Salve, Buteco! O Flamengo de Cristóvão colheu seus primeiros três pontos no último sábado contra a Chapecoense no Maracanã. Depois de duas derrotas apertadas, a vitória trouxe alívio e a esperança de que os piores momentos finalmente tenham passado. Digo isso não apenas pelo simples fato de ter sido uma vitória, mas por um conjunto de fatores positivos que podem ser destacados apesar do futebol apresentado não ter sido vistoso, tais como: a) o adversário já possui nove pontos, todos conquistados em casa, e se não é um dos candidatos a título ou G4, é um dos menores que tem mais chances de permanecer na Série A em 2016, pelo aproveitamento do mando de campo; b) já venceu um dos grandes e fez jogo duro contra os adversários que o venceram fora de casa; c) só teve uma chance de gol (conclusão de fora da área de Apodi no segundo tempo) nos 90 (noventa) minutos e d) o Flamengo, a seu turno, criou um número razoável de chances de gol no segundo tempo.
Analisando as duas partidas anteriores, achei que o Flamengo está evoluindo sob a direção de Cristóvão, comparando com o que apresentada com Vanderlei Luxemburgo, e vi o time melhor postado dentro de campo. Contra o Fluminense, inclusive na jogada do pênalti mal marcado, assim como nas jogadas dos dois outros gols do adversário o time tomou contra-ataques resultantes do posicionamento dos volantes e do risco assumido por Cristóvão para empatar o jogo. Contra o Cruzeiro, novamente um pênalti, dessa vez não marcado a favor do Flamengo quando o placar estava 0x0, e o domínio do meio campo a maior parte dos 90 (noventa) minutos, tomando um gol de bola aérea, porém sem criar muitas oportunidades de gol.
Algumas características do novo treinador já vão se apresentando. A primeira delas é a postura agressiva e reativa quando o time está atrás do placar ou precisando do resultado. Ao menos nas duas partidas disputadas no Maracanã, Cristóvão indicou claramente sua preferência por lançar o time incisivamente ao taque em circunstâncias adversas. Contra o Fluminense, os jogadores de meio foram paulatinamente substituídos por atacantes; contra a Chapecoense, a situação começaria a se repetir, quando Gabriel abriu o placar e a entrada de Paulinho foi adiada e alterado o jogador a ser substituído. Ainda é cedo para uma avaliação mais profunda. Contra o Fluminense foi a primeira partida e pode-se dizer, sem qualquer condescendência, que não havia tempo para os atletas assimilarem as orientações táticas do novo treinador. Contra a Chapecoense, não sabemos até que ponto arriscaria, pois o fato não se consumou.
Outra característica que o treinador parece exibir desde o começo é sua predileção pelo futebol ofensivo. Contudo, levando em consideração as formações utilizadas nas três partidas, enquanto contra o Fluminense o time jogou sem volante fixo, com Cáceres e Canteros lançando-se ao apoio até simultaneamente, sábado, contra a Chapecoense, Cristóvão adotou uma postura mais cautelosa e o sistema defensivo ficou mais guarnecido com Jonas e Márcio Araújo, embora a entrada de Samir também precise ser levada em conta. O tempo dirá se a opção decorreu apenas das do específico contexto da partida, imposto por suspensões e convocações para a Copa América, ou se adveio também da consciência do quão importante se mostrava a conquista dos três pontos, de modo a diminuir a pressão sobre o elenco e o Departamento de Futebol. Vi com bons olhos a mudança, pois acredito que os melhores treinadores são os que conseguem se adaptar às circunstâncias e não os tentam impor suas preferências a atletas que não se mostram em condições de executá-la com qualidade.
De qualquer modo, como frisei, ainda é cedo para uma avaliação profunda e há muito o que melhorar, como por exemplo, como apontou o comentarista Roger Flores, do Sportv, os pontas terem se movimentado pouco para confundir a defesa adversária no sábado. Porém, qualquer conclusão, por enquanto, seria precipitada. A vitória segura, ainda que sem um futebol vistoso, e a (re) organização tática me trouxeram um sentimento positivo e a certeza de que a equipe se encontrará nesse Campeonato Brasileiro. E até sábado, contra o Coritiba, no Couto Pereira, Cristóvão terá cinco dias de treinamento para preparar a equipe.
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Não vejo razão para abandonar a avaliação que venho fazendo do elenco desde o início do ano: não é o suficiente para conquistar o título ou uma vaga no G4, mas sobra para ficar entre os dez primeiros e vem rendendo abaixo do que pode. É o suficiente para o Flamengo? É o melhor possível dentro da filosofia de austeridade, mas diante do orçamento disponível para o Departamento de Futebol? As duas respostas devem ser negativas, inclusive porque a Diretoria, sem abandonar, repita-se, a filosofia de austeridade financeira e modernização administrativa, lançou-se no mercado e já anunciou ao menos um reforço de alto padrão - El Depredador Paolo Guerrero.
A torcida segue na expectativa da chegada do segundo "tiro certeiro". Espero sinceramente que a meta não tenha sido trocada pela contratação de dois ou três jogadores de médio investimento, pois o time, dentro de campo, carece de atitude e o elenco está repleto de jogadores dentro desse patamar. O salto de qualidade não virá com mais do mesmo, mas sim subindo um degrau no nível de contratações.
É nesse ponto que pergunto a vocês, amig@s do Buteco, o que seria melhor para o elenco nesse momento, em nível de "tiro certeiro" ou contratação de melhor nível: um segundo/terceiro volante ou um meia armador? Palpites?
Bom dia e SRN a tod@s.