sábado, 31 de março de 2018

Lombadas na alma

Em Anjos e Demônios, Robert Langdon (vivido por Tom Hanks) se aprofunda na história da Igreja Católica para entender e decifrar o comportamento de uma sociedade secreta, Illuminati, responsável por roubar a antimatéria e ameaçar destruir o Vaticano durante o Conclave, em um embate entre Ciência e Religião.

Durante o livro/filme, os personagens começam a se despir de alguns valores, e o hiato entre o Céu e o Inferno quase imperceptível (melhor não contar o fim, mas acredito que todo mundo já viu ou leu a obra). De qualquer forma, no fim ouvimos do futuro carmelengo a frase "A Igreja é falha pois nós, homens, somos falhos" (grandes chances d´eu errar, mas o sentido era esse).

Tudo isso para me remeter ao ano de 2003. Morava no Rio, e amigos me aporrinharam a paciência para ir a um culto numa famosa igreja na Barra. Por respeitar a família, fui. E ao chegar lá, dou de cara com 2 ex-jogadores do Flamengo: Marcelinho Carioca e Wilson Gottardo. Réu confesso, durei uns 10 minutos no culto, mas foi o suficiente para ver Marcelinho cordeirizando de forma extrema. Quem o conhece dentro de campo demoraria pra entender, mas é claro que existe uma explicação simples: tanto Marcelinho quanto Gottardo eram pura raiz. Batiam, apanhavam, xingavam, e jogavam com alma, coração e o sentimento de que morreriam pela vitória. E isso não os impedia de seguir preceitos religiosos. Not at all.

Os sentimentos do VP Lomba, após o jogo contra o Botafogo, eram os mesmos de 99,99% da torcida, e que citei na semana passada. Faltou tudo. Faltou correr mais, faltou mais entrega, faltou vontade de ganhar. SIM, VONTADE DE GANHAR. Pois é público e notório que temos mais qualidade no elenco (temos???), e a vitória seria questão de tempo.

Mas veio a entrada dos jogadores em campo. E eu vi o time adversário quase que salivando para iniciar o jogo. Era um olhar de gana, enquanto nosso elenco, com penteados e camisas gola rolê com botãozinho fechado tinham o olhar de "mole, bicho ganho". E sem bafo, sem caspa, sem chuteira preta. E veio o jogo...

Com 10 minutos falei num grupo de amigos que eles iam jogar por uma bola. O problema é que não somente eles jogaram como conseguiram. E com um gol de pelada clássico, fizeram 1-2 no lateral, bola na entrada da área, zagueiro correndo de costas, atacante de frente, já era.

Até aí, era o jogo jogado. Só que esse Flamengo com a cara de pasmaceira do ex-seilaquenzinho mantinha o ar blasé de "vamos virar Ê Ô" a qualquer minuto. Sem empolgar, sem fazer a torcida arder de tesão, sem nos mostrar que ali era Flamengo, e sim nos mostrando que ali era....era...era...algum resquício de Flamengo.

Falar de posicionamento e escalação é chover no molhado. Se já estou repetitivo falando da falta de sangue desse elenco, imagina reclamar de Arão, Pará e Jonas como titulares. Não, né? Vocês já leram demais sobre isso.

O fato é que o Lomba perdeu o freio e largou o verbo. Se foi um ato político, se jogou para a galera, honestamente eu ando e ando para isso, pois ele falou exatamente o que eu penso como torcedor. A reclamação foi pertinente, foi necessária, e ouso dizer que até demorou para alguém acordar e fazer isso. Demorou uns 4 anos, mas finalmente aconteceu. E, é claro, com reclamaçõezinhas dos "líderes" do elenco. Que com seus discursos prontos e orientados por algum coach da vida, falaram bonito, de forma articulada, mas não convenceram nem os doidivanas que gostam de usar o termo "homão da porra" (tá, deve existir uma meia dúzia que ainda acha o Diego extremamente centrado mesmo após uma derrota).

Aí é que está. Falta algum jogador sair cuspindo fogo ao fim do jogo. Vai rachar o elenco? Oras, fomos campeões em 2001 com a porrada comendo solta no vestiário. Fomos campeões em 2009 com outro tipo de comida acontecendo. Querem um grupo de escoteiros? Está ótimo assim. 

Querem ser campeões de alguma coisa, e marcar o nome na história do clube? É preciso bem mais. Muito mais. Mas eu ajudo: tem vídeos, tem livros, tem torcedores que podem contar essas histórias e alimentar a alma deste elenco e, quem sabe, proporcionar um despertar para o que realmente é e o que realmente precisa o Flamengo dessa Nação.

Enfim, é cansativo pacas repetir o discurso. Perde-se a paciência, perde-se o tesão de torcer, de acreditar que agora vai. Mas mesmo assim,  sabemos que é possível ir. Para o alto, para o topo, para os títulos. 

Basta acordar para a vida. E o remedinho tá ali, à disposição.

SRN.

CCM.

DCF (só que não, e isso tem que mudar).

Alex´s out.