terça-feira, 20 de março de 2012

Será que torcida ajuda?


No caso do Flamengo, no jogo contra o Olímpia, por incrível que possa parecer, não. Não dá para colocar a culpa apenas no Joel ou nos jogadores que estiveram no campo. A impaciência da torcida com alguns jogadores (ainda em formação), durante alguns jogos é gritante. Se continuar assim, vai acontecer como na "geração de 90", todos vão se tornar grandes jogadores fora do clube e o Flamengo a ver navios. Não estou aqui para ensinar a torcida, só chamar a atenção de algo que de algum modo me incomodou, mas acho que devemos apoiar sempre a aprender a jogar competições que se precisa da integração time/torcida. O apoio deve ser irrestrito, em prol de quem está em campo e naquele momento pode defender nossas cores. Na sexta-feira depois do empate, comentei no Buteco do Flamengo, o texto do Henrin, sobre o comportamento da torcida, a Nação, 12º jogador, disse:

-“Tem uma coisa que não sai da minha cabeça: Sou contra a volta do Adriano por pensar no homem e não só no atleta, a maioria pelo visto é incondicionalmente a favor, ok, respeito, mas quando o time fez 3x0 ontem, gritou "o imperador voltou", pensei como ficam os caras em campo?
  • Só serve o Adriano?
  • - "Agente se mata aqui, faz 3x0 e a torcida bota na conta do Adriano"?
A torcida empurrou o time, apoiando até certo ponto, porque depois do primeiro gol dos paraguaios, silenciou, faltou incendiar a equipe para ser o 12º jogador e ajudar ao time lá dentro e evitar o pior. Ruim para todo mundo”.

Guilherme de Baere, responde logo após: -“Essa falta de reação da torcida e o fato de ficarem gritando por um cara que não pode jogar pelo Flamengo nesse campeonato mostra como não é apenas o time que tem que aprender a jogar a Libertadores”.

Perfeito, penso o mesmo, logo, logo Rocco Fermo complementa: -“Cansei de ler em vários sites e blogs torcedores do Flamengo (do Rio) criticando e criticando pesado quando o Flamengo joga em Macaé e Volta Redonda, dizendo que os torcedores de la são "estranhos" putz isso me deixa muito irritado. O que se tem visto no Rio então? Torcedores vaiando o time, gritando queremos raça mesmo antes da bola rolar e ontem gritando o nome do Adriano com aquele baboseira de o Imperador voltou...
E agora como fica?”

O que dizer? Para mim ficaram claríssimos três aspectos: o primeiro é que a torcida não sabe jogar uma taça Libertadores, junto com o time, sendo o 12º jogador, diferente do que agente vê fora do país nas competições continentais. No caso do Corinthians, por exemplo, sim o Corinthians, a torcida quando joga em casa, apoia seu time o tempo todo. Podemos dizer que eles estão aprendendo a jogar o jogo. Não acho que precisaremos ir até a Série B para que isso aconteça, não é? Nossa principal característica, a do apoio incondicional, se desmanchou pelo ar, como diria o velho Marx;

Segundo, a torcida da era Zico ficou “mal acostumada” e acha que sempre jogaremos aquele futebol mágico, quando se estalarem os dedos, e o pior, acha ser obrigação jogar aquele “futebol de exceção”, maravilhosamente fantástico, excepcional mesmo! Não adianta ficar esperando nascer 11 Zicos ou Messis, com o trabalho feito no Brasil, mesmo assim a geração que surge agora no Flamengo é boa, mal trabalhada pelas condições presentes hoje no país (retrógradas), mas é boa;

Terceiro e ultimo, muito pior do que a torcida da era Zico é a torcida “internética”, pós era Zico, que reclama de tudo, é mimadinha e, exatamente na hora que o Flamengo precisa dela, no campo, de sua ajuda, fica estática e assiste ao adversário passear, prevendo o desastre e não se movendo para mudar a tragédia que se anunciava. Vou relatar algo sobre o jogo, do estádio: quando o Olímpia fez o segundo gol, a perplexidade era tão grande que um pequeno setor, onde eu estava, começou a cantar para incentivar ao time, mas o silêncio foi tão grande que “abafou” a reação, o silencio nos calou!

O ambiente era de festa, mas tudo começou errado (pelo menos para mim) com os gritos de “o imperador voltou”, antes do inicio do jogo, que inclusive me fez pensar que tinha fechado mesmo (liguei para o meu primo, fora do estádio e ele disse que era chilique da torcida). Sabemos também que existem festinhas com torcedores, sócios e até dirigentes, que pensam em seu próprio bem, NÃO MUITO no Flamengo e talvez por isso, Adriano seja tão importante. Deve se pensar no homem Adriano antes do atleta, já que o homem está doente e precisa de ajuda. O Flamengo vai ajudar a tratar? Não! Por isso sou contra, certamente vai dar algum tipo de problema futuro.

Na coluna do Guilherme, no Buteco no ultimo domingo, comentei:
"Tudo parece caminhar para o vinagre, porque o que está sendo feito é da maneira mais errada possível, mas o trabalho de Carlos Noval e Zico, em sua curta e turbulenta passagem, ironicamente, talvez nos salve. Quem sabe sejamos campeões da Libertadores com uma roubada de bola de Muralha (que veio do Vasco), um cruzamento de Thomas (contratado ao Botafogo), uma cabeçada de Luiz Antônio (100% da casa) e gol de Deivid (que Zico trouxe), num rebote! Quem sabe o destino não possa nos favorecer? Apesar de achar que nada disso acontecerá, continuarei acreditando"!

O “trabalho” da torcida é acreditar sempre, mas sem ser “cordeirinho”. Reclamar, apupar, vaiar, tudo isso faz parte, mas devemos aprender a jogar as competições mais difíceis, todos juntos: o clube, os jogadores, a torcida. Para terminar lembrei algo emblemático, pedaço de um cântico que gosto muito e geralmente empurra o time, mas enunciou a tragédia, simplificou o entendimento sobre o momento de quinta-feira: “nosso time é agente em campo, ganha quem tem mais garra, tem mais coração”. É isso! Nosso time é agente em campo, então vamos para o campo com ele! Por nós, pelo clube e por eles jogadores, ou melhor, com eles!


Somos Flamengo, Vamos Flamengo!