Irmãos flamengos,
Na próxima segunda-feira,
28 de outubro de 2013, celebraremos o Dia de São Judas Tadeu, santo dos
desesperados e das causas impossíveis, e padroeiro do Clube de Regatas do Flamengo.
Sobre São Judas Tadeu,
sabe-se que foi escolhido por Jesus como apóstolo e que tornou-se um mártir, morto
em razão de sua fé. A imagem do santo tem o livro, ou seja, a Palavra por ele
pregada, e a machadinha, objeto com o qual foi morto.
Mas, por que São Judas
Tadeu é o padroeiro do Flamengo?
Quem nos conta essa
história, sempre ele, é Mario Filho, em seu livro Histórias do Flamengo.
“Há nove anos que o
Flamengo não levantava um campeonato, de futebol, é claro, que era o que interessava
mais. O padre Góes (pároco da Igreja de São Judas Tadeu, situada no Cosme
Velho, Rio de Janeiro) sofria.
Quando não aguentou mais,
foi com Alves de Morais à Casa Grande da Gávea e lá, sem preâmbulo, os
jogadores em volta, Fleitas Solich mostrando os dentes de coelho num riso,
Gilberto Cardoso sério, como numa igreja, garantiu, em nome de São Judas Tadeu,
que o Flamengo ia ser o campeão de 1953.
Só que pedia que os
jogadores do Flamengo ajudassem um pouco. Não custava nada ir à uma missa no
domingo de manhã, antes de cada jogo. Quando chegou domingo, Gilberto Cardoso,
Fleitas Solich, Alves de Morais, de vela na mão, os jogadores todos, até o Dr.
Rúbis, se ajoelharam diante do altar de São Judas Tadeu.
Foi tiro e queda: Flamengo
campeão.
Isto, evidentemente,
irritou os beatos dos outros clubes. Era como se o Flamengo estivesse usando
uma força proibida. Ou como se São Judas Tadeu tivesse vindo interferir no campeonato
da cidade. Escreveram uma reclamação ao Cardeal Dom Jaime Câmara contra o padre
Góes.
Deu em nada.
O Padre Góes podia dizer,
como disse, que o Flamengo estava ajudando, como ajudou, muita gente a encontrar
o caminho de Deus.
E para mostrar que quanto mais falassem, pior, o padre Góes
garantiu o bicampeonato ao Flamengo. Depois da conquista do bi,
assegurou o tri, que veio também. No dia da entrega das faixas, foi para o campo,
no Maracanã, receber a sua, como o vigário de São Judas Tadeu.
E começou a
distribuir terços com as cores do Flamengo, as contas, pequeninas, redondinhas,
vermelhas e pretas.”
Mario Filho: Histórias do Flamengo.
Como tudo no Flamengo,
meus amigos, São Judas Tadeu tornou-se nosso santo padroeiro em decorrência
apenas e tão-somente do amor, da paixão avassaladora que o Mengo inspira, a
ponto de encorajar um padre a despir-se momentaneamente das formalidades
inerentes ao cargo eclesiástico de que estava investido, e interceder junto ao
santo para fazer cessar o jejum de títulos do clube.
E o melhor de tudo: São
Judas Tadeu sempre acudiu ao nosso Mengão.
_____________________________
Mas eu não poderia, em
absoluto, terminar esta coluna sem antes prestar singela homenagem ao nosso
comandante, Jayme de Almeida.
Ainda na esteira da inesquecível
vitória de quarta-feira, fiquei muito emocionado com as palavras simples, sinceras
e carregadas de emoção ditas pelo Jayme após o jogo.
E que cena mais linda,
genuinamente rubro-negra, a imagem dele abraçado ao neto, que, chorando
copiosamente, foi dar seu carinho e parabenizar o avô pela vitória.
Só não podemos achar que
tudo é uma maravilha e desconcentrar dos objetivos do time. O Flamengo tem de
manter a raça, a vontade e o comprometimento. E o Jayme, com sua sabedoria e
experiência, já disse que sua maior preocupação é manter a equipe focada.
Que assim seja.
“Com a torcida junto, (o Flamengo) é
difícil de ser batido. Minha formação foi aqui e conheço bem o clube. É assim,
respeitamos todo mundo, mas não tememos ninguém. É preciso ter tranquilidade
para não dizer que está tudo perfeito. É algo que preocupa, mas estou muito
feliz pelo jogo, pelo que o time se propôs a fazer e fez com dignidade, luta e
amor. A torcida e o time me emocionaram.”
Abraços, bom fim de semana e Saudações Rubro-Negras.
Uma vez Flamengo, sempre Flamengo.