quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Alfarrábios do Melo

"Não sou Botafogo, mas reconheço a tristeza de uma torcida que quase não ganha" (Consuelo Maldonado, turista mexicana, após assistir, no Maracanã, a Flamengo 2-0 Botafogo, em 02.03.1986)


APOLOGIA À PEQUENEZ

Glorioso! Campeão de onde és tu?
Pois aqui tu és somente
Campeão do “sururu”
Tua sede sobre nós já virou fome
Glorioso! Glorioso!
Que ironia é o teu nome.

Isto a todos irrita
Causa dó e compaixão
Ter o nome de “glorioso”
E nem sequer ser campeão

O “Glorioso” tem mesmo glórias
Pois já foi até campeão
No tempo que Eva era “back”
E o “goalkeeper” era Adão

“Glorioso”! És somente para os trouxas
Pois as lutas hoje em dia
São maiores e mais roxas
“Glorioso”, toma jeito
Quem é bom já nasce feito

O “Glorioso” quando quiser
Também pode ser campeão
Para isto basta somente
Ir pra segunda divisão
Para a “torcida gloriosa”
Isto causa uma grande mágoa
Pois a turma do rubro-negro
Joga até debaixo d'água

“Glorioso”! Glorificado podes ser
Pois se diz que “foi à glória”
Quem só vive a perder
Não tem glórias quem nasceu pra apanhar
Glorioso! Glorioso!
Vai primeiro te criar

Vocês não podem com a luta
Por isto deixem de prosar
Isto é bom para o Flamengo
Que é campeão de terra e mar
Chora, chora minha gente
Isto é mesmo pra chorar
Pois oito campeonatos num ano
Só o Flamengo pode tirar

Rubro-negro, desfralda o teu pavilhão
Pois ele eleva aos píncaros
O nome de uma nação
Dentre muitas, talvez mais de mil
És tu, ó Flamengo
Uma das glórias do Brasil.

(Poema “Gloriorita”, publicado no Jornal “O Imparcial”, em 23 de agosto de 1921, autoria sob pseudônimo “Miss Verity”)


O Flamengo, dois dias antes, vencera, na Rua Paysandu, o Botafogo por 3-1, praticamente eliminando o adversário da disputa do Campeonato Carioca. Alguns dias depois, o rubro-negro sagrou-se bicampeão.

Boa semana a todos,