >>

- Não tinha pensado por esse lado. Nada de fotos, então. Vou arrumar isso. Deixa eu ver… “CT nababesco em ano de eleição. Enquanto isso, o time na lama. Cadê o dinheiro do VJ?”

<< Cassandra! Oportunista! Bapete! No fundo você torce é contra! Quer o que? O tempo da corja de volta? Tá com saudade da Patrícia? Vai ver o legal era atrasar salário e ser despejado de terreno. Pois é. Siga batendo nos bons e vai ver quem vai sobrar pra tocar o barco! Quer o Flamengo de volta? O Flamengo que brigava pra não cair? Que fingia que pagava pros caras fingirem que jogavam? >>

- CHEGA!

(O urro vem das entranhas. Dessa vez não se sente ridículo, mas irritado. E está pouco se importando, porque agora vai começar uma inflamada arenga. Pras paredes e, principalmente, pras infernais vozes que pipicam como grilos em sua esfolada mente)

- O que vocês querem? Não pode elogiar, não pode criticar… Eu quero comentar fatos e discutir ideias, foi pra isso que abri a conta. Será o catzo que isso não é possível? Será que não posso simplesmente lançar meus posts de modo espontâneo? Não posso reclamar de um jogo ruim e exaltar um momento bom? Por que eu tenho necessariamente que seguir uma linha? Um partido? Uma seita? Por que preciso obrigatoriamente xingar e ofender quem não concorda comigo?

<< É porque assim são as coisas hoje. >>

<< Sim. Pra entrar numa rede social, precisa marcar uma posição firme. Senão é desacreditado. Ou você nunca viu aqueles RTs históricos, de coisas que o cara defendia lá atrás e agora fala o contrário? Isso desmoraliza. >>

- Mas aí às vezes o contexto é outro, oras (pensa vagamente em parar com esse diálogo surreal, mas resolve seguir com a coisa). Não dá pra simplificar todos os casos. E tem outra, eu sou torcedor, não analista de desempenho financeiro ou administrativo. Quero ganhar jogos, comemorar, tirar onda com os rivais, gritar “é campeão”. É difícil isso?

<< Você vai perder likes. >>

<< De fato, será difícil amealhar RTs. Poucos vão lhe seguir. Você fará parte do limbo. >>

- Olha, quer saber? Vou rascunhar alguns tweets aqui. Do jeito que me vier na cabeça. Depois pego tudo e publico de vez. Aí vocês não me enchem mais o saco.

(Abre um editor de texto no celular e começa a teclar sem interrupção. Aos poucos as frases vão preenchendo toda a tela do equipamento. Ao terminar, contempla a obra. Parece satisfeito).

“Problema do time não é só jogador. Temos bons nomes, mas a impressão é que são mal preparados”; 
“No fim do ano termina o mandato. Boas ideias, vários êxitos, mas profundo fiasco na essência”;
“Rodrigo Caetano, fez alguns bons negócios mas não conseguiu criar um elenco vencedor”;
“Mengo joga hoje. Temos mais time, podemos e devemos vencer. Não quero nem pensar em outra coisa”;
“Diego. Parece querer vencer aqui, mas acho que o líder não pode ser ele”;
“Guerrero: Flamengo paga a ele salário de estrela. Mas o peruano é só um coadjuvante de alto nível”;
“Dizem que o CT vai ficar belo e avançado. Mas e o outro? Esse cronograma era previsto?”

(Olha o conjunto de frases, sente-se à vontade com o conteúdo. Nada muito aprofundado, depois os argumentos se desenvolvem. Corre um dedo aqui, trisca outro ali, e pronto. Todos os tweets postados. Sente-se cansado. Pensa em tirar uma soneca. Mas, ao pousar a cabeça no travesseiro, volta a ouvir as, agora, familiares vozes do seu aquém e além. Parecem mais fortes, tão intensas que lhe remetem a uma imagem de um inquisidor apontando seus dedos grossos à face, como que o encaminhasse ao punitivo ardor eterno do fogo dos pecados expiados. A fogueira dos proscritos. Dos malditos.)

<< ISENTÃO! ISENTÃO! >>



terça-feira, 27 de março de 2018

Fim da Pré-Temporada


Olá Buteco, bom dia!

Com o término da Taça Rio, nosso período de pré-temporada está oficialmente terminado. Daqui para frente, finais do estadual, brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil se alternam às quartas e domingos incessantemente, num cenário em que todas as partidas são relevantes para as pretensões do clube.

No post de hoje, minha ideia é trazer algumas questões sobre o tema para o debate no nosso setor de comentários. 

1. Conseguimos montar um time titular e dar rodagem a ele?

2. Conseguimos encontrar reservas consistentes para alternativas aos titulares? 

3. Conseguimos alternativas táticas para mudar a forma de jogar do time titular?

Amanhã temos a semifinal contra o Botafogo. Embora a minha sensação seja de que não aproveitamos esses primeiros meses do ano como deveríamos, acredito que passaremos, ainda que com alguns sustos.

Abraço a todos, Saudações Rubronegras e bom debate!


sábado, 24 de março de 2018

A arte de guerrear


Por Alex do Triplex

Os mais aficionados pelo MMA devem lembrar do evento Pride, que acontecia no Japão mês sim, mês sim, com as principais atrações vindas do Brasil, mais precisamente daqui de Curitiba: Wanderlei Silva e Maurício Shogun. E, naquele tempo, era comum ouvirmos no corner dos lutadores o grito do Muay Thai, sempre vociferado pelos treinadores Rafael Cordeiro e Cristiano Marcelo, com o objetivo de “ligar a máquina”, de fazer o sangue ferver de vez. Havia derrotas, mas havia muitas vitórias contundentes dos brasileiros.

O Flamengo de hoje me leva pra esse patamar de dúvida: O que falta pra esses caras ligarem a máquina? Se os salários estão em dia, se tudo está bom, se o CT é de primeira geração, se o grupo é unido, onde está o fio da meada que insiste em bloquear nosso crescimento?

Eu enumero algumas obviedades repetitivas redundantes:
- Falta chuteira preta, falta bafo de alho, falta entrar fedido em campo. Nossos jogadores parecem que saíram do salão direto pro gramado. E isso não combina com as nossas tradições.
- Falta um pouco mais de boteco, de ser perseguido por algum setorista estagiário e aparecer em foto às 4 da manhã, com uma água de côco pra rebater a manguaça. Hoje, temos um elenco que parece ter aula no Sion, proibido de falar palavrão.
- Falta, PRIMORDIALMENTE, o sangue no olho. Não adianta explodir numa virada “heróica” e “determinante” contra o poderosíssimo Emelec, se num jogo contra os perebas do Fluminense somos incapazes de furar uma retranca do Abel. E essa pasmaceira de achar que o gol pode acontecer a qualquer momento me incomoda muito.

Não podemos afirmar que somos desprovidos de talento. Mas só talento não basta. Correr errado, de forma desgovernada, não me mostra raça. Me passa desorganização, me passa (des)obediência tática (voltarei a falar disso), e me passa um pouco do discurso do Diego ao fim de derrotas ou fracassos.  Não existe um culpado, não existe uma figura determinante no resultado. É aquele discurso pronto, e pronto.

Sobre o jogo de quinta, vou citar “A Arte da Guerra”: “Conheça o seu inimigo e conhece-te a si mesmo e você pode lutar cem batalhas sem desastre.”

Simples, né? Pra que ir de Rever, com Rodolfo bem, contra um ataque de anões velocistas? Pra que Vinícius Jr de banco, sendo que tanto Everton Ribeiro e Diego não estão – NO MEU ENTENDER – essa maravilha toda que muitos afirmam? Pra que Renê, se absolutamente todo mundo sabe que o Everton pode e deve fazer o papel de lateral, ou até mesmo de um ala? E Cuellar, o que ele fez pra merecer banco pro Jonas? Isso, pra começar na escalação. Não consigo compreender o que pensa nosso treinador. “Ok, ele está lá, você não”. Mas sou só eu reclamando dessas escalações? Sou só eu reclamando de termos RÔMULO E ARÃO no banco? Vem aí o desastre, não?

Então o professor resolve escalar o time da galera. E aí nós esbarramos – falei que eu ia voltar – na (des)obediência tática. Não foram poucas as vezes em que ouvi grandes jogadores brasileiro falarem sobre não obedecer às ordens do treinador e o jogo mudar. Sobre o tal improviso, algo que nos era exclusivo, mas que o mundo viu, copiou e venceu. 

Em se falando de Flamengo, tirando Vinicius Jr. e Paquetá, não vejo ninguém arriscar nesse time. E me falta argumento para decidir o que motiva jogadores como Diego e Everton Ribeiro a terem esse comportamento “igual”. A serem jogadores de grupo, quando eles podem e devem ser jogadores únicos, diferenciados, diferentes.

Que nossa torcida é impaciente, é fato. Saudades de títulos de verdade, vontade de ganhar Brasileirão, Libertadores, o mundo. O Carioca não satisfaz muitos faz alguns anos, e eu ouso afirmar que nossos reais rivais são Corinthians e Palmeiras. É neles que devemos mirar nossas forças, e não aporrinhar a própria paciência contra os times frequentadores da série B que vivem e moram no Rio.

O combatente inteligente impõe sua vontade sobre o inimigo, mas não permite que a vontade do inimigo lhe seja aplicada

Pois bem, para terminar, voltamos a Shin Tzu. O Flamengo de nós todos joga com inteligência, mas se permite subjulgar os adversários solenemente, sem pensar na vida. Tira deles a respiração, a vontade de vencer, e impõe o medo. Pois quando o time faz isso, nós vamos juntos. Nós saímos de trás da tv e vestimos a ponta da chuteira. Difícil entender isso? Podem até ser perebas, mas não são cegos ou surdos. Fazer com que compremos essa briga é fácil. Mas, atualmente, não é isso que eles vem merecendo.

Temos 9 meses ainda. Muita bola pra rolar. Mas é necessária uma mudança de postura mental. Muito mais mental do que tática.

Senão, veremos pela tv - de novo - outros levantando as taças que poderiam, SIM, serem nossas.

SRN

CCM

DCF

P.s.: Um convite do meu amigo Rocco é quase uma intimação.  Sinto-me honrado de frequentar seu buteco.

Triplex´s out.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Tema livre










Irmãos rubro-negros,



hoje o tema é livre.

O tema hoje é daqueles que se regozijam no poder político e na retórica política que vige no Clube de Regatas do Flamengo.


...


Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Fluminense x Flamengo - semifinal Taça Rio

Campeonato Estadual 2018 - Taça Rio - Semifinal

Fluminense: Júlio César; Reginaldo, Gum e Ibañez; Gilberto, Richard, Jadson, Sornoza e Ayrton; Marcos Júnior e Pedro. Técnico: Abel Braga.

FLAMENGO: Diego Alves; Rodinei, Rodholfo (Réver), Juan e Renê; Jonas; Everton Ribeiro, Diego, Paquetá e Everton; DouradoTécnico: Paulo César Carpegiani

Data, Local e Horário: Quinta-feira, 22 de março de 2018, as 20:00h (USA ET 18:00h), no Estádio Engenhão, no Rio de Janeiro/RJ.

Arbitragem: Maurício Machado Coelho Júnior, auxiliado por Dilbert Pedrosa Moisés e Eduardo de Souza Couto.

Voto à distância por um clube nacional

Flamengo é um clube de torcida nacional, mas seu estatuto é de um clube local. Associados, majoritariamente da Zona Sul e entorno, decidem politicamente o presente e futuro do clube. Alguns decidem pela remodelação da piscina que receberam ou deixaram de receber, outros pelas escolinhas de seus filhos, outros decidem pelo critério de afinidade pessoal com candidatos que convivem nos fins de semana. Enfim, o clube de bairro em sua essência.  É um modelo que, obviamente, dificulta qualquer tipo de compromisso com modernização e aprimoramento dos processos, embora esta tenha sido a tônica das duas últimas eleições.

A modernização recente do quadro de associados significa, claro, um arejamento maior nas ideias. O que é bom para o Flamengo. Pedra que rola não cria musgo. Mas, ainda assim, é um clube cuja eleição é decidida aqui no Rio de Janeiro, o que, de certa forma, é uma minimização da relevância ao torcedor do Flamengo, cuja grande maioria não está nesta cidade ou mesmo estado.

O que fazer?  Abrir o clube. Como? Permitindo o voto à distância. Não há como sustentar o modelo atual de exigir o comparecimento no Rio de Janeiro e ainda em dia útil. Isto inibe qualquer votação. Pense você, associado do Rio de Janeiro, se tivesse que ir em Maceió votar numa segunda-feira. Você poderia ir? Não. E com o tempo você desistiria de participar politicamente do clube. A não ser que tivesse tempo livre, cheio da grana, enfim, condições especiais.

E porque queremos só associados de outros estados em condições especiais? Não tem lógica. Além de ser uma enorme injustiça.

Flamengo precisa se abrir. Até para manter a chama perpétua de interesse de torcedores de outros estados pelo clube. 

Isto é algo novo? Não. Internacional permite isto. Clubes como Santos, Fluminense e Bahia lutam para emplacá-lo. Flamengo, pela característica nacional que tem, deveria ser o líder deste processo. É possível haver votos pela internet, desde que com sistemas bem construídos, auditados e com segurança. Acompanhados pelas chapas eleitorais e testados exaustivamente para garantir a fidelidade dos votos. 

Por isto é importante que o dito associado off-Rio apoie candidaturas que se comprometam a lutar pela implementação deste sistema. E faça um esforço hercúleo e venha ao Rio votar. O que mesmo assim não será simples. Tem que vencer a resistência do Conselho do Flamengo, composto majoritariamente pelos "associados do clube social". Evidente que o associado off-Rio pode estar com raiva pelo momento do futebol e releve qualquer outro assunto, frustrado pelo 2017 em que acreditava que um técnico iniciante paneleiro, adorador de perebas, levaria o time longe. Junte a isto a miopia técnica do diretor executivo de futebol, e seus profissionais, e das características do EBM frente a pasta do VP de Futebol, e tivemos a "tempestade perfeita". O que faz com que o futebol adquira uma enorme relevância para 2019, passando todos os outros temas (muito) para trás e a maioria dos debates se resuma a quem terá mais pulso que o outro.

Enfim, é chegado a hora e a vez do voto em distância. Claro que não será para a eleição de 2018, infelizmente, mas deve-se lutar para ser a de 2021. Que o Flamengo se adeque a isto com o apoio da maioria dos associados.




terça-feira, 20 de março de 2018

Expectativas




SRN, Buteco.


De uns tempos pra cá temos tido muitos motivos para reclamar em relação ao Flamengo.

É cansativo, são os mesmos erros repetidos  de formas diferentes.

Por isso, pelo menos por hoje, vamos deixar de lado as Bananices em geral e enxergar o futebol dentro de campo.

É certo que o time nos dá motivos para desconfiança.Pode ganhar com segurança, assim como passar 90 minutos sem uma arremate sequer ao gol.

Individualmente, tem talento de sobra para o nível nacional.Diego, Everton Ribeiro, Paqueta, Vinicius JR, todos são jogadores que num lance podem resolver um a partida.

E basicamente é o que vem acontecendo.

Uma falta do Diego ou do Paqueta, um passe do Everton Ribeiro, uma arrancada do Vinicius, o Flamengo resolve seus jogos assim. As vezes o tim e passa a impressão que espera por um lance desses. Toca a bola sem velocidade, sem objetividade. Até achar uma jogada que se transforme em gol.

De forma calma até demais.

Apesar disso, nos principais jogos do mano até aqui o aproveitamento foi bom.

Dá pra ter alguma expectativa.

Rodolfo vem jogando muito bem, Rodinei melhorou o lado direito, Jonas elevou o nível da disputa pelo meio campo, e até mesmo Geuvanio deu algum sinal de que pode, enfim, produzir perto do que se espera.

Ainda existem posições problemáticas, em especial a lateral esquerda.

Porém, no geral, até o momento, o time titular vem passando sinais de competitividade.

Em breve o nível de exigência vai subir, vem aí Campeonato Brasileiro e Copa do Brasill.

Veremos, então, qual o verdadeiro nível do time, o que podemos esperar de verdade para o resto do ano.

A expectativa, apesar dos pesares, é boa. Que o Flamengo não nos contradiga, mais uma vez...

segunda-feira, 19 de março de 2018

A Diferença

Salve, Buteco! Que baita alívio a vitória na quarta-feira, né? Poucas vezes na minha vida de torcedor havia visto o Mais Querido entrar em campo tão desacreditado. Quase uma unanimidade em torno da derrota. Teve até jornalista equatoriano afirmando que o Manto Sagrado não assusta. O que mais me surpreendeu não foi a boa atuação no primeiro tempo, mas o desempenho físico na etapa final, considerando o que ocorreu contra o River Plate e nos dois confrontos recentes contra o Botafogo. Apesar disso, boa parte da torcida permanece um tanto descrente em relação ao ano de 2018. Confesso que me incluo nesse grupo. Analisando exclusivamente o desempenho do futebol dentro de campo, acredito em uma temporada bastante parecida com a de 2017. A atuação do time até as substituições em Guaiaquil é uma ótima referência para uma problema que vem desde 2016, qual seja, a falta daquele "algo mais" que deixa o Flamengo sempre bem posicionado em todos os campeonatos, mas não a ponto de levantar as taças mais importantes. Nos jogos mais importantes, o gol da vitória não sai. É sempre mais provável um empate ou, fora de casa, aquela "honrosa" derrota.

Ao se deparar com essa realidade, o torcedor olha para a Diretoria e desanima. O triunvirato formado por Eduardo Bandeira de Mello, Fred Luz e Rodrigo Caetano impede que qualquer torcedor com um mínimo de senso crítico se entusiasme. Parece-me óbvio que o elenco será minimamente reforçado no meio do ano, mas convenhamos, é tolice esperar por escolhas sólidas e criteriosas. É bem verdade que, nesse último ano de gestão, pode ser que, pressionados, mesmo sem admitirem publicamente a cambulhada de erros, esforcem-se para ter um ano esportivamente melhor. Quem sabe não diminuem a margem de risco (sendo eufêmico e evitando polêmicas) assumida, por exemplo, com Ederson, Conca e Rômulo? Seria a estratégia mais lógica, inclusive para que a sucessão seja tranquila. Todavia, convém não criar expectativas. A ficção, longe dos momentos de lazer e relaxamento espiritual, pode ser uma perigosa armadilha na vida real.

O que fazer então para esse 2018 seja ao menos um pouquinho melhor do que 2017? 

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Bem que poderia começar com o menino da foto, aquele que entrou e mudou o jogo em Guaiaquil. Vejam bem, não é jogar toda a responsabilidade em cima do garoto, que tende a ser cada vez mais visado e marcado rigorosamente. Mas se há um jogador que pode fazer as coisas acontecerem dentro de campo na base da individualidade é Vinicius Jr. O menino ainda não joga bola para se firmar no primeiro mundo da bola e talvez essa seja a senha para convencer o Real Madrid a segurá-lo por mais um ano, o que para o Flamengo pode fazer toda a diferença. As chances de convencimento dos espanhóis certamente aumentarão se Vinicius Jr. for titular e disputar as principais competições da América do Sul pelo Mais Querido, o que certamente contribuirá para o seu desenvolvimento, ponto de convergência de interesses entre os clubes e o jogador. É claro que a decisão pela titularidade não pode ser desapegada do rendimento dentro de campo, mas convém que Carpa enxergue o momento ideal para fazer sua parte e dar uma efetiva chance à sorte.

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A situação do Vinicius Jr. me faz pensar no futuro do Paquetá. Jovem, imaturo e empolgado com a titularidade e a explosão de seu talento, tem demonstrado alguma dificuldade em discernir o momento ideal para optar pela jogada individual em vez do coletivo, o que, porém, não o impediu de se tornar um dos principais jogadores do time. Lucas Paquetá está de um a dois degraus abaixo de Vinicius Jr. na escala de talento individual (não que seja pouca coisa), porém sobra em nível de Brasil e, no futuro, talvez até alcance a seleção brasileira, a depender de como se desenvolva. Desconheço os termos do seu contrato com o Flamengo, mas lanço a seguinte reflexão, baseada em uma mera conjectura: dizem que a multa rescisória alcança imponentes R$ 200 milhões e não sei qual é a proporção entre esse valor e o dos salários. Supondo que venha da Europa alguma proposta salarial vantajosa para o nosso jovem e talentoso atleta, não seria o caso de considerar o provável ganho esportivo que sua permanência no Flamengo traria a médio e longo prazo, e assim reformar o contrato não pensando tanto em aumentar o valor da multa, mas em oferecer condições para um vínculo de longo prazo? 

Vejo essa alternativa com muito mais simpatia do que automaticamente negociar e reinvestir o valor em jogadores brasileiros que retornam dos mercados europeu ou, pior, árabe ou chinês, muitas vezes em decadência, sendo pálidas sombras do passado. Para cada Diego Ribas versão 2016 parece haver um número maior de Concas, Rômulos e Edersons. É claro que cada caso deve ser analisado de acordo com seu contexto e peculiaridades, mas gostaria de ver o Flamengo voltando aos tempos em que valorizava suas pratas-da-casa que efetivamente têm relação de identidade com o clube e a torcida e dão alto retorno esportivo. Bem que poderia começar com o Paquetá...

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Jonas ou Cuéllar? Impressão minha ou as viúvas do Márcio Araújo começam a se assanhar? Brincadeiras à parte, Jonas é uma grata e agradável surpresa, dando toda a pinta de que se tornará um jogador muito importante para o elenco. Mas será que é hora de ser titular? Compreendo a sequência que Carpa pretende lhe dar, afinal de contas Cuéllar foi infantilmente expulso após o término da partida final contra o Independiente, ao xingar o árbitro colombiano (ainda que os xingamentos fossem merecidos!), o que lhe rendeu dois jogos de suspensão, para depois ser novamente expulso, também de forma absolutamente evitável e infantil, contra o Fluminense, partida na qual, lembrem-se, usou a braçadeira de capitão do time. Se forçarmos um pouco mais, podemos também contar aquela disputa na corrida com o glorioso Pipico no lance do gol do Macaé...

O colombiano merece o puxão de orelhas e até dá pra entender o momentâneo banco de reservas, mas Carpa precisa ter sensibilidade para não errar na dose. Tudo na vida é contexto e Cuéllar foi muito injustiçado no Flamengo até a chegada de Reinaldo Rueda. Além disso, indiscutivelmente é mais jogador do que Jonas, tanto no lado técnico, quanto no tático, apesar do nosso estimado piauiense cada vez mais mostrar seu valor para o grupo.

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Este texto foi escrito antes da partida contra a Portuguesa. Passo então, como sempre, a palavra a vocês para a tradicional palhinha sobre todos os assuntos relacionados com o Mais Querido.

Bom dia e SRN a tod@s.

domingo, 18 de março de 2018

Flamengo x Portuguesa


Campeonato Estadual 2018 - Taça Rio - 6ª Rodada

FLAMENGO: Diego Alves; Rodinei, Rhodolfo, Juan e Renê; Jonas; Everton Ribeiro, Diego, EvertoViniciuJr.; Henrique Dourado. Técnico: Paulo César Carpegiani.

Portuguesa: Milton Raphael; Cássio, Marcão, Luan e Diego Maia; Muniz, Jhonnatan e Maicon Assis; Romarinho, Tiago Amaral e Philip. Técnico: João Carlos Ângelo.

Data, Local e Horário: Domingo, 18 de março de 2018, as 16:00h (USA ET 15:00h), no Estádio Estadual Kleber José de Andrade ou "Kleber Andrade", em Cariacica/ES.

Arbibragem: Rodrigo Carvalhaes de Miranda, auxiliado por Thiago Henrique Neto Corrêa Farinha e Wendel de Paiva Gouvêa. 4º Árbitro: André Roberto Smith Silveira. Assistentes Auxiliares 1 e 2: Daniel de Sousa Macedo e João Ennio Sobral. Técnico: Sérgio de Oliveira Santos.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Vitória Maiúscula








Irmãos rubro-negros,



Flamengo na quarta-feira obteve importantíssima vitória sobre o Emelec.

A vitória não foi relevante apenas pelos três pontos e pela liderança do grupo, mas também pela excelente atuação do time.

Afora alguns minutos no primeiro tempo, o Flamengo sempre foi superior ao adversário na partida.

Os problemas de finalização, porém, estavam presentes.

Embora dominasse as ações em campo, o Flamengo não conseguia traduzir o domínio em oportunidades de gol; e quando surgia alguma, não era convertida.

Prejudicado por uma penalidade claríssima não assinalada logo no início do jogo, tudo indicava que o Flamengo passaria sufoco ao sofrer um gol no segundo tempo.

Como tem sido comum, após levar um gol, o time desaba.

Quarta-feira, contudo, o roteiro foi muito diferente.

O Flamengo não se abalou ou se amedrontou com o gol sofrido; ao revés, partiu pra cima.

Henrique Dourado teve duas chances claras para marcar nosso gol, mas acabou desperdiçando-as.

Com o resultado adverso, o Carpegiani não teve opção, a não ser lançar o Vinicius Júnior.

E coube a ele o papel de herói rubro-negro.

Em duas jogadas espetaculares, o Vinicius Júnior mostrou todo o seu talento, traduzindo em gols o domínio e a coragem do time.

Uma vitória como essa pode ser um divisor de águas para o Flamengo este ano.

Mostra a força do time e da camisa e arrasta a Nação Rubro-Negra para a euforia que tanto nos caracteriza.

Uma vitória como a de quarta-feira traz uma alegria e uma emoção indescritíveis. Eu praticamente não dormi, mas amanheci extremamente feliz.

Líder do grupo, a situação do Flamengo muda completamente. De patinho feio e provável eliminado, passa a atrair as atenções e o temor dos adversários.

Flamengo jogou muito. Nossos rivais foram definitivamente apresentados ao Mais Amado. 

Flamengo verga, mas não quebra jamais.







...




Abraços e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.


quinta-feira, 15 de março de 2018

Emelec 1 x 2 Flamengo. A vitória elétrica

Uma partida antecipada por um descrédito geral como poucas vezes vi. Torcida desanimada, nenhuma ou quase nenhuma mobilização, por parte da torcida que pode, de assistir o jogo na casa do adversário. O time do Flamengo se viu meio que abandonado pela falta de fé e o choro convulsivo botafoguense que acometeu a torcida do Flamengo, preocupada com resultados negativos de time misto em carioquinha. O mesmo torneio que alegam não dar importância e que o Flamengo, paradoxalmente, já está classificado para a semifinal. 

Enfim, o discurso virou político. Um fora sicrano, fora fulano, e grandes propostas que se resumem, basicamente a esta pauta monocromática. Transferem a raiva que sentem (não fora de propósito, diga-se) dos dirigentes do clube ao time, que foi garfado de forma vergonhosa contra o River Plate, o que influenciou o resultado do empate em campo neutro, graças a própria torcida.  Mas isto é relevado pelos críticos porque estraga a narrativa de "terra arrasada" a qual adotaram em relação ao time que alegam torcer, mais preocupados com a política. E na política, amigos, os mesmos candidatos contra e a favor,  que a massa se digladia toda, se entendem perfeitamente, conversam entre si e riem juntos.

Desculpe o desabafo. Mas como convivo bastante com redes sociais (quem não nos tempos de hoje?) sei do que estou falando. A discordância é livre, claro.

E o Flamengo entrou em campo, em meio ao descrédito generalizado como se estivéssemos com Zé Ricardo de técnico e seus perebas de estimação. E entrou muito bem. Com pegada e muita movimentação, e uma boa marcação atrás, com atuação brilhante do começo ao fim do Jonas. Rodinei em uma atuação segura, até mesmo defensivamente e Renê sendo Renê. Aquela insegurança quando a bola vai até ele. Um primeiro tempo errando muitos passes mas uma atuação segura no segundo tempo, aguentando a barra do time do Emelec passar a jogar todo em seu setor (não precisa perguntar porque...).

Um primeiro tempo com poucas oportunidades e com o Paquetá "fominhando" demais, preferindo finalizar com a imprecisão de sempre em bola rolando, do que passar a bola para companheiros melhores colocados. Chamado a atenção pelo Diego, xerife da partida, preferiu retrucar talvez com palavrões. Nosso amigo Rhodolfo, o Frank, tem que resolver isto. Mas Paquetá tem muito crédito, tirando esta parte da finalizar de qualquer maneira e não olhar pros lados, fez um trabalho de meio de campo muito bom, marcando e passando muito bem. É um jogador de grande futuro. Mais uma vez essencial na partida. Everton Ribeiro, atuando mais pelo meio, fez a bola girar, correr, exercendo uma pressão no meio de campo que atrapalhava a troca de passes do Emelec e dava sequencia a inúmeros lances de ataque do Flamengo. E Diego? Diego foi o verdadeiro capitão ontem. Tomando a liderança do time para si, estava em todas as posições, distribuindo o jogo, finalizando, Diego foi essencial. Grande partida. Everton, o motorzinho, segurava as pontas pela esquerda, tendo que no segundo tempo, resguardar mais o setor porque passaram a privilegiar seu lado.

Chegamos ao fim do primeiro tempo. Flamengo até melhor em campo. Sofreu um pênalti escandalosamente não marcado pela arbitragem. Um dos pênaltis não marcados mais vergonhosos que já vi. O zagueiro do Emelec deu um tapa na bola na grande área. Sem procurar esconder. Simplesmente. Só isto. Mas é Libertadores. Flamengo não tem prestígio com a federação local, tem menos ainda com a CBF paulista, porque teria com a Commebol hermana?

E veio o segundo tempo. Flamengo irá esmorecer? Emelec anulará o Flamengo? Estas dúvidas sempre passam na cabeça. Mas o Flamengo continuou vindo com tudo. Preparação física, que todos andam criticando, manteve o time "em alta" do começo ao fim. Continuou dominando o jogo e Emelec criando chance alguma. Mas o Flamengo também criando poucas chances claras de gol. 

Aí, de forma injusta, pelo volume de jogo do Flamengo, Emelec fez seu gol em linda jogada. Um passe de meio de campo brilhante, mal marcado por alguém do setor do Flamengo que deu espaço para isto. A bola veio por cima, entre Juan e Rhodolfo, descaindo para o centroavante deles, o Angulo, que dominou e finalizou perfeitamente, com rapidez e precisão. Uma pintura. Nem dá para culpar tanto a defesa. Méritos do Emelec também pela construção e execução da jogada.

Mas isto em outros tempos seria a senha para esmorecer o Flamengo. E até ocorreu durante uns 5,10 minutos. Flamengo atônito demorou um pouco a se encontrar. E quando se encontrou veio o momento "dourado" do time. Vinicius Jr entrou a la Champions League e o Dourado ceifando qualquer oportunidade de gol que aparecia para ele, com direito a um gol perdido na escala 9.5 Deivid.

E, em um lance de Vinicius Jr, entrando sozinho pela direita, contra a zaga lenta do Emelec, foi faca na manteiga. Driblou para cá, driblou para lá, e finalizou com precisão. Golaço. Um gol que fez justiça ao empenho do Flamengo.

E veio o Dourado e ceifou uma, duas oportunidades de gol. Cadê o Guerrero por sinal?

Mas a justiça coroou o Flamengo. A bola é jogada para o Vinicius Jr dominá-la pela direita. O time do Emelec, tadinho, tentando atacar avançou suas linhas. Vinicius Jr parte com a bola, passa pro Diego, que ao passar da bola, consegue apará-la com o bico da chuteira, fazendo ela ficar ali, redondinha, parada, chamando pelo chute. E Vinicius Jr foi lá e guardou. Outro golaço. 

Torcida em festa. "Flamengo foi Flamengo", Contra tudo e todos, lutou até o fim e trouxe 3 pontos fora de casa. Flamengo não tremeu junto a torcida adversária naquele estádio deles que gostaria que o Flamengo tivesse um igual. Flamengo foi grande. Enorme.

E, para os derrotistas de plantão, alguns nesta altura tristes com a vitória de ontem, peço que reconsiderem a postura. A vida é curta. Dirigentes passam. O Flamengo continua. Sob qualquer administração vamos torcer sempre pelo Flamengo, passar energia positiva. Quando for hora de política se fala de política. Mas fica um ambiente de "transferência" desgraçado que pontua as conversas e atrapalha o "torcer" em pleno dia de jogo das Libertadores. Meu não. E de muitos também, claro. Do início do dia ao fim, fiquei pilhado e ansioso. No estádio elétrico do Emelec o Flamengo mereceu a nossa torcida.