quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Um novo Flamengo vem aí


Os rubro-negros de boa-vontade, sonhadores de um Flamengo sério, respeitado e forte dentro e fora de campo entendem e aceitam que "não existe almoço grátis" como gostam de enfatizar os economistas, que acertam tudo com o jogo acabado, e para tanto importa fazer sacrifícios para resgatar o clube do fundo do poço aonde gente apoiada por muitos que objetivavam locupletar-se das benesses gaveanas mergulharam irresponsavelmente a centenária instituição, não a destruindo graças à sua grandeza, que a leva a ter a maior torcida do planeta, segundo comprovação de órgãos imparciais e confiáveis. Sim, eles ainda existem e não publicam pesquisas fajutas que precisam de adendos corretivos um dia depois de anunciadas, em virtude das reações negativas que provocam naqueles acostumados a espremerem o cérebro diante dos fatos;

O meu lado torcedor-torcedor, dominado pela emoção, gosta de contratações bombásticas estampadas nas capas de jornais e revistas, com fotos da torcida em delírio numa catarse coletiva em vermelho e preto, deixando para os dirigentes a responsabilidade pela viabialização do negócio que, no Flamengo, geralmente acabava nos tribunais trabalhistas, aumentando o passivo do clube com indenizaçòes milionárias. Baixando a bola do oba oba, dando voz à razão, tenho me sentido positivamente animado com a postura serena e responsável da atual diretoria que "durante o nevoeiro vai tocando o barco devagar", sem pirotecnia para o êxtase da galera, com a bola no chão e mantendo o discurso da reestruturação prometida cujos frutos serão colhidos mais adiante;

Num clube essencialmente popular tal comportamento é difícil de ser obtido graças às pressões advindas de todos os lados, tanto da torcida naturalmente impaciente em virtude dos insucessos ocorridos nos últimos anos quanto por parte da imprensa sedenta e necessitada de matérias impactantes para agitar o mercado do futebol que gira, na entressafra anual, em torno das idas e vindas de nomes caros e famosos;

A política de trocar o pneu do carro com o veículo em movimento, com base no jeitinho brasileiro, revelou-se ao longo dos anos um fracasso retumbante, digno da antológica frase proferida por Joelmir Betting no dia seguinte ao naufrágio do Bateau Mouche, no Réveillon de 1988, nas águas da Baía de Guanabara: "O jeitinho abunda e o Brasil afunda". E a dificuldade para constatar que o show protagonizado por amadores já terminou é grande, gerando rejeições no organismo viciado com os malabarismos encenados para iludir alguns aqui e outros ali com a finalidade de formar um time de futebol que, de tempos em tempos, ganhava uma competição importante, somando-se 17 anos entre os últimos Campeonatos Brasileiros vencidos e mais de uma década e meia a separar as conquistas das Copas do Brasil. Libertadores? Nem pensar em chegar perto da princesa do nosso craque Gustavão Bsb e lá se vão 31 anos, tempo maior do que a vida de milhões de flamenguistas;

A estrutura do calendário do futebol brasileiro impõe a substituição da roda com ela girando, mas com critérios profissionais agregados à ação sem, por exemplo, "passar a perna" no Avaí, sem absorver obrigações que não poderão ser cumpridas nos prazos acordados e sem enlamear o nome da instituição, que anda mais sujo do que pau de galinheiro, tenho que vergonhosamente admitir como torcedor do mais-Querido;

Portanto, o caminho a seguir é o do Santos do ínício do século, quando seu presidente bateu o martelo e disse que a fase era de arrumação e de semear, e o do Corínthians do final da década passada, embora este ainda contasse (e conte) com a providencial ajuda chapa-branca. O Flamengo não usufrui dessa boa-vontade oficial, mas tem cérebros em seu comando atual e uma poderosa torcida para apoiá-los em suas iniciativas. O bom senso do momento manda exigir da diretoria rubro-negra responsabilidade na condução dos destinos do clube para que um pouco à frente colhamos os benefícios que serão inevitáveis. Então, será a hora de pedir as contratações dignas de um Flamengo grande, que o Wallim Vasconcellos nos prometeu fazer maior ainda do que os nossos mais recônditos sonhos.

SRN!