terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Muito menos em comum do que deveria

Basquete e futebol sempre andaram juntos no Flamengo, agora a situação se inverte, com o basquete liderando o campeonato nacional e quebrando recordes, já o futebol... O clube foi semifinalista do ultimo campeonato nacional de basquete e Arnaldo Szpiro, diretor, que faz uma competente gestão, ancorada em estrutura muito profissional, montada por João Henrique Areias em 2009, continua conseguindo montar equipes competitivas. Para nós rubro negros, no basquete (hic et ubique) não basta ser apenas competitivo, temos que disputar títulos até o fim. O time da temporada 2011/2012 foi no mínimo blasé, insosso, de falhas gritantes e momentos brilhantes, já que tinha muita qualidade. Isso ocasionou uma magnifica limpa!

Nesta limpa permaneceram apenas três jogadores da temporada anterior: Marcelinho Machado (atualmente contundido), Duda e Caio Torres. Marcelinho dispensa comentários por sua História dentro do clube e sua contribuição dentro de quadra, Duda é importante peça de reposição, foi titular por anos (até grave contusão) e é irmão de Marcelinho, e por fim Caio Torres, um dos melhores pivôs brasileiros em atividade, disputou os jogos olímpicos numa geração espetacular de pivôs. Com os três definidos, contratamos seis reforços, todos importantes e com brilho na temporada que se encerrou. São eles: os armadores Gegê e o ganês Kojo Mensah; o escolta Vitor Benite, o ala Marquinhos, o ala-pivô Olivinha e o pivô Shilton, além do Treinador, José Neto que é assistente-tecnico da seleção brasileira.

A equipe que foi montada é a mais versátil do Brasil e sua força está na coletividade. Benite pode jogar nas posições 1 e 2, Marcelinho e Duda na 2 e na 3, Shilton e até Olivinha na 4 e na 5, e assim por diante (1 = Armador, 2 = Escolta ou ala-armador, 3 = Ala (finalizador), 4 = Ala-Pivô e 5 = Pivô). Ganhamos muito em variações táticas e em prevenções contra possíveis lesões (já aconteceu com Marcelinho na primeira rodada do campeonato). Tais formações podem funcionar contra qualquer adversário.

Com o elenco que está montado e a adição de um ou outro jogador estrangeiro que faça a diferença (que ainda pode chegar), posso dizer que o Flamengo jogaria em igualdade de condições com qualquer time europeu, onde se joga o melhor basquete do mundo (A NBA é para extraterrestre). A equipe titular é forte e o banco também. Benite e Olivinha passaram pelas categorias de base do Flamengo e retornam à Gávea com status de grandes jogadores, Gegê jovem promessa volta após uma temporada “emprestado” ao Tijuca Tênis Clube (onde foi titular e se destacou), que se juntam a Marcelinho e Duda, além de três jogadores juvenis, todos Made in Gávea, um time de pele rubro-negra, formado em casa e voltando às suas raízes. O novo treinador é excelente, o elenco é 20% mais barato do que o “desmanchado” (quase um milagre!) e o trabalho fora de quadra foi executado, teremos que esperar e ver o resultado final, com títulos.

Concretamente, vamos pensar em aspectos que aproximam basquete e futebol, relacionando aos elencos e coisas que poderiam ser feitas e que são comuns aos esportes, dentro e fora da quadra. Espelhando as modalidades tentarei transportar “situações” ocorridas no basquete que poderiam nos ajudar no futebol:

  • A primeira delas é a modificação da filosofia de jogo, implantada em 2011, mas acabou por não funcionar. A mudança real só ocorreu neste ano com a troca do comando técnico (vinda de José Netto e saída de Gonzalo Garcia), fundamental para a execução, orientada e comprometida (imposta) pelo planejamento na direção da modalidade. Bola dentro da diretoria, planejamento e execução com mudança de rumos para se alcançar os objetivos.
  • Na nova estrutura Arnaldo Szpiro, que era diretor e vai ser gerente de basquete, e assim como Zinho foi “rebaixado”, mas apenas no papel, sem a questão salarial do futebol. A diretoria, lá atrás como explicado, optou por um jogo mais coletivo, de defesa forte e ataque criativo e com após nos pivôs, ou seja, a bola mais trabalhada, sem arremessos precipitados de longa distância, minimizando erros.
  • Não acho que seja fundamental no futebol a troca de Dorival, mas este deve seguir existir uma filosofia pregada pela direção do CLUBE, de cima para baixo, no caso o novo conselho gestor do futebol e implementada pelo treinador. Na esfera superior já houveram modificações neste sentido, a chegada de Paulo Pelaipe e a saída de Zinho. E experiência do basquete demonstra que mudanças de rota podem ser benéficas para o projeto. Nisso acho que Mano Menezes deve ser o nome da alta cúpula do Flamengo, mas reitero: Dorival júnior pode ser o nome da reformulação, transição, assim como foi Gonzalo Garcia no Basquete.
  • Algumas das ações praticas que tomaria, espiando o “modelo flabasquete” seria a valorização do jogo coletivo e da posse de bola, forte marcação, versatilidade nas peças e nas opções de ataque, jogadas treinadas para o ataque, troca de posicionamento no campo (movimentação treinada) e passes objetivos, utilização de estatística para analise de adversários e da própria equipe, treinamento baseado nos dados, padrão de jogo definido e executado com variações de acordo com o adversário e as situações de jogo (treinado exaustivamente), treinamento de repetição (fundamento) para aproximação de situações reais e aperfeiçoamento da execução (fim do rachão).
  • Partindo do descrito acima, foi executada uma grande reformulação, para que esta mudança de estilo se fizesse completa, mas com algumas estruturas mantidas. Nosso atual time de basquete tem 14 jogadores (nove efetivos e cinco da base ou em transição para o time principal). Para a equipe de futebol, respeitando as peculiaridades da modalidade, posições e funções de cada esporte, poderíamos duplicar os números, sendo 18 jogadores efetivos que poderiam ser titulares a qualquer momento + 10 atletas das categorias de base ou em transição para o time profissional (não conto com goleiros, apenas jogadores de linha).
  • Na “limpa” do basquete ficaram 3 experientes e indiscutíveis (não em relação a titularidade, sim a utilidade): Duda, Caio Torres e Marcelinho. No futebol ficariam 6 com esta utilidade indiscutível: Renato Santos, González, Cáceres, Amaral, Vagner Love e Ibson (este deverá se doar mais, além de ser caro, e por isso não deve sair). Dos 10 jovens em transição da base para o time principal ficariam Wellington, Frauches, Muralha, Luiz Antônio, Thomás, Adryan, Mattheus, Nixon, Lucas e Hernane (tem apenas 22 anos). Seriam dispensados: Léo Moura, Renato Abreu, Cléber Santana (voltaria ao Avaí), Liedson (Wellington Bruno já foi embora), Botinelli, Arthur Sanches. Seriam emprestados: Negueba (já no São Paulo), Camacho, Marllon, Paulo Sérgio, Fabiano Oliveira e os atletas que estouraram a idade e também os que retornam de empréstimo, exceto Alex Silva.
  • Temos, portanto, 17 atletas e para concluir o elenco veremos as carências da equipe. Por carências no mercado, ficariam Ramon (para a reserva) e Airton até o final de seu contrato. Em minha visão, Luiz Antônio seria treinado para jogar na lateral-direita e assim buscaríamos atletas para ser titulares e completarmos o elenco com contratações pontuais e definitivas, sem pressa e durante o campeonato carioca, de acordo com o perfil desejado e, principalmente, o não desperdício de dinheiro. Neste primeiro ano, um lateral-direito, um lateral-esquerdo, dois meias e dois atacantes. Com estes jogadores o elenco teria 25 atletas e mais três vagas completadas com jogadores da base dependendo da necessidade durante a temporada.
  • Da equipe efetiva do basquete são aproximadamente 55% formados em casa 5/9 (Marcelinho, Duda, Olivinha, Benite e Gegê) e 45% de fora, 4/9 (Shilton, Marquinhos, Caio Torres e Kojo). No futebol são 45% da base e 55% de fora, mas os números estão próximos de uma inversão com a FORMAÇÃO de bons jogadores e dentro de uma nova filosofia (a formação no basquete é muito boa e a safra também sendo bem trabalhada terá times bons por muitos anos).
  • Assim como no basquete moderno, no futebol moderno o jogo coletivo é o mais importante e ele somente, e tão somente, realça as qualidades individuais de cada atleta. Em nossa equipe de basquete apenas dois jogadores por características de jogo e estilo tem posições fixas, exatamente os extremos: Gegê, na posição 1 (armador) e Caio torres posição 5 (pivô). Versatilidade total. Transportando para o futebol penso que apenas duas posições podem ser executadas por atletas de funções fixas a do goleiro e centroavante em determinadas partidas. Marquinhos, o craque do time poderia jogar em três posições diferentes 2/3/4, mas preferencialmente joga na posição de definição das jogadas, a posição 3, na Ala. Ele é o maior exemplo da versatilidade e da transpiração desta “nova filosofia”.

Dito tudo isso meu elenco no futebol seria:
Goleiros: Felipe, Paulo Victor, César e Luan;
Laterais: Luiz Antônio, Ramon (por enquanto), João Felipe (reposição, base) e dois laterais à contratar, um para cada lado;
Zagueiros: Renato Santos, Alex Silva, Gonzales, Wellington, e Frauches;
Volantes: Aírton, Cáceres, Muralha, Amaral, Ibson;
Meias: Mattheus, Adryan e dois meias ou meias-atacantes novos;
Atacantes: Vagner Love, Hernane, Nixon, Thomás e dois atacantes ou um centroavante e um meia-atacante novo.

Logicamente, não seria uma equipe fortíssima, mas daria para jogar o campeonato estadual e se reforçar durante o mesmo. Alguns nomes dispensados começariam a preparação junto com a equipe, mas com o “aviso prévio”, casos de Ramón, Cléber Santana e Liédson. Com as contratações a equipe ficaria forte. Com o cumprimento de metas esportivas para premiação posterior (fim dos bichos), treinamentos efetivos, boa formação e planejamento, podemos vencer e tirar lições do basquete. Quem não gostaria de começar um Campeonato Brasileiro com oito vitórias? E mais com um time “formado em casa” e de pele Rubro negra?

Ubique, Flamengo!