domingo, 30 de novembro de 2014

Alfarrábios do Melo

Saudações flamengas a todos,

Essa semana escrevo um texto em homenagem ao colega Gabriel, que anda disseminando uma pretensa comparação que eu teria feito entre ídolos do presente e do passado, o que considero descabido, afinal comparar e encontrar semelhança entre contextos é diferente de emparelhar jogadores. De qualquer forma, para gáudio do colega (a quem admiro), seguem as linhas.

Boa semana a todos.

* * *
Contragolpe.

A bola é esticada ao lépido e jovem atacante, que abre corrida. Mas o zagueiro, sempre com um preciso senso de cobertura, antecipa-lhe o movimento e lhe toma a frente. É dele a bola, que se oferece lânguida, sedutora, maliciosa. O zagueiro é fustigado pelo fogoso fauno, mas não demonstra qualquer sinal de perturbação. Empertiga ligeiramente o tronco e com um meneio de cabeça checa e já percebe o goleiro posicionado para receber o passe. Um leve tapa, e estará tudo pronto.

Mas a coisa não sai bem assim.

No exato momento em que vai tocar a bola, a bandida quica em um morrote e sai de percurso. O zagueiro ainda consegue aprumar o domínio, mas o passe perde força. Vai pálido, tímido, sussurrante. O jovem goleador, que traiçoeiramente parecia ter desistido da jogada, estala como um raio, intercepta o lance, livra-se do esbaforido goleiro com um leve chapéu e consuma o gol, qual um ofídio.

Nesse lance, acaba o campeonato.

É o fim da carreira de Leandro.

Quem o efetivou zagueiro foi Zagalo, em 1984. Mas não foi o Velho Lobo quem o enxergou na posição pela primeira vez, e esse é um equívoco comum que costuma trair a memória de muita gente boa. A verdade é que em 1981, quando Rondinelli estourou o tornozelo ao dar um bico na chuteira de um paraguaio do Cerro Porteño em Assunção (encerrando assim sua história flamenga), Carpegiani ficou receoso de efetivar logo de cara o jovem Figueiredo. Então, mandou o ótimo Carlos Alberto para a lateral e meteu Leandro na zaga. O arranjo foi tão bom que foi utilizado por praticamente todo o Segundo Turno do Estadual (destaque para a atuação de gala nos 4-0 sobre o Bangu), somente sendo desfeito quando Carlos Alberto se lesionou, voltando Leandro para sua posição de origem, de onde não mais sairia por alguns anos.

Mas, tornando a Zagalo, em 1984 o experiente comandante se viu diante de um problema daqueles que todo treinador gosta. É que o Flamengo trouxe do América o lateral-esquerdo Jorginho, Campeão Mundial de Juniores no ano anterior e já destaque do time rubro. Jorginho viria para o lugar de Júnior, recentemente vendido para o Torino-ITA. Mas Zagalo andava encantado com as atuações de Adalberto (ironicamente, o reserva de Jorginho naquela Seleção) e, uma vez que Jorginho também atuava pela direita (na verdade, era destro) e como o Velho Lobo sempre teve por característica arranjar vaga para os melhores jogadores de seu elenco, pensou nisso de trazer Leandro para a zaga, até porque o setor andava claudicando (o time vinha sofrendo muitas goleadas) e o craque já havia manifestado sua intenção de atuar em um setor menos desgastante. E assim se fez, e o Flamengo consertou sua defesa.

A fulminante adaptação de Leandro à zaga foi algo impressionante, reforçando a tese de que craque se ajeita em qualquer lugar. Como lateral-direito, é tido um dos melhores da história. Ainda sob Carpegiani, chegou a atuar como volante em várias partidas, muitas delas decisivas (Atlético-MG no Serra Dourada, em que foi o melhor do jogo interrompido, Cobreloa em Montevideo e a finalíssima com o Vasco, o jogo do ladrilheiro), sempre esmerilhando a bola. Na zaga, impressionou pela sua destreza e sua absoluta capacidade de antever o lance, sempre chegando inteiro, pleno, nas bolas. A refinada sofisticação de seu jogo fez com que muitos o comparassem a Domingos da Guia, e com efeito é possível que realmente haja alguns elementos em comum nas duas formas de jogo, uma vez que Leandro era técnica em ente puro, cristalino. O estado da arte da bola.

Mas, como um Mozart, um Van Gogh, um desses gênios de fina extração, havia o contexto, traduzido em uma vida pessoal atribulada, tumultuando uma personalidade sensível ao extremo. A coisa começou a alastrar em 1983, quando Leandro desistiu de uma convocação para a Seleção Brasileira. E seguiu com episódios de divórcio, acidentes automobilísticos, crises pessoais e o controvertido corte do amigo Renato em 1986 (chegaram fora do horário, tentaram pular o muro, Renato conseguiu, ele não, e o atacante resolveu voltar para fora da concentração e acompanhar Leandro. Ambos foram advertidos, mas somente Renato cortado, mais tarde. Leandro não achou isso certo e, no último momento, não quis viajar ao México). Ademais, havia a questão mais séria, o problema com os joelhos.

Tal um Garrincha oitentista, Leandro tornou-se jogador de bola desafiando a formação congênita de suas pernas que, excessivamente arqueadas (o “mal de cowboy”), espremiam os ligamentos dos joelhos a cada salto, cada pique, cada movimento mais brusco, sacrifício que se tornava mais árduo com o passar dos jogos, ligamentos se deteriorando, bolsas e bolsas de gelo e fisioterapia contínua, a ponto dos médicos do CRF manifestarem, lá pelos idos de 85, 86, que cada partida em que Leandro era colocado em campo era a materialização de um milagre da medicina esportiva.

Mas agora isso não importa mais.

Nada de desarmes cortantes, passes milimétricos, projeções minuciosamente sincronizadas à linha de fundo, cruzamentos precisos, jogadas que trazem o futebol a uma linda brincadeira de bola. Nada disso é relevante, o que se fala, o que se comenta, o que se grita, o que se vaticina, é o contragolpe. A falha, o gol, a virtual perda do título. Um Flamengo com a faca nos dentes, buscando mostrar que a irreversível decadência do esquema tetracampeão brasileiro é apenas teórica, time mordido fazendo boa partida, fustigando o adversário, procurando desmanchar do placar aquele 1-1 tenso. E aí surge o contragolpe. E Leandro falha. O mundo lhe vai à cabeça. De repente, não presta mais.

A sensação de vilão não é nova. No ano anterior, um passe errado em uma saída de bola despretensiosa deu ao adversário um ataque cujo desfecho foi o gol do título, do ex-colega Tita. No entanto, a reação destemperada do treinador Antônio Lopes, “foi ele, perdemos por causa dele, arranquem-lhe as cabeças” colocou a crônica e a torcida ao lado do jogador, e Lopes não durou muito mais tempo. Ademais, Leandro conseguiu se recuperar no final do ano, sendo importante na campanha do tetra brasileiro.

Mas o quadro físico vai se agravando rapidamente. As articulações do joelho estão no limite, e Leandro, em 1988, encontra sérias dificuldades em se manter competitivo. As antecipações já não são tão precisas, o jogador começa a ser batido com menos dificuldade, a defesa do Flamengo, tida como segura, passa a exibir fissuras, principalmente diante de ataques velozes, como o Nacional-URU. E o Vasco.

Leandro, involuntariamente, acaba sendo pivô da queda de Carlinhos, que o saca do time na última partida das finais de forma sorrateira, no vestiário. Assume Candinho, que declara abertamente que a zaga do Flamengo é “lenta”, acenando com a barração de Leandro. Candinho prega renovação (de fato, o jovem Aldair anda voando e pronto para assumir a posição), mas, ao pedir a contratação do veterano decadente Darío Pereyra assina sua sentença de morte, e não resiste muito.

Mas Leandro, aconselhado por amigos, já havia tomado sua decisão. Vai tentar uma cirurgia arriscada, uma correção parcial da curvatura dos ossos, literalmente serrando os pontos que esfregam mais acentuadamente as articulações. Dificilmente dará certo, mas não há outro jeito. Após um ano de uma sacrificante recuperação, o jogador está de volta, num jogo em que os reservas do Flamengo perdem para o Argentinos Jrs no Maracanã, pela Supercopa. No entanto, mesmo profundamente irritada com a atuação da equipe, que é ostensivamente vaiada, a torcida aplaude entusiasticamente o retorno de Leandro, homenageando o ídolo com gritos e coros carinhosos, mostrando que a admiração permanece intacta.

Leandro retorna exibindo sua habilidade luxuriante, mas, sem ritmo de jogo, não é muito aproveitado na reta final da temporada de 1989 (o Flamengo brigava para chegar às Finais e Espinoza receava mexer na defesa). Começa 1990, Leandro, utilizado na sobra de um esquema com três zagueiros, atua praticamente por toda a Taça Guanabara, tem boa atuação no empate com o Vasco (1-1, jogo do gol do André Cruz), mas é um dos piores na desastrosa derrota para o Bangu (1-2) que elimina a equipe. A seguir, se lesiona e perde o restante do Estadual.

A inatividade relativamente longa suscita a lembrança de um dos mais implacáveis adágios dessas coisas do mundo da bola. No futebol, infelizmente, na montagem de uma equipe que se pretende competitiva e vencedora, não é possível alinhar o jogador pelo que foi. Não importa se o atleta foi o melhor, ou um dos melhores. O que se faz relevante é a contribuição de hoje, o que o jogador ainda pode produzir, seja pelo futebol bruto, seja pela capacidade de liderar, e se isso se torna de alguma forma útil. É cru. É frio. Mas é o que é.

E assim, sem alarde, no meio da Copa do Mundo, com todos voltados para o futebol vigoroso e medíocre praticado, sem a mais esquálida exceção, pelos 24 participantes, Leandro avisa que está parando, aos 30 anos. Sai da vida para entrar na história, eleva-se da mundana qualidade de boleiro e erige-se ao altar dos mitos, dos monstros sagrados, daqueles que, para toda a eternidade flamenga, serão adorados como os maiores.

Felizes os que se deliciaram com sua arte.


sábado, 29 de novembro de 2014

Flamengo x Vitória


Campeonato Brasileiro 2014 - Série A - 37ª Rodada

FLAMENGO: Paulo VictorLeonardo Moura, Wallace, Marcelo JoãPaulo; Cáceres, Márcio Araújo, Canteros e ÉvertonNixon e EltonTécnico: Vanderlei Luxemburgo. 

Vitória: Wilson (Gatito); Nino, Kadu, Ednei e Richarlyson; Neto Coruja, José Welison, Cáceres, Marcinho e Escudero; Dinei. Técnico - Ney Franco.

Data, Local e Horário: Sábado, 29 de novembro de 2014, as 21:00h (USET 18:00h), na Arena Amazônia, em Manaus/AM.

Arbitragem: Elmo Alves Resende Cunha (GO), auxiliado por Paulo César Silva Faria (MT) e José Benedito Miranda de Paula (GO).



Flamengo All Star



Bom dia butequeiros e leitores silenciosos, todos sabem que tenho ajudado a divulgar o Power Soccer e neste final de semana ocorrerá o 3o Campeonato Brasileiro da modalidade.



O Lancenet e o Terra publicaram matérias sobre o evento http://esportes.terra.com.br/campeonato-brasileiro-de-power-soccer-chega-ao-rio-de-janeiro,729d9865cc8e9410VgnCLD200000b1bf46d0RCRD.html, bem como o futuro Senador Romário, no facebook. Great!


Quanto ao Flamengo, tô meio de mal, botando pra dormir uns dias na sala pra ver se toma jeito, mas sempre pensando e o vendo em toda parte. Ontem no metrô, um já senhor calçando um All Star vermelho, com aquela linha preta realçando as cores, me fez pensar no Flamengo de um jeito diferente. 


Pensei no vermelho e preto nos pés, nos pés pegando fogo e em jogadores que, uma vez rubro negros, correm. Como se o manto e a chuteira fossem um equipamento que os ajustasse para a velocidade, rodas nos pés, carrinhos, suor, tentativa, erro, acerto, raça. 



Raça vermelha, com uma linha preta.

Que honrem o manto!

Bom fds a todos,

SRN!

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Falar... do quê?

Com o futebol já em clima de férias - tanto na postura dos jogadores quanto no interesse da torcida - entramos naquela fase do ano de abordar outras temáticas do universo Flamengo. A idéia aqui é propor uma tabelinha com o texto de 3a feira do Luiz Filho e ir um pouco além no debate sobre a comunicação do Flamengo.

Toda forma de comunicação pressupõe uma mensagem, um emissor, um meio ou canal e um receptor a quem ela é direcionada. No caso do Flamengo, historicamente, a confusão sempre aconteceu em todas as três partes, começando pelo emissor. Quantas vezes não vimos o presidente falar uma coisa, o vice de futebol falar outra e o técnico falar uma terceira? Isso sem contar com as famosas “raposas felpudas”, “conselheiros influentes”, insiders, funcionários que não quiseram se identificar e por aí vai.

Os canais não costumam ser menos confusos, com raras exceções. Notícias sem fatos e declarações retiradas de contexto já fazem parte do cotidiano do rubro-negro, sem esquecer das famosas Barrigas, especialidade da imprensa radiofônica do Rio de Janeiro.

Mas o ponto que quero abordar mesmo é a relação entre a mensagem e o receptor. A comunicação do Flamengo é (ou talvez devesse ser) direcionada principalmente a dois grupos que não necessariamente comungam dos mesmos interesses nem são afetados da mesma forma nos diferentes canais. Falo obviamente dos sócios e de todos os torcedores que não pertencem ao quadro social do Clube. Essa diferença ficou cristalizada em uma declaração da ex-presidente quando disse que dava prioridade total aos interesses do sócio, já que o torcedor não vota. Ocorre que, apesar das consequências políticas dessa escolha, ela pode indicar um caminho para orientar uma discussão entre a diferença de interesses dos dois grupos em questão e da melhor maneira de atendê-los ou, ao menos, comunicar-se com eles.

Comecemos com os torcedores, que são a maioria e, na opinião deste que escreve, a razão de ser do Flamengo. O interesse do torcedor em geral se resume a uma palavra: Título. Antes que comecem a voar as cadeiras do Buteco, convém lembrar que toda generalização apesar de burra, busca apenas encontrar um denominador comum em grupos de grande (ou enorme) complexidade. A maior parte de nós deve conhecer rubro-negros de todos os matizes, desde gênios historiadores até pensadores analistas do jogo e fanáticos apaixonados. Mas também conhecemos caras que não sabem sequer quando o Flamengo joga e apenas olham o resultado no jornal para sacanear os rivais. E no fim das contas, seja pelo amor incondicional ao Mais Querido ou apenas pela gozação ao vizinho, as vitórias e os títulos do Rubro-Negro são o que une os desejos de todos nós.

Deixo então aos amigos, um primeiro tema a ser debatido, que seria o que a diretoria atual do Flamengo teria para comunicar ao seu torcedor, que viu o time brigar dois anos seguidos (nessa gestão) contra o rebaixamento, mas ser campeão nacional em 2013 e estadual em 2014. Interessa ao torcedor saber se o Flamengo é ou não um “clube-cidadão”? Se temos CND? Se a Holanda ou os Estados Unidos vão treinar na gávea?  Ou seria a montagem de um grande time, a contratação de novos ídolos e o respeito aos antigos? Quem sabe talvez a busca por preços de ingressos acessíveis sem que o Flamengo seja prejudicado cada vez que jogar no Maracanã? Ou ainda formas de torcedores de fora do rio de janeiro ficarem menos tempo sem ver o Mengo jogar em sua cidade ou em seu estado?

Na verdade, todas essas coisas têm sido feitas ou pelo menos tentadas, mas quanto disso chega de forma clara ao torcedor comum?

O universo do sócio não é menos complexo. A Gávea está longe de ser um primor de sede e os últimos anos não lhe foram mais generosos. Para o sócio também existem as preocupações com a situação financeira caótica do clube, que durante anos se dividia no dilema entre dar foco total ao futebol ou financiar o clube inteiro com seus recursos. E há ainda um mar de desinformação causado pela incessante disputa entre os diversos grupos políticos, que a cada eleição se mostram reagrupados em novas configurações.

Nesse flanco, o esforço do clube para se comunicar tem sido mais fácil de ser percebido. Desde os balancetes trimestrais aos informes enviados constantemente por e-mail, passando por reuniões do presidente com os sócios, a diretoria rubro-negra vem sempre buscando dar a todos ciência de suas ações e conquistas. Mas a formalidade dos comunicados e uma certa distância física para o associado vêm dando espaço para o crescimento do discurso dos descontentes. Esse aspecto se torna mais importante especialmente pela comparação com a gestão anterior, que se fazia presente de forma constante nas dependências da sede, sempre buscando mostrar aos sócios que o clube não estava abandonado. Aqui, talvez o meio seja quase tão importante quanto a mensagem, bem como o tempo em que as notícias são dadas.

No ano de 2015, um enorme desafio da diretoria será a construção de um canal de relacionamento mais forte com os sócios, especialmente os frequentadores da Gávea. Muitas vezes, acaba-se criando uma falsa confusão entre compreender e atender interesses com atitudes de cunho populista mas o mundo não é simples assim e o Flamengo muito menos.

Prestar atenção aos interesses dos sócios e dos torcedores não se opõe a tomar as medidas que o Flamengo precisa para ser saneado e nem necessariamente é sinônimo de gestão temerária. Uma das armas que a oposição vem usando, e que vem encontrando bastante receptividade, é o discurso de opor um Flamengo modernizado aos interesses dos torcedores e dos sócios. Entender de que forma pensa cada um desses grupos e como se comunicar com ele, é a melhor maneira de neutralizar esse discurso.

Para encerrar, vale ressaltar que o objetivo desse texto não é simplesmente criticar a política de comunicação do clube, mas apenas debate-la, em busca de soluções.


abraços a todos e SRN!

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Calúnia do Rúbio Negrão

“Icem âncoras, ergam as velas, limpem o convés... Zarpar!”

Sejemos cinseros e analfabéticos, marujos Chicão, Felipe, Erazo, Amaral, Elton, e grumetes Arthur, Muralha e Negueba: muito obrigado por tudo, por nada, e... boa viagem!

E tô nem aí se a nau sem norte colidir contra o Recife.

Agora, você, Léo Moreira, que ficou à deriva em 2014, veja se aprende a dar o bote na hora certa.

E você, Mugni, tá no mesmo barco que ele. Saiba que o Mengão não é um trampolim pro Velho Continente. Mas pode ficar mais um pouquinho.

E você, Anderson Pico, que viu no Flamengo um salva-vidas da sua carreira, também pode ficar mais um pouco.

Quanto ao Márcio Araújo, não adianta remar conta a maré: ele é útil.

Agora o Frauches, que fica na Gávea só observando a Lagoa, eu emprestaria.

Matheus, ora, o Matheus é peixe do Bebeto, certo?

Ah, mas o João Paulo, que é perna de pau sem ser pirata, tem mais é que fazer a travessia da fama pro ostracismo.

E você, Alecsandro, que nos deixou a ver navios na Copa do Brasil, quando morremos na praia, pode ficar mais uns meses.

Por outro lado, o Igor Sartori tá boiando; não sabe se vai ou fica.

Mas Canteros, tu ficas, pois estás indo de vento em popa.

E o Eduardo da Silva vai acabar ficando, porque vive no estaleiro.

Já você, Luis Antônio, não te coloquei na barca porque traíra merece ir nadando.

E só deixei o Léo Moura pro final, porque o capitão é o último a abandonar o navio.

Duplex Toc Zen

1 - Engraçado: Márcio Araújo, o único Marujo do elenco, não está na barca.

2 - Mas o Léo Moura, como recompensa pelos serviços prestados ao Flamengo, será promovido: De capitão do time a almirante da barca.

3 - Vasco, Botafogo e Palmeiras já caíram duas vezes, e o Fluminense, já perdi até a conta: Times grandes onde, essas porras?

4 - Botafoguense antes do jogo Flamengo x Vitória: “Prefiro ser rebaixado a depender da mulambada!”Botafoguense durante o jogo Flamengo x Vitória: “Vai, Flamengo! Vai Flamengo!”

5 - Mas nem tudo está perdido pra Botafogo e Palmeiras: Ainda falta perder dois jogos.

6 - Coragem, Fogão: Nada como um dia atrás do outro, com uma Série B no meio.

7 - Valesca Popozuda passa mal e é internada no Rio: Se passar mal fosse motivo pra ser internado, o Cáceres não sairia do hospital. (Pensando bem, ele vive mesmo no departamento médico...)

8 - Jóbson não aparece para treinar: O que é perder um simples treino quando se perde um pênalti decisivo?

9 - O Jóbson desistiu do Botafogo: Porque o Clube vai levar fumo, e o negócio dele é pó.

22 - “Carlos Eduardo Pereira ganha eleição no Botafogo para mandato de três anos”: Meus parabéns?

11 - “Kleber elogia qualidade da Série B: ‘Em breve, talvez um clube grande não suba’”Ué, este ano mesmo não subiu nenhum grande... Aliás, clube grande nem cai, amigo!

12 - Twitter Cassetadas da semana (em tempo real só em @rubionegrao)

Pra fugir da degola, o Botafogo não precisa de um milagre.
Precisa é de um encadeamento de milagres.

Este ano cairão Criciúma, Botafogo, Coritiba e Cantareira.

O Botafogo é tão azarado que em 2003 foi vice do Palmeiras na Série B, e periga pegar o Verdão por lá novamente no ano que vem.

Aí o cara liga pro laboratório e pergunta se o exame de urina pode ser com final feliz...

Hoje o Mengão "vai só brincar no Brasileirão".
Espero que brinque de médico, e não de esconde-esconde.

E no eletrizante Brasileirão por pontos corridos, o Cruzeiro foi campeão com 20 rodadas de antecedência.
Ufa! Já posso soltar a respiração.

O Luxa aproveitou a pelada de hoje pra ver com quem poderá contar em 2015, e descobriu que não poderá contar com a sorte.

Acho que seria sensato o Mengão arrumar mais uns 2 pontos aí pra ter uma gordurinha caso o STJD repita a veadagem do ano passado.

Acho mais fácil a recuperação do Jobson que a do Botafogo.

Sempre gostei do Léo Moura, mas se ele renovar pra 2015 estará condenando sua saída do Fla a ser debaixo de vaias.
Já deu. Não aguenta mais.

E o Botafogo apagou.

Jogo pro Matheus e pro Muralha @rafinhalisboa Fla perdendo pro vitória rebaixa o Botafogo e o Bahia, e deixa o palmeiras em péssimos lençóis

Se quiser salvar o Botafogo este ano, o STJD vai ter que dar um show de criatividade.

Olha, os dois gols que Botafogo tomou da Chapecoense é pra torcida tacar fogo na sede do Clube. Que desatenção e falta de hombridade.
Adorei

"Mantega deixa governo nos próximos dias."
Quer dizer que agora o governo vai botar "em nós" no seco mesmo.

Acho o Paul McCartney um gênio da música quase do mesmo nível do Latino.

"Nova equipe econômica será anunciada amanhã."
Só espero que desta vez o Dunga não invente.

Esse árbitro Leandro Donizeti é do quadro da FIFA?

O problema do torcedor do Atlético é que mesmo sendo campeão ele continua sendo torcedor do Atlético.
Não dá upgrade pra time grande.

Ano q vem não haverá scudetto da Copa do Brasil na camisa. Finalmente menos um cacareco poluindo o manto. Só falta tirar a porra daquele "X"

E nada mais faço, mas sempre na Série A.

(Ás do quinta-colunismo esportivo, Rúbio Negrão, vulgo Rubro-Negão Trolhoso, vulgo RNT, é cria dos juniores do blog da Flamengonet, e aceita doações de camisas oficiais novas do Flamengo no tamanho G.)

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ocaso de 2014


Agradeço ao companheiro @Bcbafla que supriu com sua habitual categoria flamenga a minha ausência na semana passada e concluiu seu texto dizendo que: "Finalmente, espero um ano de 2015 melhor que o atual,...". Uma esperança compartilhada por todos nós, essa do amigo rubro-negro, pois a atual gestão já perdeu em dois anos consecutivos o desafio de reestruturar as finanças do clube, o que vem sendo realizado paulatinamente, e simultaneamente formar uma boa equipe de futebol, capaz de disputar com a dignidade que o Flamengo merece todas as competições que participa;

Sabemos que não é fácil viabilizar esse conjunto composto por esses fatores abordados, mas até a página 2 do manual da missão proposta pelos azuis, pois no futebol brasileiro há clubes com menores receitas e investimentos disputando os respectivos campeonatos, sem sofrer os sobressaltos vividos pela torcida do Mais-Querido, advindos dos riscos de rebaixamento nos anos de 2013 e 2014 e alguns vexames contabilizados, já inseridos no currículo da diretoria eleita com o objetivo de resolver as questões acima citadas;

Mais do que nunca é preciso escolher muito bem em quem investir cada real que sobra após os pagamentos da obrigações correntes e passadas. Com dois anos de insucessos nas costas, nos quais evitar o rebaixamento para a Série B foi o objetivo a ser atingido, é mais do que chegada a hora de introjetar no Departamento de Futebol o sentimento de que o Z-4 não é a nossa praia;

Diante das dificuldades para descobrir novos valores e evitar fracassadas apostas, por quê não inovar usando como olheiros os próprios jogadores que comporão o elenco de 2015 e que disputaram a Libertadores, a Copa do Brasil e o Brasileirão? Ninguém melhor do que eles para indicar ao clube atletas contra os quais atuaram, em alguns casos, até três vezes durante a temporada. A criatividade é filha dos desafios e atua no sentido de solucioná-los com a propriedade de um bumerangue. Exemplificando: será que o zaqueiro Wallace não viu nos times pequenos que enfrentou, algumas vezes ao longo do ano, algum atacante que possa fazer testes no Flamengo na próxima pré-temporada e no Estadual? Creio que seja válida tal tentativa, pois dentro de campo a visão das qualidades dos adversários é muito boa e os jogadores que vão permanecer poderiam participar de algumas indicações de possíveis futuros companheiros de jornada;

Passando para os últimos jogos disputados, a indolência do time tem irritado até um Buda torcedor. Aqui no Buteco não atuamos profissionalmente e mesmo assim não vejo alguma razoabilidade em chegar e dizer aos seus administradores:"Agora que o ano acabou para o Flamengo, na coluna de hoje fiz alguns rabiscos, contei duas piadas de português e uma de argentino, simplesmente porque estou desmotivado para escrever sobre o clube". Receberei uma sonora vaia virtual e com muita razão;

Os jogadores do Flamengo ganham salários milionários para atuarem no máximo de suas capacidades todas as vezes que o clube entrar em campo. Creio que vitórias e títulos sejam consequências da aplicação de cada um, levando o conjunto ao sucesso. O que não é admissível é ouvir falar em desmotivação para exercerem suas obrigações quando são regiamente pagos para fazer justamente isso. E nem Vanderlei Luxemburgo tem o direito de usar tal argumento para justificar vexames como os que têm ocorrido, embora eu reconheça que imediatamente após uma meta ser atingida haja um natural relaxamento, porém, 24 horas depois a vida segue em frente com todas as suas responsabilidades a ser serem cumpridas;

O mais estranho de tudo é que os atuais gestores vieram para mudar esse comportamento e o que tenho visto é mais do mesmo nesse sentido.

SRN!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Habemus Obama?



Eu avisei”... “já sabia”... “Não falei”? São expressões bastante ouvidas pelas ruas, quando se fala de Flamengo. Sabemos que a comunicação é ruim, não é possível que só a diretoria não veja isso. A pressão é grande e o problema é como se dirigir tanto aos sócios, quanto a torcida, parte mais interessada. Cada um na sua. O Buteco é um exemplo do que digo, um microcosmo. Há insatisfeitos, revoltados, complacentes, silenciosos, desesperados, tudo. Num ambiente de comunicação ruim, medidas impopulares abafam medidas positivas aos olhos da maioria, e além disso o jogo contra o Galo na semifinal da Copa do Brasil foi a gota d'agua, tirando a razão de gente que apoiava. Uma coisa é certa: o Twitter e os blogs não são a torcida, mas são microcosmos dela.

Acabou a benevolência de muitos que apoiavam, outros perderam a crença na diretoria, tudo isso é normal neste processo confuso, onde a oposição se comunica melhor, tem um “discurso direto”, objetivo, fácil de se entender. É fato, a oposição se comunica melhor. Nem precisa baixar o nível, o que a diretoria precisa é escutar as ruas (em alguns aspectos), se aproximar de seu povo, inclusive de seu sócio. Ser ouvido, dialogar mais e melhor. Como? Não sei.

Começaria pelo orçamento de Marketing e Comunicação para 2015, pensados como investimento, não como custo. Mesmo com opiniões diversas e críticas ferrenhas, o marketing trabalhou bem, na medida do possível. Com uma marca, uma instituição do tamanho do Flamengo, e em momento de crise, trabalhar com um orçamento anual de 2,5MM em 2014 foi de doer! Como crescer assim? Um setor que pode no médio prazo, trazer 300, 400MM para o clube, poderia se dar ao luxo de um orçamento maior. Luxo não, obrigação!

Tem também a questão das redes sociais, que movimentam a “vida flamenga” fora dos muros da Gávea, onde rubro-negros interessados trocam informações sobre o clube. Estamos entre eles, como blog, como rede social. Algo foi executado, porém estamos longe do ideal. Quer um exemplo? O site do Flamengo não tem versões em outras línguas que não sejam o português. Falta dinheiro pra investir, faltam medidas para alavancar o ST, trabalhar com as embaixadas, falta algo, principalmente investimento financeiro e de recursos humanos. Gente, mão de obra.

As redes sociais e os blogs, como disse são um microcosmo da “vida social” do clube, e não dá pra ficar apanhando, mesmo apresentando feitos consideráveis. Erros e acertos. O tom das críticas já aumentou, o que custa tentar uma aproximação? Agradar a todos não vai dar mesmo. A visão sobre o todo mudou, isto é fato, a diretoria deve ficar atenta a isso. Culpa do galo, culpa do Luxa, culpa do Bap, muitos tem culpa e é assustador como os carecas estão perdendo apoio de quem estava na frente de suas fileiras, quem mais apoiava. Isso é notório não apenas nas redes sociais, nas ruas, na família.

O 4x1 do Mineirão esgotou a paciência acabou com o amadorismo, com o comportamento de alguns do campo e fora, ao menos com o que sai na imprensa, e por vezes aceitamos como verdades absolutas. O que mais ouço pelas ruas é: “eles podem ser mais bem-intencionados, mais honestos, mas continuam amadores” ou do quanto o marketing do Flamengo deveria ser melhor trabalhado. Nós mesmos aqui no blog. As maldades foram executadas algumas ações doeram, como a majoração do valor do ingresso, o desligamento de alguns ídolos como Love, Renato Abreu e Jayme, a cota extra, o início claudicante do ST, e com o tempo a destruição da imagem de Bap e Wallim, com promessas (reais ou criadas) não cumpridas.

Mesmo o trabalho interno sendo relativamente bom, não conseguimos enxergar no campo, no todo. O Flamengo é um produto “pronto” e a impressão é de que ninguém está cuidando dele, porque o Flamengo é esse “iceberg ao contrário”, a parte que mais aparece é o futebol, onde confundimos má administração com o Luiz Antônio trotando em campo... Não enxergamos o degelo submerso, o derretimento abaixo do espelho d'água, os buracos da camada de “ôzôna”, somente o que cai na frente de nossos olhos. Falo do futebol “quebrando a estrutura”. 


O Marketing faz um bom trabalho, o relacionamento é que não é bom, assim como a comunicação. Falta a criação uma agenda positiva de notícias. NÃO SE TRATA DE AGENDA MENTIROSA, COMO FEZ CERTOS CLUBES. O futebol tem peso político, mas tem menos peso eleitoral do que se imagina, tumultuando em razão de resultados ruins. Temos dois exemplos, a princípio, antagônicos, que comprovam isso. Delair “campeão brasileiro” em 2009, derrotado por Patricia Amorim no dia seguinte à conquista. O outro é a derrocada de Patricia Amorim, pelo mesmo motivo futebol, que encobria os rombos e a irresponsabilidade com gastos fora das possibilidades. Não é só o futebol. Tudo afeta o sócio, pois o futebol é o carro chefe e está acostumado tanto a trazer dinheiro, quanto a trazer dívidas.

Os azuis entraram para resolver o problema da credibilidade da instituição. E vencer esportivamente, lógico. O futebol “não elege”, mas destitui. Obama é um exemplo que trago para a discussão, pois penso ter similaridades entre os EUA e o processo em que vive o Flamengo. Guardando as devidas proporções, logicamente. Não dá para arriscar perder as próximas eleições. Vejamos:
  • Obama gerou mais empregos em 6 anos de trabalho que os dois Bushs em 12
  • O desemprego é o menor desde a década de 90
  • Salvou (literalmente) a indústria automobilística
  • Reduziu o deficit fiscal
  • Matou” Osama Bin Laden, o inimigo do Estado, que “lhe jurou de morte”
  • Recriou o sistema de saúde para a população, algo que há muito se tenta e não se consegue
  • O PIB americano cresceu 3,5% no terceiro trimestre de 2014
  • Gasolina está surpreendentemente barata
  • Reformulou o processo legal de imigração
A razão deste post foi uma conversa com um amigo sobre a situação política dos EUA, na semana passada. Ele explica que nada disso foi considerado na última eleição, onde o partido de Obama “tomou uma trosoba”, como disse. Lembrávamos também, que tem cidadão americano que discute abertamente, se ele é ou não “o pior presidente da História”. Em minha visão, aqui do Brasil, Obama “desistiu” de seu forte, a comunicação, por isso apanha e apanha muito! Apanha porque não é infalível, como qualquer outro não seria. Apanha porque os EUA são gigantes em território, política, economia...

Depois da eliminação na Copa do Brasil, ficamos todos amargos. Uns mais, outros menos. Tudo por causa de uma “decisão equivocada” de Luxemburgo em um jogo decisivo. De matar! matou o planejamento, de fato, em um jogo. Mas voltando à Obama, parecemos os eleitores americanos. O nível de cobrança e excelência mudou. O patamar mudou, porque a expectativa mudou. Eles prometeram mesmo 500MM? Ou disseram que o Flamengo tem potencial para arrecadar 500MM? São coisas diferentes. Se prometeram arrecadar 500 milhões, quando assumiram, arrecadávamos 200MM. Agora arrecadamos 350MM em dois anos, mas está ruim, afinal, prometeram 500MM...

O processo parece não ter volta, o cristal se quebrou. A solução seria a recuperação da imagem e da capacidade financeira para comprar outro cristal. Precisamos de uma vitória significativa em alguma área, principalmente dentro do campo, e mesmo assim, será difícil que os “desencantados” deem o braço a torcer. Como ocorre com Obama. Existem pesquisas eleitorais que perguntas quais medidas os americanos querem que sejam listadas como prioridade ou ações efetivas sejam tomadas pelo governo. Se alguém lhes diz “Obama tomou esta medida”, o cara se diz contrario, mesmo que em cinco segundos antes tenha dito que era a favor.

Tenho uma teoria maluca, que a eleição de 2015 teria seu teste agora, uma prova, na eleição do corpo transitório do conselho deliberativo, que se avizinha. A oposição se uniu, sem um projeto concreto, mas se uniu. Certamente a combinação comunicação ruim + medidas intempestivas, criou a situação atual. Pior ficou com o comportamento e as piadinhas de Luxemburgo após as sovas contra o Galo. Falta de motivação com torcida lotando treino e aeroporto, enchendo estádio? Que cara de pau! Falta aproximação com os sócios, torcida, exemplo Obama se torna um clássico. Infelizmente. O treinamento para a reeleição em 2015 é agora!

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A Soma de Todos os Erros

Salve, Buteco! O Flamengo dos 40 milhões de torcedores, do torcedor off-Rio, do sócio-torcedor, mais uma vez marcou um encontro com sua torcida e não apareceu. Dessa vez a vítima foi a fiel e apaixonada torcida maranhense, obrigada a assistir a uma enfadonha pelada disputada por um bando desinteressado contra um catado de jovens jogadores do lanterna do campeonato, que vinha de sete derrotas consecutivas e só não venceu por conta da atuação do goleiro Paulo Victor. Quem apareceu ontem no Castelão foi o Flamengo da boleirada notívaga, da cartolagem tradicional que vende ilusões e entrega decepções, e que se lembra dos 40 milhões nas dificuldades e conveniências, para logo se esquecer quando o aperto passa. A frase do treinador explica tudo: "compreendo a decepção, mas era difícil motivar o time." Ora bolas, então se é assim, torcida manauara, abra os olhos e se questione se vale a pena comparecer à Arena Amazônia no próximo domingo. Afinal de contas, pode ser que o Flamengo não tenha como levar a campo um time motivado para jogar diante de vocês. Entenderam?

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O Flamengo e seus ídolos ou quase isso (jogadores "identificados com o clube"). Sempre complicadíssima essa relação, difícil de terminar. Mas é interessante como se passam meses, anos e décadas, mas há algo que não muda: salvo raras exceções, a maior parte desses jogadores se acha credora do clube, merecedora de contratos "de gratidão por tudo o que fiz pelo clube" ou choraminga coisas do tipo "não reconheceram o meu valor." Já foi assim com Tita, Nunes e Adílio, por exemplo, jogadores muito mais importantes que seus sucessores contemporâneos Renato Abreu, Ronaldo Angelim e Leonardo Moura. Curioso que, no passado, o clube teve muito menos cerimônia para encerrar sua relação com aqueles três jogadores; já com os mais recentes, especialmente o primeiro e o terceiro, pode-se dizer que simplesmente não têm ou não se preocupam (aram) com o bom senso na hora de parar. A bola da vez é o decadente Leonardo Moura. Qual é o sentido dessa renovação?

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Como turbinar um programa de sócio-torcedor capitalizando a força dos 40 milhões se nem sequer se disfarça uma tentativa de mandar uma equipe motivada para se apresentar diante de torcedores que não viam o time há anos? Como montar uma equipe defensivamente competitiva insistindo na renovação com um lateral de 36 (trinta e seis) anos cuja escalação força o deslocamento tático de um volante para o setor e  exercer as funções defensivas para as quais ele fisicamente não é mais apto? Como imaginar que essa Diretoria e esse treinador terão autoridade sobre esse elenco se acham normal que se apresentem desmotivados em uma partida oficial do clube? O que esperar de um treinador alinhado com a facção política adversária e que, logo após a eliminação na Copa do Brasil, afirma que o título "encobriria os erros" e ainda convida para a comissão técnica o ressentido ex-treinador que saiu brigado com a atual Diretoria?

2015 precisa ser mais turbulento do que o necessário em um ano eleitoral?

Está mais do que na hora de unir o discurso à prática em outros campos além do financeiro-fiscal.

Bom dia e SRN a tod@s.

domingo, 23 de novembro de 2014

Flamengo x Criciúma


Campeonato Brasileiro 2014 - Série A - 36ª Rodada

FLAMENGO: Paulo VictorLeonardo Moura, Wallace, Chicão Anderson Pico; Cáceres, Márcio AraújoCanterosGabriee ÉvertonNixonTécnico: Vanderlei Luxemburgo. 

Criciúma: Edson; Rafael Pereira, Iago Maidana, Tiago Ferreira e Giovanni;  João Vítor, Barreto, Cléber Santana e Dodi; Bruno Lopes e Lucca. Técnico - Luizinho Vieira.

Data, Local e Horário: Domingo, 23 de novembro de 2014, as 17:00h (USET 14:00h), no Estádio Governador João Castelo ou "Castelão", no em São Luís/MA.



Arbitragem: Francisco Carlos do Nascimento (FIFA/AL), auxiliado por Fábio Pereira (FIFA/TO) e Sérgio H. Campelo Gomes (MA).



Alfarrábios do Melo

Saudações flamengas a todos.

O final de ano se aproxima, então é o momento de se proceder à famosa “avaliação” no elenco, como aliás alguns colegas aqui no Buteco já fizeram. Então, também vou expor meu pitaco. No entanto, evito propor a destinação aos jogadores, por não dispor de elementos suficientes. Atenho-me ao visto em campo (e um pouco fora dele), e tomando-se por base estritamente esse aspecto, o leitor poderá desenvolver suas próprias conclusões.

* * *

Paulo Victor – enfim conseguiu sua sequência de jogos. Reflexo agudo, ótimo pegador de penais. Mas sua deficiência nas bolas altas é insanável. Irregular em bolas de longa distância. Bom goleiro, mas longe de apresentar futebol de ponta.

César – segue aguardando mais oportunidades, e com isso continua superestimado pela maioria da torcida. Do que mostrou na Copa SP e na partida contra o Cruzeiro ano passado, parece um goleiro com perfil semelhante ao do Diego Bracinho. Não se espere melhora nas saídas em bolas cruzadas.

Felipe – o ótimo e seguro goleiro de 2013 perdeu foco, abusou de falhas comprometedoras e aparentemente voltou a cultivar problemas de relacionamento. Talentoso, mas instável demais para o nível de goleiro de primeira linha. Tudo indica estar fora dos planos.

Leonardo Moura – o desempenho do capitão de 2013 respaldava sua renovação. O futebol mostrado em 2014, não. Mais habilidoso jogador do elenco, começa a demonstrar de forma mais contundente a falta de vigor físico, que redundou em uma temporada irregular. Segue suscitando amor e ódio em fartas doses, e a decisão acerca de sua renovação fará emergir grosso coro de descontentes, seja qual for o desfecho.

Léo – enfrentou estranhos problemas de contusão, que o mantiveram inativo por quase todo um semestre. Quando atuou, mostrou-se impetuoso (até em excesso) e apresentou bom aproveitamento ofensivo (andou cravando gols e assistências), mas é frágil defensivamente (aliás, tradição flamenga no setor). É bom jogador, mas precisa se tornar mais confiável.

João Paulo – extremamente limitado, sua absoluta inoperância no trabalho defensivo, a ponto de se tornar um dos principais pontos fracos da equipe (que sofreu vários e vários gols por ali, e o gol sofrido contra o Santos é ilustrativo) criaram um irreversível desgaste com a torcida. Cruza relativamente bem, é raçudo e disciplinado. O que é pouco.

Anderson Pico – superou as desconfianças acerca de seu nítido excesso de peso com entrega e muito voluntarismo. Inteligente (sabe compensar sua lentidão), além de mostrar qualidade técnica e bom chute, agradou e provavelmente ganhou vaga no elenco. Espera-se que, agora amparado por um contrato mais longo, siga rendendo em bom nível.

Wallace – uma das peças-chave em 2013, caiu sensivelmente de rendimento esse ano. Andou envolvido com discussões extracampo, falhou em momentos-chave e sofreu com lesões. No entanto, segue como o melhor zagueiro do elenco, e sua presença em campo qualifica o setor defensivo da equipe. Além de mostrar personalidade e liderança.

Chicão – jamais conseguiu se firmar como titular, muito em função da sua lentidão e das sua crônica deficiência nas bolas aéreas. Tem bom “tempo de bola” e razoável técnica, mas sua entrada costuma desestabilizar o miolo de zaga. Reserva e com um dos mais altos salários do grupo, sua manutenção no elenco é bastante contestada. Aparenta certa desmotivação em campo.

Samir – mais um destaque de 2013 que “involuiu” esse ano. Lento, pesadão e dispersivo, pouco lembrou o promissor zagueiro que chegou a ser comparado a Aldair. Andou falhando alguns pontos acima do aceitável (como o escorregão na Bolívia) e chegou a perder a posição. Precisa recuperar o foco na carreira.

Marcelo – após certo encantamento inicial, decorrente de atuações seguras, caiu de rendimento e perdeu a vaga na equipe. Excelente nas bolas aéreas, mas é afoito e estabanado, além de enfrentar problemas no combate direto. É o tal “zagueiro-zagueiro” dado a bicudas, o que o fará encontrar dificuldades para se firmar com Luxemburgo, tão caro à ideia da posse de bola.

Erazo – contratado para ser titular, decepcionou desde o primeiro jogo (foi expulso), e seguiu falhando sistematicamente em todas as partidas de que participou (como na final do Estadual). Seu bom desempenho na Copa mostrou que atua bem na sobra, como uma espécie de “líbero”, algo não usado no Flamengo. Desgastado, dificilmente permanecerá.

Frauches – teve algumas chances aqui e ali, principalmente no primeiro semestre, mostrando pouca evolução. Segue lento e irregular, embora com boa técnica.

Caceres – jogador mais competitivo do elenco, impressiona por sua entrega nos jogos. Possui disciplina tática e é importante na organização do sistema defensivo. No entanto, é lento e erra passes em demasia, além de desfalcar a equipe em metade dos jogos, por lesões, suspensões ou convocações. Precisa de um reserva de mesmo nível.

Márcio Araújo – veio às pressas para repor o fracasso na negociação por Elias. Aplicado ao extremo, tem sido peça-chave na compactação da defesa. No entanto, sua função (que de certa forma emula o Luiz Antonio de 2013) carece de maior qualidade ofensiva e bom passe, atributos que definitivamente o “marujo” não domina. Pela entrega e pelo gol do título estadual, desfruta de certa simpatia da torcida. Típico jogador “de elenco”.

Canteros – chegou durante o campeonato, pegou a camisa e já foi dando o recado, sem isso de “adaptação” e quetais. Ótima técnica, boa visão tática, sabe organizar o jogo e possui boa chegada à frente, especialmente com passes longos, o que melhorou brutalmente o desempenho ofensivo da equipe. No entanto, é lento, marca mal e não tem estofo para ser a referência do meio-campo, precisando da companhia de algum jogador mais “cascudo”.

Amaral – perdeu foco e espaço. Gordo e pesado, é caricatura do cão de caça que animou a torcida na temporada passada. Trocou a transpiração pela insistência em lançamentos de efeito, que invariavelmente erra. Em forma e jogando no limite, pode ser útil em situações específicas.

Luiz Antonio – vinha em ascensão e tudo indicava que 2014 seria o ano de sua afirmação definitiva. No entanto, perdeu-se em problemas extracampo, dos quais jamais se recuperou, e desde então tem se arrastado em campo, sob ostensivas críticas de uma torcida que (com certa razão) perdeu a paciência com o jogador. Parece acomodado e sem clima no clube.

Muralha – içado da reserva de equipes periféricas, subitamente se tornou referência no meio-campo armado por Jayme. O resultado, 10 gols sofridos na primeira fase da Libertadores. Habilidoso, mas dispersivo e pouco aplicado taticamente, compromete irremediavelmente qualquer tentativa de fazer funcionar um sistema defensivo. Com Luxemburgo, mais adiantado, melhorou um pouco. Lembra muito, não pelo futebol mas pela postura em campo, o Jônatas. Cujo final não foi alentador.

Recife – andou sendo aproveitado em alguns jogos, em que mostrou severas limitações, tanto no aspecto defensivo como (principalmente) nos passes e saída de bola.

Everton – cresceu demais com Luxemburgo, tornando-se um dos principais jogadores da equipe. Muito habilidoso e veloz, é perigosíssimo em contragolpes e saídas de bola em velocidade. Tem melhorado as finalizações, e com isso começa a marcar gols com mais frequência. Talvez, junto com Canteros, a contratação mais bem sucedida de 2014.

Gabriel – enfim começa a ganhar massa muscular, e com isso apresentar um futebol mais consistente. Sua extrema facilidade em driblar e se movimentar em velocidade tornou-se uma arma da equipe. Tem minimizado sua crônica dificuldade em finalizar. Sua ascensão (já andava meio esquecido) foi a melhor novidade do final de uma temporada frustrante. Se seguir evoluindo, dificilmente sairá da equipe.

Mugni – desde sua chegada foi tratado com status de craque por uma torcida ansiosa e pressionando por vê-lo em campo, a despeito de atuações discretas. Possui qualidades, mas é pouco participativo e instável. Algumas ótimas partidas (Cabofriense, Palmeiras, Criciúma) em um ano inteiro medíocre. É jovem, pode crescer. Resta avaliar se vale a pena apostar e esperar.

Mattheus – o episódio em que tentou forçar sua saída, além de ser filho de Bebeto (vaiado em todos os Jogos das Estrelas de que participa, mostrando que a rejeição permanece viva) criaram um irreversível distanciamento com a torcida. Sua postura apática em campo também não ajuda. Tornou-se (injustamente) bode expiatório da eliminação da Copa do Brasil. Mas mostrou muito pouco em seu terceiro ano como profissional.

Negueba – é menos ruim do que se consolidou pelo senso comum, mas, pelo tempo de carreira, já deveria ter mostrado mais futebol. Vive de lampejos, o que é (ou deveria ser) insuficiente para se criar no Flamengo.

Alecsandro – um reserva em todos os clubes por onde recentemente passou não pode e não deve ser solução para o ataque do Flamengo. Esperto, gosta de apregoar raça e entrega, mas é usual vê-lo estático em campo. Dado a firulas e toquinhos, tenta exibir uma qualidade que não possui. Costuma marcar gols, mas seu futebol é obsoleto (é o típico “centroavante” das antigas) e pouco participativo. No máximo, com muito boa vontade, pode ser uma opção de banco.

Eduardo – impressiona pelo seu aproveitamento (dificilmente passa mais de três jogos sem marcar gols), mas suas visíveis limitações físicas impedem uma utilização mais intensa. Uma pena, pois possui boa qualidade de passe, exímio posicionamento e é versátil (sabe voltar para buscar jogo). Pode ser um reserva mais útil e eficaz para o time do que Alecsandro (com quem deveria disputar uma vaga no elenco).

Paulinho – esquálida caricatura do intenso atacante de 2013, também andou tentando aparecer com jogadas de efeito e exibir uma técnica que não possui. Funciona transpirando e jogando para a equipe. Se abandonar isso, torna-se comum e perde a utilidade. Espera-se que a longa inatividade lhe tenha posto a cabeça no lugar.

Nixon – mais uma grata surpresa de fim de ano. O copo meio cheio verá evolução, o copo meio vazio enxergará mero empenho para renovar contrato (repetindo o famoso “efeito Pacheco” de 2010). Pela postura em declarações, o garoto parece ter boa cabeça. Talvez fosse o caso de apostar mais um pouco. Com cautela (aumento progressivo de salário, por exemplo).

Sartori – por enquanto, é apenas o “filho do Alcindo”. E o pai em campo não era grande coisa...

Arthur – aposta que deu errado. Sentiu o peso da camisa. Corre muito, e só.

Elton – é certamente o pior jogador contratado pela atual administração.