segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

2013 e a Base

Ano novo, vida nova. Com a reapresentação do elenco, na última quinta-feira, dia 2 de janeiro, iniciaram-se oficialmente os trabalhos do Departamento de Futebol do Flamengo no ano de 2013. Pouco há a se falar a respeito de uma semana de trabalho, mas acredito que no Ninho do Urubu está a chave para o início da renovação do time. É lá que estão os talentos revelados por nossas categorias de base, que precisam ser trabalhados, claro, mas que não têm como se desenvolver se não tiverem chances concretas no time de cima, ao menos no Estadual. Porém, as renovações dos contratos de Leonardo Moura e Renato Abreu trouxeram preocupação dentre os que anseiam por mudanças significativas na escalação do time e na forma de relação entre os atletas e dirigentes no setor. Algumas perguntas daí advém naturalmente, partindo do pressuposto que Paulo Pelaipe, contratado para gerir o Departamento de Futebol, imporá ordem e hierarquia no setor: a) o critério doravante será o de mérito, exclusivamente? b) acabou a fase dos jogadores insubstituíveis, pouco importando se há outros no banco em melhores condições? c) Dorival Júnior está preparado para iniciar o processo de renovação com os jogadores recém promovidos da base ou se apegará a uma fórmula fracassada e à cômoda divisão de responsabilidades?

A última pergunta advém da possibilidade de manutenção da base da escalação com a qual o Flamengo orbitou a ZR no Campeonato Brasileiro de 2012, pois talvez não seja possível à nova Diretoria contratar em um primeiro momento. Por exemplo: alguém consegue imaginar o time disputando o Estadual com Ibson, Renato Abreu e Cleber Santana no meio? O 17º lugar e os 36,84% de aproveitamento no Segundo Turno não autorizam tamanho risco. E como não há motivo algum para repetir a fórmula fracassada que quase nos levou ao descenso, mas que foi uma das preferidas do treinador ano passado, o processo de renovação do elenco precisa ser iniciado. Entendo que o treinador deve ter pulso e coragem para optar entre os veteranos que iniciarão as partidas e os que ficarão como opção no banco, iniciando o chamado "processo de mesclagem", para o qual seria ideal ter todo o respaldo de Pelaipe.

Até lá, vários fatores podem influir na escalação. Por exemplo, Adryan e Mattheus estão convocados para o Sul-Americano Sub-20, que será realizado entre 9 de janeiro e 3 de fevereiro de 2013, e por isso não poderão fazer parte da pré-temporada ou compor as formações "mistas" anunciadas desde a estreia contra o Quissamã, dia 19, até o clássico contra o Vasco da Gama, dia 31, data em que está programada a utilização, pela primeira vez, do chamado "time titular". As escalações serão aguardadas com ansiedade, portanto.

Com relação aos reforços, todavia, será preciso conter as expectativas, ao menos por enquanto. Acredito que as contratações virão com o tempo; mas basta lembrarmos que a gestão anterior não teve a decência de sequer informar o valor da dívida remanescente, a data da parcela vincenda e seu valor, em relação à contratação de Vagner Love ao CSKA da Rússia, para vermos o tamanho das dificuldades que os Blues estão encontrando nesse início de gestão, algo confirmado por Wallim Vasconcellos essa semana, informando inclusive quanto ao dramático quadro de penhoras incidentes sobre as receitas do clube. Paciência, perseverança e apoio são as palavras do momento, até porque agora, corretamente, trabalha-se em silêncio em busca dos reforços, evitando com isso as conhecidas armadilhas das especulações e dos leilões inflacionários de empresários. Pelaipe chegou a prometê-los já para o Estadual, mas talvez seja melhor não contar com isso, pois tanto é possível que estejam esperando a regularização dos salários atrasados deixados por Patrícia Amorim e Levy, como simplesmente não estejam conseguindo fechar com os reforços pretendidos agora, por conta dos problemas de liquidez decorrentes das penhoras.

O que se pede, ao final das contas, não é muito: é um pouco mais de ousadia, de rejuvenescimento da equipe, e não um processo de renovação completo; é não continuar no marasmo, na mesmice, na fórmula fracassada que por pouco não levou o Flamengo à Série B. É iniciar um processo de renovação com os jogadores da base, um meio termo enquanto os reforços não chegam, até para que não se perca uma talentosa geração.

A Base

Falando nos jovens, e em especial naqueles que vejo em mais condições de entrar no time, gostaria, em 2013: de ver o quanto antes os contratos do Adryan e do Mattheus renovados; de ver o Adryan fazendo um trabalho para ganhar mais "massa magra" ou muscular e ser utilizado não aberto na esquerda, mas como meia e ser bem orientado nesse sentido; de ver o Mattheus mais ligado nas partidas; que o Departamento Médico dê uma "geral" no Muralha para ver se há alguma causa específica para tantas contusões, pois o rapaz já demonstra qualidades para ser titular do time; que o Luiz Antonio faça uma auto-crítica e se conscientize da necessidade de aprender a marcar e até pensar com carinho na lateral direita, sob pena de se tornar um jogador absolutamente comum; que sejam dadas mais oportunidades ao Nixon para conferirmos se temos um bom artilheiro ou não; que o Thomás consegua finalmente encontrar sua posição e que o Lorrain e o Victor Hugo tenham oportunidades.

Gostei de ver o Pelaipe revelando que, em 2012, o Flamengo investiu cerca de 1/3 (um terço) do que o Grêmio nas categorias de base e que isso "iria mudar". A par de sentir-me envergonhado, comecei a ter esperanças no futuro, mesmo no quadro de endividamento do clube. Para tudo há de existir uma causa e uma explicação racional, e acredito que, com os investimentos sendo feitos na base, na proporção e maneira corretas, os frutos dela advirão, conforme sempre foi a tradição do Flamengo.

Bom dia e SRN a todos.