terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ensino-Aprendizagem e Alto Rendimento

Neste momento em que estamos na zona da pasmaceira no campeonato brasileiro, todos (torcedores, especuladores, palpiteiros, etc.) gostaríamos de saber o que deseja a diretoria Rubro-Negra a respeito dos novos contratados e a formação do elenco para 2015. Onde queremos chegar? Como? O treinador se encaixa no “perfil” do elenco à ser montadoQual a capacidade real do elenco e seu custo-benefício? Milhares de perguntas passam por nossas cabeças na “formatação” de 2015, mas a verdade é que queremos um time forte.

Tenho algumas teorias futebolísticas, como todo e qualquer torcedor. Teorias táticas, técnica, morais, etc.; Tudo influencia o rendimento da equipe, o desempenho. Vou tentar empurrar um pouco da responsabilidade para os atletas, aqueles que desempenham, performam e também para os profissionais do futebol, que tem sim responsabilidade na formação dos elencos. Tudo passa pela capacidade de compreender o esporte, a educação formal e desportiva, passa pela compreensão e o nível educacional dos atletas, suas percepções sobre o que fazem o como fazem profissionalmente.

O tema é pouco analisado na imprensa, é polêmico, mas acho que falta inteligência ao time, educação mesmo, e não restrinjo ao Flamengo, alargo o tema relacionando ao futebol brasileiro como um todo. Até que nível os atletas do futebol brasileiro estudam? Onde e como buscam informação sobre sua profissão e como melhorar o desempenho? O que pensam sobre o conhecimento do esporte que praticam? É notório que exceto os fenômenos, os jogadores melhor cultura tem melhor rendimento (há um item que não se mensura, a vontade de cada um em melhorar, em evoluir, de se cuidar)Cada vez mais. Isso também passa por situações de treino. Será que os atletas são bem treinados? Porque, então? Falta teoria, base.

De modo geral o atleta do futebol sabe pouco a respeito de seu esporte, sendo apenas “chutador de bola”, sendo comum ouvir declarações dizendo que o jogador não gosta de futebol, pois não encara como uma carreira “formal”. O último a dizer isso foi o treinador atual, V(W)anderlei(y) LuxemburgoEsse parco gosto pela profissão, se atrela automaticamente um deficit de inteligência espacial ou territorial, inteligência emocional e inteligência tática (e mecânica, domínio sobre o corpo, seu instrumento de trabalho), falta inteligência, para a escolha das melhores jogadas ou a antecipação e criação de opções que facilitem aos companheiros de equipe.

Os atletas não são e nunca serão robôs, ou capazes de processar cálculos de alta complexidade como no xadrez de alto nível. Deveriam apenas, aplicar os conceitos esportivos, futebolísticos, automaticamente. Será que os treinadores, professores de educação física, agem como professores formais com seus atletas? O melhor modo para o crescimento de um elenco para uma equipe competitiva e vencedora perpassa inevitavelmente pela sala de aula, aprendizagem, para resultados no curtíssimo, médio e longo prazos.

A teoria é importantíssima para qualquer área, sempre que aliada a prática, no caso do futebol parece que apenas os treinadores se empenham pela teoria (com exceções), tendo o atleta um desinteresse extremo e o clube faz vista grossa em relação a isso, sendo pusilânime (sem exceções nacionalmente). É importantíssimo que já na pré-temporada, se implemente (diretoria + Comissão técnica) um esforço concentrado de “volta às aulas” para que profissionais (“viciados” no velho estilo), tenham um melhor aproveitamento.

Penso futebol de modo relativamente direto, onde defensivamente não se deve dar oportunidades ao adversário, a bola é fundamental e a ocupação dos espaços também; e ofensivamente, a posse de bola e a movimentação devem ser dinâmicas e objetivas. Muito bonito na teoria. Somente com o aprofundamento dos treinos e análises fora do campo, poderemos evoluir com os atletas individual e coletivamente, com a minimização dos passes errados por escolha equivocada, falta de treinamento, repetição (menor chance de erro), sendo este o fundamento mais visível; e até dribles errados (má escolha de posição ou lado do campo) e posicionamento espacial, tudo aplicado, analisado, reprocessado também pelos atletas.

Não seria nada ruim educação formal e esportiva para os atletas do futebol do Flamengo, inclusive com o clube incentivando o curso de educação física em universidades à distância, muito difundidas no país, o de certo modo os faria pensar no futuro para além das chuteiras. A volta às aulas para os professores (treinadores) e para os alunos (atletas), seria benéfica para o futuro do time atual, e em médio prazo nos faria sonhar com a possível volta a uma escola Flamenga de futebol, como na geração 81, formando continuamente outras gerações como aquela, minimizando o desperdício.


O essencial é a ocupação do tempo quando não se está treinado, dos treinadores (comissão técnica inteira) e dos atletas, que passam boa parte do tempo descansando. Poderiam estudar seus vídeos, melhorar individual e coletivamente, gostar mais de futebol. Isso é trabalho para o setor de inteligência do Flamengo, que existe e precisa ser mais acionado, utilizado, precisa compartilhar, disseminar as informações contidas. É um setor que merece um investimento maior, principalmente na formação dos atletas, já que “construiria” atletas mais interessados, mais capazes. A ver. Espero que esteja ocorrendo neste sentido, seria mais tranquilo o futuro do futebol do Flamengo. Nada será fácil.