sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A escolha do Jayme

Assim que acabou o jogo da última quarta-feira, enquanto degustava uma excelente cerveja escura, meus pensamentos oscilavam entre o jogo da próxima quarta-feira no Maracanã e o inconveniente Fla x Flu que acontece no domingo. O time me pareceu tentar evitar o desgaste tanto quanto possível, especialmente no segundo tempo, jogando sempre compacto e marcando apenas da intermediária para trás. O final da temporada começa a fazer vítimas por todos os lados, e acaba sendo inevitável ter que escolher em quais jogos usar os pricipais jogadores.

Algumas pessoas tem muita dificuldade quando se vêem diante de determinadas escolhas. Nosso treinador não parece ser um desses optando costumeiramente pelas opções mais simples e repetindo as que funcionam bem. Por esse motivo, depois de muitas invencionices vindas do banco de reservas, hoje o rubro-negro sabe exatamente como joga e qual a escalação titular do Flamengo.

Mas a simplicidade do velho Jayme não o impede de surpreender ocasionalmente torcedores, jornalistas e até mesmo adversários, como aconteceu no atropelamento do Botafogo. Depois de encontrar o mapa da mina rubro-negra jogando Seedorf contra o lado direito da nossa defesa naquele jogo do campeonato Brasileiro, o renomado técnico alvi-negro deve ter levado um baita susto ao perceber que concentrara toda a força do seu time em apenas um lado do campo. A entrada de Paulinho pela esquerda compondo aquele flanco com André Santos foi impiedosa com o jovem lateral escalado no adversário.

Talvez tenha sido um pouco de sorte, ou uma experiência que deu muito certo, como o próprio Jayme faz questão de afirmar. Mas, ainda que assuste a torcida quando demora a mexer no time ou diz que o Wellinton joga bola, o Jayme mostra que entende mais de bola do que muita gente pensa. E agora sua filosofia de jogo simples e objetiva vai ser confrontada com o esgotamento físico o seu time.

Mesmo tendo subido muito de rendimento, o Mais Querido ainda não resolveu sua situação no Campeonato Nacional. Se for à final da Copa do Brasil, o Flamengo vai jogar quarta e domingo até a penúltima rodada do Campeonato Brasileiro e a tabela nos reserva jogos bastante complicados. Poupar os titulares – todos – significa que teremos a chance de realizar pelo menos dois treinos táticos e técnicos que podem ser importantíssimos para a sequência dificílima que vem por aí.

Jogar com todos os titulares traz os mesmos riscos mas pode nos ajudar a vencer, afundar um rival e praticamente resolver a situação. Faltariam um ou dois pontos, dependendo dos demais resultados das próximas rodadas nas quais o mesmo dilema deve se repetir.

Vamos enfrentar um Fluminense que se vê às voltas com diversas confusões internas dentro e fora de campo, mas que também briga contra o rebaixamento. Times nessas condições são sempre perigosos e há ainda o fato de eles não terem vencido nenhum clássico na temporada. Tem toda pinta de jogo quente e nervoso.

Segundo a entrevista concedida ao fim do jogo, o Jayme ia aguardar a avaliação dos departamentos médico e de fisiologia do clube para avaliar que time vai a campo no domingo. Ele sabe que o campeonato brasileiro não é brincadeira e que a situação ainda não nos permite abrir mão de pontuar em muitos jogos. Acredito que vá com um time misto, como fez contra o Atlético antes de enfrentar o Botafogo. Se for isso mesmo, penso que aqueles que estão visivelmente cansados como Elias, Leo Moura, Hernane e Paulinho, que sentiu a coxa, deveriam ser poupados para enfrentar a difícil batalha da copa do Brasil.

A vitória do Flamengo não pode deixar ninguém se enganar. Por mais doloroso que seja, é hora de lembrar da última vez que vencemos um jogo de ida contra um time cujo destaque é um atacante gordinho. Leo Moura estava presente naquele jogo e vai ter a oportunidade de exorcizar esse fantasma, novamente no Maracanã lotado.
abraços a todos e SRN!