segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Os Limites da Fé... E as Fronteiras da Razão

Buongiorno, Buteco! Segunda-feira chuvosa aqui em Brasília, depois de longa estiagem; a humidade é muito bem vinda. O tempo fechado, frio, com muito vento, é propício a reflexões, possíveis num início de semana, nesta colunda, depois de muito tempo, graças ao jogo do Flamengo no sábado e à excelente coluna da Leila ontem, a qual não pude comentar porque estava viajando e sem conexão com a Internet. Ficam aqui os meus aplausos e os parabéns pela estreia brilhante da Leila, que me poupou o trabalho de abordar a partida e me propiciou este momento de reflexão.


Meus caros amigos do Buteco, o peso da falta de vitória foi retirado de nossas costas. Tudo bem, foi contra o lanterna do campeonato, recém ascendido da Série B, de virada e com um gol nos últimos minutos, mas foram os três pontos, distantes no tempo há DEZ jogos (!), recorde negativo na história do Mais Querido. Pensem bem: em toda a história do Flamengo, nunca o time havia passado dez jogos sem vencer. Agora vem a contradição, e o primeiro ponto que enseja a nossa reflexão: o time que menos perdeu no ano, que teve o início de ano mais "avassalador" da história, quebrou o recorde negativo de sua mesma história em números de derrotas consecutivas. Mesmo treinador, mesmo esquema tático, mesmo elenco, mesma comissão técnica, mesma diretoria.


Ao meu ver, a empolgação era precipitada, considerando o nível do campeonato que era disputado, bem assim os seus adversários, como precipitados foram todos os que tentavam encerrar discussões com o argumento de que era "o time que menos perdeu no ano", pelo mesmo motivo. Não se levou em consideração o limitado nível técnico dos volantes que eram escalados, em número excessivo, as poucas oportunidades de gol criadas, a falta de jogadas ensaiadas e de articulação no meio de campo, além da frágil zaga, tudo isso demonstrado, inúmeras vezes, contra adversários de terceira ou quarta categoria, nada obstante os placares das partidas acabassem, no final, sendo garantidos a nosso favor pelos talentos individuais do nosso elenco.


Ao mesmo tempo, se jamais vi o título como algo realmente tangível com esse esquema tático, com esse trio de volantes que teve até aqui a preferência do treinador, com a limitação desse elenco, na defesa e no ataque, ao mesmo tempo não consigo compreender uma sequência como essas, como já escrevi por aqui, sem que algo muito sério tenha ocorrido internamente, mas que ainda não tenha sido revelado publicamente. Entretanto, esse não é o ponto mais importante, mas sim o que temos pela frente, agora que a agonia da série interminável de ausência de vitórias terminou.


Estou "falando sério". Eu estava me sentido "asfixiado". Não suportava mais ver o Flamengo sem ganhar. Agora, sinto-me como um doente em estado terminal, que ficou nessa condição durante longo tempo, e que passou a viver essa condição como uma rotina, mas que, subitamente, dela se livrou com a recuperação. Então, sou obrigado a me perguntar: e agora? Viro para a Sula e imploro o seu perdão por minhas palavras duras e amargas de outrora, declarando o meu amor incondicional? Ou mantenho meu amor fiel e incondicional à Série A, prometendo-lhe uma mudança de esquema tático e a entrega total? Ou há a terceira alternativa: comportar-me como um cafajeste e namorar as duas simultaneamente, sempre uma aventura um tanto perigosa?


Olho para os lados e vejo o Botafogo treinado pelo Caio Júnior, o Vasco da Gama pelo Ricardo Gomes e agora pelo Cristóvam; procuro nos seus elencos algo que os diferencie e explique o melhor futebol que vêm apresentando em relação ao Flamengo, mas não encontro; cresce, então, a minha fé, que logo é abalada pela minha lembrança das onze últimas partidas, incluindo, sim, a da recente vitória, além do ainda não esclarecido e estranho problema que parece ter ocorrido internamente. Preciso de algo para me agarrar; preciso de exemplos de superação. Aonde começa a fé e aonda ela esbarra implacavelmente na razão?


Minha memória de torcedor sempre recorre aos dois últimos títulos brasileiros: 1992 e 2009. Em 1992, o time levou de 4x2 do Vasco na fase de classificação, estava muito distante dos oito primeiros, a ponto dos comentaristas considerarem o Flamengo carta fora do baralho. De repente, veio a fúria avassaladora, que só parou ao levantar a taça. Em 2009, depois de uma goleada de 0x3 contra o Avaí, a equipe "acendeu" em uma partida contra o Santo André e também não parou mais. Em ambos os casos, havia esquemas ofensivos girando em torno dos principais jogadores e não esquemas defensivos criados para acomodar medalhões sem qualquer categoria, ainda que sejam líderes em campo.


O que esperar do treinador mais teimoso e vaidoso do mundo a essa altura do campeonato? Alguém se surpreenderá se, no próximo jogo, os três mesmos volantes voltarem à escalação inicial da partida?


Minha fé de torcedor quer acreditar, mas trava uma luta titânica nas fronteiras da razão. Quem vencerá?


E você, amigo do Buteco? Em que acredita?


Bom dia e SRN a todos.