Eis
um tema de relativa dificuldade de execução no Brasil, o programa de sócio
torcedor e mais inacreditável do que o “não gol” do Deivid é a
latente e vergonhosa inércia do Flamengo no relacionamento (ou falta
de) com seu público. Obviamente, um estádio próprio facilitaria a
implantação, mas isso não pode ser desculpa, que fica muito pior se
constatarmos que não há nenhum movimento dentro do clube para que
se modifique tal situação. Hoje, temos míseros seis mil sócios
ativos e menos de dois mil decidiram a ultima eleição.
De um modo geral, os programas de sócio torcedor utilizam como base a soma de
direito a benefícios + relacionamento direto + ingresso + direito à
voto (após período ou imediatamente em alguns casos), tanto no
Brasil quanto na Europa ou nas Américas. Com a recentíssima
pesquisa
de mercado da Pluri Consultoria,
que disseca o futebol brasileiro, posso dizer que o tema “caiu no
meu colo”. Mesmo havendo algumas considerações a pesquisa (especificamente o item
IV, o de potencial de renda e consumo, com os elementos que compõem o
índice de propensão ao consumo, colocando bizarramente o Flamengo
em ultimo lugar). Pode se dizer que é o mais fiel estudo feito no
Brasil e demonstra nossa ineficiência e os caminhos por onde se
trabalhar. Resolvi demonstrar alguns programas
de associativos de alguns dos maiores clubes de futebol do mundo:
- Benfica → É o maior do planeta (com mais de 170.000 associados), tem um programa de sócio torcedor muito simples, chamativo e de fácil explicação, fora isso conta com a maior torcida de Portugal, sabendo utilizar este aspecto a seu favor. Custo aproximado: 156 Euros, R$ 355,00/ano, R$ 29,60/mês.
- Sporting Lisboa → Bem explicado, dá direito a um “pacote”, com brindes do clube, inclusive com uma “camisola oficial”. O sócio tem ainda o direito de fazer um plano familiar facilitado. Detalhe que nos interessa: existe um equivalente ao nosso Off-Rio. Custo aproximado: 55 Euros/ano ou R$ 125,00/ R$ 10,50/mês.
- Porto F.C. → Os portugueses são os melhores neste assunto, os “descobridores” do sócio torcedor, sendo próximo o relacionamento entre o clube e torcedor. Os três grandes estão entre os 10 maiores do mundo, trabalhando bem a fidelização e renda associativa, planos bem explicados e diretos. No Porto, o custo aproximado é de: 60 Euros/ano, R$ 137,00, por volta de R$ 11,40/mês.
- Barcelona → São três as modalidades principais, incluindo o sócio-bebê, isso mesmo recém-nascidos. Custo aproximado: Sócio adulto 166 Euros/ano, R$ 31,00/mês. Crianças: R$ 182,00/ano sócio-bebê R$ 90,00/ano, R$ 7,50/mês,.
- Real Madrid → Simples, direto. Basicamente existem duas modalidades adulto por 143 Euros/ano ou R$ 326,04/ano (R$ 27,17/mês) e a modalidade infantil é GRATUITA até os 11 anos de idade. Dos 11 aos 14 anos custa 49 Euros/ano o equivalente a R$ 9,31. Acima desta idade o plano é o adulto.
- Bayern de Munique → Um belo programa de sócio torcedor, chamativo e interessante e barato. O custo do sócio torcedor do Bayern é de 30 Euros POR ANO ou R$68,40. É equivalente a R$ 5,70 por mês. Também está entre os 10 primeiros clubes em numero de sócios.
- River Plate → Os "milionários" tem 10 vezes mais sócios do que o Flamengo e também estão entre os maiores do mundo. O titulo mais caro sai por 130 Pesos Argentinos, que equivalem a R$ 53,30/ano, R$ 4,44/mês. O infantil sai por 20 Pesos argentinos e o menor 7 a 17 anos sai por 80 Pesos argentinos por ano.
- América do México → O primeiro, e talvez, ainda o único clube mexicano a ter a modalidade de sócio torcedor. O titulo sai por 1.000 Pesos mexicanos, equivalentes a R$ 141,88/ano ou R$ 11,82.
- Universidad de Chile → Tem a maior torcida do Chile, ações na bolsa de valores, mas os títulos de sócios estão vinculados aos ingressos para os jogos como mandante. O custo do titulo mais caro (camarotes, plano “ouro”) é de 349.500 Pesos Chilenos, aproximadamente de R$ 1.293,30/ano ou R$ 107,78/mês e o título mais barato custa R$ 257,14/mês ou R$ 21,43/ano.
- Peñarol → Atingiu nesta semana a marca de 54.000 sócios. Tem um interessante clube de benefícios que contam com entradas para os jogos do campeonato Uruguaio e sorteios semanais, por exemplo. Existem cinco tipos de planos principais: o adulto, infantil, o “Off-Montevidéu”, um plano para Uruguaios em todo o mundo, já que a população do Uruguai é maior fora do que no próprio país e o “sócio-virtual”. O custo do titulo adulto custa 2.600 Pesos uruguaios/ano, R$ 240,00, sendo R$ 20,00/mês;
A média do preço dos programas de sócio torcedor dos dez clubes
demonstrados acima pago por mês é de aproximadamente R$ 17,00 e deve servir de
exemplo para o Flamengo. Apesar de ter visto aos programas de sócio
torcedor de Coritiba,
Corinthians,
São
Paulo,
Grêmio
e
exemplos
comparados,
utilizarei
mais uma vez como base, meta a ser atingida, o Internacional,
que com uma torcida
cinco
vezes
menor do que a nossa (5,8 milhões de torcedores contra 29,2 milhões
de rubro-negros), arrecadou em 2010 a quantia impressionante de
R$ 41.000.000,00. Eles
conseguiram com seus 106.000 sócios o preço médio de R$ 31,00, com isso os gaúchos também estão entre os 10 maiores e obtiveram a incrível proporção de um
sócio para cada 55 torcedores do clube. Com essa proporção o Flamengo teria 531.000 sócios.
Temos
7,5 milhões de torcedores dentro do estado do Rio de Janeiro,
somados aos 21,7 “Off-RJ” (estado), e não contarei os que vivem
fora do Brasil, que com o mesmo percentual estimado na pesquisa,
seriam aproximadamente mais meio milhão de rubro-negros.
Nosso plano mais barato é o Off-Rio, que custa R$ 40,00 e com a
proporção de torcedores do Internacional, os dados de renda da
pesquisa e um “novo” preço médio (entrada) de R$ 20,00, ficaríamos
assim:
- Preço de entrada do sócio de estado RJ → R$ 20,00 – Potencial proporcional 1/55 → Aproximadamente 136.000 torcedores → R$ 2.720.000,00/mês → R$36.640.000,00/ano;
- Preço de entrada do sócio Off-RJ (estado) → R$ 6,00 – Potencial proporcional 1/55 → Aproximadamente 395.000 sócios → R$ 1.975.000,00/mês → R$ 23.700.000,00/ano;
- Valor de Potencial proporcional associativo total (RJ + Off-RJ) → Aproximadamente 531.000 sócios → R$ 4.695.000,00/mês → R$ 56.340.000,00/ano → o que se estima na imprensa ser a nossa folha salarial do futebol sem Ronaldinho e Love.
Imaginem
se alcançássemos aos números dispostos aqui, em um plano bem
estruturado? Não estão inclusas aqui a venda de produtos
licenciados, a vontade do consumidor/torcedor em comprar o
“Flamengo”, gerando royalties para o clube e “forçando” a
predisposição para o consumo e o circulo virtuoso provocado não
apenas entre os torcedores do clube. O que nos resta é melhorar esta
relação e para isso, um programa o ideal seria o do sócio torcedor
separado sócio do “clube social”, somadas logicamente a benesses advindas da Fla-concept (loja ou possível rede) e do
Museu (em construção). O dinheiro das operações, se bem executadas,
resolveriam parte grande das dividas do clube, iniciando-se voos altos
como a compra e construção de novos aparelhos esportivos,
patrocínios negociados em patamares superiores e nosso sonhado estádio, por
exemplo.
Somos
Flamengo,
Vamos
Flamengo!