segunda-feira, 6 de maio de 2013

Nossos Veteranos

Buongiorno, Buteco! Semana passada a coluna tratou dos jovens da base e do seu aproveitamento. Como neste final de semana mais uma vez não houve jogo do Mais Querido, nada mais justo do que tratar agora dos nossos "veteranos", os quais, afinal de contas, são a maioria no time titular e serão os maiores responsáveis pela condução do time no Brasileiro. Portanto, esclareço desde logo que tomarei por "veterano" quem não tem a idade dos jovens recentemente promovidos ao elenco profissional e não apenas os jogadores com mais de 30 (trinta) anos de idade. Dito isso, vamos a eles:

Felipe - o gol é a posição que hoje menos me preocupa. Não o vejo como um craque indiscutível, mas transmite a segurança necessária, especialmente se levarmos em conta que passamos por um período de transformação do clube, dentro e fora de campo. Já em relação a Paulo Victor, seu reserva, torço para que entre o menos possível, pois oscila entre boas partidas e outras ruins. Parece-me que, quando precisa ser utilizado em uma longa sequência, não suporta. Eu o trocaria na próxima temporada. Com relação a Leonardo Moura, houve uma parcial reversão das expectativas. Um jogador que parecia entregue mas agora dá sinais de estar motivado em com novo fôlego. Sempre o considerei dotado de categoria acima da média. Contudo, dentre as últimas partidas, a única disputada contra um time grande foi contra o Fluminense, onde bastou o adversário começar a atacar pelo seu lado para os costumeiros problemas defensivos apareceram, apesar da exuberante exibição no apoio. A dúvida é se suporta uma sequência mais forte no Brasileiro, Copa do Brasil e Sul-Americana, em especial na defesa. A resposta me parece ser negativa.

Renato Santos e González deram certo na zaga. Os dois me lembram a dupla que Renato Silva e Fernando formaram em 2005, a qual, apesar da luta contra o rebaixamento, foi a oitava melhor zaga, ou seja, ficou entre as dez melhores, marca razoável para um time que fugiu do rebaixamento até a última rodada. O problema era o time que não fazia gol, algo de que ainda tratarei nessa coluna. No elenco atual, Wallace não transmite a mesma segurança dos titulares. Veremos quem a Diretoria trará para o setor. Ramon e João Paulo são dois jogadores que, se pudessem ser "fundidos", dariam um bom lateral. Ramon é razoável no apoio, alternando bons passes e até gols com jogadas incompreensíveis; na defesa é um completo desastre. João Paulo é mediano nos dois setores, mas tem um mínimo de consistência na marcação que falta a Ramon. Nenhum dos dois parece digno de vestir o Manto Sagrado.

Amaral é o único "primeiro volante" do elenco no momento e parece ser um mal necessário. Já tivemos jogadores bem piores na posição. Arrisca alguns passes mais difíceis e por isso tem um índice de erros desnecessário. Elias, após um começo de ano exuberante, caiu vertiginosamente de posição. Parece estar melhorando novamente agora com Jorginho. A ser observado. Se conseguir manter o nível do início do ano, significará uma mistura de força física, marcação e qualidade no apoio essenciais no futebol moderno; mas se prevalecer a versão ectoplásmica, estamos perdidos, pois abrirá um buraco na contenção no meio de campo. Cáceres pode ser uma alternativa importante a ambos, a depender de como voltar da cirurgia no quadril. 

Renato Abreu é outro que reverteu parcialmente as expectativas em torno de si. De um volante que não conseguia marcar e lento, que quando subia errava passes, passou a jogar próximo à área e fazendo gols. Retornou à fase da carreira que antecedeu sua transferência para o Oriente Médio, mas continua a ser um limitado, apesar da evolução na parte técnica. Ademais, até pela idade avançada, não  tem poder algum de marcação. Cléber Santana, no atual elenco, é um Renato Abreu mais novo. Tem a mesma polivalência, porém mais fôlego, melhor técnica e também é bom nas finalizações e nas bolas paradas. Contudo, tem bem menos raça e menos ainda personalidade, precisando constantemente de suporte e motivação psicológica, o que talvez explique seu declínio profissional da Espanha para a Série B do futebol brasileiro. Carlos Eduardo permanece sendo uma incógnita: o problema é apenas psicológico ou sua contusão limitou-o definitivamente a jogar futebol em alto nível?

No ataque, Hernane, jogando centralizado, com a bola chegando, faz gol; fora da área, é um desastre. Simples assim. Logo acima lembrei dos muitos times da década passada que sabiam se defender, mas marcavam poucos gols, receita clássica para a gravitação em torno da zona do rebaixamento no campeonato brasileiro de pontos corridos. No time atual, os artilheiros são Hernane e Renato Abreu, seguidos por Cléber Santana, que jogou bem menos. No bom esquema implantado por Jorginho não faz sentido Renato Abreu e Cléber Santana jogarem juntos. Aliás, na minha opinião, tampouco faz sentido qualquer dos dois ser titular na função de "camisa 10" do Flamengo em um campeonato brasileiro.

Com Renato Abreu a discussão sempre alcança limites extremos. Desde os torcedores até a imprensa, é raro ver avaliações serenas a respeito desse jogador. Uma coisa é Renato ter seu valor reconhecido e ser utilizado quando necessário durante as três competições que o Flamengo disputará até o final do ano; outra é lhe outorgar a função de peça central no meio de campo do Flamengo em um campeonato brasileiro. Tão equivocado ou até pior do que lhe menosprezar é cair no oba-oba da imprensa que lhe protege e lhe atribuir uma responsabilidade maior do que pode desempenhar. A obrigação da Diretoria é tratar o assunto de forma profissional, sem preconceito e nem tampouco ufanismo.

Felizmente, a Diretoria parece agir de forma equilibrada e fala em um meia. Espero então que esse nome, guardado a sete chaves, saiba fazer gols e venha a se juntar a um segundo atacante. É que fala-se também em Marcelo Moreno, que é excelente centroavante, mas, como Hernane, outro homem de área, o que dificulta que os dois joguem juntos, principalmente no esquema atual. O Flamengo precisa de outro atacante que saiba fazer gols ou permanecerá com a artilharia concentrada em apenas dois jogadores, o que está longe de ser o ideal.

Com o elenco atual o risco de retomar mais uma vez a ladainha da fuga do rebaixamento será grande, apesar do bom trabalho no plano tático que Jorginho começa a fazer. O time melhorou seu desempenho, mas enfrentando adversários fraquíssimos no Estadual e de terceira e quarta divisões na Copa do Brasil. A exibição contra o bastante desfalcado Fluminense também deve ser relativizada, eis que o adversário vinha de uma exaustiva batalha contra o Grêmio, fora de casa, no meio de semana, em uma sequência de Libertadores. É preciso muito cuidado para avaliar o elenco e o seu momento, pois o "bom, bonito e barato" me lembra o time de Lula Pereira em 2002, formado a baixo custo e que, durante um curto período empolgou (Copa dos Campeões no meio do ano), mas quando enfrentou a realidade do campeonato brasileiro pagou um preço alto, quase sendo rebaixada. Querendo ou não, há semelhanças com a situação atual.

Não sei se será preciso (o ideal é elenco forte), mas se for, que seja feita outra reengenharia financeira, com dispensas e negociações para contratar jogadores de melhor nível. Importantes jogadores em suas épocas, como Toninho, Tita, Adílio, Nunes, Renato Gaúcho e Sávio, quando não mais atenderam às conveniências do clube, foram dispensados. O Flamengo precisa rever a forma pela qual se relaciona com seus ídolos. Nem sempre é conveniente que encerrem a carreira pelo clube. E não podemos nos esquecer que o Flamengo não nasceu para ser figurante, mas protagonista no futebol brasileiro.

Bom dia e SRN a tod@s.