sexta-feira, 8 de março de 2013

Quem não se comunica...

Ontem, assistindo a mais uma boa entrevista do nosso presidente, fiquei me questionando sobre a comunicação em geral do Flamengo e a participação da imprensa na maneira como o clube é percebido externamente. A sequência de polêmicas da semana nos mostrou com bastante clareza, como a forma de comunicar ações positivas e negativas tem potencial para acalmar ou mesmo criar crises de magnitudes bem diferentes das dos fatos que as detonaram.

O velho Chacrinha já dizia que "quem não se comunica, se (es)trumbica". Penso que a diretoria do Flamengo precisa seriamente prestar atenção a essa máxima se não quiser fragilizar o apoio que recebeu desde o período eleitoral. Muitos de nós sabem que o clube está numa situação de penúria, mas são poucos os que conhecem o real tamanho do problema. Por outro lado, a maioria da torcida não tem idéia do que está acontecendo dentro dos muros e dos gabinetes da gávea. Para essa enorme parcela da torcida, não importa se o Flamengo tenha que vender o almoço para pagar o jantar ou vice-versa, importa que o time vença e que possa zoar os rivais.

Essa mentalidade de que "Flamengo é Flamengo", nunca vai quebrar, "sempre foi assim e continua sendo esse colosso" abre oportunidade para que interesses diferentes do bem-estar do clube sejam defendidos abertamente nos jornais e na internet. A cumplicidade da mídia, que no Brasil jamais é isenta, dificulta ainda mais a chegada da informação ao torcedor imediatista, que quer resultados pra ontem e leva o clube do céu ao inferno por conta de dois ou três jogos ruins.

E aí entra a importância da tal comunicação. O torcedor escuta a diretoria dizendo que tem que cortar e ponto. Aí lê o outro jornal dizendo que o conselho fiscal ataca a diretoria por falta de transparência. Múmias e esqueletos aparecem falando de revanchismo e retaliação e o clube se posiciona de maneira firme, mas sem canais que dêem repercussão. E na parte positiva acontece a mesma coisa. Homenagem ao Zico, Dia do Cadastro, Sócio-Torcedor, nada disso saiu na mídia com a mesma força que foi dada ao corte dos olímpicos, que na prática, não fazem a menor diferença para o torcedor. Ou alguém que não tem filho em equipes do Flamengo já assitiu a Jade ou os Hipólitos disputando algum campeonato na TV com a camisa rubro-negra?

A questão aqui não é discutir a importância dos esportes olímpicos para a história do Flamengo, muito menos alimentar a dicotomia criada  pela ex-presidente entre futebol e esporte amador. O Flamengo é um só, do Rafinha e da Jade, do Hernane Brocador e do Olivinha. É importante que a direção do clube canalize uma parcela de seus esforços para neutralizar esse contra-ataque politico-midiático que não tem nenhum interesse no bom funcionamento do clube. Esse é o ponto-cheve.

É claro que nem todas as informações sobre a situação do Flamengo podem ou devem ser divulgadas. O clube não é público, tem interesses estratégicos e deve se movimentar com cautela, prudência e inteligência para contornar a crise financeira de maneira rápida e eficiente. Me parece fundamental, no entanto, criar uma equipe para lidar com as questões midiáticas e de relacionamento com o torcedor preferencialmente antes que elas ganhem reverberação na mídia e nas redes sociais.

Até o momento EBM e cia tiveram a cobertura da boa campanha do futebol. Não é coincidência que os ataques tenham começado quando o time teve a primeira derrota do ano e às vésperas da eleição do conselho fiscal, última chance da velha política se manter com alguma relevância no clube. Nosso presidente vem fazendo um bom papel, Wallim, Bap, Claudio e os outros são pessoas inteligentes. Precisam encontrar uma solução para isso, antes que o antigo apoio se converta em críticas e estas em oposição.

A nova direção do Flamengo tem todo o meu apoio e vem acertando em muitas áreas. A comunicação com a torcida certamente não é uma delas.

abs e SRN!