terça-feira, 13 de março de 2012

Como será o amanhã?


Sabemos que a maior parte das receitas do Flamengo vem da televisão e isso está errado, porque depender muito do dinheiro da TV freia o crescimento do todo. Mais público nos estádios, praças, ruas, consumindo os produtos licenciados do clube, significa que mais fácil será o pagamento de suas despesas. No caso do Flamengo tem o problema histórico, um erro crasso da divisão do dinheiro do futebol para o restante do clube, sendo que os três setores administrativos do clube (Clube Social, Futebol e Olímpicos) deveriam ser unidades de negócio particularizadas. Atualmente foi assinado um contrato de cessão de direito de imagem e transmissão das partidas de futebol no Brasil muito parecido com o que vigora na Espanha, com a negociação individualizada, clube a clube. Em países como Alemanha e Inglaterra, os clubes se uniram comportando-se como liga que são, “copiando” o modelo antigo do Clube dos 13 de negociação coletiva, um dos motivos para terem se tornado as ligas de futebol mais fortes e equilibradas do mundo, no momento.

Negociações individuais prejudicam uma liga como um todo, tornando o produto mais frágil, menos estruturado, no conjunto. No caso espanhol, Real Madrid e Barcelona ocasionaram uma grande disparidade financeira e técnica, prejudicando a competição como produto. Não assisto ao campeonato espanhol, mas assisto muito ao inglês por achar ao jogo mais agradável, mas é questão de gosto pessoal, mesmo que muitos façam como eu, pelos mesmos motivos. O problema neste caso é similar ao vivenciado atualmente no Brasil, com os clubes em forte tendência de aumento da dependência do dinheiro da TV, que mesmo em realidades equilibradas, pelo patamar que as dividas atingiram e a renda que conseguem obter, é arriscado. Em 2016 as receitas dos gigantes espanhóis relacionadas a TV serão reescalonadas por um novo contrato como aqui no Brasil e possivelmente nos próximos anos Flamengo e Corinthians, e, com um pouco menos de força São Paulo, Santos, Vasco e Palmeiras farão valer seu poderio financeiro e monopolizando as atenções, as decisões das competições.

Em nosso caso, dependemos muito mais do dinheiro da TV do que do marketing e licenciamento ou de bilheteria e assim, o Flamengo ficará para trás, o ideal é que haja uma divisão de 1/3 para cada finalidade (Comercial, Transmissão e Matchday). O chamado Matchday, que é o que se consome em dias de jogo, mas "não apenas isso" (como diria o Casseta & Planeta), no Flamengo praticamente se resume a bilheteria e é quase inexistente, com pouquíssimas ações de venda ou licença de produtos ligados ao clube em dias de jogos. O Barcelona, por exemplo, obteve 1.626.990 visitantes no ano passado apenas em seu museu. Quanto valor agregado à marca e a História do clube? Vejam o que teremos em nossas mãos! Espero que seja bem explorado, nosso museu. 

Precisamos também de um estádio nosso, para podermos aproveitar ao máximo outras formas de receita, sem ficar dependendo quase exclusivamente do dinheiro da TV, de transmissão. Não é novidade alguma dizer que o setor de marketing e licenciamentos deve criar alternativas para maximizar a marca e seus produtos. A grande vantagem, um diferencial inexplorado ou muitíssimo mal explorado pelo clube é que temos em nosso elenco atletas do porte de César Cielo, Diego Hipólito, Ronaldinho Gaúcho, Fabiana Beltrami só para ficar em nomes de “classe mundial” e equipes fortíssimas, se for continuar do jeito que está é melhor fechar “o lojinha”. O melhor exemplo a ser seguido é o do Bayern de Munique, como o ressalta o texto do Emerson.

Conhecemos o perfil real de nossa torcida? Será que o Flamengo está preparado hoje e para render no pós-2016, quando acaba o contrato assinado com a Globo? Como nos comportamos e nos comportaremos em um mundo esportivo global e tratado como entretenimento? Não sei as respostas para estas perguntas, faltam objetivos claros, metas, e um posicionamento, de onde o mercado e os consumidores saibam com quem estão tratando e como estão tratando. Torço para uma mudança COMPLETA do tipo de gestão, pois há espaço para crescimento e quando se trata do futuro dos negócios do esporte no país, se pensa nas características das torcidas, em um possível embate Corinthians e Flamengo. O que é melhor? Para mim e outros especialistas, será muito melhor ter uma torcida predominantemente nacional, mas o Clube de Regatas do Flamengo parece não saber trabalhar o assunto, infelizmente, porque foi comprovado por pesquisas que temos torcedores em todas as regiões do Brasil e em todas as faixas de renda da população, além de sermos os maiores vendedores de Pay-per-view, com mercado inclusive no estado de São Paulo. Por isso vos pergunto: como será o amanhã?


Somos Flamengo, Vamos Flamengo!

P.S.: A pergunta título se faz cada vez mais presente com as notícias de ontem, a queda de Ricardo Teixeira na CBF e a saída de Adriano do Corinthians, serei objetivo em minhas opiniões sobre os assuntos: No primeiro o Flamengo deveria tentar reunir os 20 clubes da primeira divisão (que tem direito a voto) e aos outros das divisões inferiores e formar uma liga; no segundo assunto, sou contra Adriano no Flamengo, mas no Flamengo atual, "desprofissionalizado" (não, amador) tudo pode, então ele virá, mas penso seu caso ser um caso psicológico, que se o clube tivesse o devido cuidado para tratá-lo, tudo bem, mas sei que isso não ocorrerá, então não gostaria.