terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ô Flamengo, qual é o seu negócio?


A crise é tão profunda que falta clareza, mas não é disso que trata a coluna. Falta o básico dentro e fora de campo. Relacionado ao campo e bola, não se engane, tudo depende da estrutura, a organização e o planejamento. A bola não entra por acaso (não é Love?). Transparência e governança corporativa são princípios básicos para qualquer organização esportiva atualmente, muito mais daqui para frente onde todos, aos poucos, se profissionalizam e se o Flamengo não entender isso vai ficar mais ainda para traz, não adianta ter um ativo como sua torcida, deve se trabalhar seu cliente.

O caso do futebol italiano é exemplar, cai ano-a-ano, perdendo espaço para o futebol alemão, muito mais organizado e rentável, inclusive com média de ocupação dos estádios em torno de 85%. A crise econômica contribuiu para isso, mas fora de campo os italianos não são mais exemplos de modernidade administrativa, ao contrario dos alemães atualmente, que fazem um grande trabalho assim como os ingleses. O fundamental para um clube de futebol não é o preço do ingresso, mas a ocupação do estádio, de pessoas consumindo seus produtos em dias de jogos, o Macthday e em outros dias também, partindo para a questão do relacionamento clube/torcedor. A taxa de ocupação do estádio traz a discussão a um outro nível de percepção. Como o Flamengo trata o assunto? Mal!

Um exemplo é a maneira de como o Flamengo “administra o Engenhão”, que tem a capacidade para 45.000 pessoas, mas por questões de segurança geralmente são distribuídos algo em torno de 38.000 a 40.000 ingressos para que se chegue ao publico de no máximo 44.000 presentes. Pois bem, para 40.000 pagantes possíveis o Flamengo teria que “colocar” no estádio 34000 pessoas por jogo (85% de ocupação, mais do que os 80 de ocupação do Atlético-MG, líder no quesito, porem numa cidade muito maior e da qual nossa torcida tem algo em torno de Três Milhões de torcedores). Então, esbarramos na falta de promoção (comprometimento) do clube em seus jogos, o relacionamento com seu torcedor, que é péssimo e no preço dos ingressos. Hoje para uma família com 4 pessoas (pai, mãe e dois filhos) torcer num estádio gasta-se aproximadamente 200 Reais por jogo (calculo provável e bem razoável):

  • Dois ingressos integrais, 60 reais;
  • Dois ingressos de meia-entrada (para dois adolescentes), 60 reais;
  • Estacionamento, 15 reais;
  • Gasolina, 25 reais por 10 litros (nem irei relacionar outros meios de transporte e os problemas como demora do modal, falta de ônibus suficientes, além de horário dos jogos...);
  • Quatro refrigerantes e quatro cachorros-quentes (pão e salsicha) 40 reais, cinco reais cada item.

O ingresso por si só não conta, mas é a parte que sensibiliza muito mais ao torcedor, que é rotativo nos jogos. Dificilmente um grupo de torcedores irá a todos os jogos de um campeonato, ainda mais sem os carnês (isso é uma outra questão). A ocupação média e público pagante do campeonato brasileiro e do Flamengo são bem fraquinhas, o que comprova a necessidade de modernização administrativa do esporte brasileiro como um todo. No caso do Flamengo são 8800 pagantes e ocupação de 25% em média é ridículo! Mais ridículo fica porque temos a melhor média de público como visitante. Definitivamente este Flamengo (o que governa ao clube atualmente e governos anteriores) não conhece a força que tem. Precisamos de mais!

Com preço médio de 20 reais e uma renda, que ainda pode ser dividida, penhorada e paga aos quadros móveis e despesas como aluguel e outros de 226.740 reais para 11.598 pagantes (exatos 29% de ocupação do estádio), melhor seria termos 34.000 torcedores/por jogo (85% pagantes) com preço médio de 12 reais e estadio cheio para consumir aos produtos do clube, e é o mesmo que deve fazer este esforço para que os prováveis 408.000 reais/jogo, de bilheteria me parece muito melhor, isso seria fácil para um Flamengo competente, se este se aproximasse do seu “povo”, sua nação, seu público, seu cliente.

Um grande exemplo é a promoção (monetária), em todos os sentidos, talvez “o” grande exemplo, que se tornou o “chamamento” na promoção do jogo/evento contra o Atlético-MG, na próxima quarta-feira às 10 horas da noite. Chamamento este que parece ter sido atendido pela torcida. Se a promoção do clube para todos os jogos for igualmente bem feita, assim como a venda deste jogo, a torcida comparece, com o time mal ou bem, vide as médias da Taça Libertadores, mais altas e com os carnês. Um estádio cheio atrai a outros aspectos financeiros e estéticos de um estádio de futebol, sua mística e a pressão que se submete ao adversário, coisas importantes ao jogo em si, além de negócios diversos não apenas para o clube, mas para a cidade, o entorno, empregos diretos e indiretos, de onde o próprio clube poderia capitalizar, este deveria ser o seu negócio Flamengo! A nação é o mais importante.

Finalizando o Flamengo como instituição privada de interesse público necessita urgentemente de um quadro administrativo profissional coberto por pessoas que entendam de futebol e a administração do todo, de um clube, de uma multinacional do esporte, uma empresa com um orçamento de 200 MM de Reais. Falta do clube clareza em suas ações, competência e paciência, enxergar o todo, sabedoria na hora de decidir. É nítido que uma próxima gestão terá obrigatoriamente fazer isto (que seja o mais rápido possível), para que o Flamengo seja maior e maior, depende somente sócios, os donos do clube, como patrimônio. Que tenhamos um futuro melhor.

Ubique, Flamengo!
SomoFlamengo, VamoFlamengo!
DesocupPatrícia!


* Os números de publico e renda entre o site do Rica Perrone e do Teoria dos Jogos são conflitantes. No teoria dos Jogos fixei-me no percentual de ocupação do estádio e no Rica Perrone em números de público e renda.

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