segunda-feira, 19 de março de 2012

Pode To Be?

Buongiorno, Buteco! Sempre considerei os melhores treinadores aqueles que montam os seus times com o que têm nas mãos, improvisando, armando os esquemas táticos de acordo com as características dos seus jogadores e não tentando violentá-las. É claro que muitas vezes o bom treinador enxerga no jogador características para mudar de posição, mas não é exatamente disso que estou falando. O nosso atual treinador, Joel Santana, faz exatamente o oposto. Não quero com isso dizer que ele é um mau treinador ou incompetente. Longe disso. O seu currículo, disponível na Internet, mostra que ele tem apenas dois títulos conquistados fora do eixo regional, ambos com o Vasco da Gama em 2000; contudo, todos sabemos que o time foi todo montado por Oswaldo de Oliveira (demitido por Eurico Miranda após uma briga) e que Joel Santana pegou o campeonato brasileiro e a Mercosul nas fases decisivas. Quero com isso insinuar que ele é incapaz de levar o Flamengo a conquistas maiores? Longe disso. Prefiro analisar fatos concretos.

O fato, concreto, é que, com Vanderlei Luxemburgo, o Flamengo variava de esquemas táticos. Fato. Essas variações poderiam, em certas ocasiões, demorar a ocorrer ou poderíamos criticar, como de fato criticávamos, a formação tática predileta (não vem ao caso repetir a ladainha), mas é fato que havia variação tática. No Flamengo atual, o mesmo losango de Luxemburgo está presente, e mais: pouco importa se o jogador pode ou não executar aquela função, nela é escalado. Exemplos claros: adianta escalar o Camacho ou o Bottinelli de volante pela esquerda? Aliás, é preciso escalar o time com três volantes contra, por exemplo, o Friburguense?

A falta de variação tática e a escalação de jogadores fora de posição atrapalha a montagem do time e a evolução dos jovens talentos da Gávea. O próprio Joel Santana reconhece que "o momento" do Flamengo é esse. Já é difícil o bastante, sendo desnecessária a "ajuda complicadora" do treinador, disputar duas competições, uma delas sendo a Libertadores da América, com alguns jogadores tendo que começar a complicada transição das categorias de base para o profissional e outros começando a dar sinais de que não serão os jogadores que prometiam. Vamos dar nomes aos bois: se Muralha e Luiz Antônio cada vez mais seguram suas posições no time com segurança e talento, Thomaz dá sinais de que talvez precise de mais tempo e mais oportunidades no Estadual, contra adversários de menor expressão, não sendo o momento de disputar a Libertadores; já Diego Maurício e Negueba desperdiçam as oportunidades e parecem apenas involuir com o tempo, passando a impressão de que suas atenções estão dispersas em outras bandas que não o futebol, enquanto Rafael Galhardo não consegue transmitir a segurança e a firmeza que um jogador profissional exige. E Camacho, mais experiente, voltando de vários empréstimos, dando a impressão de que pode ser bem utilizado como meia, sua real posição, é escalado como volante. Pode to be?

Portanto, o momento é difícil. São muitos talentos, mas em estágios diversos. O cobertor é curto e a solução seguramente não é voltar com as peças velhas e enferrujadas que estagnaram no final do ano passado e início desse ano. Para encontrar a formação e o esquema tático ideais, Joel precisa rever velhos conceitos, ainda que momentaneamente. Será ele capaz de tanta audácia?

Friburguense 0x1 Flamengo

Novamente o losango. As estatísticas da partida, especialmente o número de conclusões apresentado para cada equipe podem sugerir um adversário forte e que o esquema adotado foi o certo. Ledo engano. O que faltou ao Flamengo foi ofensividade. Bottinelli não estava numa tarde inspirada e era o único armador do time. Joel insistiu na formação, contudo, até o final. O problema não era o Friburguense equilibrando o jogo, mas o Flamengo chamando o Friburguense para o jogo com três volantes, sendo um deles o Willians na armação tentando tabelar com os garotos com toquinhos de trivela. Willians, aliás, que, voltando de contusão, parecia mais preocupado em demonstrar que podia jogar bonito ofensivamente do que em dosar o seu fôlego, que acabou em pouco mais de 30 minutos, daí começando a já conhecida sequência de faltas. Depois a conta da bagunça tática e das inúmeras chances de gol do Friburguense serão debitadas nas contas do Muralha e do Luiz Antônio... Pode to be?

Mas o que me impressiona mesmo é a falta de reação de Joel diante de certos sinais dados em campo: não bastasse Willians cansado e começando a baixar o porrete, Diego Maurício demonstrou cabalmente, ainda no primeiro tempo, que deseja fazer uma única coisa no futebol, que é jogar a bola à frente, correr e superar o adversário na velocidade e força física, para depois chutar cruzado em direção ao gol ou cruzar para o companheiro. Não adianta que esperemos dele evolução em qualquer outro aspecto. Ele fará apenas isso no futebol, obsessivamente. Joel o manteve como único atacante, apesar disso, até a entrada de Paulo Sérgio, autor do belo passe para o gol de Kleberson (que entrou muito bem mais uma vez), mesmo com Diego Maurício demonstrando claramente toda a sua falta de jeito e mesmo o seu tédio para jogar como centroavante centralizado. Então, se Thomaz já tem dificuldades em se firmar no profissional, fica mais difícil ainda jogando com menos gente do que deveria no ataque. Não se trata de não enxergar que ele ainda não está pronto, até porque eu acho que é o caso, mas de também reconhecer que as coisas não precisam ser tão complicadas.

Ninguém pode ficar surpreso com a dificuldade do time para marcar o primeiro gol. A velocidade com que os jovens jogam e algumas boas trocas de bola realmente deram a impressão de que o gol poderia sair, mas a realidade é que havia um homem a mais preso como volante e um a menos no setor de criação ou ofensivo e realmente faltava um atacante para jogar ao lado de Diego Maurício. A propósito, o pênalti perdido por Bottinelli, apesar de lamentável, havia sido mal marcado, pois Thomaz tropeçou nas pernas do adversário.

Quanto ao setor defensivo, Júnior César mais uma vez foi burocrático e muito fraco. Magal poderia ter sido testado. Felipe ameaçou se atrapalhar em algumas bolas, mas conseguiu se sair bem.

Adriano

Ingratidão é um dos piores sentimentos que se pode ter. Todo ser humano merece uma segunda chance, pode ser redimir e tentar voltar a ser o que era. Para superarmos vícios e voltarmos a ser sãos de corpo e alma, contudo, precisamos RENUNCIAR ao que nos deixa doentes e viciados.

Adriano por acaso demonstra alguma inclinação para uma nova vida, de renúncias e sacrifícios, longe do que o deixou no estado em que se encontra atualmente?

Nada mais tenho a dizer a respeito do assunto.

Bom dia e SRN a todos.