terça-feira, 14 de outubro de 2014

Conexão Embaixada

Questão costumeira no Buteco do Flamengo é a maneira de como o clube trata sua torcida nos rincões do Brasil. Na verdade, de como trata a torcida de um modo geral. É quase uma certeza que o modelo de Sócio Torcedor se esgotou, chegou a seu limite, o “Sócio Doador”, que não era verdade, porém estava longe de privilegiar a quem não vai aos jogos, o que começou a mudar, lentamente. É ótimo ver a parceria com o programa de milhagens Multiplus. O interior é do Flamengo e o clube tem que se apoderar dele.

O clube deve encontrar uma forma de institucionalizar, legalizar, tornar oficial as embaixadas, como o trabalho que vem sendo feito com as lojas que levam o nome do clube e aos poucos se tornam oficiais. A base se daria em pequenos núcleos nas cidades pequenas do interior do país. Em algumas, mais de 90% da população torce para o clube, e aí é caminho de mão dupla. A “novidade” seria a embaixada como núcleo municipal, coordenadas por uma coordenadoria regional, treinada e gerida pelo marketing.

Partindo deste ponto, se criaria um setor específico que envolveria funcionários de finanças e do jurídico. Um modelo de negócios em si, ligado ao futebol e aos esportes olímpicos, para agilizar promoções e o contato nas competições do Flamengo em qualquer canto do Brasil, em todas as modalidades. Se treinaria e padronizaria as embaixadas e a coordenadoria regional monitoraria o processo como um todo. A estrutura aumentaria, o clube precisaria de três ou quatro funcionários para cada região, para organizar, ajudar ao trabalho das embaixadas. Inicialmente seriam criadas quatro coordenadorias regionais, uma para cada região do país, e do clube, no Rio de Janeiro, se monitoraria a região sudeste.

O Flamengo tem a obrigação de atrair esse torcedor e “esfregar na cara” dos antis, os ganhos da “guerra”. Mostrar aos “vergonha” do nordeste, de Goiás, da casa do chapéu a grandeza do clube, dar atenção às pequenas cidades, parar de olhar para as metrópoles e falo por mim, carioca da gema, ativar as embaixadas, mobilizar, criar um modelo, capilarizar descentralizando, criando estruturas que possam facilitar o processo, burocratizar se for o caso, delegar, criar parcerias regionais, agir como estado, nação. O Flamengo é grande demais para ficar “omisso”, deixar nosso povo na mão.

O valor pago pelo ST não pode nem deve ser igual dependendo da região em que se vive. Quanto mais longe, mais barato, o Foco do “ST puro” deveria se dar apenas na cidade do Rio de Janeiro, nos torcedores que querem ir aos jogos. Algo que também incomoda é o “confronto” entre ST x Off-Rio. O ST é um programa de vantagens (ainda) e o Off-Rio é uma modalidade associativa do clube social, que inclusive dá direito a voto, desconto igual ao ST Raça. Essa é uma questão “ingrata”, pois o clube não se comunica com sua torcida e não seria desrespeito com o parceiro, no caso a Golden Goal, se fizesse.

Não vejo problemas, nem um grande conflito de interesses quando penso em aumentar as receitas do clube, receitas puras e não divididas com um parceiro. Fico realmente incomodado quando lemos nos jornais ou em blogs que o clube tem mais de 20 mil STs e apenas 1.000 sócios Off-Rio, que pagam pelo mesmo preço. Porque isso? Reafirmo, 20 mil STs de fora do Rio. Certamente 20 mil poderiam decidir os rumos do clube, sem pensar que a receita do Off-Rio vai direto pro clube e nos STs uma parcela vai para a Golden Goal.

Um programa de pontos por distância e valor, por uma equação que iguale o interior do Maranhão ao Distrito federal, ao Rio de Janeiro precisa ser pensado e executadoAlgo que dê acesso a quem está longe do Rio de Janeiro, aproxime a distância das vitórias e dos produtos licenciados e que dê vantagens a quem paga mais, inclusive acesso aos ingressos, aos jogos. Nem que seja na quantidade, nem que se use dados do IBGE (censo) para descobrir como fazer. Já fiz esse tipo de cruzamento de dados no estado do RJ, já publiquei aqui no Buteco em "Dados, Bares e Lojas".

O fato de olhar mais para o povo distante, para tentar capitalizar na quantidade não é problema, mas devemos reformar o programa. Sabemos que não existe isso de simpatizante e a nação de Manaus mostrou nossa força. Será que o próprio Flamengo tem noção de sua grandeza? Precisamos trabalhar com as embaixadas, com nosso povo. O Flamengo é de todos, é gigante, é da cidade e é dos grotões. Tem que agradar seu povo e capitalizar com ele de forma inteligente.