quinta-feira, 21 de maio de 2015

E o Planejamento no Futebol?

Chegaremos a isto de novo?
Adentramos um período de crise. A paciência da torcida parece esgotada. 
Temos um time com elenco mediano dirigido por um técnico que, aparentemente, perdeu o rumo do trabalho desenvolvido à partir do ano passado, quando, com méritos, conseguiu juntar as tripas espalhadas pelo chão daquilo que Ney Franco "treinava", e as transformou em um time, contando com a preciosa ajuda dos reforços recém-adquiridos na época: Canteros e Eduardo da Silva. Um deu qualidade ao meio de campo e outro, finalmente, fez ressurgir a figura de finalizador no lugar do fraquíssimo Alecsandro.

Formou um time aplicado embora de qualidade duvidosa. Mas mesmo assim fez um papel razoável na Copa Brasil e poderia ter ido à final se não fosse pela desastrosa atuação do próprio Luxemburgo ao destruir uma concepção que se urgia defensiva em um time pressionado por outro que precisava de vários gols para se classificar. Não fomos rebaixados no Brasileiro, nos recuperamos bem em posições dos últimos lugares que ocupamos durante o período da Copa.

E o planejamento da temporada seguinte de 2015? Importante não só por ser o último ano do primeiro triênio administrativo desta gestão como ser ano eleitoral? Bem, tivemos a troca do Diretor executivo de futebol. A contratação do promissor Cirino, de Armero, até agora entregue ao Departamento Médico, a liberação de Leo Moura e a contratação de Pará em substituição, Jonas, Arthur Maia e culminando com...Almir. Não se formou elenco para disputa de título. Pode ser que chegue Robinho, Guerrero ou nome pomposo qualquer deste mercado de terceira linha, que é o brasileiro frente ao futebol mundial, mas o fato é que, mesmo que cheguem não temos um time, não temos esquema tático, não temos liderança em campo e, como sabemos, sequer temos um CT de bom nível. Não tem onde jogador descansar, não tem cozinha, não tem iluminação, lama para todo lado. Não tem piscina para recuperação e há equipamentos com problemas.

Enfim, apesar do trabalho muito elogiado administrativo, jurídico, trabalhista, olímpico, e de processos, o futebol parece seguir ainda a linha mais amadora de decisões "on-time" de problemas que se repetem. 

Se queremos um clube com futebol competitivo temos que, primeiro, cuidar de sua estrutura. Como o Flamengo pode ter um CT tão mequetrefe? O Grêmio em setembro de 2014 inaugurou seu CT em setembro/2014 ao custo orçado de 10 milhões (Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/times/gremio/noticia/2014/09/apos-dois-anos-de-obras-gremio-inaugura-ct-luiz-carvalho.html) com 60 refletores, piscina, arquibancada, 2 campos oficiais, etc. em DOIS ANOS de obras.

Flamengo não pode dispor em seu milionário orçamento, tão incensado atualmente com seu admirável desenvolvimento sustentável, de uma linha para construção do CT? Porque não reservar 10,15,20 milhões, que seja, em 2016, 2017,2018 por exemplo, destinados exclusivamente à Construção do CT agora que as finanças do Flamengo parecem mais equilibradas? Será que comunicando ao público que parte do dinheiro do Sócio-Torcedor também ajuda na construção deste sonho não vai auxiliar no captação de mais sócios-torcedores? Não valeria a pena ter um bom técnico estrangeiro, altamente tático, que nesta terra de cegos que se tornou o #Brasil7a1 conseguiria fazer um time mediano a sobressair aos demais apenas por usar táticas mais modernas em equipes disciplinadas?

Enfim, é preciso pensar e planejar o Flamengo que queremos. Um time competitivo de estrelas HOJE, não seria parte do Flamengo que, ao menos, eu quero no momento. Porque um time competitivo de estrelas é o que penso como consequência final de um planejamento estratégico que culmine em um time "galático" à partir do Flamengo estar financeiramente forte e estruturalmente ótimo, até para atrair estes craques pelas condições de trabalho no clube. Porque o Flamengo que penso para o futuro, tem estrutura de CT de primeira classe mundial, direção executiva de futebol independente de treinador, utilização ótima da base para formação de talentos, não só de jogadores como comissões técnicos, para utilização futura no profissional do Flamengo ou, no caso dos jogadores formados, como fonte de receita. Jogador otimamente preparado na base, tanto em termos de técnica, fundamentos, conscientização de diferentes esquemas táticos, disciplinar e comportamental, é valioso para qualquer clube brasileiro ou estrangeiro. Irão ter profissionais em sua equipe capazes de responder as necessidades esperadas. Fazer do Flamengo um Selo de qualidade  de formação de jogador de base. 

E isto começa com Planejamento e VONTADE de fazer diferente. De fazer o futebol evoluir. E a evolução começa com a inteligência. Começa com os dirigentes junto com associados e torcida fazerem um pacto de transformação do futebol do Flamengo. Não é só dinheiro que faz o futebol. São as idéias aplicadas, as condições de trabalho oferecidas, disciplina, ordem, a qualidade dos jogadores no elenco à partir de critérios ótimos de seleção externa e aproveitamento da base própria, o nível da comissão técnica contratada ou aproveitada , o nível de cobrança da comissão técnica e dos jogadores, fisiologia, departamento médico, etc e a  preparação adequada dos dirigentes amadores para entender, mapear e controlar este processo junto a executivos contratados.

Precisamos dar este passo senão voltaremos ao ponto que já percorremos antes. De novo. E de novo.

Por Flavio H Souza
Twitter: @PedradaRN