quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Flamicos


Para o torcedor aqui, dotado de mais emoção quando se refere ao Flamengo do que razão (reconheço), o melhor aspecto da partida do Flamengo com o Grêmio foi a consolidação, no 2º tempo, da convicção segundo a qual a melhor formação do time é a composta por dois volantes, naquele jogo Cárceres e Íbson, dois meias, no caso Leo Moura e Adryan e dois atacantes, por ora Liédson e Love. Pode-se questionar o valor individual de um ou outro jogador, e substituí-lo, mas o esquema funcionou bem com essa distribuição e faltou pouco para ganharmos os três importantes pontos, pois naquela fase o Grêmio simplesmente não viu a cor da bola, ficando o goleiro Felipe numa posição de expectador privilegiado. Já adianto que em relação ao velho Luxa discordo do seu lero-lero, porém não é surpresa nenhuma, já que o seu time sempre bate um "bolão" em suas entrevistas pós-jogos;

O adiantamento do Leo Moura para a meia, fato que deveria ter acontecido já em 2010, é de uma obviedade que salta aos olhos tendo em vista que ele não exerce a função precípua que se exige de um especialista na posição de lateral, que é a marcação em primeiro lugar, há muito tempo, se é que algum dia lá atrás a praticou em algum jogo de futebol. Por isso, o lucro não advém de sua notória habilidade para jogar futebol propiciando maior poder ofensivo ao time, o que de fato ocorre, como na jogada que marcou um encontro do Nixon com a bola na cara do goleiro Marcelo dentro da grande área, mas pelo fechamento da larga avenida que se criava em suas costas face a insuficiente cobertura realizada, por ocasião dos seus avanços, pelos volantes e zaqueiros e, também, pela irritante lentidão com que voltava para marcar. O ganho está na defesa, muito mais que no meio de campo, embora neste a bola tenha rolado mais satisfeita. É evidente que a contenção providenciada através da escalação do Welligton Silva não é um muro de presídio, porém, penso que no setor foi instalado um cavalete indicando que já existe uma dificuldade para passar, acabando o trânsito absolutamente livre concedido pelo fake de moicano;

A imprensa restrigiu-se a dizer que o Grêmio atuou mal, enquanto o que eu constatei, na realidade, foram dificuldades criadas para o time gaúcho jogar bem em virtude do melhor posicionamento da defesa rubro-negra e da armação conseguida a partir da entrada do Adryan, que estufou as redes gremistas num gol de falta que o mito Zico assinaria. E mais gols não saíram graças à dificuldade do Love em concluir uma jogada estranha do Íbson que, sentado como se estivesse num jogo da Paralímpiadas, o deixou em condições de marcar. Embora o time jogasse com dois atacantes, faltou igualmente um, apenas um, para empurrar para dentro gol algumas bolas que cruzaram a pequena área gaúcha pedindo para entrar e balançar a galera que vibrou na partida junto com o time;

Pulando do passado, domingo já vai longe, para o dia de hoje, o que temos são as pretendidas contratações do meia Cléber Santana e do zaqueiro Renato Santos, ambos do Avaí. O primeiro, bem mais experiente, traz na bagagem dois títulos do Campeonato Paulista, em 2006/07, e um do Catarinense, em 2012, sendo este último conquistado na companhia de Renato Santos, que também sagrou-se Campeão Brasileiro da Série C, em 2011. Conquistas nada expressivas nem para um nem para o outro, muito menos para o Flamengo, o que também não significa muita coisa como má referência pelo que tenho visto nesse sobe e desce da vida de cada jogador de futebol, já que currículo dá esperanças mas não garante sucesso futuro, sendo o futebol muito rico nessas experiências.A contrapartida oferecida pelo Flamengo para a vinda dos jogadores do clube catarinennse seria a cessão do zaqueiro Thiago Medeiros e dos atacantes Hernanes e Negueba que, lançados no fogaréu em que transformaram a Gávea, nada demonstaram que justificasse uma possível insistência com eles no elenco, porém, Negueba recusou-se terminantemente à mudança de ares. Vejamos os novos capítulos, no dia de hoje, de mais essa novela chinfrim com enredo de incompetência do Zinho, que anunciou o negócio sem antes consultar as partes envolvidas, uma característica eterna do clube que passa de uma geração à outra e, às vezes, representa um factóide para abafar um vexame cometido, o que não foi o caso desta vez, mas fica comprovada a incapacidade funcional até para contratar jogadores da 2ª Divisão Brasileira no apagar das luzes, quase final da temporada tupiniquim.

Para o próximo embate pelo Brasileirão, domingo no Serra Dourada contra o lanterna Atlético Goianiense, Leo Moura será um desfaque já anunciado, o que pode levar Dorival Júnior a optar pela volta do horrendo esquema com três volantes ou entrar para o jogo com o vaga-lume Bottinelli. Não sei o que é pior, considerando que os volantões não armam para decidir o jogo e o hermano não desencanta, no máximo pisca de vez em quando. Resta torcer, o que não dispenso, mas prefiro jogar pra frente (não dói), empurrando o adversário, arriscando a levar contra-ataques do que ficar naquele chove não molha com chutões e bicões pra lá e pra cá, como numa dança de bêbados, que pode até levar o Flamengo à vitória numa bola vadia e que deixa o coração batendo na boca até o apito final.

SRN!