quarta-feira, 20 de maio de 2015

Um bando


O título da coluna poderia perfeitamente agrupar, numa investigação policial, os personagens portenhos que praticaram os crimes no intervalo da partida entre os hermanos Boca Juniors e River Plate, valendo pela Libertadores, na mítica La Bombonera na quinta-feira passada, levando à suspensão do jogo ainda em sua primeira parte;

As consequências de conhecimento geral motivaram mais um enxugamento de gelo também pela Conmebol, com punições envolvendo o dono da casa e o estádio cujos resultados futuros serão pífios como sempre, tendo como agravante o fato de insistirem nessa hipocrisia. Para os criminosos, reais causadores da balbúrdia e do vexame, nada sobrou, pelo menos até agora. Desde sempre discordo dessas penas por não atingirem o cerne do problema e, assim, não se encontrar uma solução para o caso, que se repete na Argentina, aqui entre nós e em muitos outros lugares onde se pratica o futebol, com algumas exceções, graças a incapacidade intelectual dos bandidos travestidos de torcedores de entenderem que o seu clube será prejudicado;

Apenas vejo que a alternativa para solucionar de uma vez por todas essa questão é bem simples e encontra-se na punição do cidadão que vai a um jogo de futebol e a partir daí ganha o status de torcedor, o inimputável ser que tudo pode, desde desacatar uma autoridade policial a desferir uma bofetada em quem por algum motivo dele discordar, passando pela depredação do patrimônio público ou privado. Não pensem que alivio o clube incondicionalmente, pois se este tiver algum tipo de envolvimento com os malfeitores também deve ser punido com severidade. Do contrário é injusto, pois uma mera agremiação de esporte não detém sequer um mínimo poder de polícia para controlar o comportamento, digamos no caso do Flamengo, de 60 ou 70 mil torcedores. Sem esquecer que pode haver infiltração de gente adversária com o intuito de prejudicar o rival numa decisão importante;

Enfim. em que raios de mundo é este em que vivemos que permite essa separação de comportamentos diferenciados para o cidadão em sua casa, nas ruas, no teatro, no cinema, no restaurante,... e o cidadão-torcedor impune, livre, leve e solto após a prática de crimes comuns apenas porque veste a camisa de um clube de futebol?

Passando a bola para o mais-Querido, "Um bando" também seria bem apropriado para nomear um filme de faroeste nacional. Infelizmente, foi estampado com propriedade na capa de um jornal aqui de RJ city para qualificar o time do Flamengo no empate contra o Sport no Maracanã, domingo passado. Seu autor foi de uma inspiração ímpar ao classificar como tal aquele grupo de jogadores que não sabiam o que fazer em campo diante de um adversário mais fraco tecnicamente, porém, melhor arrumado em todos os seus setores, bem compactado e harmônico;

Perdendo por dois a zero e com o vexame na iminência de se concretizar, restou suar a camisa tardiamente, diminuindo o prejuízo com meio-gol do instável Canteros, após uma graça concedida pelo Alecssandro, autor da outra metade da "bola nas redes" do Sport. Desorganizado, na base do abafa, empatou com um bonito gol de Éverton, que recebeu um presente classudo do peito do Eduardo Silva. Sigo sem falar em tática, insisto na pressão desordenada, para finalizar com a certeza de que faltou categoria ao Gabriel para rolar para o mesmo Éverton, com o capricho que não tem, a bola que viraria o placar no derradeiro segundo da partida;

O calendário foi um amigo perfeito, tendo nos oferecido uma bela pré-temporada de quatro meses não devidamente aproveitada tanto para compor o elenco com gente talentosa como para a formação de uma equipe de futebol no mais amplo sentido do termo. A triste constatação é que o time do Flamengo, contando com a base do ano passado, começou o Brasileirão pior do que o esperado. Com o olhar crítico de hoje, espero que o termine de modo diferente do prenunciado.

SRN!