segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Flertando com o Desastre

Buongiorno, Buteco! Quarta-feira tem jogo! Alguém se lembra disso? A nossa "Suprema Mandatária" parece que não, infelizmente. Muita festa, muita dança, parecendo que a contratação do Vagner Love, como um passe de mágica, apagará todo o passado recente de decisões cretinas e má administração do Departamento de Futebol: as crises, a pré-temporada desastrosa, a rasteira levada do Fluminense no episódio Thiago Neves... Ah, e ainda encontra-se tempo para fritar o Destreinador, fazendo contratações (ainda que boas) por ele não aprovadas (a do Gonzales, a propósito, é muito bem vinda, mas para que continuar com um treinador que não quer bons reforços?), cogitando reforços por ele já vetados (Adriano) e insinuando que ele pode ser demitido acaso não consiga bons resultados, além de deixar vazar uma provável demissão após o jogo de quarta-feira, seja ele qual for o resultado. Tudo o que importa para a nossa presidente são as aparências e a sua imagem, a fôrma; pouco importa que, por dentro, haja um vácuo, um vazio de conteúdo.

"Opa!" "Peraí", diria um desavisado que, por exemplo, acabasse de chegar do exterior e não soubesse do que se passa. "Mas o Flamengo então goleou no primeiro jogo? Vai enfrentar o time do convento? A classificação já está garantida?" Muito provavelmente ficaria estarrecido com as respostas negativas para as três perguntas. O Flamengo perdeu a primeira partida, o treinador, enfraquecido e, eu diria, desmoralizado, balança mais do que o King Kong no alto do extinto Empire States e o time está jogando um futebol ainda pior do que o apresentado no segundo turno do Brasileiro/2011.

Nunca se menosprezou tanto um adversário como o Flamengo está fazendo com o Real Potosí, apesar da séria e bem planejada preparação física realizada em Sucre. As atitudes da diretoria e do Destreinador denotam uma certeza de controle da situação e de que o Flamengo se classificará tranquilamente no Engenhão, mas será que há razão para tanto otimismo, afinal de contas, a dupla Willians e Renato Abreu muito provavelmente estará encarregada de criar as jogadas para os atacantes (se é que teremos mais de um mesmo) e o futebol apresentado pela equipe titular neste ano é o mais medíocre possível. É claro que que eu sei, todos sabem, que perder para um time com a "categoria" (?) do Real Potosí seria uma "façanha" comparável com a derrota para o América do México, mas alguém por aí se lembra de quando foi a última vitória dessa formação tão insistida pelo Luxemburgo por dois ou mais gols de diferença? Pergunto isso pela eventualidade do Potosí fazer gols e o Flamengo ter que evitar a decisão da vaga em cobrança de pênaltis...

O quadro se completa com a situação mal resolvida com a estrela da companhia, Ronaldinho Gaúcho. Na verdade, a contratação de Ronaldinho vem se tornando um exemplo clássico de desperdício de dinheiro e de incúria administrativa, a ser citado em cursos de administração esportiva. Ronaldinho poderia ter utilidade jogando como meia, por exemplo, na posição que Petkovic jogou em 2009, pois, efetivamente, o melhor que sabe fazer, hoje, é colocar os companheiros na cara do gol; contudo, é escalado no ataque, não raro como centroavante, homem de área (!), posição em que não tem como render, já que não é o mesmo jogador de outrora, especialmente em velocidade, ou mesmo porque nela jamais jogou antes. Parece que o que importa, para Patrícia Amorim, é ter Ronaldinho no elenco e poder se gabar aos quatro ventos desse feito, sendo irrelevante que se gaste os tubos de dinheiro com ele por mês para que jogue, mal, fora de posição. Se o Departamento de Marketing conseguisse fazer bom uso de sua imagem com produtos, mas nem isso!

Pior ainda do que o posicionamento de Ronaldinho em campo é a forma com que a diretoria trata o pagamento dos seus vencimentos. Joga a responsabilidade pelo pagamento da maior parte a uma empresa com a qual sequer assinou um contrato e diz que os atrasados são responsabilidade dessa mesma empresa, com a qual não assinou o contrato (!). Puxa vida, fiquei sem entender essa. Alcançando milhões de reais, a dívida assusta, até porque outras, que com o passar do tempo se tornaram gigantescas, como as contraídas com Gamarra, Romário, Petkovic e Edmundo (só para citar alguns exemplos), começaram exatamente assim. E não podemos esquecer do efeito deletério que uma saída de Ronaldinho Gaúcho, sem receber esses atrasados, teria na imagem atualmente combalida do clube, graças às trapalhadas de sua presidente - seria um pouco difícil, sendo eufêmico, convencer outra estrela internacional, no futuro, a aceitar um modelo de contratação como esse.

Essa situação do Ronaldinho precisa ser definida, com a regularização do seu pagamento, inclusive dos atrasados, ou com o acerto para a sua saída. Hoje, o Flamengo tem um jogador cujo irmão/procurador cobra aos quatro ventos o pagamento dos atrasados, com uma série de ameaças, e ele, atleta, ainda joga de evidente má-vontade, visivelmente insatisfeito com a situação. A relação com a torcida começa a se deteriorar e, repito, sua saída levando calote seria péssima para a imagem do clube, prejudicada pela passagem tsunâmica de Patrícia Amorim pela Presidência. Certo mesmo é que é absolutamente insuportável vê-lo jogando de má-vontade e vestindo o Manto Sagrado.

O Flamengo/2012, portanto, flerta com o desastre. Pode ser que ele não venha contra o Potosí e é melhor mesmo que não, pois as proporções da tragédia seriam bíblicas, mas alguém aí aposta todas as fichas em uma classificação numa eventual fase de grupos, acaso o quadro atual se prolongue no tempo?

Bom dia e SRN a todos.