“Você torce para qual time?”
“Flamengo.”
“E em São Paulo?”
“Flamengo.”
“Não é possível. Você tem que
torcer para alguém daqui. O time popular de São Paulo é o Corinthians, então
você tem que ser Corinthians aqui!”
“Não, sou Flamengo no Rio, em São
Paulo e no Brasil todo! E se morasse no Japão, seria Flamengo. Na Grécia?
Flamengo. EUA? Flamengo...”
Diálogos como o acima foram
rotineiros na minha infância e adolescência. Poucos conseguiam entender como um
menino morando em São Paulo pudesse torcer para o Flamengo!
Sou carioca, mas vim para São
Paulo quando tinha pouco menos de 10 anos de idade. Para ser sincero não sei
quando comecei a ser Flamengo, acho que nasci assim. Minha mãe nunca se
interessou muito por futebol, mas sempre diz ser Fluminense, meu pai,
rubro-negro fanático!
Cresci ouvindo as inesquecíveis
histórias da geração do Zico e como o Flamengo é grande, imenso, gigante!
Aprendi a ser Flamengo do mesmo
modo que aprendemos a andar, ler e escrever. Foi tão natural que não me imagino
torcendo ou simpatizando por qualquer outro clube que não seja o Clube de
Regatas Flamengo.
Quando menor uma das minhas
maiores alegrias era passar as férias no Rio de Janeiro na casa dos avós e
comprar tudo que eu achasse com o tema Flamengo. Era adesivo em banca de jornal,
lápis, borracha, chaveiro, caneca, copo, boné e muitas camisetas! Até um CD na
época do centenário com músicas sobre o Mengão eu comprei e escutava
ininterruptamente.
Aqui em São Paulo pouco se fala
sobre os clubes do Rio, portanto qualquer 30 segundos em programa esportivo ou
nota de rodapé presente em jornais era motivo de atenção. Existia uma carência
grande de informações sobre o dia a dia do clube, algo que não mais existe
devido ao crescimento da internet e surgimento das redes sociais.
Como ainda não existia o PFC e
gambiarras como o “roja directa” ainda fugiam do meu conhecimento, a única
forma de assistir os jogos do time era quando um dos times de São Paulo ia
jogar no Rio e o jogo passava na Globo-SP ou quando a partida era transmitida
pelo Sportv para todo Brasil.
Mas para quem acha que em São
Paulo ou Barueri não existam muitos rubro-negros, esta pessoa está redondamente
enganado. Lembro em 2009 quando o Flamengo veio jogar em Barueri pelo
Brasileirão a fila para comprar ingresso estava enorme e presenciei a fala de
uma senhora de pelo menos 60 anos:
“Moro ao lado do estádio, mas
nunca me animei de ir a nenhum jogo. Já passou por aqui Curintia, São Paulo e
Parmeira, mas o meu Framengo eu não posso deixar de ver!”
Faço um exercício diário que é procurar
o manto sagrado ao longo do dia. Não sei se tenho alguma espécie de radar, mas
sempre encontro! Não importa o dia ou local, mas sempre consigo alguém com um
boné, agasalho, calça e muitas camisas. Tem oficial, pirata, da Nike, Olympikus,
até da Umbro já vi gente vestindo na região.
Mesmo com Patricias, Edmundos e
Kleber Leites, não há nada mais prazeroso nessa vida do que ser Flamengo! Ninguém
me tira o orgulho de ser rubro-negro independente do estado em que eu more.
E é esse orgulho e paixão que me
fazem acreditar! Acreditar de que estamos no caminho certo e com paciência e
muito trabalho em pouco tempo voltaremos a vivenciar o mar de conquistas que
recheia a nossa história.
E se demorar mais do que deveria?
Ainda me restará o imenso prazer de ser Flamengo!
---//---
Neste domingo estarei presente no
Morumbi para assistir a nossa estreia! Fui contemplado pela promoção do
Matchday e estou muito feliz. Oportunidade única que o programa do sócio
torcedor me deu. Se tudo der certo, tentarei compartilhar essa experiência com
todos em uma próxima coluna.
Não importa se é Marcio Araújo,
Almir ou Arthur Maia, amanhã o Flamengo joga e fui convocado!
Torço para que o
clube faça um Campeonato Brasileiro sem sustos, onde a palavra “confusão” não
faça mais parte do nosso dicionário e dependendo do que acontecer, quem sabe
uma arrancada não nos coloque em voos mais altos no final do campeonato.
Um bom final de semana a todos,
pois o ano começa agora!
SRN!
#SejaSTdoFLA