Salve, Buteco! O Flamengo dos 40 milhões de torcedores, do torcedor off-Rio, do sócio-torcedor, mais uma vez marcou um encontro com sua torcida e não apareceu. Dessa vez a vítima foi a fiel e apaixonada torcida maranhense, obrigada a assistir a uma enfadonha pelada disputada por um bando desinteressado contra um catado de jovens jogadores do lanterna do campeonato, que vinha de sete derrotas consecutivas e só não venceu por conta da atuação do goleiro Paulo Victor. Quem apareceu ontem no Castelão foi o Flamengo da boleirada notívaga, da cartolagem tradicional que vende ilusões e entrega decepções, e que se lembra dos 40 milhões nas dificuldades e conveniências, para logo se esquecer quando o aperto passa. A frase do treinador explica tudo: "compreendo a decepção, mas era difícil motivar o time." Ora bolas, então se é assim, torcida manauara, abra os olhos e se questione se vale a pena comparecer à Arena Amazônia no próximo domingo. Afinal de contas, pode ser que o Flamengo não tenha como levar a campo um time motivado para jogar diante de vocês. Entenderam?
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O Flamengo e seus ídolos ou quase isso (jogadores "identificados com o clube"). Sempre complicadíssima essa relação, difícil de terminar. Mas é interessante como se passam meses, anos e décadas, mas há algo que não muda: salvo raras exceções, a maior parte desses jogadores se acha credora do clube, merecedora de contratos "de gratidão por tudo o que fiz pelo clube" ou choraminga coisas do tipo "não reconheceram o meu valor." Já foi assim com Tita, Nunes e Adílio, por exemplo, jogadores muito mais importantes que seus sucessores contemporâneos Renato Abreu, Ronaldo Angelim e Leonardo Moura. Curioso que, no passado, o clube teve muito menos cerimônia para encerrar sua relação com aqueles três jogadores; já com os mais recentes, especialmente o primeiro e o terceiro, pode-se dizer que simplesmente não têm ou não se preocupam (aram) com o bom senso na hora de parar. A bola da vez é o decadente Leonardo Moura. Qual é o sentido dessa renovação?
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Como turbinar um programa de sócio-torcedor capitalizando a força dos 40 milhões se nem sequer se disfarça uma tentativa de mandar uma equipe motivada para se apresentar diante de torcedores que não viam o time há anos? Como montar uma equipe defensivamente competitiva insistindo na renovação com um lateral de 36 (trinta e seis) anos cuja escalação força o deslocamento tático de um volante para o setor e exercer as funções defensivas para as quais ele fisicamente não é mais apto? Como imaginar que essa Diretoria e esse treinador terão autoridade sobre esse elenco se acham normal que se apresentem desmotivados em uma partida oficial do clube? O que esperar de um treinador alinhado com a facção política adversária e que, logo após a eliminação na Copa do Brasil, afirma que o título "encobriria os erros" e ainda convida para a comissão técnica o ressentido ex-treinador que saiu brigado com a atual Diretoria?
2015 precisa ser mais turbulento do que o necessário em um ano eleitoral?
Está mais do que na hora de unir o discurso à prática em outros campos além do financeiro-fiscal.
Bom dia e SRN a tod@s.