segunda-feira, 12 de março de 2012

100 Anos de Fla-Flu

Buongiorno, Buteco! E o Fla-Flu fez um século de vida! Para mim não há clássico igual. Certamente há clássicos no mundo, hoje, mais famosos, como um Barcelona x Real Madrid ou um Internazionale x Milan; talvez aqui na América do Sul discuta-se se um Boca Juniors x River Plate não tenha a rivalidade mais extremada, o que também poderia ser alegado até mesmo no Brasil em relação a Grêmio x Internacional, ou talvez se quisesse comparar com um Corinthians x Palmeiras... Enfim, podem fazer qualquer tipo de comparação, a que quiserem, mas nenhum clássico alcançará o Fla-Flu em um simples quesito: "paranormalidade", rsrsrsrsrsrs. É o clássico do "Sobrenatural de Almeida", personagem do Nelson Rodrigues, no qual as situações mais improváveis e esquisitas ocorrem. Pense numa situação esdrúxula, fora do "script" futebolístico, especialmente dos clássicos, e ela provavelmente já terá ocorrido num Fla-Flu, o clássico em que o cronômetro é irrelevante, o "scout" contraria a lógica e os placares e só se tem certeza do resultado quanto o árbitro apita o final da partida. Exemplos inesquecíveis: o gol de mão de Wilton no Fla-Flu do Roberto Gomes Pedrosa em 1968, o gol de barriga de Aílton na decisão do Estadual de 1995, as viradas do Flamengo pela Taça Guanabara de 2004 (4x3 do Roger, lateral esquerdo), pela Taça Guanabara de 2010 (5x3 de Adriano e Love) e no Brasileiro de 2011 (Bottinelli).

É uma pena que uma data tão marcante tenha sido esvaziada por um clássico disputado por reservas do Fluminense, já que o Estadual representa um torneio sem sentido, disputado por vários clubes insignificantes e sem qualquer expressão, que ocupa inexplicavelmente quase um semestre do calendário futebolístico brasileiro, onde dezenas de jogos deficitários são disputados pelos clubes grandes contra esses nanicos, fazendo dos grandes, e principalmente o Flamengo, um autêntico "trem pagador". Dessa vez, o Fluminense, ao meu ver não sem razão, priorizou a competição mais importante do continente. Acabou perdendo a partida em mais um Fla-Flu diferente, esquisito, em que os números enganam o observador que desconhecer o resultado da partida.

O Fla-Flu de Ontem

Parece que o Fluminense teve o dobro de finalizações do Flamengo, mesmo com o time reserva. Isso mostra que o resultado não pode empolgar. Foi um jogo bem esquisito. O Fluminense começou melhor, depois o Flamengo tomou o controle da partida, abriu 2x0, havia margem para golear, e, depois da infantil expulsão de Ronaldinho Gaúcho, cedeu espaço ao adversário e foi bombardeado até o final da partida. Paulo Victor, jovem goleiro reserva do Flamengo, por certo ganhou muitos pontos com a torcida e com a Comissão Técnica devido a sua excelente apresentação.

Então, foi bom ver Muralha e Luiz Antonio mostrando, na cara de Joel, que são dois excelentes volantes; foi bom ver Thomaz dando sinais de recuperação - longe de ter sido brilhante, mas fico feliz em ver que não foi inoperante e "cai-cai", como em partidas anteriores. E, claro, foi bom ver Kleberson atuando bem e marcando um gol, embora a gente saiba que uma partida dessas geralmente vem intercalada de ectoplásmicas e fantasmagóricas atuações em sequência. Nada que empolgue, portanto. Já vimos o filme anteriormente; mas, de todo modo, ele é bem melhor do que o Canelada. Fato.

Foi o miolo da zaga que mais me agradou. Parece que González está nos provando o porquê de ter sido eleito o "zagueiro das Américas" em 2011. Baita contratação do Flamengo. Até que enfim uma que deu certo! Isso prova que não é necessário partir para ideias esdrúxulas como repatriar o hoje milionário Conca, conforme andou circulando por aí - o mercado da América Latina possui os nomes certos, desde que devidamente pesquisados e descobertos. Pagar mais de um milhão mensal a um atleta parece cada vez mais claro ser um grande desatino. Só se for o Messi e todos sabemos que ele está prestes a firmar um contrato vitalício com o Barça...

A verdade nua e crua, porém, é que saímos de Luxemburgo para Joel Santana iniciar a partida em um esquema muitíssimo parecido, com a diferença de que, no losango do novo treinador, os dois volantes mais adiantados ficam mais "presos", ou seja, têm menos liberdade ofensiva. Com a expulsão de Ronaldinho Gaúcho, Kleberson foi adiantado para a função de meia e Vagner Love, que já estava isolado com o lento Ronaldinho no ataque (insisto que ele não tem velocidade para jogar no ataque), passou ao "status" de ilha deserta, tanto mais pela sonolentíssima atuação de Diego Maurício na segunda etapa.

Olímpia

Quinta-feira tem Libertadores de novo. A cada jogo os meninos Muralha e Luiz Antonio ganham personalidade e vão sedimentando o seu lugar no time. Assim espero. O adversário, dessa vez, provavelmente será mais difícil do que o equatoriano Emelec. Os paraguaios do Olímpia são os atuais campeões nacionais e líderes do campeonato local, valendo lembrar que, indiscutivelmente, o Paraguai é, há tempos, a terceira força da América do Sul no futebol, disputando todas as Copas do Mundo. E o Olímpia, inegavelmente, tem camisa e tradição na Libertadores: conquistou três, tendo a primeira delas sido em cima do Boca Juniors na final (1979) e, na terceira, numa campanha notável, há exatos dez anos atrás (2002), eliminou o Flamengo na fase de grupos, o Boca Juniors nas quartas, o Grêmio nas semifinais e o São Caetano na final.

Muito respeito e foco serão necessários. E o coração na ponta da chuteira. Não tenho dúvidas de que é o adversário a ser batido dentro do grupo. A tradição e os atuais números respaldam claramente essa conclusão. Vamos rezar pela volta do Leonardo Moura, pois disputar Libertadores com a autoban na lateral direita é inviável.

Bom dia e SRN a todos.