terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Tostes e as Finanças

Rapaziada Butequeira, voltei! Depois de um longo inverno, retorno em momento conturbado principalmente fora do campo. Quem acompanha aos comentários deste site sabe que dentro do campo continuo otimista em relação ao 2015 do Flamengo. Fora das quatro linhas tenho certeza absoluta de que as cosias caminham bem e teremos um futuro próximo vitorioso, mesmo com a saída do Bap da Vice-Presidência de Marketing (falarei deste assunto mais tarde).

Na última quinta-feira, fui convidado por um rubro-negro gente boa, João Gabriel Bandeira, para participar de uma apresentação do departamento financeiro do clube. Lá estavam Rodrigo Tostes o VP, Paulo Dutra (gerente corporativo, o que toma conta de todas as áreas que não são áreas fim, ou seja, Futebol, Fla-Gávea e Olímpicos) e alguns funcionários do departamento. Atualmente o Flamengo tem quatro diretores profissionais abaixo do Diretor-geral Fred Luz, são eles: Rodrigo Caetano, no Futebol; Marcelo Vido, nos Esportes Olímpicos, Miguel Hernandez, no Fla-Gávea; e o Paulo Dutra, no corporativo.

Ações foram tomadas para a melhoria dos processos internos do clube e um exemplo foi a redução de 42 para 15 profissionais, buscando eficiência dos processos internos. Conseguiram! hoje o setor funciona muito melhor com 15, do que com 42. Os profissionais foram treinados, estimulados “provocados” no sentido da evolução do departamento e dos processos, mesmo. Apenas um profissional foi contratado, os outros 14 já estavam por lá, conheciam os processos e joje trabalham de forma mais eficaz.

Sobre a dívida, o problema principal não é o tamanho dela, e isso foi enfatizado, é o fluxo de caixa, o momento. Por isso, o clube ainda pega empréstimos, que não são feitos em bancos grandes, “de primeira linha”, já que os mesmos não trabalham com futebol, não investem em clubes de futebol. Essa é a razão de não ser criado um fundo de investimentos do Flamengo. A dívida é pagável e a luz no fim do túnel, felizmente não é um trem, pois o paciente saiu do CTI, mas ainda está no hospital, em observação... basta uma contratação ruim, dois meses de loucura e voltaremos à estaca zero!

A dívida encontrada foi de 750MM de Reais, está atualmente em aproximados 550MM. O clube paga 140MM em dívidas por ano, onde 100MM são das próprias dívidas reais e 40MM são juros da mesma. Como as dívidas são roladas e o Flamengo não tem mais o problema das dívidas de curto prazo, praticamente “não precisamos da LRFE”, pois as dívidas de curto prazo com o governo foram equacionadas e serão pagas entre 14 e 17 anos. A vantagem da LRFE para o Flamengo é o desconto no alongamento das dívidas e a unificação do pagamento. O desconto no longo prazo daria margem para investimento em médio prazo.

Aqui abro espaço pra uma conversa que tive com Benny Kessel, do Blog “Balanço da Bola”. Segundo ele, a forma em que se discute hoje a LRFE os clubes quebrarão em médio prazo, já que a proposta do governo para a correção dos juros da dívida são feitas com taxa SELIC e não TJLP. Simplificando, num exemplo, hoje a parcela mensal é de 1MM daqui há 7, 8 anos pode estar em 3 ou 4MM alguns clubes pedirão ajuda. Tem o outro lado da moeda. O próprio Benny diz que se não sair a LRFE alguns clubes fecharão as portas. E não é ameaça, quase uma certeza. Falando especificamente de Flamengo e da relação com o Futebol, Tostes disse que o mais importante para todos, no elenco e na comissão técnica é o salário em dia. Deu um exemplo: na Copa do Brasil, em 2013, se na arrancada final os salários não estivessem em dia seria impossível o título. 

Falaram também algo que “se sabe”, não virão jogadores a qualquer custo, reafirmando a política de austeridade. As contratações atualmente são regidas por uma política de observação e análise de dados do departamento de futebol, coisa que não existia antes. Agora a prática é regular. Colocam muita fé em Arthur Maia e Jonas, que vieram ratificados pelo treinador, como os outros, inclusive. Não virá jogador para a torcida pagar, isso não existe. Só virá jogador, se houver dinheiro. Não farão nada fora das possibilidades. A prioridade é formar, investir na base.

Hoje a folha é de aproximadamente 5,5MM, dada em orçamento e publicada no site, a folha para 2016 deve subir para 8 ou 9MM, sem valor especificado, o que será um avanço grande! Sem loucuras. O que sobrar disso será investido NA BASE! A base é a prioridade do Flamengo. Estrutura física e material humano. Isso é uma grande notícia! Mesmo que haja possibilidade de uma folha de pagamentos de 12MM em 2016, isso não ocorrerá. O Flamengo contratará dentro de critérios técnicos, dentro de suas necessidades e não inflacionará o mercado. A “SOBRA DE CAIXA” SERÁ INVESTIDA NA BASE.

Surgiram perguntas sobre estádio, Arena da Gávea e os terrenos dos CTs. Segundo Tostes, quase dez empresas chegaram no clube em algum momento para conversar sobre propostas de estádio, mas nenhuma avançou. Basicamente, se alguém chegar com 400MM de reais, o Flamengo topa fazer um estádio para 45 mil pessoas. É o número mágico. Nada mais, nada menos. Partindo do ponto de haver o dinheiro, existe estudo sobre a viabilidade do estádio, mas não de terreno. Ainda. O Flamengo está aberto a conversas.

O Centro de treinamento dos profissionais será finalizado em 2015, menos a parte de hotelaria, que ficará pronta em 2016. Atualmente, o setor de hotelaria é o principal custo de um CT, já que é muito mais barato se hospedar em um hotel, do que fazer a manutenção do seu próprio hotel. Mas não é isso que impede a construção. Para a base, a estrutura de treinamento também funcionará 100%, mas não as instalações. A base herdará os contêineres utilizados pelo futebol e já utiliza a cozinha e academia própria para a base. As instalações para a base devem ficar prontas em breve, mas sem previsão ainda. Já tentaram oferecer a parceiros e possíveis parceiros o direito de nome do CT para a construção completa, mas não conseguiram ainda.

Sobre os terrenos oferecidos para os rivais, eu perguntei ao Paulo Dutra, o porque de o clube não aceitar os terrenos para uma possível construção de uma estrutura olímpica neles, já que a ideia de levar os esportes competitivos do clube para fora da Gávea foi debatida ali. Dutra me respondeu que não quiseram terrenos, como os outros porque isso gera custo imediato com manutenção em geral. Ele não se espantaria com invasões nos terrenos dados para Vasco, Fluminense e Botafogo...

A relação entre Flamengo e Consórcio Maracanã é boa. Mais uma vez reafirmaram que o fizeram o contrato visando grandes públicos, coisa que Botafogo e Fluminense não poderiam fazer. Para ele o contrato é bom para nós, pois não foi o Flamengo que tirou os clubes da licitação... Hoje, não conseguiríamos gerir sozinho o complexo Maracanã, existem contrapartidas como a construção de um presídio e o investimento de mais de 100MM, mas o estádio sozinho sim.

O clube trabalha diariamente para obter as licenças da arena da Gávea, que eles ressaltam não ser McDonalds, deixando no ar um direito de nome para ela... O trabalho do Flamengo nos bastidores é mais forte e presente do que se imagina. O clube não irá confrontar o Estado para conseguir o que precisa, devendo trabalhar em conjunto para garantir benefícios a seus sócios, torcedores e a sociedade.

O Marketing do Flamengo caminha mais depressa do que se consegue perceber a “olho nu”, hoje faz 500 mil Reais por dia! É a metade do projetado para o ano de 2015. Não é pouco dinheiro. Pensem. Os caras estão trabalhando. Ninguém no Brasil consegue obter essa marca. Nem em SP, o maior mercado, nem sendo de lá... Já há uma melhor relação com as embaixadas, mas a maioria delas é apenas grupos de torcedores reunidos em prol do Flamengo, para assistir as partidas, acompanhar o clube. Estão tentando a profissionalização de algumas embaixadas, como revendedoras de ST. Já funciona na FlaBahia, por exemplo, com alguma rentabilidade. É um trabalho de formiguinha. Aos poucos se consegue a expansão da marca Flamengo e o marketing coloca dinheiro novo nos cofres. Em 2014, 40 lojas novas foram inauguradas e a projeção para o ano presente é de 60 lojas novas. Novidades surgirão em breve no programa de Sócio Torcedor. No aguardo.

O Marketing observa de perto o comportamento e o trabalho nos programas de ST do Internacional e do benfica, inclusive com um intercâmbio benéfico em Portugal. O ST do Inter foi crescendo aos poucos e tem mais de 15 anos, cresceu aos poucos e seu “boom” se deu no ano de centenário, com a campanha para a obtenção de 100 mil sócios (não se pode desprezar as razões culturais específicas do RS)A experiência do intercâmbio com o Benfica foi muito benéfica, a lição foi aprendida Um funcionário do MKT me confidenciou que “descobriram” o pulo do gato do Benfica e não é aquilo que a gente convenciona, quando pensa por aqui, porém não disse qual era, lógico, estudaram antes de ir à Portugal. O ST do Benfica não passava de 80 mil por muitos anos, inclusive esse número foi objeto de planos eleitorais por lá, de como expandir o número de sócios. Hoje eles tem 220 mil, mas suaram para alcançar.

As metas de curto alcance do Nação Rubro-Negra foram atingidas, a base de torcedores é boa e eles tem os pés no chão. Percentualmente o número de cancelamentos é baixo e existem condições emocionais e específicas que impediram que o Flamengo tivesse ao menos 75 mil sócios. A maior parte das renovações se dão em Maio e Novembro. Exatamente nestes meses o Flamengo sofreu dois golpes em campo: a eliminação na Taça Libertadores e o início de brasileiro ruim e a derrota contra o Atlético-MG em novembro. Há uma base importante, um piso hoje, de 54 mil STs e a tendência é de crescimento. As mudanças do Nação serão noticiadas (já são) pelos canais oficiais como Twitter, e-mail, Facebook. Há melhora.

O último tema da conversa foi o porque do Flamengo não pensar em um programa de pontos para o ST e o Ingresso de temporada. O clube já está estudando as duas opções, deve implementar no futuro. Eu insisti no tema e Tostes reafirmou que não é fácil, mas é uma solução estudada. O Flamengo vai caminhar em breve para a venda de ingressos em pacotes (aqui pra nós, achei que depois de ter insistido um pouco, ele tenha se rendido à ideia da venda em pacotes, já que parte do salão se animou). A dificuldade é a receita imediata, já que por contrato o clube pode sediar 6 partidas do Brasileiro fora do Maracanã. Hoje é evitado o desperdício de dinheiro. Pé no chão, sem sonhos, ilusões, mas com muito trabalho.

A bomba de segunda foi a saída do Bap da VP de Marketing. Surgiram teorias, inúmeras, mas só ele sabe o porque ele pediu o boné. Não sei se estão certas ou erradas, o que sei (e sabemos) é que ele de fato saiu. Perde o Flamengo uma figura que era “Flecha e escudo” e o projeto como um todo, pode ganhar no futuro exatamente por não ter uma cara. Admito ainda, não conseguir enxergar os desdobramentos políticos a saída. O que sei é que o Flamengo viverá! Uma vez Flamengo, Sempre Flamengo...