sábado, 26 de outubro de 2013

A São Judas Tadeu e a Jayme de Almeida



Irmãos flamengos,


Na próxima segunda-feira, 28 de outubro de 2013, celebraremos o Dia de São Judas Tadeu, santo dos desesperados e das causas impossíveis, e padroeiro do Clube de Regatas do Flamengo.

Sobre São Judas Tadeu, sabe-se que foi escolhido por Jesus como apóstolo e que tornou-se um mártir, morto em razão de sua fé. A imagem do santo tem o livro, ou seja, a Palavra por ele pregada, e a machadinha, objeto com o qual foi morto.





Mas, por que São Judas Tadeu é o padroeiro do Flamengo?

Quem nos conta essa história, sempre ele, é Mario Filho, em seu livro Histórias do Flamengo.

“Há nove anos que o Flamengo não levantava um campeonato, de futebol, é claro, que era o que interessava mais. O padre Góes (pároco da Igreja de São Judas Tadeu, situada no Cosme Velho, Rio de Janeiro) sofria.

Quando não aguentou mais, foi com Alves de Morais à Casa Grande da Gávea e lá, sem preâmbulo, os jogadores em volta, Fleitas Solich mostrando os dentes de coelho num riso, Gilberto Cardoso sério, como numa igreja, garantiu, em nome de São Judas Tadeu, que o Flamengo ia ser o campeão de 1953.

Só que pedia que os jogadores do Flamengo ajudassem um pouco. Não custava nada ir à uma missa no domingo de manhã, antes de cada jogo. Quando chegou domingo, Gilberto Cardoso, Fleitas Solich, Alves de Morais, de vela na mão, os jogadores todos, até o Dr. Rúbis, se ajoelharam diante do altar de São Judas Tadeu.

Foi tiro e queda: Flamengo campeão.

Isto, evidentemente, irritou os beatos dos outros clubes. Era como se o Flamengo estivesse usando uma força proibida. Ou como se São Judas Tadeu tivesse vindo interferir no campeonato da cidade. Escreveram uma reclamação ao Cardeal Dom Jaime Câmara contra o padre Góes.

Deu em nada.

O Padre Góes podia dizer, como disse, que o Flamengo estava ajudando, como ajudou, muita gente a encontrar o caminho de Deus. 

E para mostrar que quanto mais falassem, pior, o padre Góes garantiu o bicampeonato ao Flamengo. Depois da conquista do bi, assegurou o tri, que veio também. No dia da entrega das faixas, foi para o campo, no Maracanã, receber a sua, como o vigário de São Judas Tadeu. 

E começou a distribuir terços com as cores do Flamengo, as contas, pequeninas, redondinhas, vermelhas e pretas.”

Mario Filho: Histórias do Flamengo.





Como tudo no Flamengo, meus amigos, São Judas Tadeu tornou-se nosso santo padroeiro em decorrência apenas e tão-somente do amor, da paixão avassaladora que o Mengo inspira, a ponto de encorajar um padre a despir-se momentaneamente das formalidades inerentes ao cargo eclesiástico de que estava investido, e interceder junto ao santo para fazer cessar o jejum de títulos do clube.

E o melhor de tudo: São Judas Tadeu sempre acudiu ao nosso Mengão.



_____________________________



Mas eu não poderia, em absoluto, terminar esta coluna sem antes prestar singela homenagem ao nosso comandante, Jayme de Almeida.

Ainda na esteira da inesquecível vitória de quarta-feira, fiquei muito emocionado com as palavras simples, sinceras e carregadas de emoção ditas pelo Jayme após o jogo.

E que cena mais linda, genuinamente rubro-negra, a imagem dele abraçado ao neto, que, chorando copiosamente, foi dar seu carinho e parabenizar o avô pela vitória.

Só não podemos achar que tudo é uma maravilha e desconcentrar dos objetivos do time. O Flamengo tem de manter a raça, a vontade e o comprometimento. E o Jayme, com sua sabedoria e experiência, já disse que sua maior preocupação é manter a equipe focada.

Que assim seja.


“Com a torcida junto, (o Flamengo) é difícil de ser batido. Minha formação foi aqui e conheço bem o clube. É assim, respeitamos todo mundo, mas não tememos ninguém. É preciso ter tranquilidade para não dizer que está tudo perfeito. É algo que preocupa, mas estou muito feliz pelo jogo, pelo que o time se propôs a fazer e fez com dignidade, luta e amor. A torcida e o time me emocionaram.






Abraços, bom fim de semana e Saudações Rubro-Negras.

Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.