segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A Matemática do Flamengo

Salve, Buteco! Estamos ainda no início da temporada/2015 e é bem cedo para tirar conclusões definitivas, porém cada vez mais o estilo de jogo do Mais Querido vai mostrando sua cara. Se até aqui o Flamengo havia enfrentado apenas clubes grandes, o que sempre representa divisão de responsabilidades, sábado, contra o Macaé, tivemos um outro tipo confronto e teste para a equipe: adversário da Série B, um pouco acima do padrão médio do Estadual do Rio, e ao menos no primeiro tempo retrancado. O novo Flamengo se apresenta veloz e insinuante, especialmente quando tem espaços para contra-atacar, o que parece ser sua situação de jogo ideal, mas mesmo nessas situações o começo de temporada traz uma equação que Luxemburgo terá que solucionar: o time inicialmente escolhido para ser titular é formado por jogadores que não têm por característica mais forte finalizar e, como bem disse o meu amigo Patrick Selener, possuem um histórico de poucos gols marcados na carreira.

É mais do que natural que a dificuldade para finalizar, e portanto também para marcar gols, presente até mesmo na situação de jogo ideal do time, acabe se acentuando quando surge a necessidade de "propor o jogo", tomar a iniciativa ou enfrentar equipes recuadas defensivamente. Dentro desse contexto, não questiono tentativas como a que vem sendo feita com Marcelo Cirino, de desenvolver seu potencial e características ainda não exploradas, mas pondero que o Flamengo enfrenta junto à FERJ e a maioria dos outros clubes um ambiente hostil talvez não experimentado com tanta intensidade em sua história, e Flamengo é sempre pressão. A propósito desse último aspecto, a torcida rubro-negra em geral, e especialmente a carioca, não é conhecida por sua paciência, o que me  leva a perguntar: em um clube no qual é comum até craques sentirem dificuldades para se adaptar, por sua imensidão, não seria mais prudente e simples esperar Marcelo Cirino se sentir em casa, confortável, para depois tentar voos mais altos? Reparem que a combinação de todos esses fatores com o contexto que envolve o ano eleitoral pode ser uma combinação explosiva que não deve ser subestimada.

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É interessante pensarmos nas alternativas que possuímos no elenco e os primeiros nomes que surgem são os de Alecsandro e Eduardo da Silva. Números sempre devem ser interpretados e nunca podem sustentar sozinhos o juízo a respeito de um jogador por se inserirem dentro de um contexto, como por exemplo quanto tempo em cada partida o atleta esteve em campo, mas o histórico de Eduardo da Silva mostra que na sua última temporada, a melhor em média de gols no Shakhtar Donetsk, marcou 12 (12) gols em 29 (vinte e nove) partidas, ao passo que no Flamengo marcou 9 (nove) gols em 24 (vinte e quatro), o que mostra desempenhos semelhantes. Já Alecsandro, pelo Flamengo, marcou 22 (vinte e dois) gols em 53 (cinquenta e três) jogos. Nos clubes anteriores, 22 (vinte e dois) gols em 50 (cinquenta) jogos pelo Atlético/MG, 11 (onze) gols em 50 (cinquenta) jogos pelo Vasco da Gama e 38 (trinta e oito) gols em 96 (noventa e seis) jogos pelo Internacional.

Como se pode perceber, em números finais, os desempenhos recentes dos dois se assemelham e até são superiores aos que apresentaram nos clubes antecedentes, mas nada que se compare com os esfuziantes 36 (trinta e seis) gols em 59 (cinquenta e nove) jogos de Hernane em 2013. Apesar disso, e na falta de outro nome, é difícil imaginar o time sem um deles como titular. Se ambos estivessem em plenas condições físicas, optaria por Eduardo, de boa técnica e raciocínio rápido, e com vasta experiência no futebol europeu. Só que Alecsandro, apesar de um pouco mais velho, parece ter melhores condições físicas atualmente.

Segunda pergunta do dia: vale a pena testar o Douglas Baggio no Estadual?

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Outro ponto que hoje parece fazer parte de uma discussão distante, mas logo (ainda nesse campeonato) voltará a ser atual é o do jogador com potencial para decidir, ou seja, marcar os gols decisivos, que valem classificações e títulos. O menos técnico time de 2013 tinha Elias e Hernane. O curioso desses dois jogadores, de rápida, porém marcante passagem pelo Flamengo é que não se esperava tanto de nenhum deles. Elias veio para ser um bom e experiente segundo volante e Hernane era uma simples aposta. Ou seja: não foram contratados para serem solução nesse quesito; impuseram-se diante das circunstâncias.

Há alguém no elenco que possa fazer o mesmo? Em quem vocês apostariam?

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Primeiro tempo de amplo domínio territorial e um gol sofrido numa jogada isolada. Segundo tempo complicado no qual o adversário ameaçou nos contra-ataques. Paradoxalmente, com dez em campo e Alecsandro no gol, o time se compactou, passou a criar várias situações de gol e o adversário não chutou ao nosso gol. A escolha que o treinador do Macaé de colocar em campo dois homens de área pode ter prejudicado o poder de criação deles, mas se houve algo de que gostei na partida foi a reação do time ao vivenciar em campo uma situação extremamente adversa. Nota-se que o Flamengo subiu de degrau no plano tático. É uma equipe muito mais consciente dentro de campo. Falta agora resolver a equação do setor ofensivo.

Bom dia e SRN a tod@s.